Xenoblade Chronicles: DE é um convite irrecusável ao melhor RPG de Wii
Xenoblade tornou-se uma das franquias favoritas de muitas pessoas que, assim como eu, idolatram Xenogears até hoje, um dos grandes RPGs da era do primeiro PlayStation - e olha que se destacar em meio a tantos jogos do gênero em 1998 não era nada fácil. Tetsuya Takahashi, diretor do clássico de PS1, fundou o estúdio Monolith Soft um ano após o lançamento de Xenogears no video game debutante da Sony.
E foi pelas mãos da Monolith que nasceu Xenoblade Chronicles, o RPG mais ambicioso já lançado para o Nintendo Wii, um game à frente de seu tempo em escopo e ambição. Trata-se de um dos meus jogos prediletos do Wii, o motivo que me fez investir num console da Nintendo enquanto a disputa entre Xbox 360 e PlayStation 3 estava acirradíssima. Ele também foi a razão pela qual eu comprei o Nintendo New 3DS que, sejamos francos, não justificou o acréscimo da palavra “new” em seu nome.
Fonte: voxel
Pode não parecer, mas é a terceira vez que Xenoblade Chronicles chega às lojas – foram três versões diferentes para três consoles distintos. Chronicles: Definitive Edition faz jus ao complemento definitivo, já que apresenta um trabalho honesto de reconstrução de personagens e cenários, assim como introduz ajustes bem-vindos de interface e conteúdo adicional. Quer saber se Xenoblade Chronicles: Definitive Edition merece sua atenção? Prossigamos, então, com os detalhes sobre o renascimento da obra no Nintendo Switch.
Crônicas atemporais
Esse conto é mais homérico do que você imagina e acontece após o confronto entre Bionis e Mechonis, dois titãs que sucumbiram à batalha. Depois de ambos terem perecido, novas formas de vida surgiram em seus corpos, o que inclui os seres humanos (aqui chamados de Homs), espécie à qual pertence o nosso herói.
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Xenoblade narra os passos do protagonista Shulk, um jovem cientista que desperta os poderes da lendária lâmina Monado a fim de extinguir o clã de máquinas conhecido como Mechon. A jornada ilustra temas como amizade e vingança, mas é, acima de tudo, sobre como podemos moldar um futuro praticamente inelutável a partir de escolhas.
O enredo se desenvolve de forma propositalmente lenta para que você possa apreciar e explorar cada centímetro do gigantesco mapa. E afirmo com todas as letras que Xenoblade continua enorme até para os padrões atuais do gênero, afinal de contas, estamos falando de um RPG de 2010. Prepare-se para se dedicar por mais de 60 horas para finalizar a história e triplique o tempo caso sua intenção seja fazer tudo que o jogo tem a oferecer.
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Recomendo a todos os complecionistas de plantão deixarem de lado algumas missões secundárias, tendo em vista que a lista de favores parece não ter fim. No melhor estilo MMO, as tarefas se resumem a caçar monstros, coletar itens específicos e entregar objetos de valor a outros NPCs em extremos do mapa. O incentivo para concluir todas elas (ou quase todas) é que você será sempre recompensado à altura com armas e equipamentos valiosos.
Xenoblade chamou atenção em sua época por mesclar combate em turnos e ação em tempo real. E nada disso mudou. Com o auxílio de outros dois personagens, Shulk e seus companheiros executam combinações de ataques que dependem do ângulo do golpe e da ordem em que cada habilidade deve ser usada. Complexas à primeira vista, as batalhas equilibram estratégia e ação na mesma proporção e são profundas o suficiente para mantê-lo entretido até o desfecho.
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Enfim, reconstruído
Não há como negar que, embora ostente um level design primoroso, Xenoblade não é o tipo de jogo que se sobressai pela qualidade gráfica. Na adaptação ao New 3DS, por exemplo, o aspecto borrado se traduziu em confusão visual; já no Nintendo Wii, o título surpreendeu pela ambição, mas existiam RPGs em outras plataformas mais atraentes à época.
A versão definitiva, por sua vez, está longe de ser um deleite aos olhos, mas é graficamente superior em relação aos dois jogos anteriores, Xenoblade Chronicles 2 e Xenoblade e Xenoblade Chronicles 2: Torna – The Golden Country. Chronicles é mais bonito e homogêneo, ou seja, não existem aquelas bordas tão realçadas quanto nesses games. Há, também, melhorias consideráveis no sistema de iluminação e sombras.
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Xenoblade Chronicles: Definitive Edition aposta em uma resolução dinâmica, isto é, pode variar entre 720p e 504p se estiver conectado à TV pelo dock, enquanto o modo portátil é modesto e se mantém entre 540p e 378p. Em termos de desempenho, o título é capaz de rodar de forma estável a 30 quadros por segundo (a meu ver está de bom tamanho devido ao ritmo do gameplay).
A Monolith Soft teve um cuidado minucioso na hora de redesenhar alguns elementos do jogo. Personagens e criaturas, por exemplo, foram remodelados e agora têm um visual mais anime. Os ambientes também receberam tratamento especial e se beneficiam de novas texturas. Por fim, a interface foi reconstruída e está mais limpa e organizada. Na prática, as melhorias facilitam o gerenciamento de absolutamente tudo: equipamentos, itens, habilidades especiais e vínculos na árvores de afinidade.
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Além de mudanças cosméticas
A exploração de cenários, um dos principais pilares da franquia Xeno desde os primórdios, está bastante convidativa a novatos. A navegação pelo mapa melhorou, e os ícones e indicadores conduzem o personagem ao ponto de interesse sem que ele se perca durante o trajeto. O fato de poder rastrear e gerenciar as dezenas de missões adicionais ao alcance de um único botão me poupou algumas horas de jogatina. Nas versões de Wii e 3DS, confesso que era comum me sentir perdido em meio a tantas tarefas, tendo como referência um menu um tanto confuso.
Ainda que seja um JRPG denso e enraizado, há elementos na versão definitiva que favorecem a experiência para torná-la, digamos, mais acessível. Você tem a opção de ativar um modo casual desde o início para reduzir o dano causado pelos inimigos e aumentar as chances de evasão do seu grupo de heróis.
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E não entenda o casual como um modo fácil, mas sim como uma alternativa a quem deseja diminuir o tempo investido nos combates. Para os jogadores experientes, há um modo expert no qual é possível ter uma liberdade maior na hora de gerenciar os pontos de experiência do elenco. Inclusive, é permitido habilitar os dois modos (casual e expert) ao mesmo tempo, o que é muito legal.
Outra adição substancial à jornada de Shulk é a trilha sonora totalmente remasterizada. Você pode intercalar entre faixas clássicas e modernas a partir do menu e ambas as opções dão um banho de nostalgia aos entusiastas da franquia. Tem para todos os gostos: as composições antigas são conduzidas por batidas de percussão marcantes e bem definidas; as novas músicas têm mais camadas e melodias de instrumentos orquestrados.
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Há quem peça pela inclusão de mais conteúdo em versões definitivas, e a Monolith Soft atendeu aos pedidos. O DLC Future Connected, que serve como um epílogo e traz cerca de 20 horas de conteúdo bruto, ainda contempla trechos que foram deixados de lado da edição original, incluindo uma área inédita alocada no ombro esquerdo de Bionis e recheada de novos pontos de interesse. Não bastassem as centenas de horas dedicadas à campanha principal, você terá motivos de sobra para revisitar os titãs ao término da aventura.
Veredito
Xenoblade Chronicles: Definitive Edition é um convite irrecusável a um dos melhores (senão o melhor) RPGs do Nintendo Wii, que assopra uma década de velas este ano. Embora não esteja entre os jogos mais bonitos do Nintendo Switch, assimile este relançamento como um último retoque à obra, agora completa e repaginada em quase tudo. Xenoblade Chronicles, enfim, está pronto para alcançar o público grandioso que sempre mereceu.
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- A reconstrução visual só fez bem a um jogo de 10 anos cujo gráfico nunca foi o forte
- Trechos cortados da versão original e conteúdos extras robustecem o pacote
- Trilha sonora remasterizada é veludo aos ouvidos dos fãs
- Trata-se de uma obra atemporal que não fica atrás de JRPGs atuais
- A resolução poderia estar melhor no Switch, pelo menos alcançando 720p de maneira estável
Nota do Voxel