Windbound mistura sobrevivência e fofura em uma divertida jornada
Há algo inerentemente viciante em jogos de sobrevivência, com o seu loop de gameplay centrado em coletar, gerenciar e utilizar recursos, e certamente Windbound, o mais novo jogo da 5 Lives Studio, soube capturar tudo isso muito bem. Mas não é só isso que ele trouxe para os jogadores no PC, Google Stadia, Nintendo Switch, Xbox One e PlayStation 4, já que a desenvolvedora conseguiu criar uma obra cheia de boas ideias!
Aquele temperinho de Zelda
Logo de cara salta aos olhos como a direção de arte e o design de Windbound mais parecem um híbrido entre The Legend of Zelda: Wind Waker e Breath of the Wild, graças ao estilo cartunesco e temática marítima do primeiro, e a palheta de cores e liberdade de exploração do segundo. Elas se encontram em boa harmonia, sem parecer excessivamente derivativo em momento algum.
Aqui, a jornada para apenas um jogador o coloca na pele de uma aventureira que acaba perdendo o seu barco em meio a uma violenta tempestade, para então se ver acordando em um plano místico repleto de luzes misteriosas. Ao adentrar no portal iluminado mais próximo, a jovem se vê em um novo e ensolarado arquipélago, totalmente desequipada, sem armas, mantimentos ou ferramentas para sobreviver ao novo ambiente.
O mundo de Windbound deve ser bem familiar para os fãs da série ZeldaFonte: 5 Lives Studios
Essa é a deixa para começar a coletar os escassos materiais espalhados pelo cenário, juntando pedras e grama para construir suas primeiras ferramentas e defesas, além de frutas para não morrer de fome nem ver a sua barra de fôlego ser drenada com o passar do tempo. Conforme você explora, logo encontra outros objetos místicos e fica claro que você precisa explorar outras ilhas até descobrir todos os seus segredos e entender o que realmente está acontecendo por lá.
Para tanto, rapidamente você montará uma pequena e frágil jangada, a sua principal ferramenta para viajar entre as ilhas (em mais um paralelo com Wind Waker, já que você passará um bom tempo do jogo em alto mar). É uma pena que navegar não seja particularmente divertido, já que você fica a maior parte do tempo apenas ocioso, segurando o botão de remar enquanto espera o bote chegar ao seu destino final. Seu único passatempo pelo caminho é estudar o mapa e torcer para estar na rota certa até uma ilha interessante.
Problemas técnicos atrapalham a diversão
Windbound possui dois níveis diferentes de dificuldade, um mais hardcore e outro bem casual. No mais difícil, chamado "survivalist", qualquer morte o manda de volta ao primeiro capítulo do jogo, e você perde todos os itens que não estava segurando em seu inventário. Já no "Storyteller", o modo mais fácil, você volta apenas ao início do capítulo em que morreu e mantém todos.
Lutas contra inimigos e saltar por plataformas não é tão preciso quanto deveriaFonte: 5 Lives Studios
Além disso ser menos punitivo por si só, você ainda mantém todos os itens de seu inventário e enfrenta combates mais fáceis. Como não é particularmente demorado terminar um capítulo, fica a seu gosto optar por repetir ou não as fases já superadas a cada nova vida. O que realmente demora é o processo de pegar o timing correto dos controles.
Os pulos, ataques e a navegação em geral são um tanto imprecisos, problemas agravados ainda mais por diversos pequenos bugs. Durante os nossos testes, algumas vezes ficamos presos em cantos do cenário, ou até mesmo fomos impedidos de descer da jangada mesmo apertando os botões para fazer isso diversas vezes seguidas, pois o game tinha parado de responder aos controles.
É de se imaginar que futuros patches possam consertar esses problemas, já que jogamos antes do lançamento, mas, mesmo com atualizações, os momentos de combate e plataforma de Windbound estão muito longe de ser brilhantes. Ainda bem que eles não são frequentes o bastante a ponto de destruir a experiência, já que o jogo é muito mais focado em desbravar o cenário do que em cobrar reflexos apurados e saltos de precisão milimétrica.
Explorar o mar é tedioso, já que as ilhas são bem distantes entre siFonte: 5 Lives Studios
A falta de localização de Windbound para português também pode atrapalhar um pouco os jogadores que não são fluentes em outros idiomas, embora os menus de criação de ferramentas sejam razoavelmente auto-explicativos e intuitivos, destacando em verde os objetos que você já possui materiais suficientes para montar, e em vermelho as suas carências que ainda precisam ser coletadas pelo mapa. Nada que a molecada que já dominou um Minecraft ou Don't Starve não possa tirar de letra.
Os efeitos sonoros são simpáticos e garantem um clima descontraído ao jogo, que é embalado por melodias tranquilas e tropicais na maior parte do tempo, mas nada muito marcante ou que vá ficar grudado na sua cabeça. Considerando a beleza dos personagens e cenários, Windbound bem que merecia um trabalho sonoro mais marcante para combinar com suas artes vibrantes.
Veredito
Apesar das ressalvas acima, Windbound é um jogo que transborda carisma e que tem um ciclo de jogabilidade recompensador para quem gosta de elementos de roguelite e sobrevivência, já que as ilhas e objetivos estão sempre mudando de lugar, com diferentes ameaças para encarar a cada jornada. Por mais que as mecânicas de combate e plataforma devessem ser mais lapidadas, ainda é gratificante passar algumas horas explorando as ilhas e seus desafios, lutando para colher mantimentos e colhendo as recompensas por fazer um bom gerenciamento de seus recursos.
Windbound foi gentilmente cedido pela Deep Silver para a realização desta análise.
- Fases divertidas de explorar
- Bom ciclo de sobrevivência e coleta de itens
- Boa direção de arte e cores vibrantes
- Controles imprecisos
- Muitos bugs e problemas técnicos
- Framerate instável
Nota do Voxel