Werewolf: The Apocalypse — Earthblood: ruim é apelido
O ano era 1989. Meus pais resolveram pintar o apartamento, e eu, como um bom gamer, não larguei o controle durante o período. Lembro-me até hoje dos dois sofás em pé, cobertos de plástico na sala. No meio deles, um televisor, rodando o clássico Altered Beast.
Um hiato enorme tomou conta dos jogos de lobisomem. Para falar a verdade, eles nunca foram bem aproveitados na história dos video games. Aparentemente, este cenário começou a mudar. No ano passado, tivemos um excelente romance visual, chamado Werewolf: The Apocalypse — Heart of the Forest, da Different Tales e, em 2013, o excelente The Wolf Among Us, da Telltale Games.
Originário da mitologia grega, o licantropo também chegou às páginas dos livros de RPG e com muito mais êxito. Bateu ponto no universo The World of Darkness, que ainda conta com as sagas Vampire The Masquerade e Mage Ascension. É aqui o nosso ponto de partida.
Werewolf: The Apocalypse – Earthblood acaba de chegar ao mercado, tendo como pano de fundo o que foi utilizado em The World of Darkness. Publicado pela Nacon, o título foi desenvolvido pelo Cyanide Studio, o mesmo por trás da franquia Styx. O título chegou despercebido, mas nós tivemos a oportunidade de jogá-lo.
Confira abaixo a videoanálise.
Vira Vira lobisomem, vira vira!
O jogador é Cahal, um lobisomem muito bem conceituado dentro do grupo. A missão dele é desmascarar uma entidade petrolífera, chamada Endron, a qual diz que quer salvar o mundo, mas na verdade deseja destruí-lo. As florestas, muito impactadas pela empresa, afetam diretamente os licantropos, afinal, eles são considerados os protetores de Gaia, a mãe-Terra.
Contudo, os lobisomens não pensam muito. Deixam as emoções tomarem conta de suas ações, fazendo tudo ir pelo ralo em poucos segundos. Com Cahal, não é diferente. Após a morte de sua esposa, ele se transforma e destrói tudo o que tem pela frente, inclusive um companheiro de matilha.
Ao perceber a besteira que fez, Cahal decide se afastar e torna-se um caçador de recompensas. Porém, Endron entrará em pauta novamente na sua vida e é aqui que tudo começa para valer.
Não foi desta vez
Todos os games que eu tenho a oportunidade de analisar, faço o possível para encontrar qualidades. Em Werewolf: The Apocalypse — Earthblood a tarefa foi complicada demais. No início é possível se encantar com a cinemática bem feita e que te coloca de cabeça na aventura, mas depois…
Ao começar a gameplay, tudo se perde. Trazer o roteiro para o jogo não deu certo, deixando lacunas gigantes, com aventura sem diversão e muito menos imersão. Ainda mais quando temos como referência o universo The World of Darkness. É possível perceber que a desenvolvedora conhece a história, mas ela não foi bem implementada.
Os gráficos também não ajudam. Com problemas em praticamente todos os aspectos, a impressão é de que joguei um game da geração passada. A luminosidade não ficou legal, e as texturas são bem pobres, pecando pela repetição em praticamente todos os cenários. A otimização ficou aceitável jogando em 4k.
A arte acaba tendo um grande impacto nos combates, que pode ser considerada o carro-chefe do game. Batalhas intensas, com muito sangue e destruição. Inclusive, se o jogo fosse focado apenas nos confrontos, Werewolf: The Apocalypse — Earthblood teria uma oportunidade para se destacar.
Repetitivo ao extremo
O jogador que conseguiu terminar Werewolf: The Apocalypse — Earthblood é um guerreiro. Pode ser considerado um verdadeiro soldado gamer, pois a tarefa não é nada fácil. Durante 7, 8 horas de jogatina o que mais se encontra é repetição. Com 1 hora de jogo já é perceptível.
As missões dificilmente mudam. O objetivo é sempre o mesmo, mudando algo aqui ou ali. O jogador poderá realizá-las de duas formas: stealth ou na base da pancadaria. Eu até curto um stealth, mas é praticamente impossível ter paciência para fazer isso no game por causa de sua jogabilidade.
Os comandos de Cahal são simples, falta um polimento maior do que o esperado; o mesmo acontece quando ele se transforma em lobo, pois controlar o animal é um grande desafio. A mecânica só fica melhor quando se transforma em lobisomem. O "pega para capar" é insano, e a sensação de ser um verdadeiro lobisomem toma conta do jogador.
O pau vai comer!
A grande diversão de Werewolf: The Apocalypse — Earthblood está em invadir locais e se transformar no lobisomem mais temido de todos. Aqui, o gamer assume a forma de crinos, um monstro feroz e que destrói tudo pela frente. Com habilidades especiais, que podem ser adquiridas ao longo do jogo, seus adversários vão virar sucata na sua frente.
Vale destacar o confronto com outros lobisomens, o que torna o jogo muito divertido. Como ponto de apoio, uma trilha sonora violenta, um trash metal das versões mais impuras, o que deixa o clima sombrio e propenso à matança e carnificina.
Os gráficos acabam melhorando no combate, com luzes e efeitos bem legais. Dá para se sentir um verdadeiro lobisomem no meio de humanos e outras bestas. Só é preciso tomar cuidado com a bala de prata, pois ela pode ser mortal.
Vale a pena?
Existe gosto para tudo. Caso o jogador não dê muita atenção para gráficos e principalmente para uma história bem construída, Werewolf: The Apocalypse — Earthblood pode ser uma boa pedida, deixando-o no final da sua lista e esperando uma pomposa promoção. O game pode valer a pena para aqueles que gostam de destruir tudo e todos pela frente, mas vale deixar claro que a jogabilidade é simples e pouco desafiadora.
Werewolf: The Apocalypse — Earthblood foi gentilmente cedido pela Sony para a realização desta análise
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Nota do Voxel