Imagem de Vengeful Guardian: Moonrider
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Vengeful Guardian: Moonrider

Nota do Voxel
84

Vengeful Guardian: Moonrider é um belo jogo BR cheio de nostalgia

Por mais maravilhosos que sejam os videogames modernos, a era 16-bits sempre terá um lugar especial no coração dos jogadores. Há algo de apaixonante na estética, tom e proposta dos games da época, e se tem um estúdio que sabe fisgar direitinho a nossa nostalgia por esses tempos de ouro é a JoyMasher, que agora nos brinda com o ótimo Vengeful Guardian: Moonrider!

Também responsáveis por Oniken, Odallus, e pelo meu queridinho Blazing Chrome — que ainda considero a sua melhor obra —, os caras manjam mesmo quando o assunto é criar uma autêntica experiência que é, ao mesmo tempo, retrô, prestando homenagem aos clássicos dos videogames, mas também agradável de jogar hoje em dia para quem apenas busca ação frenética e moderna.

Dessa vez, a produtora Thais Weiller e os game designers Danilo Dias e André "Yin" Silva se focaram bastante no ritmo e gameplay de joias como Shinobi e Mega Man, e o resultado final foi bastante satisfatório, ainda que um tantinho distante da qualidade das lendárias obras originais que o inspiraram. Entenda no nosso review completo a seguir!

Sobre ninjas, robôs e autoritarismo

Os games da década de 1980 e 90 normalmente não gastavam muito do tempo de tela e do jogador expondo as suas tramas, e Vengeful Guardian Moonrider segue essa ideia à risca, pintando rapidamente uma narrativa um tanto genérica sobre um mundo distópico opressor para servir de base ao gameplay. Não há nada de novo na trama repleta de clichês e lugares comuns do discurso progressista, mas não faz mal, já que o foco do game não está mesmo no roteiro.

Após os autoritários construírem alguns super soldados que deveriam ser utilizados como armas de guerra a fim de ter ainda mais controle sobre o povo, uma unidade acabou se voltando contra os seus mestres. Como você deve imaginar, estamos falando justamente do Moonrider que dá nome ao jogo e que serve como protagonista da aventura.

Ao rejeitar a sua prerrogativa inicial, ele parte por diferentes fases estruturadas mais ou menos como na franquia Mega Man a fim de exterminar os outros super soldados. Depois de um breve prólogo, você logo poderá escolher a partir de um menu qual fase quer encarar, e então superar os seus desafios na ordem desejada.

De Mega Man também vieram as barras de vida e de armas do Moonrider, assim como o fato de que cada chefão derrotado habilita um novo poder ao herói. Ainda assim, basta jogar por alguns minutos para notar que as maiores inspirações parecem ter vindo de Revenge of Shinobi, já que nosso avatar ataca principalmente com uma espada de curto alcance. Ágil, o protagonista também consegue fazer wall jumps e se agarrar em certos tetos, tudo bastante familiar e instintivo para quem dominou esse clássico da SEGA.

Se ancorando nos ombros de gigantes

Puxar tantos elementos de alguns dos melhores jogos da história acaba sendo uma faca de dois gumes. Por um lado, é um convite rápido e certeiro para a nostalgia, com apelo imediato e quase instintivo. Por outro, inevitavelmente logo acabamos comparando diretamente as obras entre si, e aí as coisas começam a desandar um pouco para o lado do Vengeful Guardian: Moonrider.

A começar pela trilha sonora, é muito estranho curtir um gameplay tão similar a Shinobi sem poder desfrutar de músicas no nível do mestre Yuzo Koshiro, ou mesmo passar pelos momentos mais Mega Man sem aquela pegada cheia de homenagens ao rock e metal que pontuam a série. Não é que a trilha de Moonrider seja horrível nem nada assim, ela é apenas um tanto genérica e apenas competente no fim das contas.

Dificilmente uma das faixas compostas por Dominic Ninmark vai ficar na sua cabeça por dias a fio, e o mais comum é jogar uma fase e logo depois esquecer de como eram as músicas, o que acaba sendo um grande pecado para um jogo desse tipo. O nível de desafio também podia ser mais elevado no geral, ainda que você possa manipular isso artificialmente se assim desejar.

Afinal, há chips espalhados pelos níveis que garantem uma série de buffs e nerfs ao seu personagem, podendo até habilitar one hit kills ultra punitivas para os mais masoquistas de nós. Apesar da proposta do gameplay ser majoritariamente linear, achei divertido explorar rotas paralelas em busca desses chips, até porque algumas vezes eles estavam protegidos por instigantes desafios de plataforma.

Como a campanha completa dura pouco menos de 2 horas para os veteranos do gênero, é bom que esses extras existam. Da mesma forma, é legal que o seu desempenho nas fases seja sempre avaliado com um rank ao final delas, o motivando a praticar em busca da melhor nota e até mesmo incentivando speed runs.

Mas estranhamente, diferente de Blazing Chrome, eu não senti muita vontade de zerar a aventura mais de uma vez. Então talvez o level design em geral não esteja tão azeitadinho assim? Seja como for, ao menos eu gostei bastante de uma fase no ar em que você precisa saltar entre naves, só que a maioria das outras não foram muito memoráveis, coloridas ou marcantes. Até a boa ideia de ter alguns trechos a bordo de veículos acaba não rendendo muita adrenalina, com tiros de menos e momentos ociosos demais entre as levas de rivais.

É fácil ver uma imagem do game e pensar que pode ser um jogo perdido saído diretamente da geração 16 bits, o que é um de seus grandes trunfosÉ fácil ver uma imagem do game e pensar que pode ser um jogo perdido saído diretamente da geração 16 bits, o que é um de seus grandes trunfosFonte:  Reprodução / Thomas Schulze 

Como o também nostálgico e retrô River City Girls 2 nos mostrou bem no finzinho do ano passado, até os beat ‘em ups podem ser esticados em campanhas longas, recompensadoras, diversas e criativas, bastando ter uma boa visão e direção para tanto. Então não faria mal algum ao projeto da JoyMasher ter mais fases, mais desafios e mais atrativos a fim de valorizar o pacote e justificar mais ainda a compra.

Vale a pena?

Vengeful Guardian: Moonrider é bastante honesto na sua premissa e, em grande parte, consegue cumprir as suas promessas. Esse é um projeto de paixão aos jogos retrô 16 bits, e do primeiro ao último minuto, é evidente a dedicação genuína da equipe a isso. Ainda que algumas fases e a trilha sonora não sejam memoráveis, o loop do gameplay é satisfatório e os combates devem divertir a qualquer um que tenha crescido jogando Shinobi e Mega Man. Só que ao fim da campanha você fica com mais vontade de revisitar os clássicos originais do que o game que acabou de zerar. Ainda não foi dessa vez que o aprendiz superou os seus mestres.

Vengeful Guardian: Moonrider promete e cumpre uma boa jornada retrô, mas não supera aqueles que o inspiraram.

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Pontos Positivos
  • Controles precisos
  • Ótimo sentimento retrô
  • Forte inspiração em Shinobi e Mega Man
Pontos Negativos
  • Trilha sonora sem inspiração
  • Campanha muito curta
  • Alguns erros de gramática nos textos