Uncharted: Legado dos Ladrões é um bom lembrete da grandeza da série

26/01/2022 às 12:00

Já virou regra nos videogames: todo começo de geração é pretexto para recebermos um monte de ports e remasterizações de antigos sucessos, reaparecendo para ajudar a preencher o calendário escasso de lançamentos. Com pouco mais de um ano no mercado, o PlayStation 5 não foge à regra e agora nos apresenta a Uncharted: Coleção Legado dos Ladrões.

Esse pacote inclui os jogos Uncharted 4: A Thief's End e o DLC standalone Uncharted The Lost Legacy, agora ambas acessíveis a partir de uma escolha já no menu inicial. Os dois títulos passaram pelo mesmo processo de aprimoramento e gozam das mesmas melhorias e recursos, o que ajuda a tornar o pacote mais coeso e uma boa porta de entrada para quem vai pisar nesse universo pela primeira vez.

Como o PlayStation 5 é um hardware naturalmente mais parrudo e repleto de possibilidades que o PS4, é possível notar uma série de pequenas e grandes melhorias nesses jogos, e nós vamos dissecar todas elas na nossa análise completa a seguir, então continue com a gente!

Grandeza a partir de... um começo bem grande, na real

Para muita gente, Uncharted 4 merecia ter sido eleito o jogo do ano em 2016, e é praticamente consenso que trata-se de um game espetacular. Essa paixão se explica porque ele trouxe cenários mais abertos do que seus predecessores, mecânicas de stealth aprimoradas e um roteiro ainda mais afiado, com relações cativantes entre os seus heróis. Era um jogão e continua sendo, já que os últimos 6 anos não impactaram em nada a sua excelência.

Até por isso vou evitar ser redundante com o review original de Uncharted 4 que publicamos aqui no Voxel, em que o Nilton Kleina já tinha dado nota 100 para o jogo, destacando que "você vai ficar de queixo caído com os gráficos", e que "as paisagens são um show à parte". Olha, se ele já achou o game bonito na época, imagino que agora o seu queixo ficaria ainda mais caído! Confira o lindo visual na primeira hora de jogo:

Como falei, aqui vou focar no que temos de novo nessa coleção, e as conquistas técnicas no departamento visual certamente são as que mais saltam aos olhos! Mesmo com um olhar mais leigo e sem pensar muito nas minúcias técnicas, é evidente a forma como as texturas e efeitos de iluminação estão melhor trabalhadas, o que ajuda a boa direção de arte do jogo original a se sobressair ainda mais.

A qualquer momento você pode escolher se prefere jogar em modo fidelidade, que roda em resolução 4K nativa e alta nitidez, mas rodando em apenas 30 fps, ou então o modo desempenho, com 60 fps consistentemente estáveis. Nesse caso, o game alcança o 4K a partir de uma resolução base de 1440p, enquanto uma TV de 1080p faz uma suavização melhorada, mas obviamente roda "só" em 1080p. Se o seu televisor tiver suporte a isso, dá até para jogar no modo Desempenho+ com a taxa de quadros chegando a 120 fps, levando a ação a um ritmo inédito na série!

Monetização problemática

Agora para um tópico um tanto mais espinhoso, se você já tinha comprado uma versão de Uncharted 4: A Thief's End, Uncharted: The Lost Legacy, ou mesmo o Digital Bundle com os dois produtos juntos, ainda assim é preciso pagar 10 dólares pelo direito de jogar a Uncharted; Legacy of Thieves Collection no PS5. Alternativamente, é possível comprar o novo jogo por R$ 249,50.

Em uma indústria onde aprimoramentos next-gen volta e meia são oferecidos gratuitamente, especialmente no ecossistema Xbox, a prática da Sony parece particularmente abusiva e sem noção. Ainda mais se você considerar que tanto A Thief's End como Lost Legacy eram jogos constantemente vendidos a preços promocionais, mas foram removidos individualmente da PlayStation Store para forçar a compra da nova e mais cara edição.

É curioso notar que a cena em que Drake joga Crash Bandicoot saiu como uma homenagem às origens da Naughty Dog mas, com a compra da Activision Blizzard, virou "propaganda" de uma IP da MicrosoftFonte: Reprodução / Thomas Schulze

E fica ainda pior: se você tinha algum interesse em experimentar o modo multiplayer de Uncharted, não poderá fazer isso na Coleção Legado dos Ladrões, já que ela não fez qualquer esforço para transportar o modo para a nova geração. A única forma de acessá-lo é através da retrocompatibilidade com o PlayStation 4, jogando a antiga versão. Ou seja, no que diz respeito ao conteúdo bruto e aos modos de jogo, por aqui você acaba tendo menos coisas para jogar gastando mais dinheiro, o que é bem problemático.

Pequenas conveniências e recursos para compensar

Ao menos as melhorias de jogo não se limitaram aos gráficos: os tiroteios e explosões estão mais imersivos do que nunca graças à adição do áudio em 3D, que foi muito bem distribuído e soa limpinho se você tiver bons fones de ouvido.

O controle DualSense, que é uma das maiores estrelas do PS5, também foi bem explorado com vibrações mais intensas e realistas na resposta tátil, então você sente cada rolamento ou pulo do Drake, da mesma forma em que os gatilhos adaptáveis fazem diferença durante a ação, como nos momentos de atirar ou escalar mostrados aqui:

Ainda que loadings não fossem exatamente um problema nos jogos originais de PlayStation 4, agora as duas aventuras fluem praticamente sem carregamento algum via SSD. E por fim, é possível importar os seus saves do antigo console sem grande esforço a partir do menu inicial, o que também é uma mão na roda.

Vale a pena?

No fim das contas, tanto Uncharted 4 como Lost Legacy figuram facilmente entre os melhores jogos já feitos pela Naughty Dog, e o passar do tempo só serviu para deixar claro o quão bem eles envelheceram para quem gosta dessas aventuras com ares cinematográficos. O que já era lindo ficou ainda mais bonito com a competente remasterização do PlayStation 5, e o deslumbre visual é garantido.

Então se você não se incomodar com o modelo de monetização e a bizarra ausência do modo multiplayer, essa coleção vale bastante a pena tanto para conhecer como para revisitar esses títulos em toda a glória dos televisores mais modernos. E ainda acaba sendo um bom aperitivo para a estreia do filme Uncharted: Fora do Mapa em fevereiro... ou quem sabe uma boa forma de tirar o gosto ruim do longa caso ele seja uma bomba?!