A busca pelo mais forte continua com excelentes novidades
Videoanálise
Street Fighter é um dos jogos que despertam lembranças em muitos jogadores — seja pelo barulho de uma ficha caindo no fliperama ou pela lista de movimentos guardada na memória para cada um dos lutadores. Desde que Street Fighter IV chegou aos consoles, a série ganhou novos ares e conquista agora a quinta versão, Ultra Street Fighter IV, esperada pela comunidade como a definitiva para o game que revitalizou o gênero de luta.
A presença de tantas edições já nem surpreende os fãs. Os jogos de luta são conhecidos por receberem constantes atualizações, e a coleção de fitas de Street Fighter II para Super Nintendo sempre me lembra que essa não é uma prática muito nova.
No entanto, a proposta da Capcom para Ultra Street Fighter IV não se limitou a pequenos equilíbrios e novos conteúdos. A nova versão cria um salto de experiência muito maior se comparada a Super Street Fighter IV: Arcade Edition, ampliando as mecânicas e as possibilidades dispostas para os jogadores.
Porém, nem tudo foi adicionado com tanta inovação, repetindo alguns detalhes que incomodaram os fãs que tanto se aventuram pelas lutas. Mesmo assim, o esforço da Capcom em ouvir a comunidade já se refletiu em excelentes novidades para os lutadores — sempre dispostos a virar um round que até mesmo Daigo ficaria surpreso.
“Here comes a new challenger!”
São, ao todo, cinco novos personagens disponíveis aos jogadores. Hugo, Poison, Elena e Rolento são trazidos diretamente de Street Fighter x Tekken, enquanto Decapre faz sua primeira aparição como personagem jogável na série. Embora a adaptação dos primeiros quatro lutadores tenha sido cuidadosa, a presença deles cria uma ideia de que a Capcom apenas se aproveitou do que já tinha criado para um recente título.
Essa perspectiva ainda foi aumentada quando a empresa anunciou a última personagem. Embora a “doll” de Bison compartilhe história e golpes com Cammy, a comunidade esperava que a estreante fosse diferente daquilo que já tinham sido visto nos jogos anteriores. Depois de trazer Abel, C. Viper, Seth e outros novatos, criou-se essa espera por novos laços, e a indignação da comunidade foi ver escolhida justo a guerreira que compartilha os traços com outra já presente no jogo.
Somado aos novos cenários, também “importados” de Street Fighter x Tekken, Ultra Street Fighter IV não parece algo chamativo para os jogadores apaixonados pelo gênero. No entanto, essa ideia é equivocada.
Apesar de já presentes em outros jogos, os novos lutadores e ambientes criam uma nova experiência para os fãs. Os personagens foram adaptados e tornam a dinâmica mais diversificada, e o cenário competitivo, refinado há dois anos por torneios e competições, se empolga por explorar os personagens na ótica de Street Fighter IV.
A adaptação, no entanto, não escapou de alguns bugs, principalmente no controle do gigantesco Hugo. Isso não se mostrou frequente e não atrapalha a maior parte das partidas, mas pode apontar que um futuro patch estará a caminho para resolver alguns pontos específicos das famosas hitbox.
Não são apenas os novos personagens que atraíram a comunidade. A Capcom buscou a opinião de jogadores pelo mundo inteiro para fazer as alterações nos lutadores antigos, possibilitando novos movimentos, combos e respostas para serem prontamente testados nos ringues.
Embora seja muito cedo para dizer se o jogo está equilibrado, o lançamento de vários vídeos com as mudanças mostrou o interesse da empresa em possibilitar partidas cada vez mais ferozes e justas.
Novas mecânicas também estrelam na versão para acompanhar esse ritmo de novas possibilidades. O Red Focus, que absorve a maioria dos ataques poderosos durante a ativação, cria respostas cada vez mais interessantes para qualquer partida. Além dele, o Ultra Combo Double, que permite utilizar os dois movimentos especiais do lutador, permite muitas opções ofensivas e defensivas para os jogadores que sabem se adaptar durante as brigas.
Se antes você desconfiava que aquele Ken pode se levantar com um Shoryuken Ultra pronto para atingir seu queixo, agora você precisa ser bem mais cuidadoso quando ele estiver com os dois poderes disponíveis. Afinal, ninguém quer tomar uma virada naquele momento decisivo, não é mesmo, Justin?
Pequenas mudanças
Pessoalmente, eu sempre quis salvar os replays das partidas locais para rever aquele momento épico ou aquela jogada mentirosa contra meus amigos. Finalmente isso é possível na versão Ultra, e isso também representa um recurso valioso para os competidores que se aprofundam no jogo e que antes não tinham a oportunidade de guardar os registros das longas jogatinas contra os melhores.
O modo de treinamento também ganhou um recurso interessante, permitindo que você “simule” um delay e treine os combos com certo atraso nos controles. Isso é útil para você afiar cada vez mais a sua resposta contra os frequentes jogadores com lag na internet.
Embora a parte visual não tenha sofrido grandes alterações, a trilha sonora recebeu algumas músicas novas para acompanhar as batalhas. Essa ambientação traz um ânimo diferente durante cada briga, reforçada ainda mais pelos novos cenários — mais “vivos” se comparados aos antigos. Talvez isso não seja tão impactante durante as lutas, mas ver as luzes escurecendo e as pessoas indo embora durante os rounds em Mad Gear Hideout cria a perspectiva de que o cenário não é um mero palco estático de uma briga de rua.
No entanto, alguns pequenos detalhes negativos persistem desde o Arcade Edition. A ausência dos desafios, conhecidos como “Trials”, foi algo que aconteceu para os novatos na edição anterior, e que também não está presente para nenhum dos novos lutadores na versão Ultra. Embora a Capcom tenha prometido trazer este modo em agosto, a falta dela prejudica quem já queria aprender com mais facilidade as combinações dos estreantes.
Outro ponto que reforça uma adaptação incompleta do jogo aos cinco personagens é a ausência de animações para as batalhas entre os rivais no modo Arcade. Ainda que para alguns a história de Street Fighter possa parecer trivial, o clima causado por essa briga trouxe uma inovação para os primeiros títulos da franquia, não recebendo o mesmo tratamento nos dois últimos jogos.
A ausência desta ambientação só reforça a ideia de que a história não é tão valorizada na série – sendo que ela poderia receber alguns toques simples para causar um pouco mais de impacto aos jogadores.
A jogatina online continua ligeiramente demorada para a procura de oponentes. As constantes falhas ao tentar entrar em uma sala persistem desde as versões anteriores, prejudicando quem procura partidas rápidas e contínuas.
“Continue?” 9
Como uma atualização, Ultra Street Fighter IV recebe novidades que renovam a maneira de como os jogadores poderão lutar entre si. Seja com novas mecânicas, novos cenários ou mais lutadores, a versão não falha em sua proposta de trazer aos fãs novas possibilidades de cair na porrada.
Apesar de apresentar pequenos quesitos que poderiam ser explorados com mais criatividade, o jogo buscou ampliar as ferramentas que antes eram disponíveis aos jogadores, permitindo jogadas e combinações que antes não eram possíveis e funcionalidades para o aprimoramento das habilidades de cada jogador.
Como um todo, Ultra Street Fighter IV também se encaixa bem como uma versão “definitiva” da franquia que renovou os games de luta modernos. Embora novos pacotes possam trazer pequenas mudanças e quem sabe mais algumas novidades, o lançamento da edição vai apontando para o fim da série que trouxe emocionantes brigas durante todos esses anos.
Mas também não precisamos ficar tristes: assim como Ryu, a busca pelo mais forte sempre continua firme e forte — assim como nossa disposição de sentar e participar de mais uma luta em Street Fighter. E nem precisamos mais passar no caixa para comprar uma ficha.
Categorias
- Mecânicas novas oferecem muitas possibilidades aos lutadores
- Novas funções para treinos e replays para partidas locais
- Equilíbrio com base na opinião da comunidade
- Cenários e lutadores um pouco “importados” de Street Fighter x Tekken
- Alguns problemas que persistem desde a versão Arcade Edition
Nota do Voxel