Imagem de Twelve Minutes
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Twelve Minutes

Nota do Voxel
75

Twelve Minutes eletriza e frustra a base de cliques

Adventures point-and-click foram extremamente populares nos anos 1980 e 1990. Empresas como Sierra Games e LucasArts foram responsáveis por diversos games que quebraram a cabeça dos jogadores ao apresentar puzzles que necessitavam de passos específicos para resultar em vitória. Com o passar do tempo, o gênero perdeu força, principalmente por conta de títulos 3D lotados de polígonos e com uma quantidade bem grande de comandos para serem executados.

Foi então que o desenvolvedor português Luís António, com passagens por Ubisoft e Rockstar, apresentou uma ideia promissora de um jogo que se passava em um loop temporal de 12 minutos em que o jogador, por meio de erros e acertos, deveria lidar da melhor forma com a situação. Depois de muitos anos de desenvolvimento e graças ao aporte financeiro da publisher Annapurna Interactive, finalmente Twelve Minutes chegou ao mercado. Mas será que o título realmente impressiona?

Um triângulo temporal de segredos

De forma bem resumida para evitar spoilers, o jogo acompanha um casal em um dos dias mais importantes de sua vida. Quando tudo parecia perfeito, um policial bate à porta, diz ter um mandado de prisão e mata os dois. Em vez de uma tela preta, voltamos ao momento que o homem entra em casa e se depara com a esposa, que aparenta não ter passado pela mesma experiência que o jogador.

O desenvolvimento da trama é muito interessante, com diversas opções de diálogos que vão se abrindo após novas informações descobertas em tentativas anteriores. Incomodou bastante o fato de o protagonista ter percebido que estava em um loop temporal logo na segunda run, já que nem estávamos tão inteirados do que acontecia naquela casa, mas conseguimos superar essa estranheza depois mais alguns minutos de gameplay.

Em poucos minutos, a situação pode se tornar crítica.Em poucos minutos, a situação pode se tornar crítica.Fonte:  Voxel 

Cada tentativa falha que tivemos acabou rendendo um novo aprendizado, e isso fez que mergulhássemos de cabeça em toda a aventura. Diversas vezes, estávamos quase gritando com o monitor para que um personagem específico fizesse determinada ação ou ficávamos frustrados quando tínhamos de esperar algo acontecer para que a estratégia desse certo.

Suspense complexo com mais de um final

Como o jogo tem diversos finais, não há uma única sequência de ações que o jogador deve fazer para concluir o título, assim como em clássicos adventures point-and-click. Estávamos seguindo uma linha de raciocínio bem específica, escolhendo sempre as mesmas ações, até que demos de cara com uma parede. Precisávamos de uma informação que não tínhamos para prosseguir daquela forma.

A história se desenvolve por meio de diálogo com diversas opçõesA história se desenvolve por meio de diálogo com diversas opções.Fonte:  Voxel 

Depois de pararmos um pouco, tomarmos um ar e quebrarmos a cabeça, tentamos uma abordagem completamente diferente, e isso rendeu uma variedade de novas opções. Frustrações como essa foram constantes, já que, mesmo com curta duração, o game exige que o jogador pense fora da caixinha e colha uma quantidade bem grande de informações para que possa continuar em uma linha de raciocínio específica.

Podemos dizer que, ao mesmo tempo que o jogo não obriga a seguir uma receita de bolo, é preciso pegar todos os ingredientes para poder prosseguir. Inclusive, isso gerou uma polêmica nas redes sociais, já que o player necessita colocar drogas na bebida da esposa para que novas opções sejam desbloqueadas. Essas reclamações são extremamente válidas e devem ser respeitadas por se tratar de um assunto muito mais sério do que “joguinhos digitais”.

Tudo pode virar a seu favor (ou quase tudo)Tudo pode virar a seu favor (ou quase tudo).Fonte:  Voxel 

Voltando ao tema, conseguimos chegar por conta própria a três dos supostos sete finais, inclusive um que apresentou uma tela com créditos. Para cada conclusão, sentíamos uma injeção de serotonina, mas nem sempre nos sentimos recompensado pelo jogo, como se ele dissesse “parabéns, quer ver outro final agora?” em vez de mostrar como cada neurônio queimado valeu a pena.

8 ou 80 na parte técnica

A parte visual é bem simples, mas tem certo charme. É possível dizer que esse seja o estilo de Luís António, já que podemos ver a mesma pegada em The Witness, game que contou com as artes do desenvolvedor português. Tudo é visto de cima, os ambientes são bem detalhados e apresentam texturas muito bonitas. Já as animações são em sua maioria estranhas, bruscas e nada naturais, o que pode tirar um pouco da imersão do jogador.

É possível sentir o medo real na voz de Daisy Ridley quando o policia, interpretado por Willem Dafoe, entra na casa.É possível sentir o medo real na voz de Daisy Ridley quando o policial, interpretado por Willem Dafoe, entra na casa.Fonte:  Voxel 

Agora, de simples as atuações não têm nada. O trio principal é interpretado por James McAvoy, Daisy Ridley e Willem Dafoe, nomes famosos de produções hollywoodianas que dão profundidade e emoção para os personagens quase sem rosto. O cachê provavelmente foi alto, mas o resultado valeu cada centavo investido.

O que mais decepcionou foi o desempenho do título no PC. Raramente o game ficava acima dos 60 quadros por segundo e ainda sofria com quedas de quase 10 FPS quando algumas ações eram realizadas, como aberturas de portas. Achamos que o jogo foi mal otimizado para computadores, e isso poderá comprometer um pouco a experiência de algumas pessoas.

Escapar da morte pode ser uma tarefa cruel.Escapar da morte pode ser uma tarefa cruel.Fonte:  Voxel 

Vale a pena?

Twelve Minutes é um título para fãs de puzzles capciosos e narrativas complexas, sendo uma ode a mestres do cinema como Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick, a suspenses psicológicos e adventures clássicos. Ainda assim, é um jogo de nicho que passará despercebido pelo grande público, seja por seu gênero, seja pelo escopo do projeto. Quem assina o Xbox Game Pass, nos consoles ou no PC, poderá testá-lo sem custos adicionais.

Twelve Minutes é um thriller temporal que testará o raciocínio e a paciência de quem tiver coragem de desvendar seus segredos mais obscuros.

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Pontos Positivos
  • História inteligente, cheia de reviravoltas e detalhes sagazes
  • Diversos finais que necessitam de diferentes abordagens para serem atingidos
  • Loop temporal exige um senso de urgência de quem joga
  • Atuações incríveis que envolvem o jogador ainda mais no universo
  • Visuais simples e charmosos
Pontos Negativos
  • Obrigatoriedade em certas ações, o que interrompem o progresso natural da história
  • Puzzles levemente frustrantes
  • Animações estranhas dos personagens
  • Desempenho medíocre nos computadores