Poder tropical
Lançado no último dia 23 de maio, Tropico 5 é o mais novo título da franquia da Kalypso que coloca os jogadores na pele de um governante de um pequeno país insular caribenho. Desta vez, no entanto, além de ter como objetivo manter-se no poder pelo maior tempo, a série recebe um novo sistema de dinastias que permite aos seus sucessores a possibilidade de assumir postos públicos e até mesmo a ilha. Desse modo, a franquia acaba adicionando de maneira interessante a sucessão hereditária tão típica nos regimes ditatoriais.
Apesar de ter cara de ser um grande gerenciador com a temática tropical, Tropico 5 (assim como seus antecessores) pode ser descrito como um simulador, pero no mucho. No caso, as estatísticas e os índices típicos do gênero estão todos lá, sendo necessário manter cidadãos felizes e conter tensões políticas para evitar golpes de estado ou derrotas eleitorais. No entanto, Tropico preocupa-se mais em apresentar tudo isso de maneira bem-humorada e rápida para o jogador em vez de se preocupar em oferecer cada minúcia dessas informações.
Isso não significa que o jogo seja limitado ou ofereça poucas opções. A adição de um sistema de eras semelhante ao de Age of Empires, por exemplo, faz com que o jogador comece como um governador de uma versão colonial de Tropico que ainda responde à Coroa. Nesta época inicial, é necessário pagar impostos para a metrópole e administrar o seu tempo antes que o seu mandato acabe.
Como o objetivo é manter-se no poder, é necessário trabalhar para declarar a Independência do país para finalmente tornar-se o grande El Presidente antes que o seu período de regência acabe. A partir daí, o jogador sai da era colonial e pode avançar para o período das Guerras Mundiais e da Guerra Fria, colhendo os benefícios do progresso tecnológico ao mesmo tempo em que é preciso lidar com novos desafios a cada novo período histórico.
Aprendendo a governar (e a engordar seu caixa dois)
Tropico 5 conta com dois modos single player: um modo sandbox, que permite que você escolha uma ilha para governar durante todo o tempo que você conseguir manter-se no poder, e uma campanha curta com 16 missões que consegue ser bastante eficiente para ensinar todos os recursos do jogo para os jogadores, ao mesmo tempo em que contém uma história recheada com o bom-humor característico da franquia.
Enquanto consegue ensinar de maneira rápida e intuitiva como funcionam os fundamentos do jogo e outros diversos recursos, a campanha também apresenta uma grande mudança que torna tudo mais divertido: a possibilidade de poder acumular o seu progresso a cada missão. Assim, se nos jogos anteriores cada missão começava sempre do mesmo modo, em Tropico 5 tudo o que você realiza nas suas duas ilhas é mantido – algo que torna a experiência muito mais recompensadora.
Além disso, mudanças na interface e nos sistemas tornaram o jogo ainda mais fácil de ser jogado. Se no último título da série era fácil perder-se em meio aos diferentes menus do jogo, uma reorganização geral deixou tudo mais simples. Basta clicar com o botão direito para abrir o menu de construção, com todos os edifícios organizados por categorias práticas.
Já outras opções, como o acesso ao Almanaque (contendo o balanço econômico da ilha e índices como a satisfação de seus moradores) e aos Editos, também se apresentam de maneira prática em uma barra na seção inferior da tela. Graças as suas poucas divisões, é fácil aprender a navegar entre as suas opções e logo qualquer um pode começar a sancionar leis criando novas taxas (destinadas aos fundos privados do Presidente) ou fornecendo refeições extras (e, consequentemente, mais felicidade) para a população.
Ao mesmo tempo, a introdução de uma seção para alterar a Constituição de seu país (disponível a partir da era das Guerras Mundiais) também facilita o seu trabalho ao reunir em um único menu opções que antigamente encontravam-se espalhadas por diferentes edifícios governamentais.
Vizinhança caribenha
Além de dois modos single player bastante divertidos e capazes de entreter por bastante tempo, Tropico 5 também introduz um modo multiplayer à série, no qual até quatro jogadores diferentes podem administrar as suas cidades e escolher entre trabalhar juntos (trocando recursos ou estabelecendo rotas comerciais) ou uns contra os outros.
Apesar de a possibilidade de gerenciar a sua ilha enquanto precisa lidar com outros governantes reais ser muito interessante, a organização das partidas é bastante confusa. Para começar, o lobby inicial não conta com opções básicas, como a possibilidade de expulsar outros jogadores de sua sala ou de verificar o seu ping para garantir que as partidas não se arrastem de maneira travada.
Com algumas mudanças para facilitar a criação de partidas privadas com amigos, o modo multiplayer pode vir a se tornar bastante interessante. No entanto, com o sistema atual, é mais provável que você gaste mais tempo tentando fazer com que as partidas funcionem do que efetivamente jogando.
Vale a pena?
Mantendo o bom humor de sempre, Tropico 5 faz com que a experiência de assumir o papel de El Presidente continue agradável. Enquanto a campanha do jogo é razoavelmente curta, ela consegue apresentar todas as novidades de maneira intuitiva ao mesmo tempo em que mantém um bom nível de desafio mesmo para veteranos.
Apesar da falha do novo multiplayer (que, apesar de contar com uma proposta interessante, é prejudicado pelo seu péssimo sistema de criação de partidas), Tropico 5 ainda é bastante recomendável graças a todo o potencial de seus modos para um jogador. Começar o seu governo tropical do início e manter a sua dinastia reinando por eras é um desafio e tanto – e dos mais divertidos.
- Sistema de eras torna a experiência mais interessante
- Campanha bem estruturada ensina principais fundamentos do jogo
- Mantém o bom humor da série
- Apesar de novidade, modo multiplayer conta com várias falhas
- Como não conta com tradução para o português, pode ser difícil para quem não fale inglês
Nota do Voxel