Rainbow Six Extraction deveria ser só uma DLC?
No próximo dia 20 de janeiro, teremos o lançamento de Rainbow Six Extraction, um jogo multiplayer cooperativo que tem como base o mundo de Rainbow Six Siege, mas dessa vez, em vez de se digladiarem, todos os jogadores têm um objetivo em comum: salvar o planeta do Parasita, uma raça alienígena que lembra um pouco o Venom — só que não é tão legal.
Extraction lembra bastante o evento Outbreak, um modo de jogo que rolou em Rainbow Six Siege há algum tempo, só que agora como um game separado e mais completo do que o que vimos no shooter competitivo. A questão é: será que ele realmente oferece o suficiente para ser lançado como um game completo e não mais como um evento? Confira também nossa análise em vídeo, abaixo:
Um geralzão
Tudo começa com um treinamento para ficarmos familiarizados com as mecânicas do jogo, apesar de no treinamento fazermos tudo sozinhos, as incursões podem ser feitas por até três pessoas.
A ideia geral é se infiltrar em um local infestado de aliens e completar objetivos, como coletar amostras, destruir portais regenerativos, resgatar pessoas e procurar informações sobre a raça alienígena.
Cada sessão de jogo é dividida entre quatro locais: Nova York, São Francisco, Alasca e Truth or Consequences, uma cidade no estado do Novo México.
Esses locais são compostos de três sub mapas interconectados com três objetivos distintos. A localização dos objetivos, o ponto de infiltração e a colocação dos inimigos são sempre aleatórios entre uma sessão e outra, então, não adianta dar uma de espertinho achando que dá para decorar. Além disso, cada vez que passamos por uma subárea, a próxima fica mais difícil.
Achou confuso? Tem mais, esses objetivos de missão também não são as únicas coisas na sua lista de afazeres, também é preciso realizar uma série de pequenas tarefas chamadas “Estudos”, para completar a porcentagem de conclusão de cada cidade e “avançar” na história do game.
Durante a ação, os operadores têm duas opções ao cumprir as missões: continuar para a próxima área ou extrair a equipe usando um helicóptero. Qual é a vantagem de um e qual é a vantagem de outro?
A área seguinte é sempre mais difícil, mas como prêmio por nossa bravura de continuar, recebemos mais recompensas ao realizar tudo com sucesso.
Contudo, a exfiltração pode não ser uma má ideia se o grupo estiver com pouca vida, ou se algum membro do seu grupo já "abotoou o paletó de madeira", já que vai garantir toda a experiência adquirida até ali.
Conhecendo sua equipe
Os operadores de Extraction formaram um grupo especial chamado REACT, sigla em inglês para Equipe Rainbow de Análise e Contenção Exógena. Nós podemos escolher entre 18 deles, cada um tem características próprias que devem ser aproveitadas na hora da peleja contra os Arqueanos.
Os “poderes” de cada operador vai reger a formação da sua equipe, é sempre bom dar uma variada tornando a gameplay bem dinâmica. Vai por mim, variar a formação da sua equipe é a chave para o sucesso. Dando alguns bons exemplos, temos o Doc, que conta com uma pistolinha de cura, o Lion que tem um drone que detecta inimigos que se movimentam e a Ela que vem equipada com três minas atordoantes que são ótimas para abater inimigos com resistência a tiros. Mas esses são só alguns exemplos.
Doc, um dos operadores do jogo.
É importante falar também que cada operador tem suas próprias evoluções. Eles contam com um nível que vai de um a 10, cada missão realizada garante experiência e o faz aumentar de nível, garantindo um leque maior de armas e outras vantagens, como diminuição do tempo entre os usos de habilidade, mais resistência a dano, mais velocidade de movimento, entre outras.
Conhecendo os inimigos
Tão importante quanto conhecer os personagens é conhecer os inimigos. Os Arqueanos também têm variantes especiais, que tornam o jogo mais estratégico, como os batedores e os tóxicos que são uns monstrinhos pequenos que carregam nas costas um tipo de bolsa explosiva, no caso dos tóxicos a bolsa ainda deixa uma fumaça corrosiva que é bem chata.
Também temos os Espinhosos, que conseguem atacar a longas distâncias, os Semeadores, que colocam uns tipos de minas que cegam o operador e os Penumbra, que têm a capacidade de ficar invisíveis e deixar seus companheiros aliens invisíveis também. Esses são apenas alguns deles, conhecemos outros ainda mais chatinhos conforme avançamos.
Alguns inimigos do jogo.
Parcimônia ou estilo Rambo?
Uma das coisas que o jogador com toda certeza vai notar ao jogar Rainbow Six Extraction é que ele é muito mais cadenciado do que Back 4 Blood, Aliens Fireteam Elite ou World War Z, jogos com os quais ele costuma ser comparado. Entretanto, uma comparação mais assertiva seria com GTFO.
Enquanto a maioria dos outros jogos multiplayer cooperativos de tiro se concentram principalmente no uso de armas de fogo para estourar miolos de inimigos, Extraction tenta focar os objetivos e na sobrevivência dos encontros com os bichões. O dano causado pelos alienígenas é bem alto, eles não precisam de muita porrada para mandar o operador para o beleléu. Aqui, a parada é louca, às vezes três golpes de um Retalhador é suficiente para levar o jogador a óbito.
Salvando operador caído.
Mas calma, existe uma segunda chance caso perca seu operador. Uma das mecânicas mais legais do jogo é exatamente essa. Se por acaso tomarmos uma surra dos dublês de Venom, podemos voltar naquela mesma missão com outro operador para resgatá-lo ou também podemos pedir para um amiguinho carregar o personagem para o helicóptero. Essa inclusive é a melhor opção, pois ninguém quer perder o Doc nível 10 para depois ter que resgatá-lo usando um Tachanka nível 2 — sério, é muita tristeza.
Essa tensão de perder seu personagem mais evoluído dá um temperinho bem interessante para o jogo, já que os jogadores sempre precisam decidir se continuarão se aventurando mais na zona de contenção sob o risco de perder um agente importante.
Além disso, personagens feridos na missão anterior permanecerão feridos recuperando um pouquinho de HP a cada nova missão cumprida. Deu para sacar a ideia?
Terminei o jogo, e agora?
Para “zerar” o game, precisamos cumprir missões e estudos e avançar em um sistema de progressão chamado de “marco” que vai de 1 até 30. Ele funciona mais ou menos como o nível do jogador, a cada marco atingido liberamos mais tecnologias para pesquisar, cosméticos para dar uma carinha nova aos operadores e até novos modos de jogo.
É claro que o interesse da Ubisoft é manter a galera jogando mesmo após terminar todo o conteúdo. Sendo assim, Extraction também oferece um conteúdo Late Game chamado “Protocolo Maelstrom”, um tipo de Raid, pode-se dizer. Para liberá-lo é preciso alcançar o marco 16.
Ele funciona como se fosse um modo extra hard, aumentando o número e a intensidade dos objetivos, aqui não temos apenas três, mas sim nove tarefas para entregar antes de exfiltrar.
Depois de passar pelos três primeiros objetivos, a dificuldade vai aumentar, seu limite de tempo para realizar as próximas três será reduzido e as estações de recarga de saúde e munição ficarão cada vez mais difíceis de encontrar.
O desafio vai mudar semanalmente e ao completá-lo o jogador ganhará muitos pontos de experiência para seus operadores, créditos REACT para gastar em cosméticos na loja do jogo e um capacete especial, que varia de acordo com a classificação obtida ao completar o Maelstrom.
Falando em capacete, sim… o jogo tem microtransações. Contudo, só servem caso o jogador queira comprar uniformes e capacetes para seus operadores ou pingentes e decalques para suas armas. Tudo cosmético, não tem nenhum tipo de pay-to-win na loja, por enquanto.
Vale a pena?
O grande pé atrás que a galera tem com Extraction é que dizem que ele poderia ser só uma DLC de Rainbow Six Siege, afinal, já foi um evento que fizeram lá em 2018. E, sinceramente, essa afirmação nem é assim tão absurda.
Extraction poderia sim ser uma DLC de Rainbow Six Siege. Inclusive, até aquele monstro grandão que usaram no evento está presente aqui no game, aquele gigante cheio de armadura, quem jogou lembra. Pois é, ele é igualzinho.
Se fosse uma DLC, a galera falaria “Caraca, parece até um jogo novo” e também não estariam errados. Mas, se pensarmos bem, conhecemos alguns casos em que uma DLC realmente vale a pena a ponto de darmos o braço a torcer?
Essa linha é bem tênue. Se você não espera muito de Rainbow Six Extraction, acredite, ele é capaz de surpreender, com uma boa ação comedida com estratégia, uma boa jogatina com os amigos, e uma sensação de evolução que realmente é possível sentir ao avançar cada missão no game. Então, você vai curtir sim Extraction e vai ter vontade de juntar a galera para uma boa missão, com aquele seu operador preferido.
Agora, se você espera um jogo de muita ação com tiroteios para todo lado, granadas explodindo, enquanto "você assobia e chupa cana ao mesmo tempo", ou uma história supercomplexa, cheia de reviravoltas dignas de grandes momentos de filmes hollywoodianos, aí é melhor colocar o pé no freio.
Mais um ponto: se você assina o Gamepass, no Xbox ou no PC, terá a oportunidade de testar por si só. O game estará disponível no Day One então, vale sim a pena dar uma chance.
Agora, algumas perguntas que podem ter ficado no ar:
- O jogo tem Cross-play?
Sim, é possível jogar com seus amigos do PC, do Playstation, do Xbox e até do Stadia (alguém aí tem Stadia?)
- O jogo tem história?
Tem, ele tem algumas cutscenes que se passam alguns anos depois do Raibow Six Siege, já que podemos ver que alguns operadores estão mais velhos, como o Thermite e a Ash. Ao cumprir as missões chamadas “estudos” dentro de cada cidade o jogador libera partes do códice para ficar por dentro dos eventos do game.
- Posso jogar sozinho?
Pode! É possível jogar sozinho, em dupla ou em trio. O jogo adapta a dificuldade dependendo do número de operadores no esquadrão. Mas é claro que jogar com mais gente oferece bem mais oportunidades de concluir a missão com segurança.
No final das contas, Rainbow Six Extraction é divertido, estratégico e vai oferecer boas horas de tiros em alienígenas, ele não é uma revolução, não será o melhor coop multiplayer que você vai jogar na sua vida, mas é competente no que se propõe. Poderia ser uma DLC? Sim, poderia, mas se fosse, seria uma ótima DLC. Sua nota é 80.
Categorias
- Estratégico sem ser burocrata demais
- Divertido para jogar entre amigos
- Dificuldade adaptativa de acordo com o número de jogadores
- Não traz nada de realmente novo ao gênero
- Inimigos muito parecidos com os de Outbreak
Nota do Voxel