O melhor do heroísmo nipônico nonsense
No que se refere à sua proposta, The Wonderful 101 é bastante honesto desde a sua primeira missão. Ao mesmo tempo em que um pacato professor primário lê tranquilamente enquanto acompanha seus alunos à escola — em uma espécie de cruzamento entre ônibus escolar e metrô —, o céu é rapidamente cortado por um ataque incendiário, fazendo com que o “ônibus” perca o controle e as crianças entrem em desespero.
Bem, após salvar as crianças, o pacato professor — tímido, ingênuo e gago — se transforma em um super-herói pertencente a um grupo de elite, o Wonderful 100. Com uma transformação que não deveria nada a Power Rangers, Wonder Red parte para evitar que o veículo desgovernado despenque de uma ponte... Diretamente sobre uma escola cheia de pimpolhos.
Naturalmente, Wonder Red ganha rapidamente reforço de outros tantos heróis, tão ou mais nonsense do que ele próprio — que o diga o sujeito com uma tampa de privada sobre a cabeça.
Mas a história, contada assim, talvez faça algo se perder. Em primeiro lugar: certo feeling muito particular, usualmente encontrado em histórias apoteóticas orientais — ou de fontes que as imitem descaradamente, o que não é difícil de encontrar. E nisso The Wonderful 101 representa um pacote completo: há muito humor nonsense, há centenas de milhares de explosões e há uma história charmosamente superficial.
Coroando a coisa toda, há a jogabilidade concebida pelo célebre Hideki Kamiya — uma espécie de “fascismo infantilizado”, por falta de termo melhor. Basicamente, quando se diz que os seus bons companheiros são armas ao seu lado, isso pode ser entendido literalmente — conforme eles “se fundem eletronicamente” para forjar espadas, punhos gigantes, marretas e por aí vai. O resultado é um caos quase perfeito. Vamos aos detalhes.
Em um cenário dominado por jogos de tiro e por ação scriptada, acaba sendo revigorante encontrar algo como The Wonderful 101. Embora a inventividade de Hideki Kamiya dê suas derrapadas aqui e ali — sobretudo na hora de executar os movimentos mais originais do jogo —, controlar toda uma turba ensandecida de heróis nonsense certamente não é algo que se vê todos os dias. E o mais importante: isso pode ser bem divertido.
Complementando o estilo “todos por um!”, ainda há aqui uma bela homenagem a um estilo tipicamente nipônico de contar e recontar as desgraças da humanidade — sempre de forma exagerada, heróica e apoteótica. E é desse cruzamento entre inovação e saudosismo que surge uma das propostas mais singulares do Wii U.
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Nota do Voxel