The Stanley Parable Ultra Deluxe melhora o que já era perfeito
Acredito que eu nunca em minha vida eu escrevi uma análise tão fácil e, ao mesmo tempo, tão complicada quanto essa. The Stanley Parable, lançado em 2013, é até hoje o meu game independente favorito pela ideia inovadora, humor sarcástico e pela mecânica simples. Desenvolvido pela Galactic Cafe, formada por Davey Wreden e William Pugh, o título foi mundialmente aclamado e considerado um dos melhores do começo dos anos 2010.
Quando The Stanley Parable Ultra Deluxe foi anunciado no final de 2018, eu fiquei em total êxtase por saber que a trama seria expandida e que ele seria lançado para consoles, o que faria com que muitas amigas e amigos meus seriam atazanados até finalmente comprarem e jogarem. Devido a problemas no desenvolvimento e a pandemia da COVID19, ele foi adiado 3 vezes, o que preocupou uma parcela de fãs. Felizmente ele chegou e, após finalizar o jogo diversas vezes, vim dizer se toda a espera valeu a pena. Confira nossa análise a seguir.
Menos é mais
Eu decidi abrir o texto dizendo que essa era a análise mais fácil e mais complicada que eu já fiz, mas não expliquei o motivo. Enquanto falar de The Stanley Parable Ultra Deluxe é simples, já que o título não possui mecânicas complexas, eu preciso me policiar para não entregar nenhum spoiler. Esse é o tipo de jogo que quanto menos você souber, melhor.
De maneira curta e rápida: se você jogou o game anterior ou está minimamente interessado, fica aqui minha plena e completa recomendação. Com certeza é um dos melhores títulos de 2022, ainda que isso não seja amplamente comentado nas premiações de final de ano. Com isso dito, vamos nos aprofundar mais nessa insana e incrível aventura chamada The Stanley Parable Ultra Deluxe.
Tudo parece normal, até que...Fonte: Eurogamer
Como o nome sugere, ele é uma versão estendida do game lançado em 2013. Somos Stanley, o funcionário 427 de uma empresa cuja tarefa é apertar botões em tempos específicos indicados na tela de seu computador. Em determinado dia, as instruções pararam de chegar e Stanley decide sair de sua sala para descobrir o que aconteceu, se deparando com um escritório totalmente vazio, abandonado. Como se isso não fosse bastante, uma voz está narrando todas as suas ações e ditando quais serão as próximas.
A magia começa quando chegamos a uma sala com duas portas abertas e o tal narrador diz que Stanley entrou na localizada à esquerda, antes mesmo de tomarmos essa decisão. Na maioria dos jogos, a porta à direita teria uma parede invisível, impossibilitando entrarmos pela mesma, porém The Stanley Parable Ultra Deluxe não é como a maioria dos jogos.
O player pode muito bem escolher obedecer ou não a voz em sua cabeça, com cada decisão moldando a direção que a história seguirá. A quarta barreira vai se quebrando, o narrador começa a interagir conosco e toda a premissa de um homem buscando respostas para o sumiço de seus colegas se transforma em uma cômica aventura metalinguística que não vai tirar a palavra “genial” de sua boca.
É aqui que a magia realmente começa.Fonte: Francesco Casagrande / Voxel
Há dezenas de finais disponíveis que vão se moldando conforme as escolhas do jogador. Como tudo se encerra de maneira rápida, refazer um caminho para mudar uma escolha é bem simples, estimulando a conhecer, explorar e fazer o maior número de finais. É curioso pensar que até hoje eu não conheço todos eles.
O jogo conta com praticamente três ações. Elas são andar, abaixar e interagir com objetos, o que classifica ele como um walking simulator. Para muitos, essa informação faz o nariz torcer, mas isso deveria brilhar os olhos pelos desenvolvedores conseguirem fazer tanto com tão pouco. Pensar ser necessário mil mecânicas diferentes, poderes e upgrades para tornar um jogo bom é fechar as portas para títulos brilhantes e simples, feitos muitas vezes por pequenos grupos de pessoas.
Admito que fiquei um pouco intimidado com o tamanho disso.Fonte: Francesco Casagrande / Voxel
A escrita de Wreden e Pugh é afiadíssima, assim como a interpretação de Kevan Brighting, que juntas tornam a experiência incrível e imperdível para todos os jogadores, até aqueles que preferem correria, tiro e bomba. É uma obra-prima dos videogames.
E o que tem de novo?
Se você jogou o game de 2013, sabe que tudo o que eu falei aqui não é nenhuma novidade, mas era necessário explicar tudo isso antes de entrar nas novidades que o título trouxe. Agora, falando exclusivamente sobre os novos conteúdos, preciso reafirmar o quão incríveis são Wreden, Pugh e Brighting.
Essa porta é, no mínimo, sugestiva.Fonte: Rock Paper Shotgun
Até o momento, não sei se joguei uma expansão ou uma continuação. Logo no início, o narrador já reconhece o sucesso que The Stanley Parable foi, mas começa a sofrer com as poucas críticas do público e mídia, levando ele a uma jornada por novidades e inovações. Isso tudo gera mais de 3 horas de conteúdos extremamente cômicos e memoráveis, como os apresentados no começo da década passada.
Fazer amizade com um balde, entrar em jogos diferentes, visitar um museu sobre The Stanley Parable e avançar no tempo sem parar são algumas das aventuras totalmente inéditas que me fizeram dar litros de risadas, isso se fosse possível calcular risadas dessa forma. Ah, e eu ainda não joguei todos os finais.
Só é possível pular aqui dentro.Fonte: Francesco Casagrande / Voxel
Vale a pena?
Assim como eu disse no início, The Stanley Parable Ultra Deluxe é uma plena e completa recomendação. Os criadores, agora junto da equipe da Crows Crows Crows, conseguiram tornar melhor uma das mais incríveis e únicas experiências do mundo dos videogames. É muito divertido discordar do que o narrador diz só para ver qual será sua próxima reação ou mesmo refazer um caminho para ver uma conclusão diferente da vista anteriormente. O único ponto que me deixou meio chateado foi a falta de legendas em português, que sem dúvidas vai atrapalhar a experiência de muita gente.
Categorias
- História absolutamente incrível
- Atuação do narrador é impecável
- Fator replay enorme
- Muito conteúdo novo
- Falta de legenda em português
Nota do Voxel