Imagem de The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor
Imagem de The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor

The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor

Nota do Voxel
52

Nem mesmo a irônia de Brendan Fraser foi capaz de salvar Dragon Emperor.

The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor é uma prova de que bons gráficos não significam um bom jogo. Nem mesmo uma Unreal Engine 3 poderia transformar algo desse “naipe” em um título que realmente valesse a pena. Isso porque o jogo todo transpira um ar ultrapassado; transpira uma jogabilidade que seria totalmente satisfatória há uns bons dez anos atrás.

E sabe o que é mais triste? Todos os elementos de um bom jogo de aventura estão presentes. O que faltou realmente foi um tratamento mais cuidado e menos retrógrado e simplista.


O descuidado Alex O’Connel

Para quem gostou do filme, a história está toda aí. Tomb of the Dragon Emperor, como o nome sugere fortemente, traz a história do terceiro The Mummy. Após ser condenado pela feiticeira Zi Yuan a passar a eternidade sepultado em argila juntamente com o seu exército de 10 mil guerreiros, o imperador Han (o “terrível” Jet Li) é desenterrado pelo inconseqüente Alex O’Connel (Luke Ford). Assim sendo, para evitar que os planos de dominação mundial do imperador possam se concretizar, Alex busca a ajuda de seus pais, Rick (Brandon Freaser, o protagonista dos dois primeiros filmes) e Evelyn O’Connel (Maria Bello).

Para quem realmente gostou do filme, uma boa notícia: a história é resumidamente contada durante o jogo com uma narrativa bem decente e algumas imagens desenhadas a mão. Além disso, a aventura vai levá-lo das tumbas anciãs do imperador até o Himalaia e mesmo à Muralha da China, trazendo ambientes variados e que, de certa forma, tem uma boa ligação com o filme.

Pseudo-Final Fight

O início do jogo quase chega a convencer de que se tem nas mãos algo pelo menos divertido; no melhor estilos “filme de Sessão da Tarde”. Após uma breve introdução, acompanha-se Alex até o interior da tumba de Han, onde serão mostrados os primeiros mecanismos do jogo e alguns tutoriais um pouco “nonsense”, em particular aquele que vai ensiná-lo a seqüência de movimentos que será repetida centenas de milhares de vezes até o fim do jogo — assumindo-se que você agüente jogar até o fim: travar a mira e atirar.
Pancadaria repetitiva e inimigos com Q.I. de alcachofra.
Trata-se, basicamente, de uma micro-fase rápida que lembra muito os jogos de tiro de pistola das antigas plataformas de 8 bits, com inimigos saindo às duzias de praticamente qualquer canto do cenário. Um bom estilo há uns 20 anos que soa totalmente sem propósito hoje.

Aprendidas as primeiras lições, ganha-se o passe para mais um inoportuno tutorial. Dessa vez, trata-se de combate desarmado. Novamente, dúzias de inimigos surgem por todos os lados para dar ao jogador a chance de aprender a chutar, socar, agarrar e dar joelhadas. Ah, sim, caso algo aconteça nesse ponto, o jogo devolve você para o início do primeiro tutorial. Tem como ser mais 8 bits que isso? Provavelmente não.

Todavia, esse novo tutorial deve prepará-lo para as centenas de batalhas genéricas disponibilizadas ao longo do jogo. É claro que algumas seqüências de movimentos até tem a sua graça e às vezes chega a dar vontade de ser mais criativo nos golpes.

Só que os combates são tão simples e os inimigos tão completamente descerebrados, que a ação toda vai colocá-lo em comando automático logo após as primeiras lutas. Isso caso você não resolva simplesmente acabar com a dança toda distribuindo tiros para todos os lados. Em uma palavra? Maçante. Em duas? Muito maçante.

Pseudo-Tomb Raider

Tudo bem, com tantos jogos lançados constantemente no mercado, ninguém espera que um título seja de fato integralmente original em cada ponto. Quer dizer, ninguém realmente tenta reinventar a roda a todo o momento. Entretanto, se a ação de Dragon Emperor lhe parecer apenas um Tomb Raider “fake” de muito mau gosto, fique tranqüilo. Você não estão sozinho.

Na dúvida, fique com a original. Não que os movimentos não sejam bons. O problema é que se trata de uma cópia descarada das aventuras de Miss Croft, embora com muito menos polimento. Durante um bom tempo você vai ficar apenas procurando beiradas, pulando para o lado, pulando para trás, caindo e tentando se desviar de dezenas de cerras e projéteis que são arremessados sabe-se-lá-de-onde.

Mas tudo bem, seria apenas um Tomb Raider sem trabalho mental. O problema é que esses momentos ainda vão colocá-lo em um esquema de “tentativa e erro”. Um pouco pela câmera, outro pouco porque os apoios nas paredes se confundem muito com o fundo do cenário.

Bem, assumindo-se então que após algumas várias mortes sem sentido você finalmente ache o caminho, tem ainda a câmera, que transforma certos pulos em puras expressões de fé religiosa: “eu pulo porque sei que deve existir uma plataforma ali!”. Se pelo menos ainda se pudesse controlá-la... mas nem isso.


À sua direita, uma bela cadeia de montanhas. À sua esquerda... uma parede invisível.

Os cenários de Dragon Emperor realmente não são ruins. Tanto a variedade de ambientes quanto os detalhes e a disposição dos objetos parece mesmo estar de acordo. Enfim, bem dentro do que se esperaria de um jogo de aventura "old school". Poderia ser mais bonito e um pouco mais polido? Poderia. Mas não é nada que realmente incomode.

Entretanto, alguns ambientes vão trazer uma espécie de saudosismo negativo por conta de um elemento que não tem dado tanto as caras nas atuais plataformas: a parede invisível. Quer dizer, eventualmente, sem prévio aviso, o jogo simplesmente corta a movimentação do personagem com uma clássica “parede de nada”. Em suma, apenas uma forma menos elegante de dizer: “O caminho não é por aí. Tente outra coisa”. Algo que poderia ter sido evitado, sem dúvida.

Alguns ambientes realmente se salvam.

Cabe aqui novamente enfatizar: The Mummy: Tomb of the Dragon Emperor tem muitos elementos que poderiam garantir, senão um memorável jogo de ação, pelo menos um título decente. Faltou polimento na mesma proporção em que sobraram inimigos genéricos e ação suicida (graças à péssima ação de câmera).

Portanto, caso você realmente não tenha nenhum outro título à mão e esteja fugindo de qualquer forma de ócio criativo, algumas (poucas) horas de Dragon Emperor não vão matar. Do contrário, talvez fosse melhor gastar os trocados em alguma coisa com mais substância ou originalidade. Ou pelo menos com mais diversão.
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