Zelda: Skyward Sword HD é um excelente game com novos problemas
Quando a franquia Zelda completou 25 anos, a Nintendo aproveitou a ocasião para celebrar a data comemorativa com um novo título, Skyward Sword, que usufruísse de todo o aparato tecnológico de seu console na época, o lendário Wii. Apesar de ter sido recebido como um título excelente, a recepção não foi unânime: até hoje, alguns o consideram o game mais fraco da era 3D.
Alguns fãs acreditam que o brilho do jogo reside nos sensores de movimentos do Wii Mote e houve muita crítica ao ritmo do título, recheado de diálogos e tutoriais, até então, impossíveis de serem acelerados ou pulados. Felizmente, The Legend of Zelda: Skyward Sword HD corrige muitos problemas conhecidos e prova como a filosofia de design Nintendo é difícil de envelhecer mal. Mas há problemas. Confira a nossa análise completa!
Sim, Skyward Sword é um jogo primoroso
Por ser um port em HD de um game de dez anos de existência, a intenção da análise não é "chover no molhado": Skyward Sword já é conhecido e se provou no passado. Ao longo deste conteúdo, a ideia é comentar mais sobre as mudanças e modernizações para a era do Switch e como as tecnologias foram traduzidas ao Switch. Contudo, antes vamos dar uma palhinha do porquê o jogo chamou a atenção na época.
Tido como o jogo de origens da franquia, Skyward Sword foi um dos últimos jogos da série a aproveitar a clássica fórmula de Zelda, com dungeons temáticas em que usamos itens específicos para, sagazmente, ultrapassar desafios de puzzles e combates, algo que Breath of the Wild quebraria paradigmas depois.
Dito isso, o game continua a brilhar na estrutura de mapa estendido, com áreas temáticas que expandem cada “mundo” através de um HUB. Em vez de masmorras fechadas, a exploração da fórmula clássica funciona muito bem aqui, com mecânicas específicas que funcionam, na maior parte do tempo, muito bem.
Por mais que eventualmente a “fórmula Zelda” de navegar e se aventurar por dungeons mostre seus defeitos, há puzzles com criatividade de sobra e muitas atividades secundárias para explorar. Todos esses feitos são ótimos, mas quando combinados com o sensor de movimento dos controles, há uma magia imersiva bem grande em execução.
Sim, a jogabilidade altamente enraizada em movimentos físicos do jogador não foi a opção mais popular, mesmo na época, mas é ela que nos mergulha de cabeça no universo de Skyward Sword. Como quase tudo que a Nintendo se propõe a fazer bem, nada aqui é feito pela metade.
A translocação, o combate, os puzzles: tudo depende de sensores de movimento e na maioria das vezes é bem-sucedido, funcionando como um dos pilares da diversão e encanto que o jogo oferece em sua jornada maravilhosa. Certamente, os anos mostraram que esse não era o caminho a se seguir no futuro, mas Skyward Sword funciona bem como uma joia de seu próprio tempo que, quando revisitado, ainda mostra suas forças e qualidades.
Lapidando as fraquezas
Apesar de aglomerar pontos positivos, Zelda: Skyward Sword tinha sua cota de problemas mesmo em 2011. Cometendo alguns dos pecados de Twilight Princess, a sequência pode ser um tanto maçante em certos momentos: diálogos e mais diálogos que não podiam ser pulados às vezes destruíam o senso de aventura e o ritmo do jogo.
Zelda: Skyward Sword HD revisita algumas das fraquezas originais e traz uma repaginada em pontos baixos, como o ritmo citado acima. Agora, diversas cutsences podem ser puladas inteiramente, diálogos podem ser acelerados ou evitados, alguns tutoriais e momentos obrigatórios se tornaram secundários, com balões nas cabeças de quem antes os oferecia de forma ruim, e sem mais interrupções a cada coleta de item do mapa.
Os próprios controles de movimentos foram melhorados significativamente. Com uma tecnologia superior dos Joy-Con, o input lag, ou seja, o tempo de resposta entre a ação física e o comando virtual, foi vastamente aprimorado, se tornando ainda melhor do que no passado. Mesmo a falta da sensor bar do Wii não faz falta aqui e os jogadores podem facilmente recentralizar a noção espacial dos controles com o toque do botão Y.
Há diversas melhorias de qualidade de vida que, até então, ofuscavam o brilho de uma ótima experiência. Não que fossem problemas gigantes, mas eram interrupções constantes que mais aborreciam do que ajudavam – e é ótimo que tenham sido melhorados.
O valor da criação de algo artisticamente atemporal
O hardware do Wii nunca foi sinônimo de potência e força bruta em sua época, principalmente quando colocado lado a lado dos colossais PS3 e Xbox 360. Como sempre, a magia Nintendo entrou em ação: adotar visuais mais bem trabalhados que, ainda hoje, seguram muito bem a experiência sem dar na cara sua idade. O tempo prova que, às vezes, seguir estéticas mais autorais ajudam a defasagem de algumas obras.
Zelda: Skyward Sword sempre foi um jogo lindo, mas a qualidade original em 480p nunca fez jus à sua beleza, assim como ser em 30 fps não ajudou suficiente no tempo de resposta de comandos. Para época, claro: o ápice tecnológico do Wii, mas hoje não funciona como antes. Por isso, ter a obra remasterizada em 1080p e 60 fps é um colírio aos olhos (ou 720p no modo portátil).
Nessas horas que vemos como a arte mais estilizada ajuda na conservação de jogos. O estilo visual de aquarela continua muito bonito e, em resoluções maiores, mostra seu potencial que não era visível no Wii. Nem todas as texturas foram refeitas, mas talvez nem seja necessário: de fato os gráficos se seguram ainda hoje sem uma grande remodelagem.
Sim, ter filtro anisotrópico melhorado e algumas texturas aqui e ali aprimoradas seria melhor, mas não é essencial. A performance também é bem fluída, com alguns engasgos eventuais, mas nada que atrapalhe demais a experiência. Algo que o título poderia ter e não tem, como é de praxe em jogos da Nintendo, é um anti-aliasing mais competente, já que sua ausência cria bastante serrilhados.
Excelente, mas ainda há problemas (antigos e novos)
Mesmo em seu lançamento original, Zelda: Skyward Sword tinha seus defeitos. Nem todas as dungeons eram tão inspiradas, especialmente as primeiras, e há os problemas citados anteriormente que foram corrigidos ou amenizados parcialmente. Por se tratar de um remaster, problemas antigos ainda persistem em alguns trechos e isso é normal.
O principal dele talvez seja os controles de movimento: nas partes de combate, por exemplo, são um deleite; contudo, a remasterização poderia ter suavizado um pouco o seu uso, até por existir a opção de jogar sem eles. A frase é confusa, mas posso explicar.
Durante toda a jornada, tudo que você possa imaginar é desenhado entorno da tecnologia: se equilibrarem cordas, voar, usar itens, puzzles, combate e todo o resto usam os sensores dos controles. É realmente necessário usar o Joy-Con para voar, se equilibrar ou usar alguns equipamentos?
Digo isso pois a função de usar o analógico direito como o substituto funciona em casos assim. A parte em que não funciona é o combate. A tradução de copiar os movimentos da mão para habilidades com o analógico não é boa e há muitas falhas. Eu tentei jogar desta forma por mais de uma hora e, mesmo assim, não consegui me acostumar com a escolha. Mas por que incluí-la, então?
Para quem não se lembra, o Switch Lite, versão sem dock do portátil, não tem Joy-Con destacáveis, ou seja, é impossível usar sensores de movimento e é obrigatório ter uma alternativa, mesmo que não funcione bem, para que todos os usuários possam jogar os mesmos jogos.
É muito difícil recomendar a compra para quem tem esta versão do console, porque a sensação não é a mesma. O game foi projetado para ser assim e Skyward Sword HD também deveria ser assim. E, nas partes que de fato a troca funciona, não é possível ter a opção seletiva: ou é 100% com controles de movimento ou 100% sem. Seria ótimo poder usar o Beetle, por exemplo, com o analógico, já que não há nada ali que requisite obrigatoriedade dos sensores.
Caso você ainda opte por jogar com a escolha do analógico direito realizando todos os comandos, se prepare para ter algumas outras frustrações no caminho. Como o botão responsável pela câmera fica sempre ocupado com as funções do Joy-Con (ou Wii Remote do original), teoricamente a câmera não pode ser movida dessa forma.
Na prática, a Nintendo até chegou a pensar em uma solução que, novamente, não é a ideal. Acontece que se você apertar L enquanto mexe no analógico direito, é possível usar a câmera. Então qual é o problema? Basicamente, passamos muito mais tempo precisando mexer a câmera virtual do que, de fato, usando o analógico para combate ou outras funções de movimento. Seria interessante que fosse o contrário ou existisse a opção de inverter as coisas: apertar L + analógico direito para usar os "controles de movimento" diretamente no analógico.
Vale a pena?
Tudo o que você leu até o momento já foi o suficiente para avaliar o game como uma obra ou produto próprio e essa reflexão não impacta a nota. Contudo, como um relançamento no aniversário de 35 anos de Zelda, sinto que a Nintendo poderia ter dado um passo além e trazer uma coletânea no pacote em vez de um único game, assim como aconteceu com Mario 3D All-Stars.
Zelda: Wind Waker HD e Zelda: Twilight Princess HD são dois dos poucos jogos que ainda não foram portados do Wii U ao Switch, poderiam contemplar um pacote celebrativo muito especial aos fãs. Skyward Sword HD é excelente, mas o velho problema de preço cheio em um único remaster que também não traz legendas PT-BR para muitos fãs é de se pensar no seu valor.
Nem todas as soluções deram certo e é difícil recomendar o game para quem tem um Switch Lite, mas o game é longo, divertido e traz muitas ideias sensacionais, excelente para voltarmos um pouco no tempo e contemplarmos novamente a franquia Zelda antes de sua mudança para mundo aberto.
Se você é fã, nunca jogou Skyward Sword (ou gostaria bastante de jogar) ou simplesmente quer algo diferente e criativo para se divertir, é fácil recomendar o título, mesmo que um preço menor ou conteúdo extra acabe pesando quando pesamos o valor do preço cheio.
Nota Voxel: 86
Pontos positivos
- Direção artística bem estilizada ajudou o jogo a envelhecer muito bem
- Roda em 1080p e em 60 fps quase constantes
- O game continua muito divertido e criativo
- Diversas melhorias de vida foram implementadas, como pular diálogos, acelerar conversas e deixar alguns diálogos como opcionais
- Os controles de movimento ficaram mais precisos no Switch
- Há opção para remover os sensores de movimento, mas...
Pontos negativos
- ela não funciona tão bem quanto deveria e não traduz a experiência para controles normais
- Não há opções específicas para mudar os comandos, como a câmera e o que usa controle de movimentos
- O preço cheio sem conteúdo extra e legendas PT-BR não é o ideal para a celebração de 35 anos de Zelda
The Legend of Zelda: Skyward Sword HD foi gentilmente cedido pela Nintendo para a realização desta análise.
Categorias
- Direção artística bem estilizada ajudou o jogo a envelhecer muito bem
- Roda em 1080p (720p portátil) e em 60 fps quase constantes
- O game continua muito divertido e criativo
- Diversas melhorias de vida foram implementadas, como pular diálogos, acelerar conversas e deixar alguns diálogos como opcionais
- Os controles de movimento ficaram mais precisos no Switch
- Há opção para remover os sensores de movimento, mas...
- ... ela não funciona tão bem quanto deveria e não traduz a experiência para controles normais, prejudicando donos de Switch Lite
- Não há opções específicas para mudar os comandos, como a câmera e o que usa controle de movimentos
- O preço cheio sem conteúdo extra e legendas PT-BR não é o ideal para a celebração de 35 anos de Zelda
Nota do Voxel