The Great Ace Attorney Chronicles: você está intimado a jogar!
Com sua trilogia original lançada ainda na época do Game Boy Advance no Japão, a franquia Ace Attorney ganhou o resto do mundo quando foi disponibilizado no Nintendo DS. Desde então, temos visto quase todos os novos títulos da série chegando por aqui, mas infelizmente alguns ainda ficaram de fora no meio do caminho. Os dois games de The Great Ace Attorney, uma série especial focada em um ancestral do nosso querido Phoenix Wright, são os melhores exemplos disso.
Diferente do spin-off de Ace Attorney Investigations, que teve só o primeiro título localizado aqui, os jogos de The Great Ace Attorney seguiam exatamente a mesma fórmula dos títulos principais da franquia, contando apenas com personagens, uma época e algumas mecânicas diferentes. Por isso, os fãs da série sempre tiveram a esperança de que eles chegariam ao Ocidente, o que finalmente aconteceu com a coletânea The Great Ace Attorney Chronicles no Nintendo Switch, PS4 e PC.
Só que será que realmente valeu a pena esperar tanto tempo? Vamos iniciar agora a sessão para julgar se essa aventura de Ryunosuke Naruhodo é realmente tão boa como esperávamos!
Testemunho 1: localização difícil
Como nosso primeiro testemunho, temos que salientar para os que acompanham esse julgamento que o primeiro título de The Great Ace Attorney foi lançado originalmente em 2015 no Nintendo 3DS, com sua sequência fazendo sua aparição no portátil em 2017. Naturalmente, os games da franquia são bem difíceis de se localizar para outros idiomas, já que boa parte de seu humor e até algumas pistas, puzzles ou mecânicas são bem dependentes da língua ou tradições japonesas.
Enquanto os principais games da série foram totalmente localizados para cá, com Ryuichi Naruhodo recebendo o nome de Phoenix Wright e sua nacionalidade mudando de japonês para norte-americano, o mesmo não poderia ser feito com The Great Ace Attorney. Como ele se passa na Era Meiji do Japão, bem na virada do século XIX para o XX, e conta com uma trama que foca especialmente na chegada da cultura exterior para o país oriental, nem faria sentido realizar uma localização da mesma forma que com os outros jogos.
Ryunosuke Naruhodo e seus aliados são os réus deste julgamentoFonte: Capcom/Reprodução
Com isso, contamos com personagens com suas nacionalidades e nomes originais, o que pode causar alguma estranheza no início. Infelizmente, detalhes como perceber de cara que Ryunosuke Naruhodo é um ancestral de Wright pelo sobrenome, não são tão óbvios para os fãs mais casuais que nunca foram atrás de saber os nomes japoneses dos personagens nos outros games, por exemplo.
Outro detalhe que precisa ser mencionado é que não há localização em português para The Great Ace Attorney Chronicles, então você precisará ter um bom conhecimento da língua inglesa para entender os extensos diálogos e as centenas de piadas que dependem totalmente do conhecimento do idioma para serem aproveitadas ao máximo.
Objeção! Rostos familiares, personalidades diferentes
Felizmente, algumas coisas nunca mudam no tribunalFonte: Capcom/Reprodução
Uma objeção que precisa ser feita para ressaltar os lados positivos do jogo começa pelo fato de Ryunosuke Naruhodo não ser o único rosto familiar em The Great Ace Attorney Chronicles, já que os dois games contam com diversos paralelos com a saga original, tanto com os aliados de Ryunosuke como seus rivais ou coadjuvantes da trama.
Por isso, pode esperar uma substituta para a assistente Maya Fey, um rival como Miles Edgeworth, um juiz barbudo meio bobão, um detetive pouco convencional e até mesmo um promotor sem noção que você só enfrenta nos tutoriais. Até mesmo as animações e expressões faciais ou corporais desses personagens são bem parecidas com o que vemos nos outros games de DS e 3DS.
Sem mencionar muito para evitar spoilers sobre a trama, dá para dizer que até certos pontos da história são extremamente parecidos com o que vimos na trilogia original de Phoenix Wright. Esse pode ser um toque legal para fãs de longa data, mas infelizmente também te faz adivinhar o que ocorre no resto do caso ainda no início.
Ryunosuke também demora um pouco para se tornar um verdadeiro Ace AttorneyFonte: Capcom/Reprodução
Em contrapartida, dá para dizer que cada personagem também tem sua própria personalidade e isso se evidencia mais ao longo dos casos, deixando para trás um pouco da primeira impressão de que são todos apenas uma versão alternativa dos rostos conhecidos de Ace Attorney.
Testemunho 2: aprendendo a arte de defender
Dando continuidade ao nosso testemunho, algo que vale dizer sobre The Great Ace Attorney é que ele pode servir facilmente como uma boa entrada na franquia para quem nunca entrou no tribunal com Phoenix Wright e seus colegas de trabalho. Como de praxe em todos os outros títulos da série, o primeiro caso é essencialmente um grande tutorial para que você aprenda como questionar testemunhas, apresentar provas importantes, examinar objetos que podem se tornar vitais para o caso e encontrar inconsistências para que possa lançar o famoso "Objection!" quando perceber algo de estranho.
Os fãs mais antigos de Ace Attorney reconhecerão esse promotor sem muitas dificuldadesFonte: Capcom/Reprodução
A diferença aqui é que o primeiro caso é muito mais longo do que qualquer outro nos games da franquia, podendo durar algumas horas e se dividindo em três partes principais. Isso definitivamente torna o caso em si mais interessante e cheio de reviravoltas do que os tutoriais passados, mas ele ainda segura demais a mão do jogador.
Infelizmente, isso não se restringe a esse caso específico e podemos notar que o game continua a nos ensinar a jogar com exemplos muito simplórios nos outros dois casos seguintes, o que tende a se tornar levemente cansativo. Essa até pode ser uma boa decisão para introduzir novos jogadores à franquia, mas poderia ter sido um elemento melhor elaborado para ter um equilíbrio entre os ensinamentos e a obviedade das situações apresentadas.
Apresentação de evidência: melhorias e novidades
Mesmo que The Great Ace Attorney Chronicles tenha uma fórmula bem parecida com os outros jogos da série, há claras evidências de que ele tem suas próprias características e até mesmo algumas novidades interessantes de qualidade de vida. A primeira que realmente faz diferença é o botão de "Autoplay", que serve para passar os diálogos de forma automática para o jogador.
Quem preferir assistir em vez de jogar, pode contar com a opção do Story ModeFonte: Capcom/Reprodução
Isso pode até parecer algo preguiçoso para alguns, mas por se tratar de uma visual novel, Ace Attorney conta com horas e horas só de texto a ser lido, o que pode tornar a tarefa de ter que ficar apertando o botão de confirmação para passar o diálogo em algo muito chato. Com o Autoplay, você pode só largar um pouco o controle e ler tudo com calma como se estivesse assistindo o desenrolar da história, enquanto os comandos normais ainda ficam totalmente por sua conta, o que inclui a investigação de cenas de crime ou interrogação no tribunal, por exemplo.
Há ainda um Story Mode nas opções, que substitui o Autoplay padrão e serve para passar o game todo sem que você tenha que fazer nada, apenas assistir. É uma opção válida para alguém que talvez se interesse mais pela história e personagens do que pelo gameplay em si, embora ainda seja um conceito estranho de entender para a maioria dos jogadores.
Mesmo com o Autoplay ligado, você continuará jogando as partes que não envolvem apenas diálogosFonte: Capcom/Reprodução
Outra novidade bem legal é que há a opção de escolher qualquer um dos casos direto do menu principal da coletânea desde o início. Então você não precisa terminar os jogos ou experimentar cada caso até o fim para selecioná-los como preferir. Ainda falando das opções do menu, vale mencionar que esses jogos contam com algumas conquistas mesmo no Nintendo Switch, que não tem um sistema próprio deste tipo como o PS4 e PC, o que é ótimo para quem adora esses desafios em seus games favoritos.
Felizmente, as novas mecânicas também são excelentes, o que inclui a dedução do grande detetive Herlock Sholmes, que quase sempre estão erradas e precisam ser corrigidas por Ryunosuke para que você consiga pistas reais e valiosas. Fora isso, há o sistema de júri no tribunal, no qual todos os membros precisam ser convencidos da inocência dos acusados. Caso todos acreditem que o réu é culpado, você entrará em um esquema de morte súbita, precisando trabalhar rápido para encontrar contradições e mudar a opinião de cada um.
Nosso querido Herlock Sholmes é uma das melhores partes dos dois gamesFonte: Capcom/Reprodução
Tudo isso é prova suficiente de que o game traz sensação de ser algo totalmente novo e não só uma nova skin para uma franquia já consagrada.
Julgamento final
Caros leitores do Voxel, considerando tudo o que vimos até agora sobre The Great Ace Attorney Chronicles, podemos constatar que há evidências suficientes para considerar que esta coletânea é, de fato, altamente recomendada tanto para os antigos fãs da série como aqueles que sempre tiveram uma curiosidade em experimentá-la pela primeira vez.
Foi possível perceber durante esta análise que ele tem alguns problemas na hora de lidar com seus tutoriais e até mesmo com a falta de localização para aqueles que não entendem muito de inglês. Ainda assim, essas evidências não foram suficientes para desmerecer a qualidade e diversão entregue aos seus jogadores.
Não há como dar outro veredicto para The Great Ace Attorney ChroniclesFonte: Capcom/Reprodução
Com esses pontos em mente, não vejo motivo para deixar de dar o veredicto de que The Great Ace Attorney Chronicles é, de fato, culpado de ser um excelente e divertido jogo, além de uma adição imperdível da franquia!
The Great Ace Attorney Chronicles traz paralelos aos games originais, mas não tem medo de demonstrar sua própria identidade e carisma
Nota Voxel: 88
Prós:
- Autoplay é a salvação do jogador que não aguentava mais apertar o botão de confirmação.
- As mecânicas novas trazem uma personalidade interessante e única em comparação com a série principal.
- Personagens trazem paralelos aos games antigos, mas têm personalidade própria.
- Os casos e reviravoltas são bem interessantes e criativos.
- O humor continua afiado e divertido.
Contras:
- Sessões mais longas de tutorial podem ser cansativas para o jogador veterano.
- A falta de localização em português pode tornar o jogo difícil de entender totalmente para quem não tem conhecimentos de inglês.
- A semelhança com jogos antigos pode tornar a trama previsível às vezes.
The Great Ace Attorney Chronicles foi gentilmente cedido pela Capcom para a realização desta análise.
Categorias
- Autoplay é a salvação do jogador que não aguentava mais apertar o botão de confirmação
- As mecânicas novas trazem uma personalidade interessante e única em comparação com a série principal
- Personagens trazem paralelos aos games antigos, mas possuem personalidade própria
- Os casos e reviravoltas são bem interessantes e criativos
- O humor continua afiado e divertido
- Sessões mais longas de tutorial podem ser cansativas para o jogador veterano
- A falta de localização em português pode tornar o jogo difícil de entender totalmente para quem não tem conhecimentos de inglês
- A semelhança com jogos antigos pode tornar a trama meio previsível às vezes
Nota do Voxel