Um Homem-Aranha nem tão espetacular assim
Gameplay comentado
Em 2012, a Sony Pictures lançou um reboot para os filmes do Homem-Aranha. Chamado de “O Espetacular Homem-Aranha”, o longa acabou gerando uma adaptação para os games, The Amazing Spider-Man, também nome original da produção cinematográfica. O título trazia uma história diferente da adaptação, um mundo aberto e o Amigão da Vizinhança lutando contra robôs e outros inimigos por Manhattan.
O tempo passou e “O Espetacular Homem-Aranha 2” chega aos cinemas amanhã, dia 1º de maio, dando continuidade às aventuras do herói nas telonas. Como era de se esperar, a Activision e a Beenox lançará uma adaptação do segundo filme, trazendo novamente o Aranha às ruas de Manhattan.
Com uma história que difere da produção de Hollywood e uma bordoada de inimigos que não apareceram no filme, The Amazing Spider-Man 2 tem que não só ser melhor que seu antecessor, mas, também, se destacar sendo um jogo tie-in de um longa-metragem.
Será que a Beenox conseguiu fazer um título realmente empolgante ou caiu nas armadilhas de adaptações do cinema para o mundo dos games?
Este jogo não pode ter nascido como uma adaptação do filme
Se tem uma impressão que fica após terminar a campanha de The Amazing Spider-Man 2 é a de que ele não era originalmente um game baseado em “O Espetacular Homem-Aranha 2”. Tirando a participação do Electro e do Duende Verde, o jogo não tem nenhuma ligação com o filme.
Um exemplo disso é a omissão da Gwen Stacy, um dos personagens mais importantes da produção cinematográfica e que é mencionada de maneira superficial em um ou outro diálogo.
Em compensação, toda uma nova trama, completamente diferente da vivida por Peter Parker em “O Espetacular Homem-Aranha 2”, é apresentada no game, o que acaba se tornando um dos seus grandes trunfos.
Por ter praticamente nenhuma ligação com o filme, The Amazing Spider-Man 2 se parece muito mais com um simples game do Homem-Aranha, com alguns dos seus vilões, mas usando um sistema similar ao visto na adaptação do filme anterior do herói.
Outra coisa que incomoda um pouco é o fato de, mesmo sendo uma “adaptação” do longa, The Amazing Spider-Man 2 não traz sequer semelhança de vozes e visual dos atores para o game. O Peter Parker que você vê é muito diferente do ator Andrew Garfield. O mesmo vale para a Tia May, Harry Osborn e Max Dillon.
Por incluir apenas os vilões do filme, sem muito destaque para sua história, e considerar muito mais a trama do game anterior, que também apresentou várias diferenças com o longa-metragem, o jogo deixa de lado a sensação de ser apenas mais um tie-in de uma produção cinematográfica.
Uma cidade realmente grande para explorar
Um dos elementos mais criticados em The Amazing Spider-Man era o tamanho do seu cenário geral. Quando foi anunciado que o Homem-Aranha teria toda a ilha de Manhattan para explorar, vários jogadores e fãs do personagem se empolgaram com a possibilidade de ficar passeando pela cidade.
O problema é que a Manhattan do game parecia muito pequena, sendo possível trafegá-la de ponta a ponta com velocidade. Para dar um pouco mais de espaço para os gamers transformarem Nova York no seu playground, The Amazing Spider-Man 2 trouxe um cenário retrabalhado e bem maior do que o visto no título anterior.
Mesmo assim, a Manhattan de The Amazing Spider-Man 2 ainda traz seus problemas, como o fato de que, como ela é consideravelmente grande, apresenta quadras inteiras com prédios genéricos e que estão ali apenas para fazer volume.
Ainda é difícil pedir que todas as edificações de um cenário de mundo aberto sejam detalhadas, mas a equipe da Beenox poderia ter dado um pouco mais de vida à cidade. Mesmo assim, se você é um fã do Cabeça de Teia, certamente vai ficar algumas boas horas apenas passeando por Manhattan, parando alguns crimes no caminho. O que nos leva a falar de outro novo elemento do game.
Herói, ameaça, fanfarrão ou uma coxinha?
Além da trama principal, que envolve vilões como Kraven, Shocker, Electro e Rei do Crime, The Amazing Spider-Man 2 também conta com diversas sidequests que fazem com que o game parece mais encorpado do que realmente é.
Utilizado em títulos anteriores com o herói, como Spider-Man: Web of Shadows, um sistema de notoriedade do Homem-Aranha é apresentado. A cada nova ação, você ganha pontos como herói ou como ameaça, principalmente quando você ataca algumas autoridades ou ignora pedidos de socorro para fazer qualquer outra coisa.
Quanto mais missões heroicas você conseguir completar, melhor será a sua percepção junto ao público, o que ajuda bastante para conseguir mais pontos, que são trocados na hora de melhorar as suas habilidades. Do outro lado, caso você abrace o lado de ameaça, o jogo apresenta outras vantagens ao jogador, ainda que ele seja visto pelo povo como um vilão.
Apesar de a ideia ser muito boa, ela não é muito bem explorada no game, já que, em dado momento, não importa se você está com o lado heroico no máximo, já que um acontecimento fará com que você seja visto como uma ameaça pelo povo e começará a ser atacado por autoridades por todos os lados.
As diferentes missões são divididas em perseguições, salvar pessoas de incêndios ou acidentes, ajudar a polícia em tiroteios ou descer o sarrafo em bandidinhos sem vergonha. Apesar de parecer sem graça por um tempo, o fato de você não precisar fazer isso para avançar na história, se mostrando apenas como algo para fazer enquanto pula de capítulo para capítulo no game, consegue fazer com que as missões se tornem mais divertidas do que realmente são.
Outra vantagem deste jogo em relação ao seu antecessor é que a maioria das missões se passa em ambientes abertos, permitindo que você use todos os seus poderes para conseguir derrotar seus inimigos e completar seus objetivos. A sensação de que você realmente está “fazendo tudo o que uma aranha faz” existe em The Amazing Spider-Man 2.
Ainda não conseguiram entender toda a personalidade do Homem-Aranha
Desde os primeiros games do Homem-Aranha, as produtoras parecem não entender muito bem que o personagem não é apenas um herói de roupa colorida e alguns poderes legais. Grande parte do apelo do Aranha também está na personalidade e vida do Peter Parker, que têm problemas para pagar suas contas, visitar a namorada etc.
Em The Amazing Spider-Man 2, foram incluídos trechos em que você deixa o seu lado “herói” de lado para assumir a persona civil de Parker, podendo investigar melhor os acontecimentos que movem a história. Na teoria, isso é muito interessante, mas tudo é feito de maneira tão superficial que as pequenas cenas com o Peter parecem ser um freio de mão para o desenvolvimento da trama.
Apesar de contar com momentos em que você deve conduzir a conversa com outros personagens, escolhendo quais perguntas fazer para eles, o que é dito não faz muita diferença no que você faz ou deixa de fazer no game.
Mesmo tentando mostrar o outro lado do Homem-Aranha, o que a Beenox conseguiu fazer foi deixar claro que ainda não teve nenhuma produtora capaz de traduzir completamente uma história do Aranha para os games. A parte com explosões, tiradinhas cretinas e vilões coloridos é divertida, mas está longe de ser o foco principal do apelo que o herói tem para com seus fãs.
Para uma “adaptação” de um filme, está acima da média
Jogos baseados em produções de Hollywood geralmente são horríveis. Feitos às pressas, de qualquer maneira, com gráficos medonhos, trilha sonora irritante, controles horríveis e uma trama que parece uma versão “for dummies” da vista nos filmes, as adaptações conseguem apenas deixarem o seu material de origem parecer um pouco pior.
The Amazing Spider-Man 2 não piora ou melhora a situação do Homem-Aranha nos games, trazendo boas ideias, mas não entregando um resultado tão bom como poderia.
Com gráficos apenas regulares, bons controles e uma história que poderia ser desenvolvida de uma maneira mais eficiente caso não precisasse incluir ligações com o novo filme, o game é indicado apenas para os fãs do personagem.
Quem sabe, com mais tempo e liberdade, alguma produtora ainda vai conseguir adaptar o Homem-Aranha para os jogos eletrônicos da melhor maneira possível e do jeito que ele merece. Fica para a próxima.
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Nota do Voxel