Tetris Effect é um espetáculo audiovisual que encanta, diverte e surpreende

Um pouco antes da E3 2018, a Sony revelou em um pequeno anúncio a vinda de Tetris Effect. A estranheza de um jogo grande de Tetris anunciado no período mais turbulento e com foco dos holofotes do ano foi grande, mas agora, depois de muito tempo jogando, faz sentido a preparação e atenção: a dedicação, a inovação e mão artística investida nesse título fez valer a pena

Não só Tetris Effect é o melhor de toda a franquia (que já teve dezenas de títulos e combinações das mais variadas), como também é um excelente game digno de ser experimentado por qualquer um, desde fãs hardcores que buscam desafios a pessoas que querem relaxar com uma experiência mais simples. Confira a nossa análise completa:

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Na batida da música

Tetris surgiu de uma ideia de Alexey Pajitnov, mas musicalidade da franquia só surgiria em 1989 na versão de Game Boy com o tema clássico. Não que a série tenha ficado sem faixas musicais até o momento, mas Tetris Effect abraça a sonoplastia e constrói seu alicerce por ali: ainda é um Tetris, mas é quase um Tetris musical.

Tetris Effect foi desenvolvido pelas mãos de Tetsuya Mizuguchi, o criador de REZChild of Eden e Lumines, então o foco é a música aqui. O gameplay é quase o mesmo de sempre: você deve arranjar os tetrominos (também conhecidos como “peças do Tetris”) de maneira a completar linhas e ganhar pontos – vou detalhar em breve como cada modo lida com isso.

A grande sacada (e o charme) é que a velocidade de queda dos tetrominos (que basicamente é a dificuldade) é determinada de acordo com o ritmo da música de cada nível. Portanto, apesar de não ser um jogo essencialmente musical – nada de acertar blocos no tempo certo ou algo do tipo –, a musicalidade é um elemento essencial da experiência fenomenal de Tetris Effect.

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O próprio nome, Tetris Effect, vem de um fenômeno documento pela ciência: o efeito que faz com que pessoas passem a ver padrões de Tetris durante o cotidiano depois de horas de jogatina. E o título realmente abraça esse conceito e o expande da melhor maneira possível, de um jeito quase abstrato e poético. Pode parecer loucura, mas é praticamente um jogo simples transformado em uma viagem. É difícil expressar em palavras, mas o que a Enhance Games fez foi modificar um gameplay que todos conhecemos em uma experiência extremamente sensorial.

A fluidez e jogabilidade vista aqui é algo realmente fora da curva. Mesmo sendo “apenas” um Tetris, ele é tão interessante que acabei passando mais tempo o jogando do que muitas de minhas pendências no momento. Além de ser muito divertido, ele é extremamente relaxante e acabou se tornando uma das minhas experiências prediletas de 2018.

Além das mecânicas tradicionais de Tetris, o game também tem suas próprias particularidades. Uma delas é a barra de Zone: com o acumular de linhas, você enche uma barra que consegue “parar o tempo”, dando mais respiro para encaixar as peças no lugar certo – como um Starpower de Guitar Hero. Quanto mais linhas conseguir formar, mais pontos ganhará. Além de ser um sistema legal no momento de aperto, também é uma ferramenta para quem busca as melhores avaliações.

Independentemente do seu estilo de jogo, Tetris Effect é uma experiência única. A qualidade técnica é incrível, as mecânicas de games anteriores (como a oportunidade de trocar peças ou virar o tetromino mesmo depois de encostá-lo em outra peça) foram mantidas e o desafio parece feito sob medida – e você pode mudar a dificuldade, caso ela não seja a ideal.

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Você escolhe se a sua jogatina será uma seção de descanso ou um desafio a ser encarado. Sem dúvidas, um jogo marcante não só para a franquia, mas para a plataforma e a indústria como um todo. Infelizmente, toda essa genialidade fica presa a um modo singleplayer único: sem multiplayer de sofá nem online, o que acaba sendo um peso em um game quase impecável (algo que Puyo Puyo Tetris tirou de letra).

Modos de jogo interessantes

Por fim, mas não menos importante, Tetris Effect tem alguns modos bem legais para variar a experiência. Afinal, por mais que o objetivo seja juntar blocos, você pode fazer isso de formas distintas.

No modo Journey, que é o modo “campanha”, você precisa completar 36 linhas para ir ao próximo nível. Cada trecho é segmentado em atos de três a cinco fases de uma só vez e o espaço de peças é mantido para deixar o desafio rolando, sem que as tetrominos desapareçam, o que dá uma apimentada nas coisas.

A campanha é legal, mas há um modo livre que traz alternativas legais para mudar um pouco a dinâmica comum, que vão desse o modo clássico de juntar blocos até o tempo acabar até outros bem malucos, como o Mystery Mode ou Purify Mode, que trazem regras diferentes, como jogar de ponta cabeça ou ter que “matar” peças infectadas para ganhar.

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No fim, a experiência é bem diversificada e garante bastante diversão. Mesmo depois de jogar muitas e muitas horas, sempre tive vontade de ligar para jogar uma partida rápida para relaxar no fim do dia. Tetris Effect é brilhante. Mesmo com uma fórmula antiga, a combinação de fatores cria uma jogatina muito marcante.

Visuais estonteantes que transformam a experiência

Apesar de a música ser um dos alicerces da experiência, ela anda de mãos dadas com os efeitos visuais quase hipnóticos para criar partidas psicodélicas. Mecanicamente, os gráficos e artefatos são apenas perfumaria. Não dá para dizer que eles contribuem para a imersão, já que o propósito não é esse, mas de certa forma eles são a alma de Tetris Effect.

Confesso: durante a minha jogatina na BGS, o tempo limitado não me fez entender o escopo da jogatina. Me enganei. É lindo progredir por níveis que começam sem nada e vão ganhando explosão de cores, partículas voando pelo cenário ou ver a temática indígena, maia, chuvosa ou qualquer que seja ganhar vida junto com a música. Novamente: apesar de não oferecer nenhum grande desafio mecânico (o que determina a dificuldade é a música), esse é o grande charme do game.

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Tetris Effect é uma obra de arte em movimento, é a transformação de blocos e matemática em pura poesia. É um certo exagero dizer isso? Talvez sim, talvez não. Friamente, é difícil acreditar, mas durante o gameplay a sensação é prazerosa e espetacular. Eu joguei muito, mas todos que passaram na frente do meu PlayStation 4 enquanto eu jogava, adoraram – que vai desde amigo gamers à minha mãe, que joga muito pouco.

A tematização e o gameplay rítmico são essenciais juntos. Por mais que a música determine os níveis, o design dos cenários é o que dá contexto às faixas musicais. Um pode existir sem o outro, mas sem entregar a experiência soberba que fez de um “simples” Tetris um game memorável.

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Para não falar que a experiência é perfeita, alguns efeitos visuais podem coincidir de ocorrer na hora errada e no lugar errado, atrapalhando levemente a jogatina de uma forma muito, muito específica. Mas isso aconteceu tão poucas vezes que é até difícil pontuar como um grande problema.

Modo VR não é obrigatório, mas é a cobertura do bolo

Se tudo isso que você leu empolgou, há um bônus aqui: todo o game tem suporte ao PlayStation VR. Ele não é obrigatório e muito menos essencial para a experiência, já que não foi produzido com a tecnologia como cerne da experiência.

Entretanto, se os visuais são a cereja do bolo, a realidade virtual só pode ser a cobertura de chantilly. De um certo modo, o PSVR serve como um intensificador da beleza já existente e expande ainda mais os horizontes do espetáculo visual soberbo de Tetris Effect. Figurativa e literalmente.

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Com o VR, fica perceptível que os efeitos gráficos começam após as fronteiras da visão, algo que a tecnologia ajuda a resolver. Mesmo que pareça que isso é mais uma distração do que uma atração, esse crepúsculo de fogos de artifício e beleza sem parâmetros desenvolve uma sensação ainda mais satisfatória. Sim, o VR não é necessário, mas se possível, jogue com o PSVR.

Vale a pena?

Tetris Effect não só foi uma experiência surpreendente, já que fui com expectativas baixas, como foi um dos jogos mais únicos que joguei na geração inteira. Chega até ser curioso como elementos “simples” como um mero trato visual e conciliação música quase reinventa a roda de uma franquia que está presente no mercado há décadas (e saturada dos mais variados títulos medianos).

Tetris Effect não só é o melhor game da franquia como é uma experiência quase obrigatória para qualquer um que se preze por jogar Tetris. Mesmo sendo um game da série, ele é ao mesmo tempo algo além. É mais que uma jogatina, é uma experiência que mistura música e espetáculo visual em uma tela. Infelizmente, pontos negativos bem pontuais ofuscam parte do brilho, principalmente no que diz respeito ao multiplayer. Contudo, mesmo assim o game é marcante e deixará sua marca na história.

*Tetris Effect foi gentilmente cedido pela Enhance Games para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Jogatina divertida, fluida e prazerosa para qualquer jogador
  • Desafiador na medida certa
  • É espetacular como a batida da música influencia a dificuldade do game e brinca com as mecânicas clássicas
  • Os modos adicionais e o modo campanha apresentam bastante variedade
  • Os visuais e faixas musicais são espetaculares e criam uma verdadeira experiência audiovisual de altíssima qualidade
  • O modo VR não é obrigatório e potencializa tudo de bom que o jogo tem a oferecer
Pontos Negativos
  • Alguns efeitos visuais específicos em momentos de coincidência podem atrapalhar
  • A falta de multiplayer, seja ele online ou local, é um grande agravante na experiência quase impecável