Tekken 7 mais uma vez prova por que é o rei do punho de ferro!
O lançamento de Tekken 7 para os consoles pode parecer confuso para o jogador mais atento quando ele se der conta de que o game, na verdade, foi lançado em 2015. Isso se deve ao fato de que a Bandai Namco ainda é uma empresa gigantesca no mundo dos arcades japoneses, e os lucros totais dela nos fliperamas são quase tão grandes quanto tudo que ela fatura com os jogos lançados para os consoles. Boa parte dessa grana vinha justamente das belíssimas máquinas de Tekken 7.
Esses são os gabinetes originais da primeira versão do game, lançado em 2015
Aí, o lançamento funcionou assim: em março de 2015, jogadores japoneses e coreanos receberam a primeira versão do game, enquanto o resto do mundo ficou babando. Em julho de 2016, veio o bombástico update Fated Retribution, que, além de adicionar novas mecânicas, como o Rage Drive, trouxe Akuma para o universo oficial de Tekken. E agora, em junho de 2017, todos nós recebemos Tekken 7 para os consoles e uma pancada de conteúdo novo.
O pôster de Fated Retribution revelando Heihachi ao lado de Akuma surpreendeu o mundo dos games
Tekken 7 é insanamente divertido de se jogar e, ao mesmo tempo, carrega toda a complexidade da franquia Tekken, mas também consegue ser acessível para a galera que só quer apertar botões e ver coisas acontecendo na tela. Existe conteúdo para curtir seja você casual ou hardcore.
O conteúdo single player
Na trilha dos jogos da NetherRealm Studios, Tekken 7 também traz um Modo História. Batizado de ‘Mishima Saga’, esse modo foi o que a Namco mais tentou vender como a grande novidade do título e tem seus altos e baixos. Você vai jogar com vários personagens ao longo de 14 capítulos que focam principalmente em Heihachi e seus conflitos familiares com Kazumi, Kazuya e Jin. Apesar de a história realmente ser a conclusão do arco dessa família que adora jogar o filho no vulcão, matar os pais e arremessar tigres nas pessoas, ela não foi bem amarrada e opta por não aproveitar vários dos novos personagens na trama.
Heihachi é o protagonista da Mishima Saga que revela toda a origem do Devil Gene
Em alguns momentos, Tekken 7 revoluciona o modo como uma história pode ser jogada: as incríveis cutscenes são integradas ao gameplay de maneira totalmente orgânica. Em lutas selecionadas, os personagens disparam diálogos entre si ao lutar, e a câmera assume o comando para criar trechos cinematográficos que mudam totalmente de acordo com os seus golpes. Você está verdadeiramente vivendo aquela história com seus punhos, e o jogo dispara efeitos gráficos, combos, cutscenes e quick time events nos momentos mais cruciais, deixando a trama envolvente em um nível jamais conquistado por outro jogo de luta.
Mas, infelizmente, esses trechos são raros ao longo das cerca de 3 horas de duração, e você vai passar a maior parte do tempo ouvindo a história pela boca de um jornalista dispensável que fala de maneira desanimada por cima de imagens desenhadas. Claramente, a atenção dada às batalhas que foram mostradas nas propagandas, como Heihachi contra Akuma ou Kazumi, é muito superior a todo o resto do pacote. Aí, a tal revolução que esse modo história prometia se resume apenas a esses momentos-chave que, embora sensacionais, estão escondidos ao longo de um modo que promete muito, mas entrega pouco.
No meio disso tudo, duas coisas merecem destaque: o uso de cenas antigas dos jogos anteriores totalmente integradas à campanha é espetacular e um soco de nostalgia. Isso sem falar nos chefes da campanha de Tekken 7: são CHEFÕES, com todo o direito da palavra, relembrando games antigos do gênero. Você vai socar muito a mesa para matá-los; a dificuldade é muito alta, e isso é incrível. As batalhas finais são verdadeiramente épicas.
Falando em nostalgia, o conteúdo retrô do título estabelece um novo padrão: o jogador pode assistir às cutscenes de todos os jogos da franquia e, melhor ainda, é possível escolher a trilha sonora de qualquer game da série de maneira totalmente livre: se você quiser, pode jogar com as músicas de Tekken 3, predefinidas ou aleatórias, ou então criar várias playlists que combinam suas canções favoritas de qualquer um dos jogos de qualquer forma. É insano, mas, infelizmente, a Jukebox é exclusiva do PlayStation 4.
Treasure Battle, pizzas e outras insanidades
Além desse modo, o jogador pode encontrar um Modo Arcade completinho e que funciona muito bem: são 36 lutadores em um elenco-base bem selecionado e expansível, que deixa de fora poucos grandes personagens e adiciona vários novos interessantes, com destaque para Shaheen e a nova personagem brasileira, Katarina Alves. Em entrevista na sede da Bandai Namco, o diretor do jogo, Katsuhiro Harada, me explicou que Katarina foi criada para novos jogadores e conta com movimentos mais fáceis de serem executados. Justamente por isso, na máquina original de Fated Retribution, o cursor do jogo começa em Katarina.
A nova personagem brasileira, Katarina Alves, feita para os novatos
E é aí que as coisas começam a ficar interessantes e bizarras: assim como nos jogos anteriores da franquia, Tekken 7 possui um modo de customização extremamente denso, com centenas e centenas de maluquices que o jogador pode adicionar em seu personagem. Você libera os itens com a moeda do título, conquistada de diversas formas, ou então jogando o Treasure Battle, que permite alterar as regras do gameplay (por exemplo: dano em dobro, dano apenas no ar e por aí vai) em desafios curtos que te recompensam com baús de itens de uma maneira um pouco similar à dos jogos da Blizzard, mas em um formato mais simples e direto.
Além dos personagens, você pode personalizar seu perfil de jogador, inclusive colocando skins na barra de energia ou trocando a imagem do lutador no loading, o que é bem bacana. Não dá para reforçar o quanto a customização é extensa aqui. Eu mesmo não tive muita criatividade e resumi meu Dragunov a um modo Dark Souls peladão e outro com uma pizza nas costas.
Acredite, essa é a customização mais leve possível que coloquei aqui; as coisas pioram, e muito!
Apesar de o conteúdo single não ser necessariamente denso ou extenso, ele entrega algumas horas de diversão e prepara você para onde o pipoco come: nos contras locais com os amigos, que funcionam perfeitamente bem e no modo online.
É hora de jogar online e enfrentar os melhores. Mas calma...
Tekken 7 conta com Partidas de Jogador e Partidas Ranqueadas. Começar a busca por qualquer uma delas é muito simples e, após selecionar seu personagem, você não espera em um menu, mas sim em uma tela de treino simplificada, que permite ao jogador praticar seus combos, screws e juggles. O ranking também é rico, com dezenas e dezenas de níveis que você pode alcançar, e a nova versão caseira empresta as famosas Promotion Matches dos arcades: partidas que acabam sendo mais acirradas e emocionantes porque o jogo te avisa que, ao derrotar seu oponente, você será promovido no sistema.
Mas aqui, infelizmente, acontece um grande problema: todas as versões do jogo foram lançadas com o online quebrado, em especial nos consoles. Muitas vezes, o jogador pode ficar horas esperando um desafio, mas ele jamais aparecer. Para piorar, quando o menu avisa que um oponente foi encontrado, a partida cai muito antes de sequer começar. Esse problema está acontecendo com menor frequência nos PCs, e a Bandai Namco já publicou um aviso de que está trabalhando para resolver.
E não é apenas no Online que o PC sai na vantagem. A versão dos computadores conta com loadings menores, gráficos e resolução superior a todos os consoles e, claro, suporte a todos os tipos de controle possíveis, o que facilita e muito os jogadores que se utilizam de controles arcade. Todas as placas presentes em controles como Hori, MadCatz e 2nd Impact testadas funcionaram sem problemas após a configuração inicial na nossa máquina.
Também preciso deixar claro que, apesar disso, ao combinar uma partida com algum amigo, ela funciona muito bem, e o netcode parece ser muito competente. Apesar disso, por algum motivo, o jogo retorna ao lobby todas as vezes, e é desesperador perceber o quanto de tempo que você perde em loadings nesse modo em vez de estar jogando. Não há qualquer tipo de rematch em nenhum momento das player matches comuns.
Apesar do netcode de alta qualidade, os problemas de matchmaking são também acompanhados pela surpreendente ausência de um sistema de compartilhamento de replays e de ranking, como o visto em Street Fighter V. Se você quiser acompanhar as partidas dos melhores do mundo, como Knee, Saint ou RIP, vai precisar contar com a boa vontade de canais que têm acesso a esses grandes jogadores para gravar suas lutas e subir no YouTube.
No Online o pipoco come, assim como eu tomando Perfect do TheDennerDon aqui!
Um dos grandes diferenciais que Tekken 7 pode entregar após seus dois anos nos arcades é um equilíbrio invejável a outros jogos de luta em seu lançamento. Com o foco em conquistar um espaço no mundo dos eSports, a Bandai Namco não só está investindo em uma nova série de torneios para o jogo, como já estava fazendo isso um ano antes do lançamento, com diversos eventos ao redor do mundo. Já existe um cronograma oficial para o ano todo com a Tekken World Tour, mas, infelizmente, o Brasil ficou de fora, sem um evento oficial. Para compensar os jogadores mais dedicados, a América Latina terá um evento realizado no Chile, o tradicional TXT, que faz parte do sistema de pontuação global do mundial.
Para preparar os jogadores para essas competições, preciso também comentar sobre o Training Mode do game. Ele é espetacular e, como sempre, entrega aos jogadores a opção de assistir ao computador realizando todos os golpes e combos predefinidos da série, ao mesmo tempo que reproduz o som do ritmo que os botões devem ter. Se você já quis ver esse sistema em outros games, saiba que ele é patenteado pela franquia Tekken e que eles raramente permitem que outras empresas o usem. O training mode é robusto, extremamente configurável e permite ao jogador testar todas as possibilidades de luta, algo que, para um título estratégico como esse, é fundamental.
Mas e aí: Tekken 7 vale sua atenção?
Tekken 7 ocupa um espaço curioso no cenário dos jogos de luta quando comparado a si mesmo e aos concorrentes. A franquia nunca esteve tão bonita e tão acessível, com as novas facilidades de controles, o absurdo mecanismo de câmera lenta nos momentos decisivos, que é de tirar o fôlego, o sistema de especiais Rage Art e Rage Drive e seu conteúdo offline. Ao mesmo tempo, é impossível não criticar a ausência de um modo alternativo como os amados Tekken Force e Tekken Ball, apesar de os rumores indicarem que um novo Tekken Bowl possa vir por DLC.
Em um mercado onde temos jogos como Street Fighter V, Injustice 2, Guilty Gear Xrd e tantos outros passando por erros e acertos, Tekken 7 também não é só sucesso, mas garante uma posição altíssima pela finesse de seu gameplay 3D, pelo balanceamento, pela trilha sonora mais uma vez marcante, modo história, elenco diversificado e possibilidade de agradar tanto aqueles que pretendem dedicar milhares de horas no competitivo quanto os que apenas querem ter um game para tirar um glorioso contra com os amigos enchendo-os de socão do Paul.
- Equilíbrio incrível conquistado ao longo de dois anos
- Refinamento das mecânicas clássicas e adição de novas acessíveis
- Câmera lenta espetacular em momentos decisivos
- Gameplay preciso aos competitivos e acessível aos novatos
- Modos online quebrados no lançamento tornam jogar ranked impossível nos consoles
- Como muitos jogos de luta, conteúdo single player é decente mas peca em diversos pontos
- Excesso de loading nas trocas de modos, em especial em Partidas de Jogador online
- Ausência de modos extras consagrados como Tekken Force
Nota do Voxel