Imagem de Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan
Imagem de Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan

Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan

Nota do Voxel
70

No bonde do Mike é shuriken, porrada e pizza pra todo lado. Cowabunga!

Quando ganhei meu NES, em 1993, o primeiro jogo com o qual tive contato foi Teenage Mutant Ninja Turtles II: The Arcade Game. Confesso que fiquei maravilhado com o que vi – afinal, tinha a oportunidade de curtir um título de fliperama em casa (e com direito a uma fase extra!). Não deu outra: acabei me tornando fã de Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello.

O tempo passou, e a cada nova plataforma que adquiria eu me arriscava em um novo jogo estrelado pelo quarteto. Foi assim com Teenage Mutant Ninjas Turtles IV: Turtles in Time, Teenage Mutant Ninja Turtles: The Hyperstone Heist e outros que vieram posteriormente. Porém, qual não foi a minha surpresa ao ver que, com o passar do tempo, esses heróis foram perdendo força e estrelando jogos cada vez mais medíocres?

Logo, quando soube que a Platinum (que nos entregou títulos excelentes, sendo um deles Bayonetta 2 para Wii U) estava trabalhando em game das Tartarugas Ninja, imaginei que vinha coisa boa por aí. E, pelo visto, eu não estava tão errado em manter minhas expectativas altas para Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan.

Quebrando geral

Se você chegou a ver alguns vídeos disponibilizados pela produtora, deve ter deduzido que Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan é o tipo de game que promete deixar o seu dedão sobre o botão de ataque a todo instante. Porém, não é bem assim que as coisas funcionam por aqui.

Evidentemente, Leonardo, Michelangelo, Raphael e Donatello são ninjas, portanto era de se esperar que pudessem realizar movimentos que fossem além de descer o sarrafo na bandidagem. Logo de cara, o game sugere que você siga para um tutorial que visa ensinar os macetes para não ser massacrado pelos adversários que estão no caminho. E não se engane: passar por esse estágio de aprendizado é uma ideia bastante sensata.

Em poucos minutos, você vai descobrir que o quarteto é capaz de realizar corridas em paredes, usar um tecido para planar, recorrer a um radar para localizar inimigos e objetivos que estão no mapa, arremessar shurikens, bloquear investidas adversárias, realizar manobras evasivas e por aí vai. Pode até parecer muita coisa, mas acredite: todos esses detalhes serão importantes para que você consiga sobreviver até o último estágio.

Claro, inicialmente você vai poder resolver todas as missões que serão passadas apenas usando a força bruta, mas em estágios mais avançados será preciso utilizar a combinação de alguns dos elementos mencionados acima para que tudo dê certo. Caso precise de um exemplo, destaco a batalha contra Wingnut, em que, sem movimentos de esquiva e defesa, há grandes chances de que você perca bastante tempo repetindo o confronto contra este inimigo.

Trabalho secundário

Se você está acostumado com o ritmo dos jogos mais antigos, talvez estranhe o fato de que, aqui, não será possível avançar muito caso não cumpra os objetivos que são passados por April O’Neil, que decidiu pedir uma folga em seu emprego de jornalista para se tornar os olhos do quarteto e informar sobre tudo que está acontecendo em Nova York.

É verdade, tais objetivos não vão variar muito e por vezes vão se resumir a eliminar inimigos que estão no caminho, proteger objetos e desarmar bombas (além, claro, de derrotar chefes). Vale dizer que não há muita variação entre eles, o que pode fazer alguns reclamarem. Entretanto, lembramos que estamos falando de um jogo de ação, portanto o ponto principal aqui é apenas ter um motivo para atacar quem quer que esteja no caminho.

Conforme vai cumprindo os objetivos que são passados, você conquista pontos para subir de nível. Cada vez que isso acontece, novas habilidades, bem como melhorias para elas, são desbloqueadas, e é preciso recorrer aos Battle Points (obtidos nos confrontos e conforme realiza as missões) para ter acesso a elas.

Por falar em habilidades, devo dizer que fiquei surpreso com a quantidade de técnicas disponibilizadas, especialmente pelo fato de elas permitirem que cada tartaruga tenha uma identidade. Leonardo, por exemplo, é focado em ataques e tem como técnica especial o Turtle Time (que diminui o tempo de ação do inimigo), enquanto Raphael apela para técnicas Stealth (ele pode ficar invisível por alguns segundos). Já Donatello pode ser considerado o suporte com suas técnicas de cura, enquanto Michelangelo é capaz de recuperar poderes já utilizados recorrendo ao movimento Cheerleader (sim, ele vai dançar com pompons).

Aliás, não é apenas aqui que vemos que cada tartaruga possui uma identidade. A equipe responsável pelo roteiro foi feliz ao trabalhar com uma história na qual cada uma delas manteve traços que os fãs da série vão reconhecer sem grandes dificuldades, e a dublagem também ajuda nesse sentido. Infelizmente não há a opção de jogar com vozes em português, mas mesmo em inglês você vai conseguir entender cada situação que o quarteto está vivendo apenas pelo tom de cada um dos heróis.

Itens para ninguém botar defeito

Somado a tudo isso, durante as suas andanças você também vai encontrar alguns itens. Além de alguns especiais (como colecionáveis e Charms, que melhoram os atributos das tartarugas ou concedem algum efeito para o usuário), também temos à disposição aqueles que somem após serem utilizados. Nessa lista, encontramos pizzas, bombas, lançadores e bebidas que melhoram algum parâmetro de quem a consome.

Quanto às shurikens, essas são infinitas e você pode recorrer a elas sempre que quiser. É bom salientar que elas não farão nem cócegas contra alguns inimigos, mas serão úteis na maior parte do tempo, especialmente em estágios mais avançados e nos quais você precisa destruir sistemas de segurança e até mesmo inimigos que explodem ao serem eliminados.

Trabalho em equipe

Um dos grandes trunfos do jogo é o fato de ele contar com uma modalidade multiplayer na qual você pode lutar ao lado de outras pessoas que estão conectadas, remetendo ao tempo em que tínhamos a opção de nos divertirmos nos fliperamas com alguns amigos ao lado, ou mesmo em títulos mais recentes do quarteto ninja.

Aqui, cada um controla a sua tartaruga favorita (caso sejam apenas dois ou três jogadores, as outras ficam com o computador), e a comunicação é algo extremamente importante para que todos os personagens possam ser usados de forma efetiva. Um exemplo: Leonardo possui a habilidade que é capaz de diminuir o tempo de ação do inimigo, enquanto Raphael pode dobrar a sua velocidade. Se ambos os jogadores estiverem em contato, será possível extrair o máximo de ambos os personagens, complicando ainda mais a vida de quem se colocar no caminho.

É possível entrar tanto em salas que já estejam preparadas quanto criar a sua própria área de jogo. Todos estágios estão desbloqueados, e você ainda pode definir a dificuldade da sala, o objetivo (obter experiência, itens, rank S ou algum outro) e alguns outros parâmetros.

Durante o teste, não detectei nenhum tipo de anomalia que pudesse atrapalhar a diversão, mas é preciso destacar que, na maior parte dos casos, você estará acompanhado de pessoas bem mais fortes que você (e como possivelmente elas terão habilidades em níveis mais altos, isso pode tirar um pouco do fator desafio).

“Shell Shocked”

Como qualquer outro game, Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan está longe de ser um título perfeito, e a primeira coisa que precisamos mencionar é que, apesar de haver uma opção de multiplayer online, você não poderá se divertir ao lado de um amigo utilizando o sistema de tela dividida.

Além disso, também é preciso dizer que, em alguns casos, a inteligência artificial não vai ajudar muito. Não foram raras as vezes em que o personagem que eu estava controlando morreu e, em vez de receber um auxílio para retornar ao jogo, o parceiro decidiu avançar e dar umas porradas a mais no oponente. Além disso, por vezes eles acabam ficando no meio do caminho do inimigo e recebendo golpes que poderiam ser facilmente evitados, gerando dores de cabeça extra.

Outro ponto que vale ser mencionado é que, com exceção das pizzas, os outros itens são praticamente dispensáveis. Durante as minhas partidas, por exemplo, raramente usei as bebidas para melhorar as habilidades, e não me lembro de ter lançado mais de três ou quatro granadas nos inimigos – muitas vezes mais pela curiosidade de descobrir o que elas faziam do que qualquer outra coisa.

Vale a pena?

É verdade, esse era um título que tinha de tudo para se tornar um dos melhores games estrelados pelas Tartarugas Ninja, mas seria injusto dizer que a Platinum realizou um péssimo trabalho. Aliás, ela ficou bem longe disso.

Mesmo com a ausência de um multiplayer local e algumas falhas na inteligência artificial, outros pontos acabam se sobressaindo e deixando o título no patamar dos jogos que valem a pena conferir. Destes, podemos destacar as várias habilidades para personalizar os personagens, o multiplayer online e, evidentemente, a diversão de controlar Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello (e alternar entre eles a qualquer momento) e espancar inimigos como Bebop, Rocksteady, Krang e muitos outros conhecidos dos fãs.

Se você cresceu no período em que as Tartarugas Ninja eram mais respeitadas, vale a pena investir em Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutants in Manhattan. Aliás, o game pode servir como um bom aquecimento para “As Tartarugas Ninja: Fora das Sombras”, filme que está agendado para estrear no Brasil em 16 de junho.

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Pontos Positivos
  • Um game capaz de resgatar as memórias de quem curtiu os títulos antigos
  • Possibilidade de personalizar cada tartaruga
  • Os diálogos foram bem construídos e captam o espírito de cada personagem
  • Multiplayer online com cada jogador controlando uma tartaruga
Pontos Negativos
  • Sem cooperativo local
  • Às vezes a inteligência artificial não ajuda muito
  • Alguns podem se queixar da falta de variação nas missões
  • Boa parte dos itens são dispensáveis