Imagem de Tales from the Borderlands - Episode Two: Atlas Mugged
Imagem de Tales from the Borderlands - Episode Two: Atlas Mugged

Tales from the Borderlands - Episode Two: Atlas Mugged

Nota do Voxel
95

Faroeste em um planeta hostil

Analisar um jogo produzido pela Telltale se torna uma tarefa um tanto difícil depois de adquirir certo costume com os trabalhos da companhia. Bastante adepto a fórmulas, o estúdio costuma adotar táticas semelhantes em tudo o que faz, o que torna impossível não gerar certas expectativas — entre elas, a de que os segundos episódios de suas séries geralmente costumam ser um tanto fracos.

Felizmente, Tales from the Borderlands – Episode 2: Atlas Mugged quebra essa expectativa negativa rapidamente e consegue manter o alto nível de seu predecessor. Em vez de tentar estender a revelação do capítulo inicial de forma artificial, o game não tem problemas em fechar arcos narrativos e introduzir novos elementos.

Com isso, o capítulo consegue ser bastante fresco em toda a sua duração e mantém o interesse em alta. Contribui para isso o fato de que a Telltale continua a separar uma parte relativamente grande para a trama, permitindo que os acontecimentos mostrados em tela tenham tempo suficiente para se desenvolverem de forma satisfatória.

Nenhum momento de descanso

Após a grande revelação ocorrida em Zer0 Sum — com direito ao ressurgimento de um personagem clássico —, parecia que os personagens de Tales from the Borderlands teriam algum tempo para descansar. Felizmente, não é isso o que acontece, o que resulta em uma trama que prossegue em ritmo bastante rápido.

Tal qual o capítulo inicial, Atlas Mugged está recheado de cenas de ação com as quais o jogador interage através dos famosos (e infames) “Quick Time Events”. Embora a mecânica já esteja um tanto cansativa, as cenas criadas pela Telltale surpreendem pelo absurdo e se provam bastante divertidas — mesmo que não exatamente desafiadoras.

O episódio acerta ao reintroduzir de forma inteligente inimigos que pareciam derrotados, sem que isso implique na falta de apresentação de personagens novos. Vários rostos conhecidos dão as caras no adventure, mas isso não consegue tirar o foco de Rhys e Fiona, que revelam novas facetas de suas personalidades conforme os eventos se desenrolam.

É somente em um momento específico do episódio que o jogo lembra os trabalhos anteriores da Telltale, fazendo com que o jogador tenha que participar de uma leve investigação do ambiente. Infelizmente, esse elemento aparece de forma breve e discreta, reforçando que o intuito da empresa é criar histórias interativas — o que, infelizmente, diminui as chances de falhar (gerando uma experiência praticamente sem desafios).

Mantendo o mesmo humor de seu predecessor, Atlas Mugged consegue divertir sem ter que recorrer a referências restritas a quem está acostumado à série da Gearbox. Conforme o esperado, o jogo também termina em uma situação que gera antecipação para o que vem pela frente — ao mesmo tempo em que é competente o suficiente para fechar várias pontas soltas de forma a fazer com que você sinta que realizou algo de concreto no mundo de Pandora.

Pequenos engasgos técnicos

Embora a identidade visual da Telltale ainda mantenha seu charme, é difícil não se esquecer do fato de que a engine gráfica usada pela empresa já ultrapassou sua vida útil. Na versão PC (usada como base para esta análise), isso resulta em alguns glitches gráficos um tanto frequentes, que fazem com que personagens “pisquem” na tela durante alguns instantes.

Outro problema relacionado à parte técnica é a quantidade limitada de modelos que a empresa tem à sua disposição. Tal limitação inclusive é utilizada como base para uma das piadas do jogo, na qual personagens ficam surpresos ao ver que um dos coadjuvantes possui um corpo incrivelmente malhado no momento em que ele se vê forçado a tirar sua camisa.

Para completar, as animações limitadas da engine continuam a incomodar em certos momentos. Embora isso não seja tão importante para um game do gênero adventure, a forma “robótica” dos movimentos dos personagens atrapalha um pouco e só serve para mostrar como o estúdio está atrasado em certos quesitos técnicos.

Mantendo a qualidade em alta

Caso você tenha jogado e apreciado a trama de Zer0 Sum, pode entrar no universo de Atlas Mugged sem qualquer receio. A Telltale consegue manter a alta qualidade do capítulo inicial de Tales from the Borderlands e apresenta uma trama que consegue misturar bem elementos novos e linhas narrativas que foram introduzidas anteriormente.

Apostando novamente em uma narrativa contada sob dois pontos de vista, o título serve para mostrar a competência dos roteiristas que trabalham no estúdio. Especialmente quando se leva em consideração os FPS criados pela Gearbox, é impressionante a quantidade de elementos que o jogo consegue criar a partir do aparentemente “raso” universo de Borderlands.

Infelizmente, a idade avançada do motor gráfico usado pela Telltale é evidente e resulta em uma série de pequenos problemas técnicos herdados de projetos anteriores. Nada que chegue a realmente incomodar, mas que mostra que pode ser uma boa ideia a empresa investir em novas tecnologias para continuar relevante na atual geração de consoles.

Em resumo, Tales from the Borderlands – Episode 2: Atlas Mugged aumenta ainda mais as expectativas para o futuro da série. Caso o alto nível de qualidade seja mantido, essa pode se tornar uma aventura tão relevante para o portfólio do estúdio quanto The Wolf Among Us e a primeira temporada de The Walking Dead.

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Pontos Positivos
  • Trama bem desenvolvida
  • Personagens cada vez mais carismáticos
  • Bom humor e ação em doses balanceadas
Pontos Negativos
  • Pequenos problemas técnicos