Super Lucky’s Tale é diversão com plataforma para toda a família
Lançado na última terça-feira (7) para Xbox One e Windows 10, Super Lucky’s Tale não é a primeira aventura da raposa: antes, ela já havia dado as caras em uma experiência para a realidade virtual que não ficou muito conhecida — até mesmo pela baixa abrangência de aparelhos do tipo.
Dessa vez, os desenvolvedores da Playful decidiram apostar em uma aventura de plataforma mais tradicional, que você pode aproveitar no conforto de seu sofá ou sentado em frente ao monitor do PC. O resultado é um game que diverte durante algumas horas, mas que não traz o suficiente para poder ser considerado uma experiência memorável.
Observando as imagens e os vídeos relacionados ao game (e, quem sabe, nosso gameplay ao vivo), provavelmente você deve ter notado que Super Lucky’s Tale é um game infantil — e isso não é defeito algum. Isso se traduz tanto em gráficos coloridos e estilizados quanto na trama do game, em que você deve enfrentar uma família de gatos que criaram uma série de obstáculos para o protagonista.
A história é simples e segue os caminhos esperados de uma produção do tipo, não chamando a atenção por sua complexidade, mas tampouco se mostrando ofensiva. Assim como o resto da caracterização de Lucky, o conto narrado claramente foi produzido com o intuito de ser acessível e acolhedor para um público mais jovem.
Plataformas com um sentimento clássico
Ao jogar Super Lucky’s Tale, tive a sensação de ter sido transportado para a era 32/64 bits, na qual os antigos games de plataforma estrelados por mascotes ainda estavam se adaptando ao mundo 3D. Se por um lado isso funciona bem — fazia falta um game tão direto em seu objetivo e que promovesse a coleta de tantos itens —, por outro isso traz algumas lembranças ruins desse período.
Meu principal problema com o jogo foi sua câmera, que apresenta restrições que não fazem muito sentido em um universo totalmente 3D. Em vez de termos controle total sobre sua movimentação, somos forçados a lidar com ângulos pré-determinados que nem sempre são eficientes em mostrar a ação.
Felizmente, isso não acontece nas divertidas fases 2D que o jogo apresenta, mas elas sofrem com outro problema. Em muitos momentos o jogador se vê obrigado a passar por ambientes em segundo planos, cujos elementos podem ficar “escondidos” por algum objeto em primeiro plano — situação perfeita para você deixar de ver algum inimigo ou errar o momento de pular em uma plataforma.
os comandos nem sempre respondem com a rapidez que gostaríamos em um jogo de plataforma
Para completar, os comandos nem sempre respondem com a rapidez que gostaríamos em um jogo de plataforma. Isso não incomoda nas primeiras fases, mas se torna frustrante em fases mais avançadas nas quais o game exige um tempo de reação mais rápido e não tem problemas em punir você por qualquer erro pequeno.
Mesmo com tudo isso incomodando, não posso dizer que não me diverti com Super Lucky’s Tale. Segundo meu histórico do Xbox, joguei o game por 9 horas e 41 minutos, o que envolveu reiniciar a aventura uma vez para a realização da Live do Voxel. Isso me rendeu 81 trevos de folha, pouco mais do que suficiente para enfrentar a batalha contra o chefe final (que só destrava com 80), em uma experiência que nunca se provou tediosa.
Gostei especialmente das fases em que havia algum quebra-cabeça para resolver, algo que geralmente envolvia arrastar estátuas para posições. Infelizmente, aquilo que o game chama de “jogo de bola de gude”, um de seus desafios mais interessantes, só surge em duas ocasiões que podem ser completadas em pouco tempo.
Nas demais fases, os desafios tendem a permanecer os mesmos: chegar ao final do cenário, encontrar as cinco letras do nome Lucky, descobrir um desafio secreto (que envolve respeitar limites de tempo, no geral) e coletar pelo menos 300 moedas. A falta de variedade é compensada por alguns cenários bem construídos, mas é difícil não se sentir fazendo algo um tempo repetitivo do ponto de vista mecânico nos momentos finais.
Lucky pode pular (com direito a um salto duplo), abrir buracos no chão para desviar de obstáculos e se mover mais rápido e dar um golpe de calda que deixa os inimigos tontos — e nada além disso. Não há qualquer sistema de evolução ou poder novo que seja desbloqueado, o que acaba contribuindo para limitar as possibilidades oferecidas pelo jogo.
Um jogo divertido, mas esquecível
Super Lucky’s Tale é um game que, para mim, carrega muito o sufixo “inho”. Ele é bonitinho, divertidinho, legalzinho e nada mais do que isso. Sabe aquele tipo de game que você liga, joga por algumas horas, mas nunca encontra um momento “agora sim” ou pensa “isso foi muito legal”? Pois é, essa é a sensação que eu fiquei depois de terminar a aventura.
Galeria 1
Não me entenda mal: alguns momentos, como os desafios de puzzles, e as ideias por trás de algumas fases — especialmente aquela em que o chão só surge quando iluminado — chamam a atenção positivamente. No entanto, eles não são tão comuns quanto aqueles em que você pode até jogar no piloto automático sem grandes prejuízos.
Super Lucky’s Tale tem bem a cara daquilo que ele é: uma primeira experiência de um estúdio com o gênero plataforma tradicional e que, portanto, traz alguns problemas típicos a uma equipe inexperiente. A impressão que dá é que esse é daqueles títulos que vão servir como inspiração para a equipe corrigir erros, repensar fórmulas e entregar uma sequência que vai surpreender muita gente — algo que espero muito que aconteça.
esse é daqueles títulos que vão servir como inspiração para a equipe entregar uma sequência que vai surpreender
Recomendo o game tanto para quem procura uma alternativa “segura” para crianças quanto para quem é fã do gênero plataforma e quer uma experiência boa o suficiente para preencher algumas do tempo livre. No entanto, quem espera encontrar aqui um jogo indispensável pode se sentir um pouco decepcionado.
Categorias
- Jogabilidade e objetivos bastante diretos
- Uma apresentação agradável
- Fases de puzzles muito divertidas
- Experiência adequada para todas as idades
- Os controles não respondem tão bem quanto deveriam
- Falta variedade à maioria das fases
- A limitação da câmera irrita em alguns momentos
Nota do Voxel