Streets of Rage 4: uma homenagem digna aos beat’em up clássicos
Não há dúvidas de que os últimos tempos têm sido extremamente amigáveis para os fãs de séries nascidas em consoles antigos. Apenas para citar alguns exemplos, tivemos o lançamento de um novo Mega Man e um Wonder Boy inédito em anos recentes, e agora é a vez de ampliarmos essa lista com Streets of Rage 4.
Claro que um anúncio desses não passaria batido entre os jogadores que se divertiram com a série nascida no Mega Drive. Apesar de não ser um game desenvolvido oficialmente pela Sega (a equipe que trabalhou nesse game é da DotEMU, a mesma que nos deu Wonder Boy: The Dragon’s Trap), a pergunta que não quer calar é: será que o game ficou bom? Confira a nossa opinião a seguir.
Mantendo a essência
Para aqueles que, assim como eu, tiveram a chance de crescer em contato com os consoles 16 bits, Streets of Rage certamente mantém um lugar cativo no coração e figura no top 10 das séries clássicas de muitas pessoas. Se esse é o seu caso, vá sem medo: o quarto game da franquia não vai decepcionar.
(Fonte: Reprodução/DotEMU)Fonte: DotEMU
A história vista aqui segue uma base que, a bem da verdade, vai servir apenas de pretexto para você vagar pelas áreas do game descendo a porrada em qualquer um que se colocar em seu caminho. Os vilões desse game são os filhos de Mr. X (o chefão final dos dois primeiros games), que colocam a cidade em que o game se passa sob ataque após anos de paz, com a ajuda de novos e antigos inimigos.
Para tentar conter esse caos, Axel e Blaze decidem voltar às ruas juntamente com outros dois novatos: Sheryl, filha de Adam (um dos combatentes controláveis do primeiro game e que também retorna à ação nesse jogo a partir de um determinado momento da aventura), e Floyd, que se mostra bem versátil no uso de braços adaptados com o auxílio de Dr. Zan (de Streets of Rage 3).
Além dos protagonistas, o game serve para vermos o surgimento de novos vilões e aliados e até mesmo o retorno de alguns rostos antigos. Evidentemente, não vou falar muito aqui para não dar spoilers, mas um ou outro pode colocar uma expressão de surpresa em seu rosto assim que aparecerem.
(Fonte: DotEMU/Divulgação)Fonte: DotEMU
Partindo para a agressividade
A primeira questão que chamou minha atenção no game foi o fato de ele vir com a proposta de fazer você ser bem mais agressivo nas batalhas. Cada personagem dispõe de golpes bem variados e capazes de gerar combos diferentes, seja com o uso de ataques convencionais, especiais ou mesmo movimentos um pouco mais fortes e capazes de atingir grupos maiores de uma vez só.
No caso desses golpes um pouco mais fortes, há um botão específico para ativá-los (algumas variações como dois toques pra frente antes de pressioná-lo causam mudanças nos movimentos), e quando isso acontece a sua barra de energia fica com um trecho na coloração verde. Você pode usá-los quantas vezes quiser ao longo da fase, desde que tenha ao mesmo um pouco de vida, e pode recuperar essa porção acertando inimigos com golpes ou comendo algo. Entretanto, se for atingido vai perder a quantia referente ao golpe utilizado mais o dano do adversário.
Se você conseguir aprender o timing desses golpes especiais (que possuem versões de solo e aérea), vai conseguir criar combos que podem facilmente ultrapassar algumas dezenas – desde que não passe um tempo muito grande sem acertar alguém, claro. Adotar essa estratégia pode ser uma boa para ampliar ainda mais o seu placar e, de quebra, conseguir vidas extras mais facilmente (cada 8 mil pontos o premiam com 1).
A inclusão desse sistema de combo certamente oferece um fôlego novo ao game, ainda mais quando observamos que os “movimentos supremos” (representados por uma estrela na barra de informações) podem ser adicionados a essas combinações para ampliar mais o dano.
(Fonte: DotEMU/Divulgação)Fonte: DotEMU
Armas também surgem ao longo das fases para serem usadas contra os adversários, mas o meu lado nostálgico me fez lamentar um pouco um elemento que achei bem-vindo em Streets of Rage 3: o fato de cada personagem utilizar um equipamento do tipo com maestria, oferecendo golpes diferentes de acordo com algumas combinações de botões. Se isso estivesse presente, os combates seriam ainda mais animais, mas quero deixar bem claro que essa ausência não prejudica a ação do game.
Trilha de respeito para grudar na mente
Lembrar de Streets of Rage sempre traz à mente o fato de que os três títulos lançados anteriormente contavam com uma trilha sonora sensacional, por isso era de se esperar que, ao menos nesse campo, tudo daria certo tendo em vista o envolvimento de compositores clássicos no time.
O trabalho de Yuzo Koshiro (de Streets of Rage 1 ao 3 e o primeiro Sonic), Motohiro Kawashima (de Streets of Rage 2, 3 e Shinobi 2), Yoko Shimomura (de Street Fighter 2 e Kingdom Hearts), Keiji Yamagish (de Ninja Gaiden) e Hideki Naganuma (de Jet Set Radio) ficou impecável, e todas as batidas ouvidas aqui combinam perfeitamente com a ambientação das fases, que o fazem visitar diversos pontos trazendo a representação sonora ideal para cada uma delas.
Nesse sentido, é de se lamentar que o game não tenha um modo no qual você pode simplesmente escolher sua faixa favorita e deixá-la tocando por minutos a fio enquanto realiza algumas atividades no computador, o que seria um belo extra para o pacote.
Por falar em extra, o game também traz dois modos além do principal: o de luta contra chefes (no qual você tem apenas uma vida para encarar todos eles em sequência) e o de batalha, no qual os jogadores se enfrentam para ver quem será o campeão. Todos ajudam a dar um fôlego extra para o game, que traz ainda a possibilidade de revisitar suas fases e seus modos na tentativa de desbloquear todos os personagens adicionais.
Os personagens em questão são todos aqueles vistos nos três games anteriores, mas infelizmente algo me incomodou um pouco nesse sentido. Não estou me referindo ao fato de termos Shiva, Sammy e muitos outros para partir para ação assim que liberados, mas à forma como eles foram adicionados: em vez de terem seus sprites trabalhados para o estilo gráfico do jogo, todos aparecem como recortes de seus games de origem, mantendo o visual e os movimentos vistos há algumas décadas.
E o multiplayer?
Obviamente um jogo como Streets of Rage 4 não seria uma experiência completamente voltada para o single player, e para nossa sorte o game conta com duas opções: jogatina online e modo cooperativo local.
Infelizmente, não tivemos a oportunidade de testar o modo para até quatro jogadores de maneira local (fazendo a jogabilidade ser muito parecida com antigos fliperamas), mas podemos falar algumas coisas sobre a opção online. Ela oferece suporte para apenas dois jogadores, e você pode criar uma sala pública (acessada por qualquer pessoa que tenha o jogo) ou privada (garantindo que apenas o amigo com o qual deseja jogar tenha acesso à partida). Também é possível definir se os jogadores podem se acertar enquanto estiverem lutando ou não, mas não há outras configurações.
(Fonte: DotEMU/Divulgação)Fonte: DotEMU
A possibilidade de jogar com um amigo certamente deixa tudo um pouco mais divertido, especialmente pelo fato de ter como ampliar os combos e, de alguma forma, facilitar um pouco, já que a barra de energia dos chefes não sofre alterações por conta do combatente extra. Entretanto, foi possível perceber alguns problemas que fizeram a taxa de quadros cair um pouco, o que pode atrapalhar em momentos mais intensos de ação, mas isso é algo que a produtora certamente consegue corrigir com um update.
Veredito
Para aqueles que são fãs de jogos de briga de rua, não há dúvidas de que Streets of Rage 4 é um game mais que recomendado. O novo episódio foi bem atualizado para a nova geração de consoles e, apesar de uns poucos problemas de conexão no multiplayer e alguns ajustes que poderiam ser feitos no visual dos personagens clássicos, tem de tudo para agradar aos que adquirirem o título.
- Trilha sonora empolgante
- Personagens extras para desbloquear
- Sistema de combos com possibilidade de variações
- Diversão digna dos games antigos
- Alguns problemas de conexão no multiplayer
- Seria legal se os personagens antigos tivessem visual atualizado
Nota do Voxel