A resposta se encontra no coração da batalha!
Street Fighter V é a nova entrada em uma das maiores franquias de jogos de luta de todos os tempos. Após oito anos de sucesso com a série Ultra Street Fighter V, a CAPCOM prepara um jogo totalmente pensado na competição. Aqui na nossa análise, vou tentar falar um pouco do jogo para três públicos: aqueles que procuram um game divertido para zerar e acompanhar a história, aqueles que querem um bom jogo casual para tirar uns contrinhas com os amigos e a galera hardcore procurando por campeonatos.
Single Player
Segundo a CAPCOM, Street Fighter V vai ser trabalhado como um serviço, o jogo terá atualizações constantes durante toda a sua vida comercial com novos conteúdos de jogabilidade distribuidos gratuitamente através da conquista de Fight Money, a moeda virtual interna do jogo que poderá ser utilizada na loja. Esse sistema assemelha-se muito ao visto em jogos como Marvel vs. Capcom 2. Aqueles que quiserem apressar as coisas podem colocar a mão no bolso e desembolsar dinheiro real para a compra de Zenny, a moeda real. Tá, mas isso só em Março. O que já temos no dia 16 de Fevereiro?
Primeiro, o modo História. Sim, ele existe aqui, mas a produtora já avisou que esse é um prólogo temporário e isso está claro como o dia. A campanha no lançamento de Street Fighter V é extremamente limitada e curta. Cada lutador tem cerca de 3 a 5 batalhas que acontecem já com todas as barras cheias e duram apenas um round. Entre cada momento de batalha você vê imagens estáticas do lendário artista Bengus, o cara responsável por imagens mitológicas da série Street Fighter mas que com certeza deve ter recebido pouquíssimo tempo para trabalhar no novo jogo. O resultado é extremamente simplista e até decepcionante. Da mesma forma, as histórias são bobas, revelam muito pouco e foram intencionalmente pensadas dessa forma para não entregarem a paçoca do que vai acontecer de fato ao longo de 2016, saca só!
Ken acende o fogo da paixão em seu Critical Art
Nesse sistema de atualizações, o modo história de verdade de Street Fighter V chega em junho, com o que eles estão chamando de Experiência Cinematográfica. Foi prometido mais de 1 hora apenas de cutscenes com todos os bonecos. Além disso, o seriado Street Fighter Ressurection está em desenvolvimento pela mesma equipe por trás do maravilindo Assassin’s Fist, ou seja, história é o que não vai faltar este ano e eu não me surpreenderia se o Ressurection pintasse dentro do jogo, mesmo que isso seja estranho pra caramba e bem Road Rash. Apesar de estar ansioso por esse pacotão todo, é impossível não ficar um pouco preocupado com o fã desavisado que vai gastar sua grana sem saber que precisa esperar 4 meses para ver a história de verdade enquanto é obrigado a matar tempo assistindo a um slideshow de RPG do PSP.
Uma coisa legal na história é que elas se cruzam de verdade. Então se você luta contra o Ryu quando está zerando com o Rashid, vai com certeza lutar contra o Rashid quando estiver zerando com o Ryu. Simples, mas eficaz para agradar os fãs.
Modo história de um jogo lançado em 2016 ou RPG de PSP? O Story Mode provisório decepciona.
O modo Survival está de volta e revela os planos comerciais da coisa toda. São quatro dificuldades divididas entre pacotes variados de 10 a 100 lutas. Apenas terminando esse modo com cada personagem você libera novas cores. Não vai ser surpresa nenhuma quando as cores aparecerem para serem compradas na loja, mas, lembrando, você pode liberá-las apenas jogando. Só que isso demora, demora muito. As primeiras dificuldades são bem fáceis e apenas o modo Hard nas lutas mais avançadas começa a ficar difícil. Entre cada contra você pode comprar poderes e recarga de vida para facilitar sua jornada atrás do arco-íris.
E pronto, já acabou o que você poderia fazer como jogo Single Player. Mais uma vez, a explicação para isso é que o update de março vai trazer o modo Desafio com um sistema de Dicas e Provas e esses desafios depois desse mês vão continuar sendo atualizados com novas opções com o tempo.
Infelizmente o modo de jogador, campanha mesmo, de Street Fighter V decepciona no lançamento. Eu não tenho dúvidas de que a CAPCOM vai se esforçar pra lançar um conteúdo legal pra caramba para os fãs, mas isso vai demorar mais ou menos uns seis meses para estar completinho. Dessa forma, o novo Street Fighter é mais um jogo que vem nessa tendência de chegar nas mãos dos jogadores ainda incompleto. Isso mostra que o sistema de serviço prometido pela CAPCOM está aqui afetando a campanha Single Player, o que é triste.
Quem queria curtir a experiência acaba sendo afetado por quem pretende seguir lutando ao longo do ano.
Agora, basta de coisas ruins e vamos falar da nova Iogurteira Top Therm, da TekPix, ou seja, vamos falar de coisa boa e vamos falar de como o novo Titi Faite quer se tornar seu jogo favorito para tirar aquele contrinha de boa com os amigos.
Um ótimo jogo casual
Já é comum a gente ver as produtoras de jogos que são considerados difíceis falarem que seus lançamentos estão chegando com muitas maneiras de deixá-los fáceis e acessíveis aos novatos, e isso nunca foi tão verdade em um Street Fighter.
Chame os amigos pra treta que vai ser das boas
Eles conseguiram criar um sistema de combos muito mais fácil e direto. Não é um absurdo falar que qualquer jogador com ali 2 ou 3 meses de treino vai conseguir desferir as sequências mais avançadas programadas para cada personagem. Além disso, a seleção inicial dos 16 personagens consegue consertar os erros de Street Fighter III, que focou em personalidades bizarras trazendo muitos personagens clássicos e favoritos que há muito não davam as caras. Completando isso temos os novatos Rashid, Laura, F.A.N.G. e Bob Marley com Wolverine, também chamado de Necalli.
Assim como Street Fighter IV nos arcades em 2008, Street V chega com 16 personagens, mas com um plano de lançamento de mais seis ao longo do ano. Jogar contra eles será sempre gratuito, na promessa da franquia de não trabalhar mais com updates como Super ou Ultra. Cada personagem novo vai custar 100 mil Fight Money ou 600 Zenny. Terminar o modo história já libera o valor total para um personagem e, em dinheiro, você precisará investir 6 dólares caso queira comprar do bolso mesmo. O primeiro personagem será Alex, o Hulk Hogan do Street III, boladão do amor. Alex chega em março – aliás, perceberam o tanto de coisa que chega em março? Pois é, o mesmo Update vai trazer os Desafios, Alex, a loja do jogo com skins e personagens e muitas, muitas mudanças no sistema online.
Essa é a tela de seleção. 16 personagens, a mesma quantidade de Street Fighter IV em seu lançamento.
Essa loucura de personagens, gráficos supercarismáticos, uma trilha sonora muito boa e em vários momentos memoráveis com remixes que tocam direto no coração do fã, gameplay acessível e recompensador fazem do novo Street o jogo perfeito do contra casual. Pode ter certeza de que você e seus amigos vão se impressionar a cada pancada e com os controles absolutamente caramelizados. Falando em pancada, olha só que da hora, alguns golpes, como o gancho do Ryu, têm animações diferentes quando acertam o oponente, tanto pra deixar os combos mais fáceis quanto para deixar uma sensação maior de TOMA UM SOCO NA BOCA PRA FICAR ESPERTO AÍ, LIXO.
Graças à Unreal Engine IV e um ótimo uso de partículas sem exagerar, o jogo conquista visualmente tendo aquele charme especial da franquia, mas ainda assim um pouco menos caricato do que o IV. E se a sua preocupação é com o número de personagens, 2016 começa com 16, termina com 22 e ao longo dos anos sem dúvida alguma chegaremos na casa dos 50.
Chegou a hora de competir!
Agora vamos falar do competitivo. Esse é o melhor momento para resolver entrar nesse universo. Espero conseguir explicar o porquê tanto para você, macaco velho de torneio, quanto para você, que era o melhor do bairro e tá pensando em ir pruns camps.
Apesar de sempre ter tido um cenário robusto organizado pela comunidade, a CAPCOM quer que Street Fighter agora possa fazer parte de todo o marketing construído em cima dos eSports. Para isso, nós agora temos ferramentas dentro do jogo, online e também offline.
In game, o menu assemelha-se muito a de MOBAS como League Of Legends e DOTA: extremamente minimalista, com acesso a loja diretamente na tela, com um histórico de mensagens que vai exibir informações oficiais dos servidores aos jogadores e com a possibilidade de buscar partidas o tempo todo, até mesmo nessa tela estática.
O bagulho será oficialmente louco!
Online, a nova Capcom Fighters Network, ou CFN, pretende ser uma rede de organização dos contras online. No momento são poucas opções além das que já existiam em Street Fighter IV, mas, com o tempo, a CFN pretende mostrar até 100 lutas de cada jogador, ter um ranking orgânico em que você pode favoritar seus jogadores preferidos, sistema de espectador para assistir às lutas dos melhores jogadores com os personagens que você quer treinar e, a principal novidade, gráficos complexos que mostram como é o perfil do jogador, de defensivo para agressivo com porcentagens detalhadas de cada tipo de jogada, e essas leituras podem ser variadas de jogador para jogador, de personagem para personagem.
Ao mesmo tempo, eu pude passar cinco dias testando o novo netcode e ele se comportou extremamente bem. Eu estava em uma internet bem parruda, mas joguei contra oponentes em todos os tipos de conexão. Preciso ressaltar que tudo isso foi antes do lançamento do jogo e que com a entrada de milhões de novos jogadores no dia 16, eu torço para que os servidores mantenham o mesmo desempenho. Se você jogou algum dos Betas, saiba que a experiência online é 100 vezes melhor quando você seleciona apenas os jogadores brasileiros, e em nenhum momento eu tive aqueles pulos malucos que acontecem quando o lag está muito alto.
Para completar isso, o crossplay permite que os jogadores de PlayStation 4 enfrentem a galera do PC e a experiência é absolutamente natural. Se você não prestar atenção, nem consegue saber quem está no PC ou console, de tão bem que a parada funciona.
Tudo isso do componente online parte da Capcom Pro Tour, a série oficial de torneios da Capcom que nesse ano já tem 72 eventos confirmados ao redor do mundo, com alguns de grande porte já aqui para o Brasil. Para vocês terem uma ideia, nos dias 9 e 10 de abril teremos o Jam Festival em Brasília, com uma premiação de 10 mil reais, e outros, como o Sana, em Fortaleza. E ainda tem mais um a confirmar no país. Para América Latina são vários outros espalhados por Colômbia, México, Argentina, Chile, República Dominicana e Costa Rica. Esse crescimento no número de eventos também é um aumento nas oportunidades de jogar a Capcom Cup no final do ano. Se em 2012 tivemos Breno Fighters qualificado, 2014 assistimos a ChuChu participar e em 2015 presenciamos o ótimo desempenho do Keoma, 2016 tem o potencial de levar ainda mais brasileiros para os Estados Unidos em nome da glória e do sangue derramando em busca do mais forte. Isso sem falar que ainda poderemos ter uma zebra muito louca vinda de qualquer lugar, já que estão prometidos dois grandes eventos online com possibilidade de vaga também. Dá para ganhar as parada com a bunda no sofá.
É o Kazunoko, mas podia ser você.
Essa integração de informações direto no jogo, ferramentas para competição online e um circuito de torneio muito mais abrangente aos jogadores do mundo todo é o que faz de Street Fighter V uma promessa muito forte para as melhores competições a que já assistimos.
Sim, os combos estão muito mais fáceis e se você já treinava, talvez tenha até se entediado aprendendo tudo muito rápido. Porém, será que testou o suficiente? Numa brincadeira de par ou ímpar, enquanto Street Fighter IV se assemelhava a série II, Titi Cinco parece um primo não tão distante de Third Strike.
Vamos pegar a Laura como exemplo. Ela só tem um combo de Hit Confirm simples, mas a complexidade de jogo está realmente nas coisas mais avançadas. Quase todos os bonecos têm combos específicos em Meaty, mais ainda, combos específicos de Meaty Counter Hit. Médio neutro da Laura não comba nem com soco fraco em pé, nem com soco médio agachado, que aumenta o potencial de dano, porém esses mesmos combos passam a ser possíveis se feitos nessas condições especiais.
Jogar em alto nível vai ser treinar a sua capacidade de reconhecer essas situações de counter hit e muitas outras ainda mais complexas. Se isso não é hardcore o suficiente, eu não sei o que pode ser. Sim, o jogo vai ser mais fácil para os novatos, mas espere por Daigo, Tokido e toda a patota rapidamente fazerem combos que ninguém tinha encontrado e abusarem de situações que essas novas mecânicas permitem. O jogo de botão normal nessa versão promete ser muito mais complexo e punitivo que na anterior, e é isso o que vai separar o top 8 do top 32.
É inegável que Street Fighter V parece dentro do jogo uma aposta menos audaciosa do que a CAPCOM precisou fazer ao trazer a franquia de volta com o 4, mas, ao mesmo tempo, ele é espetacular para a galera que quer compertir e assistir a torneios. A sensação de que ele está um pouco inacabado no lançamento é clara e só resta a gente esperar por todos os updates para vê-lo bonitão, com loja, lobbies, espectador, desafios e muito mais. Esse é um presente de altíssimo nível para os fãs e eu estou extremamente ansioso por essa nova geração. Espero encontrar todos vocês nos vídeos da comunidade, nos contras online e nos campeonatos. E agora, bons contras, seus lixos!
Categorias
- Gameplay absoluto tradicional da série
- Gráficos carismáticos. 99% Street mas aquele 1% Anime
- Netcode superior permite partidas online de ótima conexão
- Totalmente integrado a um novo mundo de competições
- Lançamento conturbado e decepcionante
- Conteúdo Single Player que não justifica a compra pelo menos até Junho
- Sistema online entrou em colapso na semana de lançamento, mesmo após os betas
- Acabamento pobre e simplista nos menus, principalmente relacionado a arte e as fontes
Nota do Voxel