Starfield é um lindo mistério que só você pode desvendar - review
Há muitas maneiras de definir Starfield, o que também torna essa tarefa muito difícil quando se tenta explicá-lo com mais precisão. Esse ar de mistério começou em seu anúncio na E3 de 2018, quando muitos fãs da Bethesda esperavam que The Elder Scrolls 6 fosse o próximo grande jogo da empresa. Eis que Todd Howard revelou ao mundo o jogo espacial que queria fazer há anos, mas não só isso, seria também a primeira franquia inédita do estúdio em 25 anos. Com tudo o que foi mostrado de lá para cá, as dúvidas do público oscilavam entre: É algo mais como No Man's Sky ou Mass Effect? É um Fallout no espaço? Será que ganha jogo do ano? Vai ter tudo o que tão prometendo?
Por cortesia da Bethesda, recebemos uma cópia da versão de PC e eu pude começar a desvendar tudo isso em minha própria jornada espacial em 17 de agosto, que durou por nada menos do que 123 horas até o dia 29, quando comecei a escrever essa análise. Nesse tempo, eu fiz todas as missões da trama principal, mais de 100 missões secundárias, finalizei a história de todas as facções presentes no jogo e visitei 106 planetas em 74 sistemas diferentes. Além disso, eu também fiz o possível para me aprofundar no sistema de naves, de entrepostos, de coleta e uso de recursos, em diferentes skills e, é claro, em bastante exploração terrestre e espacial.
Tudo isso para ver o máximo possível do que o jogo tem a oferecer e entregar uma análise mais completa dos diversos elementos e mecânicas que Starfield tem a oferecer. Como deu pra perceber, eles são muitos e, por isso, vamos dividir esse review em algumas seções diferentes para que fique mais fácil de explicar as múltiplas facetas do jogo. Então, sente-se na sua cadeira de capitão e vamos fazer essa jornada juntos!
Bethesda: The Game
A primeira coisa que você precisa saber sobre Starfield é que esse é um jogo com 100% do DNA da Bethesda. Se você já jogou qualquer um dos jogos deles, seja da franquia Fallout ou The Elder Scrolls, vai sentir uma grande familiaridade com o novo título. Isso vale para as animações dos personagens, os diálogos, o humor e muitas das pequenas mecânicas e certas possibilidades que aparecem em nosso caminho durante o jogo. Se isso é algo positivo ou negativo, depende totalmente se você é fã do estilo de games que a Bethesda costuma desenvolver. É claro que se nunca jogou algo deles ou não tem tanto domínio de RPGs de mundo aberto, a curva de aprendizado vai ser bem maior e pode até ser confusa para alguns.
Digo isso porque enquanto Starfield mostra inúmeros tutoriais sobre seus sistemas novos no meio da tela, outras mecânicas mais batidas não são explicadas ou não contam com muitos avisos para direcionar os jogadores. Por exemplo, há explicações sobre entrepostos, uso da nave e combates espaciais assim que você realiza ações relacionadas pela primeira vez. Só que não há algo parecido para dizer como acessar o inventário da nave, o que ocorre quando se está com sobrecarga, para que servem ações como dormir, como se faz o tempo passar sozinho ou para que serve uma casa e como decorá-la.
Starfield é um jogo da Betheda em todos os sentidos, se isso é bom ou ruim, depende de vocêFonte: Starfield/Reprodução
Boa parte desses elementos podem ser óbvios para nós que já jogamos algo da Bethesda e sabemos que dormir te cura e dá um bônus passivo, que é preciso sentar para fazer o tempo passar (como em Fallout 4), que sobrecarga traz um efeito negativo na sua movimentação (nesse caso, no uso de oxigênio) e que casas servem apenas como bases fixas e que podem ser decoradas ao construir objetos (assim como nas bases de Fallout 4). Só friso esse ponto pensando na experiência de jogadores novos, especialmente porque Starfield chamou atenção de bastante gente nos últimos anos e, com certeza, vai chegar em muitos que nunca encostaram num jogo da empresa antes.
É claro que mesmo jogadores experientes podem ficar tão animados no começo do jogo que as diversas mensagens, tutoriais, diálogos explicativos e avisos que aparecem rapidamente na tela podem passar totalmente despercebidos nas primeiras horas, causando também uma confusão mais tarde quando você não se lembra como fazer algo específico. Felizmente, não há nada que não possa ser descoberto com um pouco de exploração ou ao observar melhor a interface do jogo e seus menus. Há ainda um glossário inteiro sobre todas as mecânicas do jogo na aba de “Ajuda” no menu de opções e configurações. Se você tem qualquer dúvida ou quer relembrar de algum tutorial prévio, é só dar uma conferida por lá, mas é claro que certamente não faltarão guias para te ajudar com tudo depois que o game sair.
O mundo de Starfield
Assim que você inicia sua aventura em Starfield, é quase impossível não se sentir deslumbrado pelo mundo criado pela Bethesda. A direção artística desse jogo é fantástica de início ao fim, sendo muito difícil de não querer parar uma missão ou exploração no meio só para abrir o modo foto e capturar várias imagens diferentes de um momento bonito. O nível de atenção e detalhe colocado em cada cenário que você explora é absurdo.
"É quase impossível não se sentir deslumbrado pelo mundo criado pela Bethesda."
Há algumas cidades principais, como Nova Atlântida, Neon, Cydonia e Akila, outras colônias menores e algumas estações espaciais ao redor da galáxia. Cada uma tem sua própria personalidade que condiz com a história daquele local, o que você descobre ao explorar e conversar com os habitantes. Neon, por exemplo, é uma cidade do pecado onde drogas são permitidas e tudo é comandado por um único empresário, então sua estrutura e arquitetura são mais fechadas e dominadas por luzes fortes e convidativas.
As cidades de Starfield conseguem ser ainda mais incríveis do que eu imaginavaFonte: Starfield/Reprodução
Já Nova Atlântida é um local vasto, cheio de lojas enormes e um ar de riqueza, mas que esconde os moradores mais pobres numa área subterrânea chamada de “O Poço”. Akila é uma das primeiras colônias de antigos moradores da Terra, que começou pequena e foi aumentando organicamente ao longo dos anos, dando aquela sensação de corredores estreitos e vários anexos construídos às pressas.
Isso se estende para as lojas e outros locais fechados, sendo que você pode interagir com praticamente todos. Se ver qualquer estrutura com uma porta acessível, as chances são que você consegue entrar lá. As partes internas dos estabelecimentos são ainda mais detalhadas, com objetos que fazem sentido com os locais, diversos posters, anotações, bilhetes e até mesmo easter eggs de outros jogos da Bethesda. Não sei contar pra vocês o número de vezes que só fiquei olhando esses cenários e procurando por objetos bonitos para usar de decoração na minha nave, o que vale especialmente para todos os bichinhos de pelúcia que Starfield possui.
Pra mim, isso resume um pouco de como é explorar o resto do jogo, especialmente o conteúdo feito manualmente pelos desenvolvedores. Junte isso com a beleza natural de outros sistemas solares, viagens no meio do espaço e belíssima trilha sonora e se torna impossível de não se sentir totalmente absorto no mundo de Starfield.
Exploração
Partindo para um dos temas que mais gera curiosidade sobre Starfield, é claro que temos que falar da exploração, tanto espacial como terrestre. Como já havia sido divulgado anteriormente pela Bethesda, você escolhe o sistema solar para o qual quer viajar e pode pousar em qualquer um de seus planetas e luas, desde que eles tenham uma superfície sólida. No espaço, as viagens de um sistema para outro ou de um planeta para outro funcionam de forma automática, ou seja, você clica onde quer ir e há uma curta tela de carregamento (que pode até ser em forma de cutscene) para levar até lá. Se continuar em órbita do planeta, você pode ter interações com outras naves e estações espaciais, além da possibilidade de entrar em combate ou viajar para outro local dali mesmo.
Explorar os planetas pode ser algo repetitivo ou totalmente surpreendenteFonte: Starfield/Reprodução
Não é possível navegar de forma manual entre planetas ou sistemas, assim como não dá para pousar manualmente em um planeta. Você pode selecionar qualquer parte sólida do planeta ou lua para fazer o pouso e o jogo te leva até lá, gerando uma área em torno da nave na qual você pode explorar a pé. Esse conceito também tinha sido explicado previamente pela Bethesda, mas vale a pena mencionar aqui para aqueles que ainda não sabiam. Desta forma, o jogo é como um meio termo entre No Man’s Sky e Mass Effect, algo que achei que fez bastante sentido devido a natureza focada tanto em quests como em exploração de Starfield.
Em terra firme, a exploração com certeza será um assunto controverso para diferentes tipos de jogadores. Como também já sabíamos, não há nenhum tipo de veículo terrestre para uma locomoção mais rápida, então você conta apenas com as suas pernas e fôlego ou com a mochila propulsora que pode adquirir desde o começo, mas que requer um ponto na habilidade na seção de skills do jogo. É possível gastar até 4 pontos nessa habilidade de “Treinamento da Mochila Propulsora” para deixar seu uso ainda melhor, além do fato de que existem mochilas focadas em saltos, focadas em potência alta para locais de gravidade baixa ou focadas em uma experiência equilibrada.
"Em terra firme, a exploração com certeza será um assunto controverso para diferentes tipos de jogadores."
Como existe uma área limitada ao redor da sua nave para a exploração terrestre, onde são gerados pontos de interesse, atividades aleatórias, recursos inorgânicos, fauna, flora e até quests, faz sentido que tenham optado pela caminhada em vez de uma navegação motorizada. Na minha experiência, eu fiquei sempre tão focada em escanear os recursos do planeta, explorar as estruturas presentes, fazer missões, observar o local e roubar as naves que pousavam perto de mim que nunca cheguei perto do limite da área gerada ao redor da nave de forma natural. Para isso, teria que andar sem parar em linha reta por mais de 10 minutos a partir da sua nave, o que foi bem tedioso de fazer mesmo só no teste para checar esse limite.
Entendo que esse limite possa ser uma decepção para aqueles que queriam dar uma volta inteira no planeta à pé de uma só vez, embora isso não seja nada prático. A verdade é que por ter conteúdo gerado proceduralmente, você só veria mais do mesmo ao continuar andando, sejam animais, plantas, minérios ou estruturas artificiais e naturais, assim como também acontece em No Man’s Sky. O que geralmente acontece é que você explora o suficiente de uma área do planeta para então querer ver uma parte oposta dele ou se sente pronto para partir em outra aventura.
O que não faltam são momentos lindos em StarfieldFonte: Starfield/Reprodução
O que realmente deveria ser alterado sem falta é o mapa das cidades e colônias que você visita, ou melhor, a completa falta deles, já que o game conta apenas com um mapa de superfície dos planetas com alguns marcadores de viagem rápida. O problema disso é que cidades grandes se tornam em verdadeiros labirintos quando não há mapas indicando onde pode encontrar uma loja ou estabelecimento específico. Como a Bethesda sempre inclui mapas para as cidades de seus jogos, não entendi o motivo de Starfield ter tido essa exceção.
Vale dizer que quanto mais você visita e transita nessas cidades, mais familiarizado ficará, além do fato de que há algumas placas para ajudar a encontrar certos distritos. O problema é que você nunca fica em um único lugar por muito tempo, já que as missões sempre te levam para planetas, cidades e colônias distantes umas das outras. Desta forma, é bem fácil de esquecer onde era o prédio da Autoridade Comercial de uma das cidades quando precisa vender itens roubados ou contrabando. Isso pode te levar a ficar rondando as ruas até encontrar o local certo, o que não chega a ser um problema seríssimo, mas é bem chato quando você tá com pressa ou quando só precisa resolver algo muito simples.
Felizmente, o sistema de viagem rápida funciona bem para ir de um planeta a outro ou de um distrito de cidade a outro sem ter que sequer entrar na sua nave. Isso diminui bastante a quantidade de telas de carregamento, que felizmente são extremamente rápidas quando você instala o jogo em um SSD conforme a Bethesda recomenda.
Planetas
Agora que já falamos bastante sobre exploração no geral, quero focar nos planetas de Starfield. Como o próprio Todd Howard havia afirmado antes, há mais de mil planetas a serem descobertos e cerca de 10% deles contam com algum tipo de vida nativa. Nesse sentido, imagino que por Starfield se passar na nossa galáxia, o foco tenha sido em ser mais realista com a abordagem dos planetas. Considere que em nosso sistema solar, apenas a Terra possui condições ideais para que a vida não só pudesse surgir, mas também florescer por tantas gerações. Já os outros planetas são quentes demais, frios demais, não têm atmosferas ideais para nossa sobrevivência ou não possuem superfície sólida em volta de seu núcleo, apenas gás, como é o caso de Saturno e Netuno, por exemplo.
Os sistemas solares apresentados em Starfield também são assim. Há planetas dos seguintes tipos: rocha, gelo, estéril, gigante gasoso e gigante de gelo. Todos eles apresentam diferentes tipos de gravidade, temperatura, atmosfera e magnetosfera. Enquanto isso, alguns deles podem conter fauna, flora, recursos inorgânicos e certos atributos, mas isso tudo depende das combinações de fatores que acabamos de mencionar. Caso um planeta seja do tipo estéril, não espere encontrar vida por lá, mas se ele tiver água, uma temperatura razoável ou uma atmosfera propícia, é bem provável que alguma forma de fauna ou flora tenha se desenvolvido.
Encontrar planetas com vida é sempre algo interessanteFonte: Starfield/Reprodução
Felizmente, quase todos esses dados são mostrados quando você clica nos planetas, sem necessariamente ter que visitá-los para descobrir. Por isso, não precisa viajar e pousar em um planeta só para saber se ele tem vida ou qual a sua gravidade, por exemplo. Só é necessário escaneá-lo (o que pode ser feito direto de sua nave) se quiser descobrir quais recursos ele possui, qual sua magnetosfera e se há algum atributo especial. Isso já poupa bastante tempo se estiver procurando por mundos específicos em sua jornada, mas requer algumas viagens extras se sua busca for por recursos como minérios.
O interessante é que com as condições de vida variáveis dos planetas, você acaba encontrando bichos bem diferentes dependendo do lugar. É claro que eles podem se repetir ou podem aparecer de forma similar em outros mundos, mas eu encontrei muito mais variedade do que esperava em minhas aventuras. De acordo com as estatísticas do jogo, eu analisei 107 criaturas únicas no game, sendo que visitei 106 planetas e, obviamente, não eram todos que possuíam vida. Eu vi criaturas enormes parecidas com dinossauros, mariposas amigáveis, bichos com pele translúcida, uma lula terrestre com um cérebro externo e até insetos pequeninos se escondendo na grama.
O comportamento deles também varia bastante, podendo ser totalmente pacíficos, defensivos, territoriais ou agressivos logo de cara. Você pode descobrir isso analisando diversas espécies com seu leitor portátil ou ao simplesmente correr pra cima do bicho e ver o que ele faz. Os pacíficos vão só te olhar, enquanto os defensivos vão te dar um aviso bem sonoro antes de atacarem. Já os territoriais e agressivos não vão pensar duas vezes antes de tentar arrancar a sua cabeça.
No geral, além de deixarem o cenário mais bonito ou de prover lutas interessantes, a fauna local serve o mesmo propósito da flora e dos minérios: fornecer recursos importantes para construir objetos, itens consumíveis, estruturas ou para aprimorar e customizar seu equipamento e armas. Você consegue ver o que os bichos e a flora podem te dar ao realizar a análise com o leitor, então não precisa matar ou colher tudo o que vê pela frente só para descobrir. Já os minérios são auto-explicativos, se você precisa de ferro, titânio e platina, é só ir até um planeta com esses recursos e usar a ferramenta de mineração neles.
Não é só de exploração que Starfield vive, também dá pra sair atirando em tudo o que vêFonte: Starfield/Reprodução
Em contrapartida, você pode criar entrepostos para coletar tudo por você ou só encontrar um vendedor que tenha os recursos que precisa em estoque e comprá-los. Para ser bem sincera, foi isso que eu fiz especialmente do meio para o final do jogo, já que só queria agilizar minhas pesquisas e construções sem ter que ficar caçando coisas em vários planetas como tinha feito nas primeiras horas. É muito prático ter essa alternativa disponível desde o começo, especialmente se a busca por recursos não for algo que você curta muito em jogos.
Algo muito interessante a se notar é que muitos dos planetas que não são totalmente estéreis ou feitos de gelo podem ter vários biomas em regiões diferentes. Em certas partes, você pode encontrar florestas, praias e pântanos, enquanto em outras regiões dá para descobrir terrenos vulcânicos, desertos, montanhas gélidas e muito mais. O legal é que certos tipos de fauna e flora podem se encontrar em um bioma e não em outro, algo que te incentiva a viajar para outros locais do mesmo planeta se quiser analisá-lo por completo.
Estruturas
Há diversos tipos de estruturas que você pode encontrar nos planetas que visita, sejam eles laboratórios, cemitérios de mechas, minas abandonadas, torres de comunicação, fazendas e entrepostos de todos os tipos, só para citar alguns. Esses lugares são gerados proceduralmente tanto quando você escaneia um planeta como quando pousa nele. Por esse motivo, pode ser divertido de explorá-los nas primeiras vezes que encontrar cada tipo diferente, mas depois é uma atividade que vai se tornar repetitiva.
Em alguns casos, o layout interno de certas estruturas vai ser bem similar a de outras que você visitou previamente, até no posicionamento de corpos e objetos. O mesmo acontece com missões encontradas nesses locais, que se assemelham muito ao sistema das “Radiant Quests” de Skyrim e Fallout 4. Basicamente, o jogo gera quests similares infinitamente para aqueles que querem continuar realizando atividades no game mesmo após o fim do conteúdo feito manualmente pelos desenvolvedores.
Os locais procedurais ficam em segundo plano quando você descobre lugares lindos criados manualmenteFonte: Starfield/Reprodução
Acredito que esse sistema vai ser bem divisivo na base de jogadores. De um lado, podemos argumentar que o game poderia ter menos sistemas e planetas para que pudesse ter mais conteúdo feito à mão espalhados em diversos locais, assim como menos estruturas geradas proceduralmente, evitando a sua repetição. Isso aumentaria as possibilidades de encontrar algo legal ou surpreendente, te motivando a explorar mais sem achar que vai encontrar mais de algo que já viu antes.
Por outro lado, também dá para argumentar que a intenção da Bethesda era capturar a imensidão do que é viajar pelo espaço, que ao mesmo tempo é cheio e vazio, em vez de só encher vários planetas com muita coisa. Pra mim, isso tornou a experiência de achar algo diferente em um momento muito mais especial do que se ocorresse em uma frequência maior e passou a sensação de realmente estar explorando uma galáxia que ainda estava sendo colonizada aos poucos pelos humanos.
Embora eu tenha gostado desse esquema mais realista, naturalmente parei de explorar os locais procedurais depois de já ter visto vários deles e passei a me concentrar em outros elementos que o jogo oferece, além de passar mais tempo analisando os planetas em si em vez de ir atrás dessas estruturas. Acredito que essa é mais ou menos a mesma abordagem que a maioria das pessoas terão com Starfield, afinal, tem tanto conteúdo para ver e explorar, que a parte procedural acaba ficando de lado na lista de prioridades.
Naves
Seria quase impossível falar sobre um jogo espacial e não ter uma seção nessa análise apenas para as suas naves. Você recebe sua primeira nave nos primeiros 20 minutos de jogo, logo após a curta parte introdutória onde você aprende o básico, cria seu personagem e passa pelo primeiro ponto da história principal. Há um rápido tutorial de como navegá-la, como viajar para sistemas e planetas, como colocar energia em diferentes módulos afeta seu funcionamento e como se comportar em combate.
Depois disso, você está livre para fazer o que quiser com a nave, o que inclui aprimorá-la ou remontá-la por completo com partes e peças novas. É claro que isso custa bastante dinheiro e muitos testes para saber o que funciona, já que o jogo não te diz necessariamente o que é obrigatório ou não durante a montagem. Ainda assim, ele exibe mensagens dizendo o que está errado na sua configuração, indicando o que precisa ser alterado. A nossa dica é que não tente mexer nisso até ter juntado uma boa quantia de créditos e até ter um tempo sobrando para realmente entender como montar as naves apropriadamente.
Quando você passa horas montando suas naves, fica orgulhoso até demais delasFonte: Starfield/Reprodução
Essencialmente, o que precisa saber é que há três tipos de espaçonaves: a de classe A, B e C. As da classe A apresentam baixo poder de fogo e alta mobilidade, as da classe B contam com poder de fogo e mobilidade moderados e a classe C tem alto poder de fogo e baixa mobilidade. Tudo isso é definido por um componente obrigatório de toda nave, o reator que provê energia para todas as outras peças. Isso significa que você só pode instalar peças de classe igual ou inferior à classe do seu reator, ou seja, se tiver um reator classe C, componentes de todas as outras classes podem ser instalados. Se tiver um reator classe B, só peças da classe B e A podem ser instaladas. No caso do reator classe A, o mais fraquinho, apenas componentes dessa classe podem ser usados.
O sistema pode ser bem confuso no início, especialmente se você não tem alguns pontos de habilidade distribuídos na categoria “Técnica”, como Pilotagem e Design de Naves. Essas duas skills te ajudam a pilotar naves de classes mais avançadas e a ter acesso a componentes melhores e mais potentes, respectivamente. Isso já resolve muitos dos problemas de excesso de massa que você provavelmente vai encontrar quando estiver montando uma nave mais elaborada ou espaçosa. Fora isso, há outros elementos importantes que aprenderá enquanto realiza suas próprias montagens, como a necessidade do acoplador ficar em uma parte externa e acessível para conseguir se acoplar a outras naves e estações espaciais, por exemplo.
Como eu falei antes, é algo que requer mais tempo e atenção, senão tudo pode parecer uma bola de neve de problemas que você não sabe resolver logo de início. Mas saber sobre as classes das peças, sobre equilibrar a massa total com motores potentes e a aplicação de pontos de habilidades nas skills que mencionei já deve te ajudar bastante nisso. Na minha experiência, mexer com naves foi algo extremamente divertido e eu gastei horas e mais de meio milhão de créditos só refazendo e remontando as minhas, algo que nem imaginei que faria com qualquer frequência antes de começar a jogar Starfield.
É possível modificar suas naves em cidades grandes ou pequenas, bastante ter um técnico por pertoFonte: Starfield/Reprodução
Felizmente, isso não é algo obrigatório e você nunca precisa passar tempo mexendo nesse sistema para ter naves melhores, com mais espaço de carga ou com um alcance maior de anos luz. Além da sua nave inicial, a Frontier, você pode ganhar outras naves ao realizar algumas missões de certas facções ou até ao ajudar membros da Constelação. Fora isso, você pode simplesmente roubar qualquer nave na qual consiga entrar. É bem comum que piratas ou pessoas comuns pousem nos planetas em que você se encontra, te dando a oportunidade de levar a nave embora sutilmente ou depois de uma boa briga.
Dá para ver e ouvir a nave chegando na sua região, então é só ir até ela e tentar sua sorte. Vale dizer que algumas naves estão trancadas, precisando ser hackeadas, enquanto outras são inacessíveis por serem fixas do local ou por fazerem parte de alguma quest ou trama disponível ali por perto. Se não ficar contente com a nave que roubou, pode simplesmente vendê-la em qualquer espaçoporto de alguma cidade ou colônia que encontrar.
Construção/decoração de bases e casas
Assim como em Fallout e The Elder Scrolls, você também pode ter sua própria casa ou base em Starfield. As casas podem ser compradas em cidades grandes, como Nova Atlântida, Neon e Akilla e decoradas com móveis, bancadas e itens diversos que você constrói com os recursos coletados ou comprados em vários planetas. Algumas casas estão disponíveis desde início, bastando encontrar o NPC responsável pela venda, enquanto outras precisam ser desbloqueadas com alguma quest. Há ainda casas que são presenteadas ao zerar uma linha de missões mais longa e uma casa que você consegue desde o início do jogo se escolher o atributo “Casa dos Sonhos” ao criar o seu personagem.
Para montar sua base, ou entrepostos, como são chamados neste game, você precisa usar seu leitor portátil e apertar a tecla R no teclado ou o botão X no controle do Xbox. Isso abre o menu de construção para criar estruturas, extratores, geradores de energia, robôs, defesas, móveis, decoração, bancadas de fabricação e muito mais. Tudo custa recursos para ser criado, o que nos leva para o principal uso desses entrepostos, que é extrair e coletar recursos por você.
Se encontrar um planeta que goste, dá para montar sua base ali mesmoFonte: Starfield/Reprodução
Basta encontrar os planetas com os recursos que percebe que mais precisa e criar seus extratores por lá. Feito isso, você pode construir um contêiner para facilitar a transferência de recursos adquiridos no entreposto para a sua nave, além de ter como criar um vínculo de carga para estabelecer uma conexão entre dois entrepostos ou vínculo de saída para automatizar o armazenamento ou transferência de recursos de um contêiner para outro. Basicamente, você pode fazer construções mais complexas para agilizar sua vida e não ter que ficar viajando de entreposto em entreposto só para buscar seus recursos toda hora.
Se colocar pontos nas habilidades relacionadas à entrepostos e produção de recursos orgânicos, você pode criar módulos mais avançados, ganhar direito a construir ainda mais postos e a possibilidade de construí-los em planetas com temperaturas extremas. Tudo isso serve para tornar os postos mais eficientes e úteis. Assim como outras mecânicas no jogo, é tudo opcional, então você não precisa construir um entreposto sequer durante sua jornada. Esse sistema é mais voltado para quem quer construir bases personalizadas ou para quem precisa coletar muitos recursos para uso próprio ou para cumprir missões secundárias que pedem por tais recursos. Então, se não quiser, pode deixar tudo de lado e aproveitar as partes de Starfield que realmente curte.
Equipamento
Tem uma coisa que eu preciso confessar. Eu sou uma acumuladora em série de itens e equipamentos que nunca uso nos jogos da Bethesda. O problema é que Starfield tem muitos mais itens do que você imagina. Todos os cenários são extremamente detalhados, como eu já mencionei, e todos são cheios de objetos em todo lugar. Logo você aprende a pegar apenas o que pode ser útil, como armas, trajes espaciais, mochilas propulsoras, itens de cura e recursos, mas a tentação de pegar uma decoração para sua nave é sempre gigante.
Felizmente, você pode aumentar a capacidade de carga da sua nave com facilidade (uma das minhas atuais tem 6 toneladas de capacidade disponível, por exemplo). Também dá para armazenar itens no seu quarto na guarita da Constelação sem limite de peso e ainda pode aumentar a capacidade do seu personagem ao investir pontos na habilidade “Levantamento de Peso” ou ao modificar seu equipamento para permitir uma carga maior. Além disso, cada um dos seus companheiros pode carregar até 150 quilos para você individualmente.
Dito isso, aproveite e pegue todos os equipamentos e armas que ver no chão, já que dá para achar muita coisa boa e com vantagens extras desta forma. Você até pode comprar esses itens se quiser algo específico logo de cara, mas eu não recomendo porque o preço é sempre muito alto e o equipamento pode ficar defasado pouco depois. Já aquilo que não for mais usar, dá para vender em qualquer loja que aceite a mercadoria. Se quiser deixar seu traje, mochila, capacete e armas ainda melhores, há como usar bancadas específicas para modificá-las como preferir.
É possível encontrar equipamentos melhores em qualquer lugar, então vale a pena explorarFonte: Starfield/Reprodução
É possível colocar entre 3 e 7 mods diferentes dependendo da peça que quiser alterar e você ganha mais opções de modificações se investir pontos nas habilidades de “Design de Traje Espacial”, “Engenharia de Armas” e “Projetos Especiais”. Feito isso, basta ir em uma bancada de pesquisa para fornecer recursos e aprender sobre designs novos e eles estarão disponíveis nas bancadas de fabricação correspondentes. Como você realmente encontra muita coisa boa pelo cenário, essas modificações podem ser totalmente ignoradas se preferir gastar seu tempo e seus pontos com outras coisas.
Pessoalmente, eu gostei bastante de ter essa alternativa de customização, ainda mais para melhorar trajes e armas legais que não tinham muitas vantagens naturalmente. O combate do jogo pode não ser muito desafiador, mas eu senti que as melhorias agilizavam algumas lutas mais longas e ainda facilitaram o estilo de jogo que eu prefiro, usando apenas pistolas ou armas brancas.
Trama principal
Uma das grandes piadas na comunidade de fãs da Bethesda é que ninguém nunca faz as quests da trama principal dos jogos deles pela grande quantidade de outras coisas mais interessantes que podem ser realizadas no meio tempo, mas espero que isso seja bem diferente quando vocês jogarem Starfield. No começo, também foi difícil me concentrar na primeira leva de missões, já que tinha tanto à minha volta, mas logo os mistérios do universo me cativaram de vez.
Você inicia sua jornada como minerador no seu primeiro dia de trabalho em uma nova empresa, quando de repente encontra um artefato misterioso que te faz ter visões estranhas. Logo em seguida, Barret, um membro da facção de exploradores espaciais conhecida como Constelação, vem te buscar e pede que leve o tal artefato até a guarita deles na cidade de Nova Atlântida. Além de Barret, também conhecemos os outros membros da facção por lá, sendo eles os meus queridos Vasco, Sam e sua filha Cora, Sarah, Andreja, Vladimir, Walter, Matteo e Noel.
Não deixe a trama principal te impedir de jogar vôlei com os membros da ConstelaçãoFonte: Starfield/Reprodução
Enquanto Walter, Vladimir, Noel e Matteo ficam quase sempre na guarita ou em uma estação espacial capaz de encontrar mais artefatos, os outros podem viajar com você na maior parte do tempo. Podem ficar tranquilos que vou detalhar o esquema de companheiros depois, já que agora vamos focar mais na história. Pelo o que nos contam, a Constelação quer desvendar os segredos do universo e seus membros acreditam que os artefatos podem ser a chave de algum mistério.
Com isso, nós saímos em busca de mais artefatos, o que pode tornar as primeiras missões principais meio lentas, mas isso muda logo logo. Eu não posso revelar muito além disso justamente porque Starfield tem alguns segredos, revelações e reviravoltas muito boas e surpreendentes. O que eu posso te dizer é, se puder, faça as coisas sem pressa. Faça amizade com seus companheiros da Constelação, faça todas quests das 4 outras facções presentes no jogo e explore bastante enquanto também avança na história principal do título.
"Starfield realmente tem um final e conta até mesmo com um New Game+"
Isso com certeza vai trazer uma satisfação muito maior quando finalmente zerar o game, já que diferente de algo como Oblivion e Skyrim, Starfield realmente tem um final e conta até mesmo com um New Game+. É claro que você ainda terá seus dados salvos antigos, mas eu até recomendo fazer um save especial logo antes de terminar a última missão só para poder continuar jogando na sua partida original e ainda ter a facilidade de zerar o jogo a qualquer momento depois.
Sem ter como falar mais sobre o assunto para evitar spoilers, só afirmo que amei a trama, fiquei realmente surpresa em muitos momentos e até me emocionei com certos acontecimentos. Com certeza, foi a história principal que mais me conquistou de todos os jogos da Bethesda e espero que você também possa aproveitá-la tanto quanto eu.
Equipe e companheiros
Em Starfield, você pode montar uma grande equipe para te acompanhar em quests, para fazer parte da tripulação da sua nave ou para cuidar dos entrepostos que você criar em diferentes planetas. Conforme mencionamos, dentre os membros da Constelação, 5 deles estarão ao seu dispor para qualquer uma dessas tarefas, mas ocasionalmente estarão ocupados por conta da quest principal. Fora eles, existem alguns personagens de outras missões importantes que você pode encontrar e, se quiser, recrutar de graça para as mesmas atividades. Se precisar de ainda mais pessoas, há NPCs disponíveis para recrutamento em todas as cidades, desde que você pague uma quantia única em créditos à vista.
Cada personagem possui diferentes habilidades que podem te dar benefícios dependendo de onde eles estão. O nosso querido robô Vasco tem habilidades em Sistema de Armas de Energia e Sistemas de Escudo, o que significa que nossas armas de energia são mais eficazes e que temos mais capacidade de escudo em nossa nave quando ele está designado para ela como parte da tripulação. O segredo é ficar de olho nessas habilidades e designar as pessoas certas para os pontos que façam mais sentido. Você não vai precisar de alguém com habilidades voltadas apenas para naves para cuidar de um entreposto onde está cultivando recursos orgânicos, por exemplo.
O mesmo vale para os personagens que servem de companhia ao nosso lado, já que é bem útil quando eles possuem habilidades sociais, físicas, furtivas ou com o uso de armas. Ainda assim, eu recomendo muito mais ter os membros da Constelação tanto como parte da sua tripulação quanto como seus companheiros ocasionais em missões, já que cada um deles possui um sistema de moralidade definido e podem julgar suas ações de acordo com isso, seja aprovando ou desaprovando, o que é sempre divertido de ver.
Quanto mais tempo passar com eles e quanto mais suas ações os agradarem, mais eles vão se abrir com você para contar detalhes sobre o passado e vida pessoal. Eventualmente, você poderá realizar missões pessoais (que são muito boas, por sinal) para Barret, Sam, Andreja e Sarah, criando não só uma amizade, mas uma verdadeira aliança com eles, que pode inclusive se tornar em romance. Mas não se preocupe, dá para terminar esse relacionamento se perceber que gosta mais de outro membro da facção, só não espere que seu ex vá te tratar bem depois de ser trocado.
Quests e NPCs
O que seria de um jogo da Bethesda sem suas características missões e facções? Em Starfield, esse é um dos fatores que mais faz o jogo brilhar. Já mencionamos a trama principal, mas não posso deixar de mencionar o quão boas e divertidas são as quests das 4 facções do game: a União das Colônias, a Confederação Freestar, a Frota Escarlate e as Indústrias Ryujin. Não quero dar spoilers sobre nenhuma delas, mas você pode tratar cada uma como uma trama especial, cheia de reviravoltas e escolhas bem difíceis. Ainda há recompensas especiais depois que você termina essas linhas de quests e alguns bônus interessantes lá pro final do jogo. Por isso, vou frisar de novo: não importa o que faça, termine todas essas facções antes de zerar o jogo. Vale muito a pena.
Além dessas facções, você ainda conta com dezenas e dezenas de missões secundárias que pode encontrar em todo canto de Starfield. Seja falando com um NPC, lendo um códice encontrado no chão ou até bisbilhotando a conversa de alguém, você encontrará missões de todas as formas possíveis. O divertido é que há quests de todos os tipos: curtas, longas, bobinhas, bizarras, super sérias ou até com questões filosóficas. Exatamente no estilo que a Bethesda sabe fazer muito bem.
Algumas das missões mais divertidas, inclusive, foram encontradas de forma aleatória enquanto pulava de sistema em sistema. Às vezes eu encontrava uma nave flutuando sem sinal de vida ou outras vezes recebia um chamado de ajuda vindo de um planeta pelo qual estava passando. Quando percebia, já estava envolvida numa situação de puro terror ou de conflitos morais. Uma boa dica, inclusive, é que ao pegar uma missão, dá para ir pro registro de quests no menu e apertar um único botão para viajar rapidamente para o local onde precisa ir. Sem a necessidade de entrar em nave, procurar o sistema, clicar no planeta e pousar no marcador mais próximo da missão.
As quests de Starfield te levarão para lugares que você nem imaginaFonte: Starfield/Reprodução
Focando um pouco nos NPCs, quero frisar que você pode conversar com qualquer um que tenha nome. Eles nem sempre te dão missões, mas geralmente dá para ter uma conversa sobre um assunto pessoal, sobre algo envolvendo o lore do jogo ou até uma surpresa inesperada. Um bom exemplo é que alguns NPCs podem pedir conselhos do que fazer, sendo que você diz o que acha e segue sua vida. Algum tempo depois, dá para reencontrar o mesmo NPC, que pode ter seguido seu conselho e você vê no que isso resultou. Dependendo da situação, você continua encontrando esses NPCs e o evento também vai escalando. Pode parecer bobagem para alguns, mas achei que isso deixou o mundo mais vivo e com a sensação de alguma mudança, mesmo que pequena.
"As animações faciais e corporais dos personagens ainda parecem meio engessadas, assim como em outros games da Bethesda"
Algo que também preciso comentar é que as animações faciais e corporais dos personagens ainda parecem meio engessadas, assim como em outros games da Bethesda. Isso não chegou a me incomodar porque eu estou acostumada com esse estilo de outros títulos deles, mas acho que é um ponto que já poderia ter tido um aprimoramento por parte do estúdio, até para fazer jus à maravilhosa dublagem que o jogo possui. Sejam personagens que aparecem uma vez ou que estão conosco o tempo todo, a atuação do jogo é primorosa. Talvez um detalhe que nem todo mundo ligue, mas que eu gostei, é que eu não consegui identificar vozes repetidas da mesma forma que acontecia em Fallout e Elder Scrolls. É claro que alguns dubladores devem ter feito várias vozes diferentes, mas não deu para reconhecer isso durante minhas horas com o jogo.
Habilidades
Eu já devo ter mencionado a árvore de habilidades muitas vezes nessa análise, mas agora é hora de falar sobre isso com mais detalhes, até porque é um sistema muito interessante em Starfield. Resumidamente, você tem 5 categorias diferentes de habilidades, que se dividem no seguinte:
- Físico: habilidades que aumentam seu combate corpo a corpo, peso máxima que pode carregar, sua furtividade, vida máxima, resistências, etc;
- Social: habilidades que aumentam suas chances de persuasão, intimidação, manipulação, barganha, liderança, etc;
- Combate: habilidades que aumentam sua eficácia e dano com diferentes tipos de armas e estilos de combate;
- Ciência: habilidades que aprimoram suas varreduras planetárias, suas pesquisas, criação de itens, construção de entrepostos, etc;
- Técnico: habilidades que permitem o uso de mochilas propulsoras, melhorias no uso da nave, módulos mais avançados para a nave, etc.
Você ganha um ponto de habilidade toda vez que recebe experiência suficiente para seu personagem subir de nível. Cada vez que você usa um ponto em uma habilidade nova, você desbloquea o seu primeiro nível, que oferece a vantagem mais básica daquela skill. Todas as habilidades possuem 4 níveis no total, mas não basta só escolher onde quer distribuir seus pontos. Para desbloquear o nível seguinte da habilidade que quiser, você precisará cumprir desafios que tenham algo a ver com aquela skill.
Por exemplo, para ir para o segundo nível de Furtividade, você precisa realizar um número específico de ataques surpresa, ou seja, escondido e com uma arma silenciada. Eu achei isso bem divertido porque faz você realmente usar as habilidades nas quais investiu de maneira bem prática. Assim, há uma sensação maior de progressão e de que você realmente está melhorando seu uso naquela habilidade, por mais bobo que possa soar quando eu explico dessa forma.
Habilidaes variadas te permitem um aprofundamento em diferentes mecânicas do gameFonte: Starfield/Reprodução
Para chegar nas skills mais avançadas dessa árvore, é necessário um gasto prévio de pontos em habilidades anteriores. Então, é preciso gastar um total de 4 pontos para chegar no segundo grau de habilidades, 8 pontos para o terceiro grau e 12 pontos para alcançar o último grau de skills. Esse esquema também funciona muito bem no geral, mas eu ainda mudaria alguns elementos, como o fuzil ficar no segundo grau de skills quando poderia estar no primeiro para os jogadores que querem se especializar nesse tipo de arma desde o início. Ainda assim, é algo muito pequeno e que dá para contornar facilmente.
Algo que achei muito difícil foi me concentrar em apenas uma das árvores para me especializar em algo, já que há skills boas e muito úteis em todas as categorias. Até por isso, dou a dica de não se preocupar tanto com isso e usar seus pontos no que for melhor para você naquele momento. Fora isso, dá para ganhar muita experiência realizando qualquer tipo de atividade no jogo, seja em combate, exploração ou fazendo quests. Já aviso que as missões são as que mais dão XP, então fica aí o incentivo para ajudar todo mundo que encontrar em seu caminho.
Trilha sonora
Se tem algo que nunca dá para reclamar dos jogos da Bethesda é a trilha sonora. Jogo após jogo, eles sempre acertam nas músicas escolhidas ou na composição de peças originais para suas obras. Em Starfield, isso não é diferente, como tinha dado para perceber só com os trechos já revelados em trailers e apresentações de orquestra. No game em si, a trilha se mistura perfeitamente com o cenário em que você se encontra e com as atividades ou ações que está exercendo. Seja para tornar as batalhas ainda mais frenéticas, para te deixar tenso em naves onde a tripulação está morta e ainda há um bicho desconhecido à solta, para tornar um amanhecer ainda mais bonito ou simplesmente para ambientar cidades com sua personalidade única.
De muitas formas, a trilha realmente nos passa a sensação de estar em uma aventura grandiosa a todo momento. Se o tema principal captura com maestria o conceito de viagem espacial e exploração, as outras músicas ampliam todas as diferentes nuances que Starfield traz aos seus jogadores. Sem dúvidas, é a melhor trilha sonora original de um jogo com a qual me deparo há um bom tempo.
Performance
Como mencionei antes, eu joguei a versão de PC de Starfield, então não tenho como comentar diretamente sobre a performance do game no Xbox Series X ou Series S. O que posso dizer é que, tendo jogado em um PC com uma placa de vídeo mais fraca do que a recomendada para esse título, no caso uma GTX 1660 em vez de uma 1070 Ti, ainda tive uma performance muito boa com as configurações no médio. Nos meus testes, o jogo ficou estável acima dos 40 fps em locais mais calmos e acima dos 30 fps em locais muito populosos.
Além disso, o visual do jogo sempre continuou muito bonito com a escala de resolução em 80 e com a opção FSR ativa, o que permite deixar a resolução menor, enquanto o game faz o upscalling para mostrar uma imagem similar à nativa sem perder performance. Pode não parecer muito impressionante, mas lembrem-se que estou falando de uma placa de vídeo de entrada que saiu há 4 anos e que está abaixo do mínimo recomendado pela Bethesda. Já sabemos que placas mais potentes darão conta do recado e terão uma performance muito melhor que isso, mas eu acho que é um bom sinal que até uma peça mais antiga e defasada consiga rodar Starfield sem problemas nas configurações médias.
Bugs
Quando se trata de jogos da Bethesda, que geralmente são bem vastos e cheios de possibilidades, é bem comum se deparar com diversos bugs bizarros, algo que já virou meme há anos na comunidade. Com Starfield, sabemos que a equipe teve um tempo extra para cuidar especialmente disso e houve até declarações sobre esse ser o jogo com menos bugs da empresa até hoje em um lançamento. Durante as minhas duas semanas com o jogo, pude experimentá-lo em duas versões diferentes, já que uma atualização bem grande foi liberada na segunda semana.
"A falta de bugs não significa que você não verá situações engraçadas acontecendo no jogo"
Na versão inicial, eu encontrei alguns bugs bem bobos, como NPCs que ficavam sem cabelo de repente, uma falta de sincronia de áudio em 3 diálogos diferentes, inimigos que permaneciam em pé após serem eliminados ou objetos que ficavam balançando sozinhos. Os dois bugs mais sérios que encontrei foram os seguintes: um NPC que não iniciou seu diálogo automático em uma quest e o momento em que interagir com uma porta não me levava para fora da nave em que eu estava. Felizmente, os dois problemas se resolveram quando eu saí do jogo e recarreguei meu save logo depois.
Na versão atualizada, eu senti uma melhora na performance geral do game e não percebi bugs além de algum objeto tremendo no chão, então imagino que muitas coisas tenham sido consertadas já nesse update. É claro que por ser um jogo tão grandioso, é bem difícil de afirmar algo baseado só na minha vivência. A verdade é que quanto mais pessoas estiverem jogando e testando coisas diferentes, mais bugs podem ser revelados, o que é normal em algo desta escala. O que posso dizer é que a minha experiência foi bem positiva nesse quesito, especialmente após o update.
O que precisa ficar claro é que a falta de bugs não significa que você não verá situações engraçadas acontecendo no jogo. Como em outros jogos da Bethesda, pode esperar por diálogos sérios acontecendo quando um NPC está fazendo flexões no chão, por pessoas tentando te matar enquanto você tem uma conversa calma com alguém ou por ângulos estranhos quando seu companheiro não te alcançou à tempo para a cutscene de uma missão. Tenha em mente que isso não é uma reclamação da minha parte, já que sempre acho essas coisas muito divertidas e é, no mínimo, algo que gera momentos perfeitos para compartilhar com seus amigos.
Acessibilidade
A questão da acessibilidade em jogos está evoluindo ao longo dos anos, mesmo em passos bem curtos. No caso de Starfield, não temos tantas opções de acessibilidade, além de legendas, uma fonte grande, configurações de dificuldade, remapeamento de botões e alterações para o controle de mira e menus do jogo. Ainda assim, eu não sou a pessoa mais indicada para falar com profundidade sobre o assunto, então teremos um especialista em acessibilidade que também fará seu review de Starfield voltado para esse assunto em breve!
Vale a pena?
Como eu falei no início dessa análise, é difícil definir Starfield, o que deve ter ficado perceptível com um review tão extenso como esse. Valer a pena, é claro que ele vale. É um jogo muito divertido, cheio de possibilidades e que está disponível para qualquer assinante do Game Pass no Xbox, no PC e em até outros dispositivos através do xCloud. O problema mesmo é resumir tudo o que falei aqui em uma simples frase ou nota. Afinal, a experiência dele é tão aberta que pode ser totalmente diferente para você ou qualquer outra pessoa ao redor do mundo.
"O céu não é o limite para Todd Howard, mas Starfield pode oferecer experiências divisivas para os jogadores"
Claro, dá pra resumir dizendo que é um jogo de exploração espacial, no qual você pula de um sistema solar para outro em busca de planetas interessantes. Mas Starfield não é exatamente sobre isso, mas sim sobre o que acontece com você durante a sua própria experiência com ele. No meu caso, foi algo bem especial. Uma verdadeira maratona de mais de 120 horas para fazer e ver tudo possível a tempo desta análise sair no embargo. Nesse tempo, eu ri sozinha com piadas bobas do jogo, me apeguei demais aos membros da Constelação, fiquei triste com certos momentos a ponto de não querer mais jogar pelo resto da noite, fiz escolhas complicadas, encontrei planetas de tirar o fôlego, fiquei chocada com certas reviravoltas e já fiquei com saudades só de rever as imagens que capturei de cada passo dessa jornada no Modo Foto.
Não há como não ficar com saudades de um jogo tão fascinanteFonte: Starfield/Reprodução
Então é, não dá pra resumir Starfield. Talvez esse seja seu jogo dos sonhos ou talvez ele tenha tudo o que você não goste em um RPG. Talvez suas falhas nem sejam tão perceptíveis pelo modo que você joga, mas há a possibilidade delas te incomodarem muito mais do que você imagina. A verdade é que não há certo ou errado. Pra mim, a percepção foi de que quanto mais eu investia em Starfield, mais ele entregava pra mim, com o próprio Pete Hines afirmou em uma entrevista recente. De muitas formas, esse foi o meu jogo dos sonhos, como dá para perceber pela minha nota, mas só você se aventurando sozinho pelo espaço e atravessando as estrelas pra realmente desvendar esse mistério por si próprio.
Nota do Voxel: 100
Pontos positivos (prós):
- Ambientação e direção de arte belíssimas;
- Trilha sonora que amplia perfeitamente as nuances de diferentes situações do jogo;
- Uma trama principal cativante e que cresce a cada missão;
- Missões secundárias e de facções são tão boas quanto as da história principal;
- Muitos dos NPCs são carismáticos, graças ao humor característico da Bethesda e a dublagem primorosa;
- Encontrar surpresas na imensidão de uma galáxia é uma experiência ainda mais especial;
- O sistema de habilidades é bem construído e prega pelo uso prático de suas skills;
- Há inúmeros recursos de ajuda em um glossário dentro do próprio game;
- O sistema de montagem de naves é complexo, mas muito recompensador;
- Muitas mecânicas são opcionais, permitindo que o jogador foque sua experiência naquilo que mais gosta de fazer.
Pontos negativos (contras):
- Falta de minimapa para se localizar nas cidades grandes;
- Conteúdo procedural pode se tornar repetitivo após algum tempo;
- Expressões e animações faciais poderiam ser bem melhores.
Starfield foi cedido pela Bethesda para análise na versão de PC. Além de rodar no computador, o jogo também chega para Xbox Series S e X, com lançamento direto no Xbox Game Pass e suporte para nuvem.
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