Imagem de Star Wars Battlefront DICE
Imagem de Star Wars Battlefront DICE

Star Wars Battlefront DICE

Nota do Voxel
87

Star Wars Battlefront é um jogo elegante para tempos mais civilizados

 

A franquia Battlefront foi inspirada em um antigo mod para Battlefield e, desde então, conquistou e divertiu fãs a rodo durante muitos anos. Contudo, como tudo que é bom acaba um dia, a série ficou no limbo por um bom tempo, repleta de rumores, vazamentos e possíveis versões de Battlefront 3. Para a nossa surpresa, quem assumiu a responsabilidade de revivê-la foram as mentes da DICE, atuais desenvolvedores de Battlefield.

A publicidade do jogo foi recheada de dúvidas e receios. Seria só um Battlefield repaginado? Os gráficos realmente serão tão bons no lançamento? Será que vai ter downgrade? Vai manter a qualidade dos anteriores? Confira abaixo as nossas impressões do game.

A melhor jogabilidade casual desde Battlefront 2

Após um curto período de Beta e longas horas no game completo, é seguro afirmar que esse pode ser considerado um dos melhores trabalhos da DICE até hoje. Battlefront mantém o clima casual dos antigos títulos da franquia, mas adiciona uma pitada pessoal da empresa na experiência, que é extremamente balanceada.

As batalhas são simplificadas, os objetivos são bem claros e destacados, e você não precisa dominar os controles para se divertir. Em termos de rapidez de jogabilidade, vitalidade de personagens e física de movimentos e de tiros, podemos dizer que o novo título da EA está em um meio-termo entre Call of Duty e Battlefield.

Por mais que existam nove modos de jogos – com destaque ao “Ataque dos Walkers” –, grande parte deles compartilha a mesma dinâmica. Battlefront utiliza um sistema de power ups aleatórios que são espalhados pelo cenário, como granadas, bazucas, veículos e até mesmo heróis, que forçam o jogador a se movimentar pelo mapa frequentemente, evitando pontos de campers ou que eles tirem vantagem de locais especiais (os famosos exploits).

Durante as partidas online, você ganha pontos de experiência que aumentam o nível do personagem, que dão ao gamer mais opções de armas e habilidades, e moedas virtuais, que compram esses itens adicionais. Como não há classes ou armas secundárias no título, você deve usufruir dos Star Cards.

Essas cartas funcionam como poderes especiais, equipamentos secundários e perks ao mesmo tempo. Podemos utilizar três delas por mão e uma habilidade geral no personagem. Esses itens podem ser rifles de precisão, granadas e outros acessórios utilizáveis que recarregam depois do uso, um atributo especial que garante visão do mapa ou aprimora a sua arma temporariamente, ou um modificador de resistência que melhora o dano contra explosões e outras coisas, como em Call of Duty. Todos são pagos e podem ser aprimorados, sendo um dos fatores replay do jogo.

Parecido com Battlefield, mas com identidade própria

Respondendo a uma das perguntas do começo da análise, não, o game não é simplesmente um Battlefield com texturas de Star Wars. Apesar de herdar semelhanças de sua inspiração, o jogo consegue recriar com fidelidade as lutas frenéticas e épicas da série de filmes de George Lucas e também manter o mesmo clima casual da antiga série Battlefront.

É uma experiência completamente diferente dos outros títulos da DICE. Nos jogos de guerra moderna da desenvolvedora, há um verdadeiro ecossistema com microbatalhas acontecendo em cenários enormes. Exemplos: snipers devem eliminar snipers, engenheiros devem destruir e reparar veículos, médicos e suportes devem ajudar a infantaria, tanques devem dominar bases, e aviões precisam alvejar as bases.

Esses são só alguns exemplos, mas que diferem totalmente do sistema de avanço de Star Wars Battlefront. Além disso, mirar aqui é desnecessário em grande parte das vezes, pois o hip fire, ou seja, os tiros sem aproximação do botão L2 ou LT, dá conta do recado, enquanto em Battlefield isso é impossível.

Nada como ser o Darth Vader ou pilotar a Millenium Falcon

Um dos grandes diferenciais de Battlefront é a adição de veículos e personagens icônicos da série. Os heróis também, são muito divertidos e podem mudar o rumo de uma partida. Em alguns jogos, eles são mais relevantes, pois podem usufruir a cobertura avantajadas de certos mapas. No maior mapa de Hoth, por exemplo, um campeão pode ser facilmente alvejado por espaçonaves. No total, há seis deles: Luke Skywalker, Han Solo e Leia da parte dos rebeldes, e Darth Vader, Palpatine e Boba Fett no lado do Império.

Na maioria dos modos, eles podem ser selecionados ao coletar um power up que aparece no ambiente aleatoriamente, com exceção de “Caça ao Herói” ou “Heróis vs Vilões”. Apesar de haver poucos deles, todos são bem diferentes entre si – cada um deles possui três poderes especiais distintos – e apresentam uma jogabilidade mais rápida e divertida ao modo.

Além disso, a desenvolvedora recriou com muita fidelidade as aeronaves e veículos pesados de Star Wars, com um esquema de controles muito leve e suave, diferente do que ocorre com os aviões, helicópteros e tanques de Battlefield. Afinal, há coisa mais emocionante do que derrubar AT-ATs com um cabo entre as penas de um Snowspeeder.

Os caças e o Speedsters – aquelas "motos que flutuam" – contam com visão de cockpit, algo que aumenta ainda mais a imersão, apesar de ser uma perspectiva desvantajosa. E, como não poderia faltar, existe a possibilidade de controlar a Millenium Falcon e a nave de Boba Fett na modalidade “Esquadrão de Caças”.

A ressalva é que os AT-ATs – este em particular funciona como uma base móvel – e AT-STs, icônicos da série, são muito lentos e demoram para entrar na batalha, criando um início monótono e desencorajador nos mapas grandes. E, infelizmente, eles são os únicos que não contam com a visão interna da cabine.

A experiência mais imersiva do universo Star Wars

É simplesmente incrível como a DICE contextualizou o universo da série nas mecânicas. Esqueça a física de queda de balas, as classes e táticas de Battlefield. Aqui, o importante é imergir o jogador em uma experiência crível, que convença o gamer de que ele está presente no universo de Star Wars.

Apesar de não ter um modo campanha – vamos detalhar isso mais abaixo –, a sensação que tive durante as partidas extremamente rápidas e frenéticas me fez imaginar estar dentro de um dos filmes, e de uma maneira muito mais crível que diversos RPGs e títulos com histórias complexas que a franquia de ficção científica já teve.

Certamente, é uma imersão diferente da de um game com campanha e narrativa elaborada. Contudo, isso não quer dizer que você não possa se imaginar dentro do universo de Star Wars como um soldado, seja ele um rebelde ou um soldado do Império. Para criar esse nível de qualidade, a desenvolvedora utilizou duas estratégias cruciais: muita atenção aos detalhes e uma das melhores experiências audiovisuais da oitava geração.

A DICE recriou os cockpits das espaçonaves, possibilitou que o jogador alterne entre a terceira e primeira pessoa durante o combate, construiu cenários altamente fiéis aos dos filmes, utilizou as músicas clássicas da série e gravou uma das melhores sonoplastias já vistas no mundo dos games.

Um dos melhores gráficos da geração

Os gráficos são um dos pontos-chave do novo título da EA. A DICE sempre fez um bom trabalho, mas ele é excepcional aqui. É possível alguém dizer a clássica frase: “Ai, mas gráficos não importam muito em um jogo”. Bom, pode até ser, mas aqui eles têm um peso enorme.

A qualidade absurda dos mapas de Star Wars criou um dos melhores visuais de todos os tempos, que rodam em lisos 60 frames por segundo. O ponto negativo é que a expressão facial dos heróis é um pouco lavada e não mantém o nível excelente de todo o resto.

O nível de detalhamento é incrível: as plantas se movimentam a cada corrida em Endor, a neve se deforma com cada passo dado em Hoth, há borboletas e libélulas passando entre os raios solares das florestas, o ambiente reage à iluminação da lava vulcânica em Sullust, e muito mais. Além disso, explosões, efeitos de luz, sistema de partículas e muitos outros elementos gráficos estão de cair o queixo.

A DICE utilizou dois elementos visuais que contribuíram para o resultado final. Um deles é a iluminação baseada em Física, que reflete a intensidade e a cor da luz em cada objeto do cenário de acordo com as suas propriedades, como opacidade, se é de metal ou não etc. A outra é a fotogrametria, uma técnica que, resumidamente, permite recriar elementos 3D com base em fotos reais, ao mapeá-las com milhões de pontos de diversos ângulos diferentes.

Toda partida, mesmo que seja em um mapa repetido, sempre me fez perguntar: “Como eles conseguiram recriar um cenário tão lindo?”. E, além disso, me fez imaginar que técnica foi utilizada – para não dizer bruxaria – para rodar ao game em 60 quadros por segundo, sem perda de desempenho.

A história muda um pouco para o modo de batalha aérea, pois a velocidade maior das espaçonaves não combina perfeitamente com o tempo de renderização e carregamento de texturas do mapa. Portanto, eventualmente você se deparará com o famoso “pop-in” em certos momentos. Felizmente, isso não atrapalha a experiência, pois, com tanta coisa acontecendo na tela, você raramente vai reparar nesses problemas.

Sonoplastia soberba

Raramente uma produtora dá tanto destaque para a sonoplastia de um game. A DICE foi uma exceção, pois realmente se destacou neste quesito ao inserir todas as músicas clássicas, junto com os efeitos sonoros de lasers, sabres de luz, granadas explodindo, TIE Fighters zunindo em nosso ouvindo e som de soldados gritando no mapa.

Falando nas vozes, vale ressaltar que o jogo veio totalmente dublado em português. A entonação pode ser a mais perfeita do mundo, mas se considerarmos que são apenas soldados com vozes “genéricas”, a dublagem se encaixa bem.

Entretanto, a voz dos heróis ficou um pouco aquém do esperado. Elas não são ruins, mas simplesmente não combinam bem com as dublagens originais. Alguns personagens são mais bem-feitos que outros, como Darth Vader e Han Solo, mas os demais são um pouco estranhos.

Cadê? Só isso?

Apesar de ter uma apresentação absurdamente impressionante, essa experiência tem um preço. A DICE teve uma escolha: priorizar qualidade ou quantidade. Por conta disso, temos pouquíssimos mapas, que somam nove no total, e alguns deles são partes menores dos maiores, e modos de jogo interessantes. Em outras palavras, há certo reaproveitamento de conteúdo,e certas categorias multiplayer são dispensáveis ou semelhantes demais.

Além disso, não há nenhum tipo de história. Claro, há algumas missões bem fraquinhas e um sistema sobrevivência offline – que pode ser disputado com algum amigo online ou em splitscreen local –, mas eles não sustentam nem um dia inteiro de jogatina. Os antigos Battlefronts tinham campanhas multiplayer online com um contexto, algo que era muito bacana e semelhante ao que Titanfall fez. Infelizmente, não é o caso aqui.

A carência de conteúdo se espalha até mesmo para os outros aspectos do game. Só temos seis heróis disponíveis, 11 armas, um número limitado de Star Cards, que são os itens especiais que utilizamos durante as partidas, e um leque pequeno para customização de personagens.

Certamente, poderíamos esperar por partidas com a temática da era Clone Wars, assim como em Battlefront 2, ou mais mapas que tragam os cenários dos novos filmes da franquia. Jakku é uma das promessas para dezembro, mas ele será o único gratuito confirmado. De resto, apenas com Season Pass.

Contudo, vale ressaltar um ponto. Em 2005 (ano de lançamento do segundo título da série Battlefront), era muito mais barato e fácil produzir conteúdo para games, ou seja, um cenário muito diferente do atual. Entretanto, fica a pulga atrás da orelha: será que, se o novo longa-metragem não saísse neste ano, a DICE lançaria o jogo com mais conteúdo?

Podemos mencionar também que há erros no sistema de respawn, no qual você nasce nas costas dos inimigos ou vice-versa, e alguns outros eventuais probleminhas de matchmaking e busca por partidas, mas isso deve ser resolvido em atualizações futuras.

Vale a pena?

No final das contas, Battlefront é uma das experiências mais imersivas e impressionantes que um fã de Star Wars poderia pedir. A trilha sonora épica, somada à jogabilidade casual marcante da série e um dos gráficos mais bonitos até hoje tornam o game indispensável para os aficionados.

Se divertir com Battlefront é como ir a um restaurante extremamente caro e pedir aquele prato gourmet absurdamente requintado e gostoso. Porém, depois de se esbaldar com a quantia pequena e amar o sabor, você ainda está com fome e se pergunta se vale a pena pagar mais um dinheirão por um pouco mais de comida.

Talvez alguns leitores prefiram a quantidade sobre a qualidade, e isso é completamente normal, pois se trata de uma questão de gosto. Se você preza pela fidelidade da série e por conteúdo de alto nível, vai amar o game. Contudo, fica a pergunta: quanto tempo essa experiência fenomenal vai durar sem você desembolsar mais grana pelo Season Pass?

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Pontos Positivos
  • Excelente experiência imersiva, com muita atenção aos detalhes
  • Fidelidade total à série Star Wars
  • Sonoplastia soberba
  • Gráficos impressionantes, rodando a 60 fps
  • Multiplayer extremamente balanceado
  • Sistema de partidas frenético e dinâmico
  • Jogabilidade casual e muito divertida
Pontos Negativos
  • Falta de conteúdo, como mapas, armas, heróis e customização de personagem
  • Não há um modo campanha
  • Pequenos problemas gráficos, como pop-in e rosto de heróis aquém do esperado