O desastre de Chernobyl inspira um excelente jogo de tiro!
De todos os acidentes grandiosos, naturais e causados pelo homem, a explosão do reator nuclear de uma usina em Chernobyl — na Ucrânia atual, União Soviética na época — em 1986 deve ser aquele que foi menos explorado. Talvez porque sua escala não tenha sido global, mas seu impacto foi definitivamente significativo: 400 vezes mais cinza nuclear foi arremessada na atmosfera do que na explosão da bomba de Hiroshima.
Mas a desenvolvedora ucraniana GSC Game World resolveu capitalizar justamente em um dos piores desastres da história de seu país — e provavelmente o pior acidente nuclear da história da humanidade. O primeiro S.T.A.L.K.E.R., chamado de Shadow of Chernobyl, foi lançado em 2007. E neste mês passado, fevereiro, recebemos mais um capítulo da saga; alguns meses após o lançamento na Ásia.
Ao invés de reprisar o papel do protagonista do primeiro game, desta vez o jogador é colocado no papel de um membro do exército cuja missão é desvendar o mistério por trás de uma missão de reconhecimento que deu errado. Ele é enviado novamente à “Zone”, uma espécie de campo que se estabeleceu em volta do local do acidente nuclear — e que hoje em dia possui seu próprio sistema de regras, inclusive no que diz respeito à realidade.
O jogo é de tiro em primeira pessoa, mas isso não significa que se limita a elementos tradicionais desse gênero. Na verdade, o título é composto de vários outros elementos reminiscentes de RPGs e jogos de aventura — e até mesmo de games de plataforma, em alguns momentos! Além disso, existe um grande foco na resolução de desafios; tiroteios são mera consequência da narrativa e podem ser evitados em inúmeros momentos.
Narrativa. O ponto central deste título, que o diferencia dos demais de sua categoria e transforma o que seria um FPS apenas razoável em algo extremamente empolgante e emocionante. Apesar de existirem muitos outros jogos do tipo no mercado, S.T.A.L.K.E.R.: Call of Pripyat é um que realmente diverte, sendo capaz de estabelecer-se com folga entre os demais.
Existe, obviamente, um porém. O jogo não é para aqueles que querem um game de tiro em primeira pessoa sem cérebro. Atirar primeiro e perguntar depois realmente não é uma boa ideia por aqui, já que é preciso ler bastante, entender o que está sendo dito e apenas então tomar as decisões. Quem decidir pular tudo irá perder uma boa parte do conteúdo, que não aparece explicitamente e deve ser descoberto através do diálogo com NPCs.
Enquanto esse tipo de jogabilidade pode frustrar alguns, certamente agradará a outros. E a reprodução do ambiente caótico e desolado que representa um local afetado por um desastre nuclear é muito bom. O jeito é preparar a máscara de gás e o equipamento contra radiação, pois existem muitas horas de conflito pela frente — tanto contra inimigos humanos, sobre-humanos e até mesmo contra o próprio meio-ambiente.
Vale, se você gostar de envolver-se em um game. Aqueles que querem apenas um “shooter” para mirar e atirar, sem pensar em nada e sem comprometimento, possuem outras opções melhores de jogos. O mesmo vale para os que buscam um jogo competitivo e com um multiplayer sólido. Mas todos os outros irão encontrar algo de que gostam em S.T.A.L.K.E.R.: Call of Pripyat.
Fãs de RPG e aventura, especialmente, irão encantar-se com a mescla ideal de gêneros realizada pelos desenvolvedores, e não conseguirão tirar as mãos do game até terminá-lo. Fãs de um FPS bem construído e profundo também se sentirão em casa. Apesar de não contar com uma franquia de peso e famosa por trás de si, este é um game que merece muito mais atenção do que recebe: a qualidade e a diversão são garantidas.
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Nota do Voxel