SpongeBob SquarePants: BFBB é uma revisita à simplicidade de outrora
Foram cinco anos de intervalo desde a última aparição da famosa esponja-do-mar atuando como protagonista nos consoles. Bob Esponja até fez parte do elenco de Nickelodeon Kart Racers, o recente jogo de corrida com diversos personagens à la Mario Kart, mas foi só isso de 2018 para cá. O herói da calça quadrada viveu seu ápice na sexta geração de consoles, nos anos 2000, época em que a franquia alcançou o grande público e tornou-se um dos principais produtos de entretenimento da marca Nickelodeon ao lado de Rugrats: Os Anjinhos.
SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom foi lançado originalmente para PlayStation 2, Xbox e GameCube lá em 2003, momento da indústria em que o gênero de plataforma 3D ganhava cada vez mais popularidade. Embora não tenha sido unanimidade entre os críticos, o título não levou tanto tempo para adquirir o rótulo de clássico cult pelos fãs.
Assinado pela Purple Lamp Studios e publicado pela THQ Nordic, SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom - Rehydrated é uma releitura que ninguém nunca pediu, mas bem-vinda a quem pretende reviver uma das melhores representações do personagem nos video games. Aos novos jogadores, o relançamento pode ser a oportunidade de ouro de conhecer a fundo a fórmula simplista que marcou as gerações anteriores. Confira a análise completa.
Fonte: voxel
Episódio jogável
Imagino que a essa altura do campeonato você já tenha assistido ao desenho, certo? Nem que seja por tabela. Pois bem: Battle for Bikini Bottom se desenvolve com o mesmo charme e leveza da série e se assemelha a um episódio jogável. Com a intenção de roubar a fórmula do Hambúrguer de Siri, Plankton, o inimigo mortal do Seu Siriguejo, cria uma parafernália tecnológica de fabricar robôs e esquece de pressionar o botão para que eles o obedeçam, resultando em um oceano abarrotado de máquinas descontroladas.
A partir daí, Bob Esponja e seus amigos são encarregados de fazer o trabalho sujo para trazer a paz de volta à Fenda do Biquíni. A premissa simples e divertida abre muitas brechas para o tom de comédia característico, cujo grande atrativo é equilibrar linguagens visual e verbal na mesma proporção a fim de agradar pais e filhos, crianças e adultos. Mesmo não sendo dublado em português, ao menos as legendas estão bem adaptadas ao nosso idioma e respeitam a essência do humor da franquia.
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Além de ofertar um modo campanha com quase 10 horas de conteúdo, Battle for Bikini Bottom aposta em um multiplayer baseado em hordas, com sete personagens selecionáveis, em que é possível jogar localmente ou online. Ele não reinventa a roda nem tem um fator replay considerável, porém serve de pretexto para reunir amigos — ou aproximar pais e filhos — numa experiência divertida, acessível e descerebrada.
Quase 100% hidratado
O gameplay é tão objetivo quanto a sua história e segue à risca a cartilha do gênero plataforma, que, infelizmente, caiu em desuso. Você pode intercalar entre Bob Esponja, Patrick e Sandy, cada qual com seu próprio conjunto de habilidades, para obter itens colecionáveis enquanto revisita algumas das principais localidades da série animada.
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Bob Esponja se transforma em uma bola-esponja para se deslocar com mais rapidez pelos ambientes, e Patrick se aproveita de seu físico parrudo para arremessar objetos e desferir barrigadas paralisantes. Já Sandy Bochechas, a esquilo-fêmea antropomórfica, faz bom uso de uma corda e é capaz de laçar inimigos e planar em estágios verticais, os quais incentivam a exploração aérea.
Há fases em que você deve, por obrigação, revezar entre os personagens para resolver puzzles descomplicados e alcançar as dezenas de itens coletáveis que o jogo tem a oferecer. À medida que se obtêm espátulas douradas, Bob e seus companheiros desbloqueiam novas áreas a partir da Fenda do Biquíni, que, na verdade, cumpre o papel de hub. Para quem não está muito familiarizado, a fórmula de exigir um número específico de colecionáveis como moeda de troca para destravar outros mundos meio que virou padrão ao gênero.
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A jogabilidade se mantém fiel à obra original enquanto se mostra mais fluida e adaptada aos nossos tempos, assim como a sincronização dos movimentos de personagens e inimigos. O grau de desafio também foi preservado e é aqui que reside um dos principais problemas da aventura. Ora muito fácil, ora difícil, a dificuldade oscila e carrega o seu nível de empolgação junto com ela.
O senso de desafio em certos trechos é praticamente nulo, enquanto outros vão te obrigar a usar boa parte de suas habilidades no controle. Não são todos, mas muitos desafios de plataforma demandam cálculos minuciosos — alguns até injustos. Esteja avisado: completar a lista de colecionáveis está longe de ser uma tarefa fácil.
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A dificuldade oscilante desvirtua da diversão, mas as batalhas contra os chefões são tão boas que resgatam o brilho ocasionalmente perdido. Os bosses assumem novas formas em momentos oportunos e cada um deles exige uma técnica diferente para ser derrubado. O Patrick robótico, um dos meus favoritos, dispara tiros tóxicos em sua direção, exigindo que você desvie com precisão e aguarde o momento certo de chutar o seu traseiro.
Para bem ou para mal, não houve qualquer mudança em relação à estrutura do jogo. Isso significa que, embora tenha cenários grandes e convidativos à exploração, o level design apresenta falhas e desorienta o jogador em momentos-chave da jornada. É comum, aliás, presenciar um objeto que não seja, de fato, alcançável ou ultrapassável, o que pode render algumas mortes gratuitas.
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Salto visual considerável; charme e carisma intactos
O trabalho de repaginação gráfica da Purple Lamp Studios foi formidável. Os gráficos foram redesenhados a partir da base original e não há qualquer ressalva sobre isso. O estúdio foi capaz de reformular o visual de modo a deixá-lo com um ar de novidade, mesmo sem mexer muito em sua fundação. Pelo fato de os personagens serem bastante fiéis ao desenho, a impressão que se tem é de estar assistindo a um dos episódios da série.
Por exemplo: agora existe vegetação marinha em quase todos os estágios, detalhe que não estava presente no jogo de 2003 devido às limitações de hardware da época. As bordas de todos os objetos também estão mais suaves e arredondadas, contribuindo para dar um aspecto mais cartunesco às fases. Além do visual reformulado, a trilha sonora inconfundível, com faixas originais do desenho, foi totalmente remasterizada e amacia os ouvidos com doses de nostalgia. Confesso que senti saudades dos meus 11 anos, quando a vida se resumia a ir à escola e assistir às maratonas de Bob Esponja na Nickelodeon.
Fonte: voxel
Veredito
Cheio de charme e originalidade, SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom - Rehydrated é uma honesta releitura de um dos melhores games protagonizados pela icônica esponja. Em meio a tantos jogos robustos e complexos lançados nos últimos anos, Battle for Bikini Bottom se alia à nostalgia para entregar a simplicidade de outrora, algo louvável nos dias de hoje. Porque, às vezes, tudo o que queremos é ligar o video game para massagear o cérebro diante de uma experiência descompromissada, ainda que imperfeita.
SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom - Rehydrated foi gentilmente cedido pela THQ Nordic para a realização desta análise.
Categorias
- Variedade de gameplay em função da troca de personagens
- Salto visual considerável, mantendo charme e carisma intactos
- Premissa simples que não deve nada à qualidade do desenho
- Nostálgico e fiel ao original
- Dificuldade desequilibrada, especialmente se você tem a intenção de fazer 100%
- Deslizes pontuais no design das fases
- A icônica dublagem brasileira, uma das marcas registradas do desenho por aqui, infelizmente não está disponível (há somente textos em nosso idioma)
Nota do Voxel