Quando Splatoon deu as caras pela primeira vez em 2015, não havia dúvidas de uma coisa: se era para a Nintendo ter um jogo de tiro, ele só podia ser tão diferente, frenético e colorido como esse. É claro que com a chegada do segundo game algum tempo depois, o fator da novidade já tinha dado lugar à familiaridade, mas o título ainda contava com adições interessantes e estava em um console bem mais popular e difundido do que o Wii U. Não é à toa que o game de Switch vendeu 9 milhões de cópias a mais que seu antecessor.

Infelizmente, as atualizações que traziam novidades e as populares Splatfests para o Splatoon 2 pararam de acontecer em 2019, apenas dois anos depois de seu lançamento. Quem costuma jogar títulos online, sabe que essa é praticamente uma sentença de morte para jogos deste tipo e o anúncio tão cedo de Splatoon 3 só tornou essa situação mais estranha. Afinal, o que poderia ser adicionado nessa nova iteração que não dava para ser disponibilizado ao seu antecessor através de um update ou DLC pago?

Para muitos, é com essa dúvida que o novo jogo da franquia chegou ao Nintendo Switch em setembro deste ano. Por se tratar de um jogo online, onde os primeiros dias podem oferecer uma experiência diferente do usual, nós jogamos Splatoon 3 por mais de duas semanas após o seu lançamento para tentar responder essa questão e falar se e para quem ele vale a pena. Você pode conferir os detalhes logo a seguir!

De volta à Splatville

Assim que você abre Splatoon 3 pela primeira vez, é difícil não lembrar de seu antecessor imediatamente, até porque o próprio game procura por dados salvos dele para te oferecer alguns bônus no jogo novo. Esse sentimento permanece por boa parte da experiência, especialmente quando chega a hora de jogar um dos modos casuais ou competitivos que o titulo oferece. O gameplay continua o mesmo, o que era de se esperar, já que não havia muitos motivos para a Nintendo mexer em time que estava ganhando.

Felizmente, há algumas novas mecânicas, armas, mapas, um modo história inédito, um mini game de cartas e até Splatfests com batalhas entre três times diferentes. Sendo honesta, é difícil de falar que esses elementos são o suficiente para justificar a compra de um jogo tão parecido com o que foi lançado em 2017. O que torna essa aquisição tentadora é a junção dessas adições com o fato de sabermos que Splatoon 3 receberá atualizações gratuitas e eventos por pelo menos uns dois anos, como seu antecessor.

Fora isso, se você nunca jogou os jogos da série até agora, é claro que esse é o momento perfeito para investir seu tempo nas batalhas de tinta. Dizemos isso não só pelo fato do game estar tão ativo atualmente, mas também porque esse é o título mais refinado da franquia até o momento. Há mudanças de qualidade de vida que podem não parecer tão grandiosas, como o detalhe de pular os anúncios de mudanças de mapas e ver as informações no canto da tela, mas são detalhes assim que melhoram a experiência no geral.

Pintando o campo de batalha

Algo que continua igual é o fato de que você ainda não tem muita escolha do que vai jogar em diversos momentos. Ficam sempre disponíveis apenas o modo história e as partidas de Turf War (em que ganha o time que pintar a maior parte do cenário). De resto, você não tem como decidir quando poderá aproveitar o modo cooperativo Salmon Run ou qual dos diferentes modos competitivos irá jogar, dentre o Clam Blitz, Tower Control e Rainmaker. Até mesmo os mapas multiplayer ficam em uma rotação constante e você é simplesmente notificado do que está disponível em cada tipo de batalha.

Uma das vantagens de Splatoon 3 ser tão parecido com os antecessores é que ele ainda é muito divertidoFonte:  Nintendo/Reprodução 

É claro que esse tipo de design funciona muito bem em alguns casos, sendo o formato das Splatfests um ótimo exemplo disso. Nestes eventos, os jogadores escolhem um time relacionado a um tema (como pedra, papel ou tesoura) e lutam pela vitória de sua equipe em várias partidas de Turf War durante um fim de semana específico. Essa é uma ótima maneira de um evento mais restrito atrair um grande número de jogadores de uma vez e trazer um senso mais competitivo mesmo em partidas em que você não vai perder nada se seu time não for o grande vencedor da vez.

O problema é que o sentimento não é tão positivo assim para os outros modos. Basicamente, assim como nos jogos anteriores, tudo depende de horários e dias estabelecido pelo time responsável pelo desenvolvimento de Splatoon. Entendemos que essa é uma escolha de design que os desenvolvedores da franquia defendem há anos, mas é algo que poderia ter tido algumas mudanças mais significativas já que eles decidiram lançar um game inédito.

Erros e mais erros de conexão

Embora o gameplay continue tão divertido e frenético como no primeiro Splatoon, há um problema bem chato que continua a afetar o jogo mesmo duas semanas após sua chegada ao Switch: a conexão durante a formação de partidas. Se você planeja jogar qualquer um dos modos online, é muito difícil não se deparar com as inúmeras mensagens de erro de conexão, seja antes de sequer achar uma partida, durante ou entre elas.

Isso até ocorria em certo nível nos games anteriores, mas não em uma frequência tão alta quanto o que experimentamos em Splatoon 3 nesses mais de 15 dias pós lançamento. A Nintendo chegou a liberar um patch para resolver alguns problemas, mas eu continuei a ter esses erros de conexão da mesma forma. Essa é facilmente a situação mais incômoda que o game pode proporcionar aos seus jogadores, já que de resto, ainda se trata de um jogo fluido e que funciona muito bem.

Infelizmente, o game ainda conta com inúmeros erros de conexãoFonte:  Nintendo/Reprodução 

Um outro fator meio frustrante é que não há como sair da fila do matchmaking enquanto o jogo estiver procurando por outros jogadores para iniciar uma partida. Você só tem um botão para cancelar o início do processo por alguns segundos, mas assim que essa procura por membros de equipe começar, não há nada que possa ser feito. Esse pode parecer um detalhe pequeno, mas é algo que vai te incomodar quando se deparar com uma fila mais longa ou quando mudar de ideia sobre jogar mais uma partida e tiver que recorrer a desligar o jogo ou interromper sua conexão propositalmente.

Vale a pena?

Como mencionamos bem no início dessa análise, é difícil de jogar Splatoon 3 e não lembrar de seus antecessores, algo que só podemos reforçar nessa conclusão. É claro que o game tem novidades nos detalhes e um modo história novo e bem interessante, mas esses não são elementos que realmente justificam um game totalmente inédito no lugar de uma expansão, por exemplo.

A sua maior motivação para adquirir esse título, caso já tenha jogado algum dos outros dois, provavelmente será a de simplesmente aproveitar o gameplay extremamente divertido de Splatoon com um uma base de jogadores bem ativa e com o suporte à atualizações gratuitas por parte da Nintendo. É claro que o momento é ainda melhor para aqueles que sempre quiseram, mas nunca experimentaram a franquia antes.

Só tenha em mente que as partes mais restritivas do design dos títulos anteriores continuam presentes e que os problemas de conexão podem demorar algum tempo para serem consertados. Fora isso, não há como negar que o game ainda tem um apelo muito único, então não faltam motivos para aproveitar sua vida híbrida de criança e lula e sair jogando tinta para tudo que é lado em Splatoon 3.