Spiritfarer é uma jornada divertida e emocionante sobre a morte
Spiritfarer é um novo jogo indie que desde seu anúncio chamou bastante atenção graças ao seu visual em estilo desenho animado e proposta diferentona, com uma visão única do além-vida. Com versões já lançadas para PC, Nintendo Switch, Xbox One e PlayStation 4, testamos o jogo completo no computador a convite da distribuidora nacional, e você confere a nossa análise completa dele logo abaixo!
Navegar é preciso…
No jogo você assume o controle da jovem Stella assim que ela desperta em um pequeno bote, recebida por ninguém menos que Caronte, o barqueiro de Hades na mitologia grega, onde é mostrado como o responsável por conduzir as almas entre o mundo dos vivos e dos mortos. Ou pelo menos era isso que ele costumava fazer, já que a história de Spiritfarer começa com a revelação de que ele está se aposentando e passando o fardo exatamente para a Stella.
Spiritfarer mostra um pós-vida colorido e alto astral, onde você assume o trabalho de CaronteFonte: Thunder Lotus Games
Assim, depois de poucos diálogos — todos devidamente localizados para português em um ótimo trabalho de tradução! — você já se encontra no comando de sua própria embarcação com o objetivo de ajudar todos os recém-mortos em seu caminho pelo pós-vida. O mais legal é que, apesar de ter tantos elementos focados na morte, a jornada tem um tom otimista e alto astral, celebrando a importância dos elos que fazemos em nossos caminhos e a beleza do desconhecido.
Isso já é bem evidente na palheta de cores utilizada pelos desenvolvedores, que preferem retratar o além em tons vibrantes na maior parte do tempo, e também no design caricato dos personagens, que mais parecem saídos de um desenho animado, uma escolha artística que casou muito bem com a proposta narrativa! Tudo isso dá um bom frescor aos videogames, já que o mercado é frequentemente tomado pela busca ao fotorrealismo.
À primeira vista, o gameplay de Spiritfarer parece focado em mecânicas simples e bem funcionais de plataforma, mas basta jogar por alguns minutos para perceber que o foco central do jogo reside no microgerenciamento. Você precisa tanto colher itens e recursos como trabalhar em melhorias para a sua embarcação a fim de satisfazer as necessidades das almas que vai encontrar ao longo da jornada.
Conforme você progride na história, seu barco cresce e ganha novos recursos de gerenciamentoFonte: Thunder Lotus Games
...viver não é preciso
Os recém-mortos que sobem em seu barco assumem a forma do animal mais similar às suas personalidades, e cada um deles vai fazer pedidos que vão desde cozinhar boas refeições até construir alguns itens que eles precisam a fim de fazer tranquilos a travessia ao outro lado, garantindo que sua pós-morte seja tão ou mais feliz que a antiga vida.
É aí que o jogo pode ficar ainda mais interessante para os fãs de séries como Story of Seasons ou Animal Crossing, já que você logo vai transformar o seu barco em uma espécie de fazendinha. Em pequenas doses, isso é uma benção e extremamente relaxante. Em longas partidas, no entanto, fica evidente que o jogo costuma fazer uso do seu sistema de pedidos para esticar artificialmente a campanha, obrigando Stella a fazer longas viagens de barco antes de cumprir os objetivos.
Ao invés de ter liberdade para explorar e cumprir tudo como quiser, Spiritfarer é mais linear do que deveria, e volta e meia coloca caminhos fechados artificialmente, obrigando o jogador a esperar o tempo passar até cumprir as missões ativas e colher suas recompensas. Isso faz a campanha durar um pouco mais de 25 horas para ser completada mas, dada a simplicidade de sua premissa, seria melhor que ela durasse menos da metade disso.
Spiritfarer é cheio de momentos fofos, mas sua campanha é mais demorada do que o necessárioFonte: Thunder Lotus Games
Afinal, os melhores momentos de Spiritfarer residem em recompensas mais imediatistas, como ter um botão próprio para dar abraços nos outros espíritos (ou no seu gatinho de estimação, o lindo Daffodil!), o que sempre deixa um sorriso no rosto, e até nas partes mais emocionantes, quando fechamos uma missão e nos despedimos de um amigo, os enviando para o fim de sua jornada ou, quem sabe, a um novo começo.
Veredito
Spiritfarer é um jogo lindo tanto em seu visual como em sua mensagem, pois ele oferece uma rara visão celebratória e contemplativa da morte, algo especialmente raro nos videogames. Ao mesclar mecânicas de plataforma com o microgerenciamento de recursos e construções, o jogo tem um apelo surpreendente e certeiro para os fãs de jogos como Story of Seasons mas, diferente do jogo de fazendas, a falta de liberdade e o excesso de grinding fazem a campanha parecer mais demorada do que deveria ser. Ainda assim, é uma excelente recomendação de jogo indie para quem busca algo fofo para aquecer o seu coração.
Spiritfarer foi gentilmente cedido pela Theo Games para a realização desta análise.
- Excelente direção de arte
- Personagens carismáticos
- Ótima localização
- Boas ideias de gerenciamento
- Mensagem e momentos fofos
- Muito do jogo é só trabalho burocrático
- Campanha esticada artificialmente
Nota do Voxel