Uma espada e uma oportunidade perdida
Quando a Namco Bandai anunciou que lançaria um novo jogo da série SoulCalibur baseado nos moldes free to play, vários fãs da franquia se animaram, mas também ficaram desconfiados. Será que ele realmente seria completamente gratuito ou seguiria o padrão “game de Facebook”, em que você deve pagar para realizar tarefas simples ou para liberá-las mais rapidamente?
Com o lançamento de SoulCalibur: Lost Sword, as respostas às dúvidas dos fãs foram dadas. Com um sistema que necessita de uma conexão online para um jogo single player e problemas no seu lançamento, o título começou criando polêmicas. Agora, com ele funcionando como esperado, podemos saber se o título é digno da franquia SoulCalibur ou um tiro no pé por parte da Namco Bandai.
Por que uma conexão com a internet para um jogo single player?
A fonte do primeiro grande problema de SoulCalibur: Lost Sword está na necessidade de uma conexão ativa com a internet para funcionar. O fato de ele ser um jogo sem um modo multiplayer apenas transforma essa necessidade em algo absurdo aos olhos de muita gente.
Na verdade, existe um bom motivo para ele precisar de uma conexão ativa. O game conta com um sistema de aliados, personagens criados por outros jogadores e que podem ser utilizados durante as suas batalhas. Para conseguir ter as informações de outras pessoas, a internet se faz necessária.
Isso chega a ser um elemento interessante, já que os seus personagens também são disponibilizados para outros jogadores, podendo evoluir no processo. O problema é que, por contar apenas com o modo single player, você não pode competir com outras pessoas, uma das graças dos jogos de luta, ficando em uma eterna batalha contra um computador que não é tão desafiador como poderia ser.
Por que tantos loadings?
Telas de loading se tornaram comuns há algumas gerações, mas o excesso delas e o tempo perdido não deixam de ser uma chateação para todo mundo. A Namco Bandai se superou em SoulCalibur: Lost Sword, já que basicamente qualquer movimentação nos menus do game exige um novo carregamento.
Não importa que você tenha carregado uma tela do menu, entrou em uma opção e retornou para onde já tinha passado. Um novo load será feito, tomando cada vez mais tempo. Isso pode parecer uma reclamação besta, mas quando, em uma hora de jogo, você passou pelo menos 20 minutos esperando o título carregar, é possível compreender a gravidade da situação.
Isso incomoda bastante, principalmente quando você nota que cada luta dura, no máximo, 2 minutos. Cada uma delas é dividida por um período de loading e é possível ter uma noção do quão irritante eles podem ser.
A história é boa?
A série Soul (que reúne Soul Edge e os games SoulCalibur) sempre trouxe uma história deveras interessante, que apresentava uma batalha entre o bem e o mal, com personagens relativamente profundos para um simples jogo de luta.
SoulCalibur: Lost Sword não pode ser considerado um título com uma história sequer decente, já que ela é apresentada de qualquer maneira em pequenos blocos de texto. Se ela fosse envolvente, esse problema poderia ser facilmente resolvido, só que a trama é mostrada em textos que parecem ter passado pelo Google Translator antes de serem incluídos no game.
É tudo muito raso e claramente está ali para servir como desculpa para você enfrentar inimigos genéricos e com golpes de personagens da franquia.
Mas os personagens continuam legais, não é mesmo?
SoulCalibur: Lost Sword começa com você podendo escolher um entre três personagens: Siegfried, Sophitia e Mitsurugi. Cada um deles conta com sua espada mais conhecida e mais nada. Para não deixá-los completamente nus, o game deixa os lutadores apenas com sua roupa de baixo.
Existem diversos slots para mais lutadores, mas nem todos são disponibilizados no momento. A ideia é que a Namco Bandai inclua mais personagens com o passar do tempo, mas a sensação de que você está jogando algo incompleto é extremamente difícil de deixar de lado.
Conforme você luta, novas armas e itens são destravados, possibilitando que você possa, pelo menos, vestir o seu lutador. Quando você participa de combates em dificuldades superiores, itens de melhor qualidade são disponibilizados.
Ele conta com muitas microtransações?
Como era esperado, SoulCalibur: Lost Sword tem um sistema de venda de itens através da PlayStation Network, disponibilizando armas e equipamentos mais fortes caso você esteja disposto a gastar uma quantia real por isso.
Por não contar com um modo multiplayer, o game acaba por diminuir a necessidade de equipamentos cada vez mais fortes, já que você pode confiar apenas na sua habilidade na arena de batalha para sair vitorioso.
Mesmo se você resolver não gastar um tostão no game, ainda verá uma herança dos jogos “free to play” ao notar que existe um limite de lutas por sessão. Desde o início, você conta com um número de pontos que podem ser trocados para entrar em batalhas contra o computador.
Por exemplo: você tem 30 pontos. Para entrar em um combate, necessita gastar seis desses pontos. Caso você perca as lutas e acabe tendo que tentar novamente, deve utilizar a sua pontuação para continuar. Se você não tem mais nada, deve aguardar um tempo específico para recuperar os pontos especiais e entrar novamente na arena.
Isso é tão irritante que a chance de você não voltar a jogar quando sua pontuação zerar é muito grande.
Por favor, diga que pelo menos as lutas estão boas
Um dos elementos que não são uma total decepção em SoulCalibur: Lost Sword é o seu sistema de batalha. Apesar de ser uma versão simplificada do usado em SoulCalibur V, o controle do game responde muito bem e proporciona bons momentos de luta, principalmente em dificuldades mais avançadas.
Os gráficos do game são aceitáveis, conseguindo, em alguns momentos, serem inferiores aos vistos em SoulCalibur II HD, algo que pode parecer absurdo para muitas pessoas. O trabalho com as músicas do jogo é bem interessante, ainda que algumas melodias se pareçam demais com temas conhecidos, como até mesmo da série de TV Game of Thrones.
Vale o dinheiro investido no download
SoulCalibur: Lost Sword poderia ter sido um game incrível e que, por ser gratuito, traria ainda mais jogadores para a franquia da Namco Bandai. É possível perceber que existiu um empenho dos seus desenvolvedores em tentar apresentar uma experiência interessante e divertida, mas os diversos problemas com o título o tornam irritante e enfadonho.
Como um jogo gratuito, ele não chega a ser ofensivo, mas não deixa de mostrar o quanto ele foi uma oportunidade perdida pela publisher japonesa.
Categorias
- Bons gráficos
- Comandos rápidos e precisos
- Inúmeras telas de loading
- Poucos personagens
- História fraca
- Obrigatoriedade de conexão com internet
- Sem modo multiplayer
Nota do Voxel