Muitas mortes no novo Sonic.
Comemorando o 15º aniversário da série, Sonic the Hedgehog estréia na nova geração de consoles, proporcionando tranqüilamente muitas horas de jogo — não apenas pelo enredo, que é longo, mas principalmente pela jogabilidade.
O jogo apresenta vários problemas, fazendo com o jogador morra e reinicie várias vezes desde o último ponto salvo, até conseguir lidar melhor com os diversos erros do jogo. Mal controle do personagem, problemas de câmera e erros do jogo, em geral, são motivos que podem fazer com que o jogador desista do Sonic 3D nas primeiras duas horas.
Maus presságios
Jogos clássicos trazem uma carga maior de responsabilidade quando são relançados, pois cria-se uma grande expectativa de que eles superem os títulos anteriores — e essa expectativa cresce ainda mais, quando o clássico estréia em consoles novos, que, por si só, geram ansiedade nos jogadores. Isso explica, em parte, o desapontamento geral que o novo Sonic do Xbox 360 e PS3, lançado em 2006, traz para os fãs. A outra parte dessa decepção fica a cargo do próprio jogo, que desanima, devido aos vários problemas de jogabilidade.
Mas nem tudo é ruim desde o começo do jogo. Na verdade, a cena pré-renderizada que introduz o enredo é muito bem feita, com uma ótima qualidade gráfica — o que parece ser um bom presságio. Na animação, aparece a cidade de Soleanna numa grande festa, na qual a Princesa Elise dá início a uma comemoração, sendo aclamada por todos. A princesa é a guardiã do segredo das Chamas do Desastre (Flames of Disaster), que estão relacionadas com as Esmeraldas do Caos (Chaos Emeralds), as mesmas que perpassam os enredos dos diferentes títulos da série.
Durante o ritual ela tem um mau presságio, que se confirma em pouco tempo: Dr. Eggman, o arqui-inimigo de Sonic, rapta a princesa no meio da festa, pois, obviamente, quer tomar posse da magia que ela guarda. E, então, aparece o nosso herói que tenta recuperá-la, mas não não consegue, devido às investidas dos inimigos mandados por Dr. Eggman e de um rival inesperado, o Silver the Hegdehog, que o atrapalha num último momento. Mas antes da princesa ser levada, Sonic fica com a Esmeralda Azul, que ela guardava. Quando a cena está quse terminando aparece mais um Hegdehog, o Shadow, que apenas observa de longe o Dr. Eggman levando Elise.
Sonic explorando cidades!?
Obviamente, a sua missão é derrotar os inimigos, recuperar a princesa e preservar o grande segredo, que, se cair nas mãos da pessoa errada, pode causar o caos para todo o universo — enfim, não há um enredo muito original em Sonic the Hedgehog. Aliás, para progredir no jogo não é nem preciso se ater à sua história, a qual é só um pano de fundo que não afeta na jogabilidade. Isso é compreensível e esperado, pois como o título já diz, se trata de Sonic: um jogo de ação e aventura, que não tem uma história muito importante a ser contada mesmo, como muitos títulos do gênero.
A aventura começa na própria cidade de Soleanna, mas, ao invés de correr numa pista 2D, pulando para pegar anéis dourados e para matar os inimigos, o nosso porco-espinho azul deve andar pela cidade, conversando com personagens não-jogáveis, comprando itens e cumprindo pequenas missões. A exploração da cidade é precária em Sonic the Hedgehog, pois o curso do jogo é bem linear e caminhos diferentes revelam apenas alguns itens extras, como anéis, medalhas e mais vidas.
Intercaladas com as fases de exploração da cidade, há as esperadas fases de aventura e ação, que são em terceira dimensão, como nos últimos títulos da série. Essas partes se assemelham mais aos jogos originais da série, pois o jogador deve vencer diversos obstáculos, enfrentar inimigos e, claro, coletar o maior número possível de anéis dourados. As fases de ação apresentam mais de um caminho a ser seguido, o que não ocorre na cidade.
Essa mudança na jogabilidade, ocorrida pela introdução das fases de exploração da cidade, pode não ser bem encarada pelos fãs que acompanharam as primeiras aventuras de Sonic no Mega Drive. Simplesmente, porque não combina com o espírito de ação original da franquia, parecendo apenas uma adaptação para uma jogabilidade mais atual, mal copiada de jogos de sucesso mais recentes. Por outro lado, justamente por trazer um maneira de jogar mais atual, pode ser interessante para fãs mais novos que gostam do gênero.
Outros personagens jogáveis
E as mudanças não param por aí: não se controla apenas o Sonic, mas também o Shadow e o Silver, que aparecem na animação de introdução, sendo que cada um oferece uma jogabilidade diferente e são controlados em momentos distintos do jogo. O nosso herói tradicional anda rápido — aliás, rápido demais, o que atrapalha em alguns momentos — e pode comprar algumas habilidades numa loja da cidade, trocando-as por certas quantidades de anéis. Essas habilidades especiais possibilitam que ele cumpra novos desafios com sucesso.
Jogando como o Shadow, um porco-espinho preto rival do Sonic, é possível dirigir veículos armados, que incluem uma motocicleta, um planador, um hover e um buggy. Mas talvez uma das configurações mais interessantes seja o poder psicocinético de Silver, um novo porco espinho estreiante nesse título, que veio do futuro. A sua habilidade permite que ele levante objetos pesados, jogando-os nos inimigos, além de dar-lhe o poder de levitar. Ambos Shadow e Silver também podem comprar novas habilidades na cidade, trocando-as por anéis coletados.
Cada personagem tem amigos que o acompanham e podem ser controlados pelo jogador em alguns momentos específicos da narrativa, quando o personagem principal precisa de ajuda para completar a missão. Os companheiros dos personagens principais também apresentam habilidades e golpes diferentes.
Enfim, Sonic the Hedgehog oferece diversos personagens jogáveis e diversas fases diferentes ao longo da narrativa — mas há uma boa probabilidade de que toda essa diversidade do enredo nem chegue a ser conhecida pelo jogador, que pode desanimar já no início com os diversos bugs e defeitos que o jogo oferece.
Defeitos e mais defeitos
Há dois tipos de defeitos em Sonic the Hedgehog: os que são apenas divertidos de ver ocorrendo, e os que compromentem a jogabilidade, chegando a ser graves, em alguns casos, por resultar em sucessivas mortes num mesmo ponto do jogo. Mas vamos começar pelos menos trágicos.
Os erros que são apenas divertidos, apesar de não atrapalhar na jogabilidade, passam a sensação de que o jogo está mal-acabado. Um deles ocorre enquanto o Sonic está andando pela cidade na companhia do Tails, e, várias vezes, o seu amigo cai na água, morrendo afogado, quando eles passam próximos ao rio. Logo depois, o Tails reaparece, como se tivesse ressucitado, pronto para novas aventuras.
Quanto a esse bug em especial, na primeira fase, há um momento em que os dois atravessam o rio, graças a uma habilidade especial comprada pelo Sonic. Surpreendentemente, o Tails nunca consegue atravessar todo o trajeto junto com Sonic, morrendo afogado no meio do caminho, pedindo socorro. Isso pode confundir o jogador, deixando-o sem saber se deve tentar salvar o amigo ou não — o que pode resultar em algumas tentativas frustradas de resgate, até que se descubra que basta seguir em frente, que o Tails reaparecerá.
Um dos erros que passam uma sensação estranha é o fatídico momento em que o personagem morre. Em jogos de ação em plataforma, é comum que o cabismo em que o personagem cai não seja dos mais bem trabalhados graficamente. Mas, em algumas mortes no Sonic the Hedgehog, o cenário não apresenta nenhum tratamento gráfico, pois o personagem cai no que parece ser o mesmo cenário do céu com um buraco negro no meio.
Outro erro divertido é o que ocorre na primeira fase de Mach Speed, quando o Sonic corre automaticamente em altíssima velocidade, cabendo ao jogador apenas direcioná-lo para a direita ou esquerda e fazer que com que ele pule ou ataque os inimigos, quando necessário. O trajeto deve ser percorrido sem que o personagem esbarre em algum obstáculo, caso contrário ele perde uma vida. Quando isso ocorre, o Sonic cai no chão, mas continua mexendo as pernas como se ainda estivesse correndo, ao invés de simplesmente parar de se mover.
Já outros erros comprometem a jogabilidade, fazendo com o pernagem morra várias vezes num mesmo ponto do jogo. Um exemplo é o que ocorre durante a animação da primeira fase de ação, quando um baleia persegue o Sonic, correndo atrás dele e destruindo as pontes por onde ele passa. Não seria de se esperar que o personagem morresse durante uma animação — mas isso pode ocorrer em Sonic the Hedgehog. Algumas vezes a baleia consegue pegar o Sonic e outras vezes não — e não possível saber o que determina essa má sorte do nosso herói.
Câmera problemática
A câmera merece uma consideração à parte, pois talvez seja um dos maiores problemas do jogo, ao lado dos comandos, que trataremos mais adiante. A câmera se movimenta automaticamente e é posicionada atrás do personagem, possibilitando uma visão em terceira pessoa. Mas, em alguns momentos, ela realmente atrapalha, principalmente quando é preciso pular até algum local muito alto e a câmera não mostra onde ele vai aterrisar, ou quando deve-se enfrentar um chefe e perde-se o monstro de vista. Ambos os problemas seriam solucionados se a câmera se afastasse um pouco do personagem, possibilitando uma visão mais ampla do cenário.
Outras questões menores ocorrem com a câmera, quando, por exemplo, árvores, prédios ou outros elementos do cenário ficam na frente do personagem — o que pode resultar em morte à beira de uma construção, quando todo o cuidado é pouco para não cair. Esses erros, apesar de terem sido corrigidos, pois ocorriam com maior freqüência nos títulos anteriores, ainda são um grande problema, por causarem um atraso no andamento do jogo, ou até algumas mortes.
E morrer em Sonic the Hedgehog não é muito vantajoso por motivos especiais: perdem-se todos os anéis coletados até o momento e, obviamente, o jogador volta para o último ponto salvo — o que pode ser muito longe nas fases de ação, pois não se tem a possiblidade de salvar o jogo a qualquer momento, como nas partes de exploração da cidade. O personagem tem cinco vidas para serem gastas e depois disso, deve recomeçar a fase inteira. Depois de terminar um estágio, o jogador recebe uma nota que vai de D a A, baseada no tempo gasto para completar a missão e na quantidade de anéis coletados. Chega a ser difícil atingir boas notas, após tantas mortes e conseqüente perda de anéis.
Comandos nem sempre simples e fáceis
O esquema de controles é simples e fácil de ser aprendido, apesar de não responder muito bem em alguns momentos. Entre os golpes e habilidades especiais dos personagens estão os que são ativados automaticamente após o personagem adquiri-los, e os que podem ser realizados com facilidade ao se pressionar duas vezes um mesmo botão, como o ataque aéreo do Sonic. Ao controlar o Sonic, para atingir vários inimigos, pulando sobre deles, basta pressionar várias vezes o botão X, no PlayStation 3, ou o verde, no Xbox 360. Essa configuração lembra bastante os primeiros jogos da série, quando se destruia os inimigos ao pular em cima deles.
Como já foi dito, o Sonic tem a caraterítica de andar rápido — geralmente rápido demais — e controlá-lo pode ser frustante, pois ao mandá-lo ir para a esquerda, por exemplo, ele vai muito para esquerda, o que pode ser fatal. Já os outros personagens não sofrem dessa hiperatividade e tem os que chegam até a andar devagar demais, como o Tails. Felizmente, em muitos momentos nas fases de ação, o personagem move-se automaticamente, pulando de um lugar a outro do cenário, não exigindo muito esforço do jogador em controlá-lo.
Desafiando a paciência do jogador
Sonic the Hedgehog é um jogo que oferece diferentes tipos desafios, desde descobrir o que deve ser feito para que o jogo prossiga (principalmente nas fases de exploração da cidade) até lidar com os problemas jogabilidade. Quanto ao primeiro tipo de desafios, o próprio jogo tenta equilibrá-los, dando diversas dicas úteis, que estão sinalizadas por um ícone com um ponto de interrogação, o que torna o jogo mais fácil de ser aprendido.
Infelizmente, os maiores desafios ficam por conta dos problemas de jogabilidade, que incluem os defeitos de câmera e a movimentação inadequada de alguns personagens. Devido a essas questões, o jogo deixa de ser fácil — o que, provavelmente, não era a intenção da Sega — pois é preciso reiniciar as aventuras mais vezes do que se gostaria.
É praticamente desnecessário dizer o quanto esses mesmos defeitos podem impedir que o jogador desfrute do jogo, desinteressando-se por ele rapidamente, a não ser que seja um grande fã da série. A maior parte da diversão está em justamente controlar os diferentes personagens jogáveis, principalmente o Silver, com seus poderes psicocinéticos, mas infelizmente, isso não é aproveitado por jogadores menos pacientes, que podem desanimar desde o começo.
A qualidade gráfica é muito boa nas cenas pré-renderizadas, ao contrário do que ocorre com o restante do jogo. Em geral, Sonic the Hedgehog ficou com um visual razoável para um jogo de PlayStation 2 (plataforma para o qual não foi lançado), deixando a desejar na nova geração de consoles. Falta de melhor diferenciação de texturas — sendo que algumas, como a água, chegam a ser muito mal feitas — e elementos do cenário com pouco detalhamento, como as árvores, são alguns dos itens percebidos sem maior esforço. Por outro lado, os gráficos ficam interessantes nos momentos em que Sonic corre muito rapidamente durante as fases de Mach Speed, quando o cenário passa a sensação de alta velocidade, distorcendo a imagem nas margens da tela.
Mas, em geral, com essa baixa qualidade gráfica é surpreendente constatar que o tempo de espera para iniciar uma nova fase (loading) seja tão demorado. E há momentos em que há um tempo de espera, que leva a apenas 2 ou 3 segundos de animação, voltando para mais um bom tempo de espera, até que se chegue à ação propriamente dita. Ou seja, por que houve um tempo de espera que gerou apenas 2 segundos de animação?
A qualidade sonora é um dos itens sobre o qual há menos configurações a serem criticadas. Os efeitos sonoros apesar de não acompanharem a nova tecnologia do PS3 e Xbox 360, são condizentes com a série, principalmente quando se trata dos sons de golpes dos personagens e de tiros. A dublagem das falas dos personagens poderia ser mais bem feita e menos monótona — mas ainda é melhor do que nos títulos anteriores. A trilha sonora é mais agitada nas fases de ação e mais calma nas de exploração da cidade, dando um bom ritmo ao jogo, apesar de ficar monótona depois de algum tempo.
Péssima seqüência
Sonic the Hedgehog estréia na nova geração de consoles (no PS3 e Xbox 360) com um jogo longo, que traz as aventuras de três personagens principais, o Sonic, o Shadow e o estreiante Silver, cada qual apresentando uma jogabilidade diferente, devido às suas habilidades e golpes específicos. O jogo apresenta dois tipos de fases: as de exploração da cidade, nas quais deve-se conversar com personagens não-jogáveis, comprar habilidades e golpes especiais e cumprir pequenas missões; e as de ação, as quais se assemelham bastante aos jogos originais da série, diferindo pelo fato de serem em 3D.
Infelizmente, o jogo apresenta diversos erros, desde pequenos problemas gráficos e de programação, até defeitos que afetam a jogabilidade, como a câmera, que, em momentos importantes, não oferece uma visão mais distanciada do cenário, resultando em algumas mortes do personagem. O controle foi projetado para ser simples e fácil de ser aprendido, mas alguns personagens se tornam mais difíceis de serem controlados, como o Sonic, que anda rápido demais, e o Tails, devagar demais.
Quanto aos gráficos e sons, o jogo não se destaca, chegando a ter uma qualidade razoável para consoles da geração passada, como o PlayStation 2. Uma ressalva pode ser feita quanto à qualidade sonora, pois, apesar de não trazer grandes novidades, é condizente com os sons que aparecem em toda a série.
Sendo assim, o novo Sonic the Hedgehog divide fãs da série, havendo os que não aceitam as mudanças, como as fases de exploração da cidade, e os que gostam do título justamente por essas mudanças que o torna mais próximo de jogos atuais. Mas, com certeza, seria muito mais aceito, se não fossem seus erros freqüentes, que desanimam o jogador desde o início, dando a impressão de que muitas configurações foram feitas às pressas, para que o jogo fosse lançado a tempo de comemorar o 15º aniversário da série.
O jogo apresenta vários problemas, fazendo com o jogador morra e reinicie várias vezes desde o último ponto salvo, até conseguir lidar melhor com os diversos erros do jogo. Mal controle do personagem, problemas de câmera e erros do jogo, em geral, são motivos que podem fazer com que o jogador desista do Sonic 3D nas primeiras duas horas.
Maus presságios
Jogos clássicos trazem uma carga maior de responsabilidade quando são relançados, pois cria-se uma grande expectativa de que eles superem os títulos anteriores — e essa expectativa cresce ainda mais, quando o clássico estréia em consoles novos, que, por si só, geram ansiedade nos jogadores. Isso explica, em parte, o desapontamento geral que o novo Sonic do Xbox 360 e PS3, lançado em 2006, traz para os fãs. A outra parte dessa decepção fica a cargo do próprio jogo, que desanima, devido aos vários problemas de jogabilidade.
Mas nem tudo é ruim desde o começo do jogo. Na verdade, a cena pré-renderizada que introduz o enredo é muito bem feita, com uma ótima qualidade gráfica — o que parece ser um bom presságio. Na animação, aparece a cidade de Soleanna numa grande festa, na qual a Princesa Elise dá início a uma comemoração, sendo aclamada por todos. A princesa é a guardiã do segredo das Chamas do Desastre (Flames of Disaster), que estão relacionadas com as Esmeraldas do Caos (Chaos Emeralds), as mesmas que perpassam os enredos dos diferentes títulos da série.
Durante o ritual ela tem um mau presságio, que se confirma em pouco tempo: Dr. Eggman, o arqui-inimigo de Sonic, rapta a princesa no meio da festa, pois, obviamente, quer tomar posse da magia que ela guarda. E, então, aparece o nosso herói que tenta recuperá-la, mas não não consegue, devido às investidas dos inimigos mandados por Dr. Eggman e de um rival inesperado, o Silver the Hegdehog, que o atrapalha num último momento. Mas antes da princesa ser levada, Sonic fica com a Esmeralda Azul, que ela guardava. Quando a cena está quse terminando aparece mais um Hegdehog, o Shadow, que apenas observa de longe o Dr. Eggman levando Elise.
Sonic explorando cidades!?
Obviamente, a sua missão é derrotar os inimigos, recuperar a princesa e preservar o grande segredo, que, se cair nas mãos da pessoa errada, pode causar o caos para todo o universo — enfim, não há um enredo muito original em Sonic the Hedgehog. Aliás, para progredir no jogo não é nem preciso se ater à sua história, a qual é só um pano de fundo que não afeta na jogabilidade. Isso é compreensível e esperado, pois como o título já diz, se trata de Sonic: um jogo de ação e aventura, que não tem uma história muito importante a ser contada mesmo, como muitos títulos do gênero.
A aventura começa na própria cidade de Soleanna, mas, ao invés de correr numa pista 2D, pulando para pegar anéis dourados e para matar os inimigos, o nosso porco-espinho azul deve andar pela cidade, conversando com personagens não-jogáveis, comprando itens e cumprindo pequenas missões. A exploração da cidade é precária em Sonic the Hedgehog, pois o curso do jogo é bem linear e caminhos diferentes revelam apenas alguns itens extras, como anéis, medalhas e mais vidas.
Intercaladas com as fases de exploração da cidade, há as esperadas fases de aventura e ação, que são em terceira dimensão, como nos últimos títulos da série. Essas partes se assemelham mais aos jogos originais da série, pois o jogador deve vencer diversos obstáculos, enfrentar inimigos e, claro, coletar o maior número possível de anéis dourados. As fases de ação apresentam mais de um caminho a ser seguido, o que não ocorre na cidade.
Essa mudança na jogabilidade, ocorrida pela introdução das fases de exploração da cidade, pode não ser bem encarada pelos fãs que acompanharam as primeiras aventuras de Sonic no Mega Drive. Simplesmente, porque não combina com o espírito de ação original da franquia, parecendo apenas uma adaptação para uma jogabilidade mais atual, mal copiada de jogos de sucesso mais recentes. Por outro lado, justamente por trazer um maneira de jogar mais atual, pode ser interessante para fãs mais novos que gostam do gênero.
Outros personagens jogáveis
E as mudanças não param por aí: não se controla apenas o Sonic, mas também o Shadow e o Silver, que aparecem na animação de introdução, sendo que cada um oferece uma jogabilidade diferente e são controlados em momentos distintos do jogo. O nosso herói tradicional anda rápido — aliás, rápido demais, o que atrapalha em alguns momentos — e pode comprar algumas habilidades numa loja da cidade, trocando-as por certas quantidades de anéis. Essas habilidades especiais possibilitam que ele cumpra novos desafios com sucesso.
Jogando como o Shadow, um porco-espinho preto rival do Sonic, é possível dirigir veículos armados, que incluem uma motocicleta, um planador, um hover e um buggy. Mas talvez uma das configurações mais interessantes seja o poder psicocinético de Silver, um novo porco espinho estreiante nesse título, que veio do futuro. A sua habilidade permite que ele levante objetos pesados, jogando-os nos inimigos, além de dar-lhe o poder de levitar. Ambos Shadow e Silver também podem comprar novas habilidades na cidade, trocando-as por anéis coletados.
Cada personagem tem amigos que o acompanham e podem ser controlados pelo jogador em alguns momentos específicos da narrativa, quando o personagem principal precisa de ajuda para completar a missão. Os companheiros dos personagens principais também apresentam habilidades e golpes diferentes.
Enfim, Sonic the Hedgehog oferece diversos personagens jogáveis e diversas fases diferentes ao longo da narrativa — mas há uma boa probabilidade de que toda essa diversidade do enredo nem chegue a ser conhecida pelo jogador, que pode desanimar já no início com os diversos bugs e defeitos que o jogo oferece.
Defeitos e mais defeitos
Há dois tipos de defeitos em Sonic the Hedgehog: os que são apenas divertidos de ver ocorrendo, e os que compromentem a jogabilidade, chegando a ser graves, em alguns casos, por resultar em sucessivas mortes num mesmo ponto do jogo. Mas vamos começar pelos menos trágicos.
Os erros que são apenas divertidos, apesar de não atrapalhar na jogabilidade, passam a sensação de que o jogo está mal-acabado. Um deles ocorre enquanto o Sonic está andando pela cidade na companhia do Tails, e, várias vezes, o seu amigo cai na água, morrendo afogado, quando eles passam próximos ao rio. Logo depois, o Tails reaparece, como se tivesse ressucitado, pronto para novas aventuras.
Quanto a esse bug em especial, na primeira fase, há um momento em que os dois atravessam o rio, graças a uma habilidade especial comprada pelo Sonic. Surpreendentemente, o Tails nunca consegue atravessar todo o trajeto junto com Sonic, morrendo afogado no meio do caminho, pedindo socorro. Isso pode confundir o jogador, deixando-o sem saber se deve tentar salvar o amigo ou não — o que pode resultar em algumas tentativas frustradas de resgate, até que se descubra que basta seguir em frente, que o Tails reaparecerá.
Um dos erros que passam uma sensação estranha é o fatídico momento em que o personagem morre. Em jogos de ação em plataforma, é comum que o cabismo em que o personagem cai não seja dos mais bem trabalhados graficamente. Mas, em algumas mortes no Sonic the Hedgehog, o cenário não apresenta nenhum tratamento gráfico, pois o personagem cai no que parece ser o mesmo cenário do céu com um buraco negro no meio.
Outro erro divertido é o que ocorre na primeira fase de Mach Speed, quando o Sonic corre automaticamente em altíssima velocidade, cabendo ao jogador apenas direcioná-lo para a direita ou esquerda e fazer que com que ele pule ou ataque os inimigos, quando necessário. O trajeto deve ser percorrido sem que o personagem esbarre em algum obstáculo, caso contrário ele perde uma vida. Quando isso ocorre, o Sonic cai no chão, mas continua mexendo as pernas como se ainda estivesse correndo, ao invés de simplesmente parar de se mover.
Já outros erros comprometem a jogabilidade, fazendo com o pernagem morra várias vezes num mesmo ponto do jogo. Um exemplo é o que ocorre durante a animação da primeira fase de ação, quando um baleia persegue o Sonic, correndo atrás dele e destruindo as pontes por onde ele passa. Não seria de se esperar que o personagem morresse durante uma animação — mas isso pode ocorrer em Sonic the Hedgehog. Algumas vezes a baleia consegue pegar o Sonic e outras vezes não — e não possível saber o que determina essa má sorte do nosso herói.
Câmera problemática
A câmera merece uma consideração à parte, pois talvez seja um dos maiores problemas do jogo, ao lado dos comandos, que trataremos mais adiante. A câmera se movimenta automaticamente e é posicionada atrás do personagem, possibilitando uma visão em terceira pessoa. Mas, em alguns momentos, ela realmente atrapalha, principalmente quando é preciso pular até algum local muito alto e a câmera não mostra onde ele vai aterrisar, ou quando deve-se enfrentar um chefe e perde-se o monstro de vista. Ambos os problemas seriam solucionados se a câmera se afastasse um pouco do personagem, possibilitando uma visão mais ampla do cenário.
Outras questões menores ocorrem com a câmera, quando, por exemplo, árvores, prédios ou outros elementos do cenário ficam na frente do personagem — o que pode resultar em morte à beira de uma construção, quando todo o cuidado é pouco para não cair. Esses erros, apesar de terem sido corrigidos, pois ocorriam com maior freqüência nos títulos anteriores, ainda são um grande problema, por causarem um atraso no andamento do jogo, ou até algumas mortes.
E morrer em Sonic the Hedgehog não é muito vantajoso por motivos especiais: perdem-se todos os anéis coletados até o momento e, obviamente, o jogador volta para o último ponto salvo — o que pode ser muito longe nas fases de ação, pois não se tem a possiblidade de salvar o jogo a qualquer momento, como nas partes de exploração da cidade. O personagem tem cinco vidas para serem gastas e depois disso, deve recomeçar a fase inteira. Depois de terminar um estágio, o jogador recebe uma nota que vai de D a A, baseada no tempo gasto para completar a missão e na quantidade de anéis coletados. Chega a ser difícil atingir boas notas, após tantas mortes e conseqüente perda de anéis.
Comandos nem sempre simples e fáceis
O esquema de controles é simples e fácil de ser aprendido, apesar de não responder muito bem em alguns momentos. Entre os golpes e habilidades especiais dos personagens estão os que são ativados automaticamente após o personagem adquiri-los, e os que podem ser realizados com facilidade ao se pressionar duas vezes um mesmo botão, como o ataque aéreo do Sonic. Ao controlar o Sonic, para atingir vários inimigos, pulando sobre deles, basta pressionar várias vezes o botão X, no PlayStation 3, ou o verde, no Xbox 360. Essa configuração lembra bastante os primeiros jogos da série, quando se destruia os inimigos ao pular em cima deles.
Como já foi dito, o Sonic tem a caraterítica de andar rápido — geralmente rápido demais — e controlá-lo pode ser frustante, pois ao mandá-lo ir para a esquerda, por exemplo, ele vai muito para esquerda, o que pode ser fatal. Já os outros personagens não sofrem dessa hiperatividade e tem os que chegam até a andar devagar demais, como o Tails. Felizmente, em muitos momentos nas fases de ação, o personagem move-se automaticamente, pulando de um lugar a outro do cenário, não exigindo muito esforço do jogador em controlá-lo.
Desafiando a paciência do jogador
Sonic the Hedgehog é um jogo que oferece diferentes tipos desafios, desde descobrir o que deve ser feito para que o jogo prossiga (principalmente nas fases de exploração da cidade) até lidar com os problemas jogabilidade. Quanto ao primeiro tipo de desafios, o próprio jogo tenta equilibrá-los, dando diversas dicas úteis, que estão sinalizadas por um ícone com um ponto de interrogação, o que torna o jogo mais fácil de ser aprendido.
Infelizmente, os maiores desafios ficam por conta dos problemas de jogabilidade, que incluem os defeitos de câmera e a movimentação inadequada de alguns personagens. Devido a essas questões, o jogo deixa de ser fácil — o que, provavelmente, não era a intenção da Sega — pois é preciso reiniciar as aventuras mais vezes do que se gostaria.
É praticamente desnecessário dizer o quanto esses mesmos defeitos podem impedir que o jogador desfrute do jogo, desinteressando-se por ele rapidamente, a não ser que seja um grande fã da série. A maior parte da diversão está em justamente controlar os diferentes personagens jogáveis, principalmente o Silver, com seus poderes psicocinéticos, mas infelizmente, isso não é aproveitado por jogadores menos pacientes, que podem desanimar desde o começo.
A qualidade gráfica é muito boa nas cenas pré-renderizadas, ao contrário do que ocorre com o restante do jogo. Em geral, Sonic the Hedgehog ficou com um visual razoável para um jogo de PlayStation 2 (plataforma para o qual não foi lançado), deixando a desejar na nova geração de consoles. Falta de melhor diferenciação de texturas — sendo que algumas, como a água, chegam a ser muito mal feitas — e elementos do cenário com pouco detalhamento, como as árvores, são alguns dos itens percebidos sem maior esforço. Por outro lado, os gráficos ficam interessantes nos momentos em que Sonic corre muito rapidamente durante as fases de Mach Speed, quando o cenário passa a sensação de alta velocidade, distorcendo a imagem nas margens da tela.
Mas, em geral, com essa baixa qualidade gráfica é surpreendente constatar que o tempo de espera para iniciar uma nova fase (loading) seja tão demorado. E há momentos em que há um tempo de espera, que leva a apenas 2 ou 3 segundos de animação, voltando para mais um bom tempo de espera, até que se chegue à ação propriamente dita. Ou seja, por que houve um tempo de espera que gerou apenas 2 segundos de animação?
A qualidade sonora é um dos itens sobre o qual há menos configurações a serem criticadas. Os efeitos sonoros apesar de não acompanharem a nova tecnologia do PS3 e Xbox 360, são condizentes com a série, principalmente quando se trata dos sons de golpes dos personagens e de tiros. A dublagem das falas dos personagens poderia ser mais bem feita e menos monótona — mas ainda é melhor do que nos títulos anteriores. A trilha sonora é mais agitada nas fases de ação e mais calma nas de exploração da cidade, dando um bom ritmo ao jogo, apesar de ficar monótona depois de algum tempo.
Péssima seqüência
Sonic the Hedgehog estréia na nova geração de consoles (no PS3 e Xbox 360) com um jogo longo, que traz as aventuras de três personagens principais, o Sonic, o Shadow e o estreiante Silver, cada qual apresentando uma jogabilidade diferente, devido às suas habilidades e golpes específicos. O jogo apresenta dois tipos de fases: as de exploração da cidade, nas quais deve-se conversar com personagens não-jogáveis, comprar habilidades e golpes especiais e cumprir pequenas missões; e as de ação, as quais se assemelham bastante aos jogos originais da série, diferindo pelo fato de serem em 3D.
Infelizmente, o jogo apresenta diversos erros, desde pequenos problemas gráficos e de programação, até defeitos que afetam a jogabilidade, como a câmera, que, em momentos importantes, não oferece uma visão mais distanciada do cenário, resultando em algumas mortes do personagem. O controle foi projetado para ser simples e fácil de ser aprendido, mas alguns personagens se tornam mais difíceis de serem controlados, como o Sonic, que anda rápido demais, e o Tails, devagar demais.
Quanto aos gráficos e sons, o jogo não se destaca, chegando a ter uma qualidade razoável para consoles da geração passada, como o PlayStation 2. Uma ressalva pode ser feita quanto à qualidade sonora, pois, apesar de não trazer grandes novidades, é condizente com os sons que aparecem em toda a série.
Sendo assim, o novo Sonic the Hedgehog divide fãs da série, havendo os que não aceitam as mudanças, como as fases de exploração da cidade, e os que gostam do título justamente por essas mudanças que o torna mais próximo de jogos atuais. Mas, com certeza, seria muito mais aceito, se não fossem seus erros freqüentes, que desanimam o jogador desde o início, dando a impressão de que muitas configurações foram feitas às pressas, para que o jogo fosse lançado a tempo de comemorar o 15º aniversário da série.
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