Imagem de Sonic Frontiers
Imagem de Sonic Frontiers

Sonic Frontiers

Nota do Voxel
88

Sonic Frontiers é o maior acerto da série principal em décadas

“Abandone a vida que você conhecia antes, veja um novo mundo pelo qual vale a pena lutar, e ache a verdade de quem você deve se tornar, um outro caminho que deve trilhar.” Esses belos versos da música tema de Sonic Frontiers, I’m Here, são quase proféticos em relação ao jogo.

Afinal, ainda que a pior fase do personagem já tenha ficado para trás, há tempos que títulos do ouriço azulado desenvolvidos pela Sonic Team sofrem com reviews mistas. Justa ou injustamente, o velocista nunca emplacou um formato de gameplay em 3D capaz de conquistar de forma unânime o público e crítica, então já tinha mesmo passado da hora de deixar o passado para trás e vislumbrar novos horizontes, como o próprio Iizuka-san nos contou:

Cinco anos depois do controverso Sonic Forces, um longo ciclo de desenvolvimento permitiu ao herói abraçar tendências de mercado e reinterpretá-las com forte identidade própria. Pois é, o mundo aberto, ou melhor, as "zonas abertas" como são chamadas aqui, dão o tom da nova jornada. Agora você vai poder jogar Sonic como nunca antes! Mas será que essa mudança ficou boa? Descubra no nosso review completo a seguir!

Nenhum ouriço é uma ilha isolada

Como citei na nossa prévia exclusiva com mais de seis horas de gameplay, a maior sacada de Sonic Frontiers é que ele possui um loop de gameplay diferente de qualquer outro game da franquia. Embora não exista uma única forma certa de jogar, e ainda que você possa espalhar o seu tempo como quiser entre diferentes atividades, há algumas diretrizes básicas que você precisa seguir para avançar na campanha.

As tais zonas abertas são, na verdade, ilhas que funcionam como um gigantesco playground e é por lá que você acessa tudo o que precisa. Cada zona tem um chefão final que você só consegue derrotar caso pegue todas as esmeraldas. Elas, por sua vez, só podem ser liberadas de seu ponto de repouso caso você use algumas chaves. Essas chaves podem ser obtidas visitando os portais que dão acesso às fases lineares de corrida. E para poder abrir esses portais você precisa das engrenagens que normalmente estão atreladas a sub-chefes. Ufa!!

Parece muita coisa e, de fato, a primeira hora ou duas da campanha podem ser um pouco lentas, confusas ou estranhas enquanto você tenta descobrir tanto como o jogo funciona como qual a forma mais divertida para você engajar com as atividades. Particularmente, eu não tive problemas e achei interessante passar por isso, mas consigo imaginar alguém ficando sobrecarregado e desistindo, o que seria um crime, já que depois disso, cada hora de jogo é progressivamente melhor do que a anterior.

Há muitos tutoriais e sistemas para absorver e aqui temos até alguns problemas, já que nem todos eles são lá tão profundos, úteis ou interessantes assim. Por exemplo, agora Sonic possui uma pequena árvore de habilidades e você precisa destrancar os aprimoramentos manualmente aos poucos. Dezenas de horas de gameplay depois, eu ainda acho que seria melhor simplesmente habilitar todos esses poderes de cara, tornando as lutas mais legais o quanto antes e, assim, redirecionando a atenção do jogador a outros tópicos.

Quer dizer, olha só quanta coisa a gente já tem na mesa só nesse tópico do texto e eu ainda nem falei nos itens mnemônicos (que você precisa coletar pelo mapa a fim de liberar as interações com os amigos do Sonic que progridem a história), o sistema de desafios que abre mais do mapa um pouquinho de cada vez, os minigames, os aprimoramentos de dano e defesa com coleta de sementes… é muita coisa e demora um tempinho para essa receita dar liga. E eu tenho medo que as pessoas larguem o prato antes dele ficar pronto, já que a apresentação não é das mais bonitas enquanto os ingredientes ainda estão lá todos misturados...

É ver para crer

Embora a internet seja o lar de muita coisa legal, infelizmente ela também é muito poderosa na hora de espalhar toxicidade e um senso comum injusto de tempos em tempos. Como fã do Sonic, foi bem triste usar as redes nos últimos meses, porque parecia que não importava o quão promissor um trailer, música ou notícia de Sonic Frontiers fosse, o mesmo pessoal continuaria avacalhando com o jogo puramente porque ele teve uma revelação bem ruim lá no começo. E como sabemos, o Twitter, YouTube e afins não são lá redes amigáveis a arcos de redenção.

O azar de Sonic Frontiers é que, fora todos esses fatores, trata-se de um jogo bem complicado de fazer a venda e persuadir alguém a mudar de ideia só através de imagens. Eu poderia te mostrar 20 vídeos do jogo com coisas que achei divertidas, mas se você já botou na cabeça que ele é ruim e que mais parece uma demo de fã feita na Unreal Engine, nem a maior retórica do mundo mudaria a sua cabeça. E isso porque dificilmente você verá no game um segmento embasbacante como nos modernos blockbusters metidos a experiências cinematográficas altamente palatáveis que dominam o ocidente, por exemplo.

Como manda a escola de design japonesa, aqui nada, absolutamente nada, está acima do gameplay. É uma experiência que você mesmo precisa ter e sentir em suas mãos para poder apreciar. Esse é um jogo que come quietinho pelas beiradas e que vai sutilmente se infiltrando no seu subconsciente conforme você joga mais e mais. Eu notei que Sonic Frontiers era algo especial quando de repente, no meio de uma tarde qualquer, me peguei sentindo saudades das suas fases quando nem estava pensando no tema.

Senti falta de correr a toda velocidade pelos desertos e vulcões me pendurando por trilhos. Senti falta da sensação de descoberta ao encontrar a rota para um terreno que parecia inalcançável. Senti falta dos personagens muito bem escritos por Ian Flynn, além dos mistérios da narrativa e do drama bem pontuado que vai muito além dos demais jogos de mascotes. E eu aprecio demais um jogo que ainda consegue causar tudo isso hoje em dia, quando vemos fórmulas cada vez mais batidas e menos ousadas por aí!

Surpresas e mais surpresas

Ainda que as diretrizes de embargo me impeçam de falar sobre alguns dos meus elementos favoritos, outros tantos felizmente já estão liberados. Por exemplo, em um mundo justo, a soberba trilha sonora de Sonic Frontiers seria premiada mundo afora. É muito legal a forma como o jogo alterna orquestrações e um pouco de lo-fi nas zonas abertas com J-rock em outros segmentos, com direito ainda a música eletrônica e remixes muito bons no ciberespaço. É uma das melhores trilhas da geração sem dúvidas!

Ainda que nem todos os minigames sejam igualmente profundos e divertidos, também fui muito surpreendido pela diversidade deles. Mesmo com dezenas de horas de campanha — é uma jornada beeem extensa, facilmente a maior da série até hoje! —, eu continuava encontrando novidades, sejam elas segmentos de pinball, de navinha, ou até missões de escolta e muito mais. É evidente quanto capricho e esforço o time dedicou nesse e em tantos outros departamentos.

Como alguém que cresceu jogando os desafiadores jogos 8 bits, eu aprecio bastante, também, a forma como Frontiers foi estruturado em uma clara ascendente de dificuldade e complexidade. As melhores fases, sessões de plataforma, estruturas do mundo e desafios estão todos na segunda metade do game, então se você achar que as coisas estão fáceis e simples demais no início, tenha um pouco de paciência, pois eu garanto que a espera vai compensar!

Vale a pena?

Sonic Frontiers não é um jogo perfeito, a sua apresentação não é das mais bonitas, e convencer alguém a jogá-lo só com imagens não é uma tarefa fácil. Então ainda que o game provavelmente vá sofrer um pouco com isso no discurso público, acredite: o seu mundo aberto é um dos mais divertidos já feitos para aqueles que, como eu, têm mais apreço pelo gameplay! Sonic nunca foi tão empolgante em 3D como agora, e poucos títulos oferecem um playground tão repleto de atrativos. Demorou, mas a Sonic Team finalmente encontrou uma fórmula que, se mais polida, pode garantir anos e anos de grandes jogos para um dos maiores heróis dos games!

Entre erros e acertos, Sonic Frontiers diverte demais e cimenta um futuro brilhante para o herói

Sonic Frontiers foi gentilmente cedido pela SEGA para a realização desta análise.

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Pontos Positivos
  • Zonas abertas com toneladas de atividades
  • História emocionante com personagens bem trabalhados
  • Gameplay preciso e divertido
  • Trilha sonora impecável
  • Legendas bem feitas em português
  • Lança uma fórmula que pode render várias sequências
Pontos Negativos
  • Pop ins frequentes nos cenários
  • Alguns dos novos sistemas são descartáveis
  • Apresentação podia ser mais bonita