Decadência e traições em um universo povoado pela magia
Financiado com o auxílio do Kickstarter, Shadowrun Returns tem como principal intenção oferecer aos jogadores a experiência típica de um RPG clássico desenvolvido para PCs. Isso significa que não só o game adota uma visão isométrica abandonada há tempos pela maioria dos lançamentos do gênero, como traz de volta mecânicas que podem parecer arcaicas para algumas pessoas.
O que mais diferencia o título em relação a outros lançamentos do gênero é a sua ambientação única que une muitos elementos que, à primeira vista, podem parecer contraditórios. Situado em um futuro no qual as grandes corporações dominam o mundo e o poder dos governos foi reduzido a pó, o título mostra uma sociedade decadente na qual sua conta bancária define o valor que você tem para a sociedade.
Esse ambiente, digno de filmes como "Blade Runner", é povoado por uma sociedade constituída por humanos, trolls, orks, anões e elfos. Além de cada uma dessas raças contarem com poderes próprios, todas elas podem equipar modificações corporais que garantem a elas mais força, agilidade e resistência ou a capacidade de entrar em um mundo virtual conhecido como Matrix (nome usado pelos criadores do jogo muito antes do filme homônimo).
Caso seu passado seja marcado pelas lembranças de jogos como PlaneScape: Torment, Baldur's Gate ou Neverwinter Nights, não há motivos para você não investir em Shadowrun Returns. O game não tem vergonha em assumir sua proposta “old school”, entregando uma experiência que, embora pouco refinada em alguns pontos, prende o jogador em frente ao PC durante toda a sua (relativamente curta) duração.
O destaque do jogo fica mesmo por conta do universo interessante que ele apresenta, misturando elementos supostamente dissonantes de forma bastante coesa. Também chama a atenção a liberdade de personalização oferecida pelo título, que permite a cada pessoa definir a melhor maneira de desenvolver o personagem principal da aventura.
Infelizmente, o game peca em diversos momentos, especialmente no que diz respeito a seu sistema de saves arcaico. Além disso, é possível sentir certa falta de capricho dos desenvolvedores em vários pontos da jogabilidade, o que resulta em alguns bugs e glitches bizarros que se repetem durante toda a história.
Na soma das contas, Shadowrun Returns é um game competente cujo verdadeiro potencial não foi verdadeiramente aproveitado. Agora, resta esperar alguns meses para poder conferir as criações impressionantes que os fãs da franquia devem produzir com o auxílio do criador de fases disponibilizado pela desenvolvedora Harebrained Schemes.
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Nota do Voxel