Scorn é uma jornada inquietante, absurda e confusa
O primeiro teaser de Scorn foi revelado em 2016, e sem sombra de dúvida já deixou muitos jogadores intrigados por toda a bizarrice de um mundo com temática biopunk cheio de objetos muito semelhantes a órgãos reprodutores.
Desde então, o game foi recebendo diversos vídeos ao longo dos anos, ganhando aprimoramentos gráficos significativos, porém, sem nunca abrir mão de sua ambientação extremamente peculiar inspirada nas artes biomecânicas de H. R. Ginger e no surrealismo distópico de Zdzislaw Beksinski.
E depois de tantos anos de desenvolvimento, este título de survival horror em primeira pessoa finalmente está prestes a ser lançado, mas será que vale a pena se lançar nessa aventura exótica concebida pela Ebb Software? Bem, confiram nossa análise para descobrir, e já fica aqui um aviso, melhor tirar as crianças do recinto, porque o jogo com certeza não é adequado para baixinhos!
Um mundo de pesadelos
Talvez como uma forma de trazer mais imersão, a jornada em Scorn já começa na tela inicial. Ao selecionarmos Novo Jogo, o personagem ao fundo – uma figura um tanto desfigurada – abre os olhos e se levanta, e é então que somos apresentados ao mundo perturbador que o pobre protagonista é lançado.
Fonte: Stella/Voxel
Isolado e desorientado, esse ser precisa explorar diversas regiões interconectadas em um mundo aberto para seguir em frente, resolvendo puzzles pelo caminho e encontrando criaturas tenebrosas que podem ser hostis ou acabar ajudando em alguns momentos de seu percurso.
A narrativa de Scorn é bem obscura. Não existem textos espalhados por aí para explicar que lugar é esse e quem ou o que exatamente são os habitantes, além disso, as raras e breves cenas não vão contar absolutamente nada da história. Ficamos emersos nessa viagem assustadora o tempo inteiro, tão confusos e largados quanto o próprio protagonista.
.Fonte: Stella/Voxel
Tudo isso só aumenta o nível de inquietação do gameplay, com os cenários reproduzidos através de gráficos muito realistas e detalhados servindo para tornar o pesadelo ainda mais desconcertante, apontando a cada segundo que esse mundo bizarro poderia facilmente fazer parte da franquia Allien, ou até abrigar os Cenobitas de Hellraiser.
.Fonte: Stella/Voxel
Cada ambiente traz uma sensação de puro desconforto, com a mistura de formas orgânicas e estruturas sólidas sendo uma inspiração clara em um surrealismo biomecânico assustador, mesmo com uma quantidade um tanto absurda de objetos fálicos e com cara de outros órgãos genitais espalhados por aí.
Fonte: Stella/Voxel
O próprio visual do protagonista dá arrepios, nos lembrando constantemente que, seja lá onde for esse lugar, ele não foi feito para humanos. Ou seja, todos os anos de esforços da equipe de desenvolvimento para tornar o visual desse survival horror impactante e horripilante realmente valeu a pena.
Armas vivas
As mecânicas de Scorn são bem simples, com os objetivos principais sempre envolvendo resolver puzzles para abrir caminho para a próxima região.
O personagem não pula, sendo capaz apenas de correr, e estando nu com diversas de suas partes internas expostas, fica bem claro que ele também não tem uma forma de carregar muita coisa, então, nada de inventário.
Fonte: Stella/Voxel
Os únicos itens que ele consegue levar são as peças dos quebra-cabeças, suas armas e uma estranha criatura que carrega um líquido capaz de curá-lo, assim como munições extras, com os dois podendo ser obtidos esporadicamente em máquinas estranhas ao longo das áreas.
Quanto aos armamentos, eles também parecem estar vivos, com o primeiro a ser carregado definitivamente surgindo assim que um ser bizarro se conecta ao nosso corpo, causando dano periodicamente como um simbionte bem irritado.
Fonte: Stella/Voxel
A troca de armas ocorre alternando os bocais acoplados na estrutura conectada ao protagonista, e entre as variações, temos um tipo que lança um pistão e serve para acionar mecanismos, uma pistola, uma escopeta e até um lança-granadas.
No começo, os inimigos são bem esporádicos, mas conforme vamos progredindo, os combates ficam mais complicados, sendo necessário pensar bem com qual criatura é melhor gastar seus poucos projéteis para não acabar tendo que recorrer ao pistão no último caso, pois ele só pode ser usado duas vezes consecutivas e em curta distância. Ou seja, em alguns casos, fugir é uma excelente opção.
As pedras no caminho
Por mais que passe por muitos anos de desenvolvimento, todo jogo pode ter seus defeitos, e Scorn não ficou fora dessa.
A falta de informações que servem para trazer inquietação também causa diversos momentos de confusão, ficando difícil entender exatamente onde precisamos ir ou o que fazer para conseguir avançar em áreas muito abertas, principalmente no começo da aventura.
Fonte: Stella/Voxel
Outra falha está nas mecânicas de combate, que são um tanto travadas, principalmente com o pistão. Tentar fugir dos inimigos enquanto espera ele “recarregar” muitas vezes não funciona, com o alcance dos ataques de alguns deles sendo bem maior do que a área que o protagonista consegue correr para escapar.
Fonte: Stella/Voxel
Além disso, no PC – a plataforma escolhida para esta análise – os comandos no controle não ficaram bem otimizados, principalmente durante alguns puzzles, me levando a considerar em certo ponto que o jogo tinha travado até decidir trocar para o teclado e mouse, e só aí consegui solucionar o enigma tranquilamente.
Meu gameplay também apresentou alguns bugs de câmera, mas com a Ebb Software pretendendo lançar um patch logo na estreia do jogo, esse problema pode ser facilmente resolvido.
Vale a pena?
Para quem é fã de jogos completamente bizarros e não foge de um desafio, Scorn é sim uma excelente opção.
A qualidade gráfica é de tirar o fôlego, mesmo que o visual apresentado cause danos sérios a sanidade. E ao aceitarmos a necessidade de explorar minuciosamente cada cantinho das áreas, fica mais fácil navegar pelos ambientes e descobrir como resolver os puzzles.
Fonte: Stella/Voxel
O combate tem seus problemas, mas também torna este survival horror mais árduo, exigindo pensar muito bem sobre os momentos certos para gastar as munições e quando é melhor economizá-las.
E sendo um game relativamente rápido, com cerca de 8 horas de duração, com certeza vale a pena para todos que adoram se lançar em jornadas horripilantes. Mas, novamente, sem crianças na sala, certo?
Scorn foi gentilmente cedido pela Microsoft para a realização desta análise.
- Gráficos realistas
- Cenários perturbadores
- Muita imersão
- Momentos confusos
- Combate travado
- Mal otimizado para controles
Nota do Voxel