Saints Row: reboot melhora o que era bom sem esquecer suas origens
Saints Row é de longe uma das minhas franquias favoritas, que conquistou seu espaço no meu coração com toda sua irreverência, caos e pura diversão. E enquanto os dois primeiros games tentam apresentar uma pitada de seriedade, foi o terceiro que me fisgou de jeito, rendendo muitas horas de jogatina e crises de riso.
Porém, o quarto título pareceu ser uma tremida nas bases bem consolidadas da série, apresentando uma jogabilidade extremamente semelhante ao terceiro e uma trama tão forçada envolvendo realidade virtual e alienígenas que beirou uma versão bem ruim de um episódio de Rick and Morty.
Então, após anos de abstinência e poucas esperanças de um novo lançamento, quando o reboot de Saints Row foi anunciado na Gamescom de 2021 em um trailer brilhante com visuais renovados e muitas explosões, os fãs foram a loucura! (inclusive eu) Especialmente por estarmos em uma nova geração de consoles e placas de vídeo, com tecnologias e recursos que poderiam deixar a franquia ainda melhor.
Desde então, conseguimos dar uma espiadinha no possível resultado com uma enxurrada de trailers, gameplays, vídeos sobre customização de personagens e veículos, e o Voxel teve até a oportunidade de participar de um hands-off do reboot. Mas será que o game fez jus ao hype? E será que conseguiu se aprimorar sem perder sua essência irreverente? Então confira a nossa análise da versão completa de Saints Row a seguir!
Os humilhados continuam sendo humilhados
Apresentando uma visão diferente e talvez até mais atrativa para os jogadores millenials e geração Z, os problemas do protagonista em Saints Row assim como os de seus amigos é algo com que muitos vão se identificar: conseguir dinheiro para pagar o aluguel de uma espelunca e também quitar os débitos estudantis.
Para isso, começamos trabalhando em uma das posições mais baixas da Marshall, uma corporação militar privada inescrupulosa e extremamente sovina. Enquanto isso, nossos outros companheiros de apartamento estão envolvidos com duas gangues poderosas que dividem o controle da cidade de Santo Ileso com os militares.
Neenah, uma excelente mecânica que quer ser historiadora da arte trabalha falsificando quadros para os brutos e violentos Los Panteros; enquanto Kevin, o animado e sempre sem camisa, é um DJ/Influencer cujos desejos por fama acabam o levando a se juntar aos anarquistas Idols; e Eli, um gênio em negócios que veio para área em uma tentativa de fazer fortuna.
Através de uma grande capacidade de realizar trabalhos ilícitos para complementar o orçamento e uma série de eventos desafortunados que levam o grupo a cortar completamente os laços com os mandachuvas da cidade, esses amigos se deparam com uma questão muito importante: para que ficar trabalhando para os outros, quando eles são perfeitamente capazes de fazer as coisas por si mesmos? Por que não começar a melhor gangue que Santo Ileso já viu? E é aí meus amigos, que o império dos Saints finalmente começa!
A história de Saints Row é extremamente cômica e irreverente, recheada de momentos que se encaixariam perfeitamente nos filmes de Velozes e Furiosos e com um número de explosões que daria inveja em qualquer longa do Michael Bay. Porém, ainda assim aborda questões importantes para as gerações atuais, como preservação ambiental e repeito para a comunidade LGBT+, equilibrando com perfeição e leveza o absurdo com temas atuais e arrancando risadas em diversos momentos.
E neste reboot, o nível de personalização da franquia, que já era alto, foi ainda mais além. Agora é possível utilizar designs feitos por outros jogadores para o seu chefe, além de compartilhar suas próprias customizações com a comunidade. A própria criação de personagens ganhou mais opções inclusivas, trazendo próteses de braços e pernas. Tudo isso permite tornar o seu personagem como uma representação sua bem fiel no game, ou apenas soltar a imaginação e criar uma persona totalmente nova, que pode ser atraente ou bem bizarra!
O que a gente não faz por dinheiro?
Inspirada em cidades norte-americanas como Las Vegas e Nevada, Santo Ileso apresenta um mapa grandioso, cheio de cenários belíssimos e muitos detalhes e histórias para descobrir.
E com uma área tão enorme, com certeza podemos esperar muitas atividades a serem realizadas. O protagonista pode aceitar diversos bicos diferentes para ganhar dinheiro, experiência e até desbloquear itens cosméticos, armas e veículos.
As tarefas disponíveis são em geral extremamente divertidas, e incluem andar no teto de carros para servir como escolta, roubar cargas utilizando helicópteros, caçar procurados e até mesmo dar avaliações negativas para estabelecimentos e aí ter que lidar com a revolta dos fãs.
Conforme as sidequests são realizadas, elas ainda abrem mais opções dentro de suas categorias, então seu personagem vai se tornar uma figura cada vez mais requisitada e com um saldo bancário bem positivo.
Além disso, também podemos fuçar dentro de lixeiras para encontrar itens e dinheiro, e até mesmo pular de wingsuit para planar pela linda cidade e pousar diretamente em um carro e então roubá-lo.
Ou seja, o que não falta em Saints Row são coisas para fazer, e se você gosta de cumprir todas as missões e explorar todos os cantinhos como eu, com certeza vai ter um prato cheio com esse jogo, sem a sensação de uma obrigação de precisar liberar partes do mapa, e sim, fazendo porque é muito divertido.
Sangue, suor e lágrimas (dos inimigos)
Como nos outros games da série, o combate em Saints Row não é focado em depender de uma boa técnica, mas sim em ação explosiva, finalizações irreverentes e muita palhaçada. Mas isso deixa as batalhas sem graça? De forma alguma!
Ao encher uma barrinha no centro da tela ao longo do combate, podemos finalizar os inimigos de formas bem peculiares e violentas, desde facadas, tapas debochados na cara e até mesmo uma cabeçada que parece um torpedo humano?
Temos também habilidades que liberamos ao passar de níveis e que podem ser atribuídas a slots, como capacidades passivas que aumentam vida, ou o cuecão bombástico, em que literalmente colocamos uma granada nas calças do inimigo e o jogamos para longe, com a explosão podendo acertar outros minions ou até mesmo explodir veículos por perto.
Outro ponto interessante são os espaços de vantagens, que podem ser equipados no celular e garantem habilidades passivas que são desbloqueadas a cumprir certos desafios ou passando de nível.
As armas também estão bem legais, oferecendo ótimas opções para muitas explosões e tiroteios bem malucos, porém, confesso que senti um pouco a falta das variações bizarras presentes nos jogos anteriores, como o bastão de dildo ou o lançador de abelhas.
Mesmo assim, a meta do combate em Saints Row permanece a mesma: se divertir da forma mais caótica que puder imaginar sem ter que pensar muito, sendo um ótimo escape para os momentos de estresse que enfrentamos em nosso corrido cotidiano.
E apesar de arrancar umas ótimas risadas, a porradaria está longe de ser perfeita. Eu encontrei alguns bugs visuais durante as finalizações, e senti um pouco que os inimigos não possuem muitas reações ao levar tiros, sendo meio esponjas de bala, mas é um detalhe que não incomoda tanto e pode ser facilmente resolvido em atualizações futuras.
Construindo seu império
Um pouco depois dos Saints finalmente conseguirem sua base em uma igreja abandonada, outra questão importante é abordada: a gangue precisa de dinheiro e ter influência na cidade para se tornar um verdadeiro grupo criminoso de respeito.
E é aí que a mecânica da Mesa do Império Criminoso é apresentada, trazendo terrenos vazios em que podemos construir vários tipos de “empreendimentos” por toda Santo Ileso, que geram lucros interessantes e que envolvem roubos de carros para desmanche, fraude de seguro e até furtar food trucks que servem de disfarce para vendas de drogas.
Só que para alcançar todo o potencial de cada negócio, o jogador precisa lidar com as ameaças de outras gangues da região, além de fazer todas as missões para receber ainda mais dinheiro, como no caso da Bright Future, em que é necessário achar todos os caminhões com lixo tóxico na cidade e trazê-los de volta.
Por mais que algumas quests relacionadas ao seu império possam parecer simples e até mesmo repetitivas, em nenhum momento me senti entediado realizando as tarefas, porque acontecia sempre algum “imprevisto” diferente, deixando a situação bem galhofa e com uma dose de loucura. Além disso, ver sua influência se espalhando é muito legal, passando aquela sensação incrível de estar construindo a gangue “mais braba” do pedaço.
Algumas pedras no caminho
Por mais que seja muito divertido, Saints Row também apresentou alguns problemas. Além dos pequenos bugs mencionados acima, em momentos com muita ação acontecendo na tela, o jogo apresentou algumas quedas bruscas de fps e engasgos, mesmo com o meu PC contando com uma placa de vídeo RTX 3070 e um processador Ryzen 5 5600x.
Porém, é interessante ressaltar serem apenas pormenores, que podem ser corrigidos facilmente com atualizações e não atrapalham em nada o aproveitamento do jogo.
Vale a pena?
Todos esses anos de espera com certeza valeram muito a pena. O reboot de Saints Row preservou a fórmula de caos e diversão de seus predecessores, mas sem forçar a barra para ser escrachado demais.
O visual da cidade é riquíssimo e carregado de detalhes, e as missões principais e secundárias conseguem garantir várias horas de diversão sem parecerem cansativas ou repetitivas.
Além disso, a abordagem de temas e problemas atuais foi pontuada de uma forma leve e interessante, e as opções de customização dos personagens realmente está excepcional, trazendo diversas características que permitem um nível de inclusão totalmente merecido para a franquia.
Seja para quem já era fã da série ou está conhecendo agora, esse reboot é realmente uma boa escolha, sendo capaz de fornecer um gameplay irreverente e leve, com muito tiro, porrada, bomba e diversão!
Saints Row foi cedido gentilmente pela Deep Silver Volition para a realização desta análise.
Categorias
- Extremamente divertido e caótico
- Cidade muito bem detalhada e com gráficos belíssimos
- Ótimas piadas e referências
- Muitas coisa para fazer
- Muita customização
- Quedas de fps em momentos de muita ação
- Falta de um modo foto
- Animações dos personagens poderiam ser melhores
Nota do Voxel