River City Girls 2 é a perfeição dos beat 'em ups
Quem é fã de beat 'em ups realmente não tem do que reclamar em 2022. Depois de sermos muito bem servidos pelo ótimo TMNT: Shredder's Revenge, a clássica franquia Kunio-kun também voltou com mais um capítulo. E não é que River City Girls 2 conseguiu se mostrar não apenas um excelente beat 'em up, mas também um dos melhores jogos do ano? Entenda os motivos disso na nossa análise completa a seguir!
Round 2!
Se você jogou o primeiro River City Girls, já faz uma boa ideia do que o espera por aqui, pois o novo jogo repete tudo de melhor do original enquanto acrescente boas novidades. Então se você amou o que viu por lá, nem precisa ler o resto desse review não, já pode ir lá comprar o jogo e ser feliz, porque é certo que vai curtir esse aqui também! Abração e até a próxima!
Ah, você continua por aqui?! Certo, nesse caso vamos falar um pouquinho sobre como a série funciona. Protagonizado pela dupla Kyoko e Misako, esse beat 'em up possui uma estrutura mais livre e menos linear que o habitual, de forma que você pode explorar os cenários no seu próprio ritmo sem muitas amarras. Acima você confere a primeira hora de gameplay do jogo.
River City Girls 2 oferece ainda mais liberdade que o jogo original e várias vezes o mapa se ramifica de forma que você possa explorar as diferentes zonas na ordem que preferir, e isso é muito bom quando lembramos que há dezenas de lojas e missões paralelas espalhadas pela cidade. A graça é subir de nível não apenas lutando, mas também coletando o dinheiro dos vilões para comprar novos movimentos no dojo, acessórios para equipar e itens como comidinhas para consumir na hora ou deixar no inventário para o momento oportuno.
A ideia de explorar a cidade e conhecer as suas figuras inusitadas enquanto aprimora as personagens dessa forma acaba me lembrando bastante a experiência de jogar um bom Yakuza até. Ou talvez eu só esteja com eles na cabeça, já que são justamente esses mafiosos que a dupla e seus amigos precisam enfrentar a fim de limpar as ruas.
Inclusive a nova trama se passa instantes após os eventos do primeiro River City Girls, então vale a pena zerá-lo antes, até para entender muitas das piadas e referências. Mas isso é só uma recomendação, e não algo obrigatório para se divertir, já que a nova trama é bem autocontida no geral. É melhor se você tiver jogado, você vai rir um mais e pescar mais coisas, mas está tudo bem começar por aqui também.
Tradição e modernidade
Como a história começa logo depois da aventura original, era preciso dar uma desculpa para que as nossas heroínas precisassem reaprender os golpes e perder os níveis que tinham ganho, e a solução não podia ser mais simples e esperta: simplesmente elas ficaram dois meses em casa no sofá só jogando videogame, então agora estão meio enferrujadas.
É esse tipo de humor meio bobinho, espirituoso e ocasionalmente metalinguístico que norteia o desenrolar da história, e quase todas as piadas funcionaram muito bem para mim, embora o humor seja naturalmente algo bem subjetivo. Então a minha dica é que se você gosta dos quadrinhos do Scott PIlgrim e de animes, provavelmente vai se amarrar também.
Logo na sequência de abertura eu já ri bastante com a música introdutória, cuja letra era mais ou menos assim: "faça as suas malas, você está sendo despejado pelas River City Girls... DOIS! — não, não é pra falar a parte do 'dois'... — mas está escrito bem ali!". Então é esse tipo de bobeirinha fofa que você vai ouvir frequentemente nas interações entre as personagens.
Em outras ocasiões, o humor é bem utilizado para subverter antigos arquétipos, como no caso da heroína Marian, saída diretamente de Double Dragon para se tornar mais uma personagem jogável ao lado de Kunio, Riki e da novata Provie. Em uma cutscene, Marian explica que ficou cansada de ser sempre socada no estômago por vilões, e que gastou o seu tempo sequestrada para malhar um monte. O resultado? "Abdômen lendário", de acordo com as deslumbradas heroínas.
É no somatório de várias coisinhas espertas assim que River City Girls 2 consegue, ao mesmo tempo, honrar as suas raízes, mas, ao mesmo tempo, modernizar o discurso e mecânicas, subvertendo as nossas expectativas, mas sempre de forma respeitosa com os gigantes que o precedem. Lá pela metade do jogo você passeia até por um museu da produtora Technos com um monte de menções aos clássicos do gênero!
Os altos e baixos da vida na cidade
Se o gameplay é perfeitamente redondinho, o mundo é cativante de explorar, e há uma tonelada de coisas para fazer com os cinco personagens jogáveis, então o jogo é perfeito? Bom, até poderia ser, e ele realmente chega perto disso, mas nesse momento parece que ele está a um ou dois patches da grandeza real.
Mesmo tendo jogado no PlayStation 5, que possui um ótimo SSD, estranhei como um jogo tão simples pode possuir tantos loadings. Toda vez que você muda de tela — o que acontece centenas de vezes ao longo da campanha — é preciso ver um breve carregamento de dois ou três segundos.
Esse problema é agravado pelo fato de que em certos trechos é preciso fazer bastante backtracking, então você provavelmente vai estar correndo de um canto do outro da tela o mais rápido possível para chegar logo no objetivo. Nessa altura, todo loading vai te castigar um pouco e fazer se arrepender por estar andando tanto.
É verdade que ainda existem alguns pontos de viagem rápida, mas ainda assim o mapa é tão grande que o backtracking ainda pode ser penoso. Além disso, pelo que conversei com outros amigos que jogaram antecipado, a versão de Switch parece um pouco mais problemática em performance e bugs, embora ocasionais quedas de fps e inimigos travados no cenário também apareçam na versão de PS5.
Ao menos esses problemas — e a falta de multiplayer online, o que já foi prometido para patches futuros — são muito bem compensados pelo que talvez seja a melhor trilha sonora de um videogame lançado em 2022. O trabalho da compositora Megan McDufee é exemplar, carismático e empolgante demais, e torna um deleite passear pela cidade, com dezenas de músicas bem diferentes entre si, todas ótimas. As minhas favoritas — e todas elas estão disponíveis para streaming legalmente nas redes — são Get off my lawn e I'm Better than you, além da opening, claro.
Vale a pena?
River City Girls 2 é um primor de beat 'em up, e no fim das contas, as coisas são realmente simples assim. Se você gosta do gênero, faça um favor a você mesmo e jogue agora mesmo, porque não tem erro. Se não gosta, talvez a estrutura de mundo mais aberto, a tonelada de extras, carisma das personagens, estética e trilha sonora consigam até mesmo te fisgar e fazer mudar de ideia! Não fosse por uns probleminhas com bugs, FPS e o excesso de backtracking, o jogo podia até levar nota máxima. E eu juro que não estou falando isso só porque a Misako está com um taco de baseball apontado para a minha cabeça!
River City Girls 2 dá uma aula de como fazer um bom beat 'em up moderno. Divertidíssimo e hilário do começo ao fim!
River City Girls 2 foi gentilmente cedido pela WayFoward para a realização desta análise.
Categorias
- Talvez a melhor trilha sonora de 2022
- Muitos personagens jogáveis
- Diálogos excelentes
- Chefes variados
- Liberdade de exploração
- Desafio na medida certa
- Podia ter menos backtracking
- Excesso de loadings
- Quedas pontuais de fps e bugs
Nota do Voxel