Imagem de Resident Evil: Deadly Silence
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Resident Evil: Deadly Silence

Nota do Voxel
77

12 anos não tiraram a graça de se jogar Resident Evil.

Analisar um clássico reanimado nunca é uma tarefa fácil. Isso porque o jogo provavelmente será experimentado por dois públicos bastante distintos. De um lado tem-se aquele fã de anos, que provavelmente vai jogar com uma espécie de nostalgia cega, ignorando grande parte dos deslizes do remake ou mesmo alguns detalhes que deveriam ter sido corrigidos a fim de trazer o título para a atual geração.

Diretamente de uma época onde estourar cabeças de zumbis era tudo! E de outro, bem, têm-se um público mais jovem e/ou menos fiel a uma única franquia que, provavelmente, vai comparar o idoso título em todas as suas dimensões tendo como parâmetro o que há de mais recente em termos de qualidade gráfica e enredo. Bem, assim sendo, vale aqui lembrar: um remake é sempre, em última análise, um título antigo. Ele pode ser bom, pode ter um enredo interessante e até ser bastante imersivo. Mas ainda assim é um jogo antigo.

Bem, digamos que Deadly Silence encaixa-se completamente nesse quadro. Basicamente, trata-se do primeiro Resident Evil lançado em um longínquo 1996, na época áurea do PlayStation em que os gráficos em 3D ainda estavam engatinhando. Sem dúvida um título que deixou uma marca indelével na indústria de games, inspirando inúmeros outros jogos tanto em estilo quanto em conteúdo.

Entretanto, é bom não se surpreender se o que assustou há quase 13 anos agora trouxer simplesmente um clima nostálgico, tanto pelas texturas já com uma boa idade quanto pelas cenas filmadas que, convenhamos, eram um tanto sem polimento mesmo para a época. É claro que isso de forma alguma tira o brilho de se poder relembrar um clássico absoluto agora até mesmo a caminho da escola ou do trabalho.

Mais do que um clássico “remaquiado”

Considerações saudosistas à parte, cabe aqui também mencionar o seguinte: Deadly Silence não é apenas um clássico remaquiado do qual uma empresa gigante (no caso a Capcom) pretende sugar mais alguns trocados. De fato, além de ser uma boa possibilidade de se jogar um excelente título em um portátil, o jogo ainda vem com várias novidades que, contudo, não alteram a essência da primeira incursão de Jill Valentine e Chris Redfield nos consoles.

Um velho conhecido.

Para quem ainda não conhece a história, Resident Evil traz a primeira aparição da força especial S.T.A.R.S. na fictícia e terrivelmente condenada cidade de Racoon City. Alguns estranhos homicídios seguidos de canibalismo levaram uma primeira equipe, a Bravo, à cidade. Tendo esta perdido o contato após algum tempo, é enviado um segundo grupo: a famosa equipe Alpha, da qual fazem parte Jill e Chris.

O início do jogo se dá então na famigerada mansão que, sem dúvida, já tirou o sono de muito jogador mais velho, trazendo novamente a clássica câmera estática, os sons estranhos (que realmente continuam em muito boa forma) e as janelas de onde, a qualquer momento, algo estranho pode pular. O objetivo então é reunir os membros remanescentes da equipe Alpha e tentar descobrir o que de fato aconteceu com a equipe Bravo.

É claro: DS tem que utilizar a stylus. E isso pode ser feito de duas maneiras. Para os saudosistas de plantão, existe o modo “Classic” que, basicamente, é uma recriação do primeiro título com pouquíssimas diferenças. E, bem, sendo um título para o DS, é também bastante razoável esperar alguma utilidade para as características do console, não?

Pois é, para cumprir esse papel, existe o modo “Rebirth”, que também traz a aventura original, embora agora acrescida de certas partes onde será necessário utilizar a Stylus e até mesmo o microfone. Além disso, algumas cenas extras foram incluídas assim como o suporte a Wi-Fi. Acrescente a isso os múltiplos finais, e o que se tem em mãos são algumas boas horas de diversão mesmo para aquele jogador que já decorou cada pequeno detalhe do primeiro título.

Quem estiver acostumado com o primeiro jogo ainda deve sentir que “Rebirth” é muito mais voltado para ação. Mas não se preocupe, a munição torna-se bem menos escassa para que se possa dar conta do maior número de zumbis (e afins).

Um clássico com jogabilidade clássica

Jogadores de longa data provavelmente não encontrarão muitos problemas em relembrar os controles clássicos do primeiro título. Entretanto, caso você não esteja acostumado com a franquia ou tenha começado a jogar em Resident Evil 4, as coisas podem parecer um tanto sem jeito no começo, mas realmente não é nada do outro mundo.

Sim, andar de encontro às paredes no começo é bem normal. Uma das maiores diferenças está sem dúvida no direcional. Isso por que, independentemente da direção em que o personagem estiver apontando, a direção superior fará com que ele ande para frente. Parece meio estranho no começo, mas de fato é bem indicado para os cenários estáticos do jogo, principalmente quando se passa de um local para o outro. Enfim, não é muito intuitivo, mas é funcional.

Atacar também não é das tarefas mais fáceis para quem está acostumado com a velocidade dos jogos mais novos. Quer dizer, você realmente não vai, em momento algum, pular ou dar uma voadora em um zumbi descerebrado (o que deve acontecer em RE 5). O negócio é mirar, atirar e, de preferência, manter uma boa distância do seu alvo morto-vivo. E sim, atirar para cima ainda produz um belo headshot, espalhando vísceras putrefatas pelo cenário.

A antiga diferença de se jogar RE tendo Jill ou Chris como protagonista, é claro, ainda é válida. Enquanto que Chris consegue agüentar uma quantidade bem maior de dano, Jill é capaz de destrancar certas portas e também de carregar mais itens no inventário.

E por falar em inventário, esse é sem dúvida um dos pontos em que RE dá sinais da avançada idade. Quer dizer, no papel de Chris, você poderá carregar apenas seis itens de uma vez. Assim sendo, levando-se em conta que você provavelmente carregará mais de uma arma, suas respectivas munições e mais uma boa quantidade de ervas medicinais... De fato, pode mesmo faltar espaço em alguns momentos. Mas não se preocupe, os baús ainda estão disponíveis.

A boa e velha máquina de escrever


Se você está acostumado com milhares de “checkpoints” além da possibilidade de se salvar um jogo quantas vezes quiser, vai um aviso: em RE o buraco é mais em baixo. Aqui vale a clássica relíquia dos primeiros jogos, a máquina de escrever. Toda vez que você quiser salvar o jogo, será necessário encontrar uma dessas para gravar os seus dados; isso contando-se que você tenha uma carga/faixa de tinta disponível no inventário — ah, sim, mais uma coisa para ocupar espaço.

Pois é, deveria ter salvado.

Isso sem dúvida pode parecer meio estranho a princípio, mas de fato foi um dos elementos que contribuíram para criar a tensão tão característica dos jogos da série. É claro que não se pode esquecer que Deadly Silence é um título para DS e, bem, não será sempre você poderá jogar um longo tempo até encontrar uma carga para salvar o seu jogo na máquina mais próxima, não? Quer dizer, um título não muito apropriado para um jogo rápido no ônibus.

Um multiplayer com estrelas

Se puder contar com mais um ou três jogadores, você poderá tentar um dos modos multiplayer de Deadly Silence. Para tanto, o jogo traz modificações dos cenários do modo “single-player” onde será possível jogar cooperativa ou competitivamente. De qualquer forma, o desafio incluído limita-se a encontrar um determinado local antes que o tempo se esgote.

Caso você esteja competindo, acertar certos inimigos fará com que o seu adversário se atrase um pouco. Já no modo cooperativo os jogadores vão dividir a mesma barra de energia, e também contarão com outros incentivos ao trabalho em equipe.

O problema é que, não importando o modo que se escolha, a sua interação com os outros jogadores se limitará apenas a algumas estrelas coloridas no seu mapa. É isso mesmo, você não vai encontrar outro sujeito destroçando zumbis no mesmo cenário, lamentavelmente. Isso faz do multiplayer de Deadly Silence algo medianamente divertido e quase completamente descartável. Ah, sim. Vale lembrar: deve existir um cartucho para cada jogador.

Ainda um jogo envolvente

Uma coisa é realmente impressionante: mesmo com 12 anos nas costas, RE ainda consegue ser imersivo e interessante. Tudo bem, os gráficos não fazem frente aos títulos mais recentes e você sem dúvida já encontrou histórias mais elaboradas (embora não por isso melhores). Mas as câmeras cinematográficas, toda a quantidade de sangue pútrido espalhado pela tela e os vários sons estranhos que se houve quase do além ainda criam uma atmosfera bastante envolvente.

12 anos não tiraram a graça de se jogar RE. Invelizmente alguns cenários pré-renderizados ficaram um tanto granulados nas telas do DS. Entretanto, o movimento dos personagens estão realmente muito bons, assim como os efeitos de sangue. O áudio original parece ainda perfeitamente intacto, com os mesmos sons de gelar a espinha, acrescidos agora da ótima separação em estéreo do DS.

Tudo bem, ninguém espera realmente ficar assustado com um título de 12 anos rodando em um videogame portátil. Entretanto, trata-se de uma ótima oportunidade para relembrar o jogo que popularizou definitivamente o estilo “survival horror” com todos os elementos que hoje são largamente conhecidos e compartilhados. Além disso, convenhamos, jogar RE em um portátil não é nada mal, não é mesmo?

Assim sendo, seja você um fã inveterado e de longa data ou mesmo um jogador mais novo com alguns parâmetros de comparação quase injustos, talvez valha mesmo a pena dar uma olhada em Resident Evil: Deadly Silence, seja para relembrar ou mesmo para conhecer onde tudo isso começou.
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