Garden Warfare 2 colhe os frutos das melhorias e é ainda mais divertido
Plants vs. Zombies foi um fenômeno desde o lançamento e hoje já é uma marca forte, assim como Angry Birds. Muitas pessoas ficaram céticas quando a Electronic Arts quis mesclar a fórmula de tower defense com shooters modernos, mas Garden Warfare chegou com tudo, demonstrando que um game de tiro pode funcionar além das linhas de guerra convencionais.
Particularmente, o primeiro título da série foi para mim uma aquisição que serviria apenas para ter um multiplayer online divertido que suprisse o lançamento do vindouro Titanfall na época. Por não ter expectativas altas, Garden Warfare me surpreendeu em todos os sentidos e me garantiu dezenas de horas de entretenimento, me deixando ansioso para saber como seria a sequência, agora com a perspectiva de que algo ainda melhor pode ser produzido.
Com novos modos offline e classes que parecem ser mais divertidas que as originais, a aclamada sequência finalmente chegou, agora dedicada exclusivamente às novas gerações. Será que o feedback dos fãs foi ouvido e o segundo game da série supera os elementos do primeiro? Confira a nossa análise completa.
EA, obrigado por nos ouvir
Sem sombra de dúvidas, Plants vs. Zombies: Garden Warfare 2 é melhor que o primeiro título em todos os aspectos, pois traz grandes novidades em relação ao antecessor e muito conteúdo novo. Desta vez, o game parece mais do que um projeto experimental e ganha uma estrutura mais sólida, com adições de modos offline e um pequeno modo carreira.
Vamos comentar um pouco sobre a jogatina que não precisa de internet. Há uma pequena história em formato de missões, que são atribuídas por personagens novos, como Doutor Zumbão, Supermiolos e alguns outros, nas quais temos que realizar fetch quests, ou seja, objetivos um pouco rasos e simples, como coletar itens ou defender um posto avançado.
O menu principal foi todo reformulado. Esqueça as abas e páginas sem graça. Agora, tudo funciona em um lobby que fica no próprio cenário. Quer jogar online? Você deve pegar um dos personagens e caminhar até o portal online. Quer jogar com tela dividida? Ande até a TV localizada no pátio e se divirta.
Essa estrutura casa muito bem com os modos offline, que se beneficiam dessa ambientação para inserir elementos da história. Não dá para chamar isso de modo campanha, mas ele quebra um galho e oferece algo a mais que o título original. A grande vantagem é que tudo que você pode fazer no multiplayer online também é possível sem conexão com a internet graças à ajuda de bots ou de um amigo em splitscreen.
Isso é essencial para suprir os momentos nos quais os servidores ficam vazios. E pode acreditar: eles ficam desertos dependendo do horário. Aqui não dá para culpar muito a EA, já que depende da base de jogadores online. Porém, você pode ficar feliz, já que é possível aproveitar tudo isso sem precisar de internet, diferente de seu antecessor.
No meio do pátio do lobby – o espaço geral no qual fazemos tudo –, há uma área de conflito entre as plantas e os zumbis. Basicamente, há alguns mini games para passar o tempo e uma parte que podemos chamar de “teste”. Quer ver como aplicar as habilidades de um personagem que você não conhece? Basta ir ao campo de batalha misto e matar alguns adversários para tirar a ferrugem dos velhos personagens ou para aprender a se acostumar com os novos.
O novo conteúdo justifica a compra
As grandes estrelas aqui são as novas classes. São seis ao todo, e cada uma delas é sensacional, se comportando de maneira bem distinta. Enquanto as antigas foram mantidas e ainda possuem as funções bem definidas, como sniper ou médico, as novas são mais versáteis e podem assumir diversos papéis no campo de batalha.
Do lado das plantas, temos: Citrinador, um herói com uma pegada mais defensiva, com mais vida e pouco dano; Rosa, uma flor capaz de lançar magias poderosas que transformam os inimigos, mas é um pouco frágil; por último, há o Capitão Milho, um personagem com uma cadência de tiro rápida e habilidades ágeis, tornando-o o mais equilibrado da turma.
No time dos descerebrados, temos como novidade: Capitão Barbamorta, um pirata com barris explosivos, tiros de canhão e um papagaio que pode escanear e abater inimigos de longe; Supermioloz é um campeão porradeiro, com habilidades que necessitam que você esteja próximo do oponente; por último, há o frágil Zumbinho, que é o personagem com menos vida, mas conta com o poderoso Robô-Z, que muda completamente a jogabilidade dele.
Por conta dos estreantes, como Citrinador, com o seu escudo, ou Zumbinho, com o poderoso robô ao estilo de Titanfall, a sensação pode ser de que as novidades são fortes demais. Porém, o balanceamento é incrível em Plants vs. Zombies Garden Warfare 2. Todo personagem tem um adversário que o countera e outros que levam vantagem, como em uma brincadeira de pedra, papel e tesoura, nunca nos passando a sensação de mecânicas malfeitas.
Você se lembra que, no primeiro título, apenas as plantas tinham um modo de defesa de torres? Pode ficar tranquilo agora, pois os zumbis finalmente ganharam espaço e não são mais os excluídos da cena. Se existe alguma coisa para um dos times, ela também pode ser aproveitada pelo outro.
Enfeite a sua árvore de Natal
Se você é, assim como eu, uma pessoa que passou muito tempo com o primeiro game da franquia no console ou no PC, então sabe como pode ser demorado e trabalhoso para desbloquear novas skins e buffs para os personagens. Completar missões e partidas online garante recompensa com moedas, que servem para abrir pacotes de figurinhas com novos itens.
A personalização continua a ser um ponto muito forte, seja na seção estética ou nas habilidades especiais, que podem ser utilizadas em modos específicos nos quais elas são permitidas. Você pode falar: poxa, mas joguei tanto o 1... Vou ter que liberar tudo de novo? Para a nossa felicidade, não. A EA foi amiga dos jogadores aqui e permite que você importe o seu progresso do primeiro game.
Contudo, ainda é demorado para desbloquear conteúdos bacanas. É preciso jogar durante um bom tempo com cada classe, que ganha experiência de forma individual. Isso poderia ser um incentivo para prender o jogador, mas é simplesmente demorado demais se pensarmos que não há uma variedade extrema nos modos, algo que pode cansar depois de um período.
Nem tudo são flores (ou zumbis)
De um modo geral, Plants vs. Zombies Garden Warfare 2 é uma melhoria em quase todos os elementos que o jogo anterior criou. É muito bom saber que a Electronic Arts decidiu encarar a franquia como algo a mais que um shooter experimental. Contudo, ainda há pontos que podem incomodar pela comodidade e pela falta de adequação.
Apesar de ter mais conteúdo offline, 12 novos mapas e 6 novas classes, um novo lobby e um sistema de quests, as mecânicas são essencialmente as mesmas de seu antecessor. Lembra-se que não havia um botão de correr e um ataque melee como acontece nos outros games de tiro? Bom, não espere ver nada disso por aqui.
Se eu acho que um botão de corrida é o que a franquia precisa? Não. Todavia, é evidente que as mecânicas-base não foram o foco da desenvolvedora. Em outras palavras, todas as demais classes (oito no total) são iguais. Se você gosta de jogar como um soldado zumbi, a única novidade serão os novos mapas.
Os servidores podem ficar bem vazios de vez em quando
Desta vez, equipado com gráficos da nova geração
Vamos refrescar a memória aqui: o primeiro Garden Warfare tinha visuais bonitos, mas não eram espetaculares. Se levarmos em conta que o título saiu para as duas gerações, é mais fácil entender que ele talvez tenha tido o potencial “segurado” para que os usuários de PlayStation 3 e Xbox 360 tivessem a oportunidade de experimentar a jogatina online entre plantas e zumbis.
Agora, os gráficos do game receberam um belo trato na nova versão. O estilo cartunesco pode não ser o melhor para demonstrar o poder da nova geração, mas certamente a EA soube aproveitar a experiência dos jogos de peso do ano passado, como Star Wars Battlefront, para trazer um sistema de partículas fantástico aliado a texturas de maior qualidade e incríveis 60 frames por segundo.
As características cômicas ainda estão presentes, mas agora são mescladas com efeitos especiais fotorrealistas. Todos os personagens têm design único e extremamente carismático. Os diálogos seguem a mesma linha, assim como a sonoplastia. A parte boa é que o game está totalmente em português – só não é dublado, já que, né... zumbis só grunhem, e plantas são um tanto quietas.
Vale a pena?
A EA prova mais uma vez que a temática de guerra moderna não é obrigatória para criar um shooter de qualidade e que até mesmo plantas e zumbis podem ser extremamente divertidos para um multiplayer online. A empresa corrigiu os erros do passado ao adicionar mais modos offline e trouxe uma boa leva de conteúdo bacana para divertir tanto adultos quanto crianças.
Plants vs. Zombies Garden Warfare 2 é um game de tiro em terceira pessoa ainda mais robusto, balanceado e divertido que o seu antecessor. Certamente, servidores mais cheios de vez em quando, um modo campanha ainda melhor e uma evolução mais rápida seriam bem-vindos, mas a diversão continua garantida, pois tudo foi aprimorado. Se você gostou do primeiro título, pode comprar o segundo jogo sem medo.
Talvez, o único ponto um pouco difícil de argumentar é o preço da brincadeira: R$ 230 nos consoles. Esse tem sido o valor convencional dos títulos atuais, mas, caso você não se lembre, o primeiro game chegou por apenas R$ 140. Sem dúvida, é um pouco complicado compará-lo com outros shooters por conta da temática casual, mas você deve se perguntar se uma jogabilidade mais simples justifica a quantia cobrada.
- A diversão casual é ainda melhor que no antecessor
- Adição de mais modos offline
- Campanha simples, mas divertida
- Extremamente balanceado
- Excelentes gráficos que rodam em 60 frames por segundo
- Ainda é muito demorado para liberar conteúdo
- Servidores podem ficar bem vazios de vez em quando
- Não houve melhorias significativas nas mecânicas de jogo (como correr, por exemplo)
Nota do Voxel