Um herói bidimensional em um mundo 3D
Um dos grandes trunfos da Nintendo com Mario é a facilidade de colocá-lo em diferentes situações. Como a história do personagem é bem simples, isso permite que ele seja adaptado de acordo com as necessidades de cada jogo. É por isso que achamos tão natural vermos o bigodudo como encanador salvador de princesas, jogador de tênis, de futebol ou piloto de kart.
E de todas essas investidas que a “Big N” já fez com seu mascote, poucas são tão carismáticas quanto a apresentada em Paper Mario. Com um estilo visual único, a transformação de Mushroom Kingdom e seus habitantes em pedaços de papel foi tão bem aceita pelo público que cresceu e ganhou uma série própria, que retorna ao Nintendo 3DS com algumas novidades.
Paradoxo dimensional
No entanto, será que a proposta realmente é a melhor aposta da Nintendo com a franquia? Embora os jogos anteriores tenham sido ótimos, é impossível não questionar a incoerência no fato de termos um jogo construído sobre o conceito das duas dimensões em um console que explora exatamente o 3D. Como essa combinação pode funcionar?
Para chegar a uma resposta, a produtora decidiu reformular a estrutura da série e expandir um pouco daquilo que era feito até então. E em vez do clássico gênero plataforma que sempre acompanhou o personagem, vemos o herói de papel em uma jornada muito mais ampla ao melhor estilo RPG com a ajuda de uma infinidade de adesivos. Mas será que isso é o suficiente para justificar a estreia no universo tridimensional?
Paper Mario: Sticker Star é uma das investidas da Nintendo para este fim de ano que valem a pena somente por conta de sua proposta. A série do personagem em um mundo de papel sempre foi um sucesso e, apesar de alguns deslizes, ainda funciona muito bem no 3DS. Com um estilo visual incrivelmente bonito e uma linha narrativa muito bem humorada, é impossível ficar indiferente a esse excelente trabalho.
E o que mais chama a atenção no game é exatamente o fato de a Nintendo não ter cedido a uma tendência que ela mesma criou: a exigência do 3D. Em vez de forçar o uso das três dimensões, a empresa optou por adicionar o recurso de maneira discreta — e, de certo modo, descartável — para valorizar exatamente a parte artística que é tão única em toda a série. E para isso, a Big N trouxe exatamente um mundo mais aberto e focado na exploração e na caça aos adesivos, sendo a parte mais divertida de todo o jogo.
É muito bem ver que não é porque um recurso está disponível que ele precisa ser usado de qualquer maneira. Em alguns casos, é melhor deixar de lado alguma dessas funcionalidades para priorizar aquilo que realmente vai ser bom no título em questão.
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Nota do Voxel