Overcooked é uma série que até há pouco eu não havia experimentado. Erro meu. Para quem não conhece, Overcooked é um party game (que pode ser aproveitado em até quatro pessoas) que coloca chefes de culinária para entregar pratos em cozinhas extremamente criativas e caóticas, apresentando uma diversão única que fazia muito tempo que não me deparava. Quando Overcooked 2 chegou, fiquei ansioso para saber o novo sabor desse prato e saber qual seria o tempero de novidades que a sequência traria.

Pois bem: o gosto dessa nova iguaria continuou delicioso, mesmo que seja bem familiar, mas algumas novas combinações dão um tempero extra que acaba valendo a pena repetir aquela refeição gostosa. Confira a nossa análise completa.

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Um sabor conhecido, mas salpicado de novidades

Em resumo, Overcooked 2 é como refeição de vó: você pode comer, se empanturrar e ficar estufado, mas sempre vai querer repetir a dose no fim de uma pratada. Em um primeiro momento, o game mais parece uma expansão do jogo anterior do que uma sequência propriamente dita.

O modo campanha ainda tem muitos níveis para você aproveitar (cerca de 50, incluindo os opcionais de Rick, o cão do rei, que oferece desafios maiores), o modo arcade continua bacana e há também a modalidade competitiva, tudo com online – mas entrarei em detalhes depois. No geral, a sensação é mais de níveis e pratos novos, mas da mesma forma.

A parte de exploração é bacana e tem até níveis extras

Entretanto, basta um tempinho nas aventuras culinárias para ver que há algumas salpicadas muito bem-vindas. Entre as novidades, temos os novos níveis que são extremamente divertidos (como a escola de magos, a mina e as cozinhas em cima de balões), novos pratos para fazer e, principalmente, a nova mecânica de arremessar ingredientes.

Pode parecer besteira que algo tão pequeno seja uma estreia digna de ser frisada e louvada, mas ela é realmente boa porque altera a estrutura mecânica de Overcooked 2. Não é uma mudança radical, claro, mas isso traz uma dose de situações inéditas. Telas divididas ganham novas dinâmicas e fica mais fácil jogar ingredientes crus pelo cenário (pratos e comidas prontas não podem ser arremessados).

Galeria 1

Isso ainda não muda o fato que ambos os jogos são muito parecidos, claro. Apesar de terem semelhanças, as fases são suficientemente diferentes para dar uma nova impressão e assar uma nova fornada de diversão. Mas, certamente, se o seu paladar ainda está marcado pelo primeiro Overcooked, talvez seja melhor esperar um pouco para pegar o segundo.

Diversão, diversão, diversão!

Não tem jeito: pode parecer clichê, mas a diversão é o ponto positivo mais forte de Overcooked 2. Party games têm como essência oferecem experiências rápidas, como pequenas pílulas de diversão, que são melhores aproveitadas em grupo. A fórmula é construída para usar o fator social como pilar para o entretenimento, mas o game realmente tem seu próprio alicerce.

Seja em duas, três ou quatro pessoas, Overcooked 2 traz uma mistura de bolo que é difícil de desagradar. Claro, quando um dos jogadores é competitivo demais ou quer apenas “causar” na cozinha, parte desse brilho vai embora, mas é aí que vemos a qualidade elevada do game: mesmo assim ele ainda diverte horrores.

A dose de desafios e recompensa é muito bem distribuída e jogar diversos níveis com quatro pessoas foi muito gratificante (agradecimentos à Rafaela, Gian e Stella que me ajudaram nesse review e fizeram de um sábado de trabalho em um passatempo muito bom). Tentamos sempre conseguir as três estrelas de cada nível e até nas fases mais desafiadoras conseguimos ter uma ótima experiência.

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A jogatina é simples e requer apenas dois botões para jogar qualquer missão, ideal para que qualquer um consiga se unir ao grupo e criar situações bem gostosas de aproveitar. E, ao mesmo tempo, requer uma certa coordenação de equipe que somente com uma boa sinergia dará certo. Não diria a gregos e troianos (gamers casuais e hardcores) em condições idênticas, mas o balanço é espetacular.

A única ressalva talvez seja de que a dificuldade poderia ser um pouco maior em alguns casos, já que alguns leveis não requisitaram nem mesmo uma segunda chance para alcançarmos uma ótima pontuação. Como joguei pouco do Overcooked original, tenho só a leve impressão de que o primeiro oferecia mais desafio – e ele seria bem-vindo aqui.

O modo online adoça a experiência, mas problemas amargos persistem

Desde que Overcooked foi lançado, os fãs só queriam saber uma coisa: por que não há modo online? A Team17 ouviu as preces dos esfomeados clientes e finalmente colocou uma forma de nos divertimos em um modo multiplayer que não requer quatro controles no mesmo sofá. E ele é realmente um tempero extra bem agradável.

Você pode se unir com até outros três colegas e participar do modo arcade, do modo versus e até mesmo do modo campanha. A adição é ótima, mas não é perfeita também. Há pequenos problemas de lag (nada crítico) e o matchmaking pode ser meio ruim (frequentemente joguei o versus sozinho contra uma dupla). Além disso, durante minha pesquisa sobre o game descobri que, infelizmente, chamar um amigo para ajudar no modo história não avança a campanha dele. Como não tenho nenhum colega que tem uma cópia do jogo, não pude testar.

De qualquer forma, são apenas pequenos probleminhas. O real defeitose encontra em outro lugar: jogar sozinho continua a ser algo penoso. Se você decide se aventurar como um chefe solitário, terá que controlar dois personagens ao mesmo tempo (é possível trocar entre um e outro com o botão R1/RB/R).

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Acontece que, mesmo com a automatização de algumas coisas – o personagem fica cortando carnes ou lavando louça sozinho quando posicionado – é impossível dar contas das tarefas sozinho a ponto de ter um bom desempenho. Como diria um chefe: a gente só tem duas mãos. A solução ideal é que houvesse um bot, uma IA, que controlasse o personagem e nos desse a chance de assumir o papel quando necessário, pois quando um está ocupado, o outro está parado.

Vale a pena?

Overcooked 2 é pura alegria. É a essência de um jogo em seu cerne, com a definição “nintendística” da visão de uma obra digital: é feito para divertir. No geral, o game é excelente para aproveitar tanto offline quanto online, apesar de ter pequenos probleminhas. Mas, de qualquer forma, ele pode ser semelhante demais ao primeiro jogo e a repetição pode ser algo negativo, principalmente se o outro título estiver fresco no paladar.

Além disso, a experiência solo acaba sendo um pouco monótona e frustrante demais, tirando a magia e o clima que o multiplayer de sofá consegue criar (algo que poderia ser resolvido com bot). Sim, Overcooked 2 é um prato delicioso, mesmo que não seja perfeito, mas é indicado para se jogar em grupo, e nisso ele brilha horrores e pode ser um dos melhores party games dos últimos tempos.

*Este jogo foi gentilmente cedido pela Team17 para a realização desta análise.