Ori and the Will of the Wisps supera 1º e é single-player de quilate no X1
Lançado em 2015, Ori and the Blind Forest se destacou não apenas por oferecer tudo que a mistura metroidvania tem de bom, mas também por permitir que o jogador contemplasse a experiência em um visual de aquarela, coberto por uma linda trilha sonora orquestrada e uma história em tons de Disney.
Exatamente 5 anos depois, Ori and the Will of the Wisps, seguindo a mesma receita, foi lançado com orçamento mais alto, um escopo de projeto que escala o tamanho do primeiro em pelo menos três vezes e cinemáticas que fazem o jogo ter essa cara de AAA — em marketing inclusive cantado pela Microsoft.
O tempo fez bem a essa franquia, uma vez que, nesse intervalo, brotaram muitos lançamentos do gênero. E como Ori and the Will of the Wisps se comportou para imprimir o selo de "à prova do tempo"? Confira a análise completa:
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Fogo-fátuo, folclore e magia
O melhor preparo para curtir Ori and the Will of the Wisps, assim como no primeiro jogo, é se abrir a um conto mágico, leve, uma fábula pensada para jovens e adultos. O apelo visual do jogo é, definitivamente, seu cartão de visita para fisgar rapidamente a atenção de qualquer espectador, em um puxão de canto de olho. É o típico game que quando algum parente, namorado ou namorada passa em frente à TV para, olha a tela e comenta: "Nossa, que bonito! Colorido, né?".
Pois é. O toque de aquarela, de arte feita a mão, posteriormente digitalizada e renderizada em animações incríveis, técnica que muitos indies usam, faz de Ori and the Will of the Wisps um colírio. Aliás, há uma curiosidade sobre o significado de "Will of the Wisps", caso você não saiba, uma vez que essa junção de palavras é tão peculiar em sonorização e em tradução.
-Fonte: Bruno Micali/Voxel
Will of the Wisps quer dizer fogo-fátuo. No folclore, é uma luz translúcida que pode ser vista por viajantes em pântanos e florestas. Na literatura, por extensão de sentido, significa um objetivo difícil ou impossível de ser alcançado, como se fosse uma miragem mesmo.
Minimalismo que engrandece a história
O prólogo da aventura contextualiza o jogador de maneira amigável, com trilha sonora que, sem precisar de qualquer tipo de diálogo, dita o tom da história. Basicamente, trata-se de um enredo sobre amizade, em que os amigos Ori, um espírito, e Kun, a corujinha, separam-se em uma tempestade e ficam perdidos na floresta. O jogo também carrega mensagens de autodescoberta e perseverança, uma espécie de fusão de O Rei Leão com Rayman.
A natureza tem vida em Ori and the Will of the Wisps: toda a magia de animais falantes, os ruídos que cada um faz, as onomatopeias... são sons que combinam com o formato das criaturas. Um sapão em forma de pedra, por exemplo, tem aquele vozeirão de guardião; uma aranha fala de maneira sibilenta; símios, em contrapartida, têm voz aguda, de molecagem; e por aí vai.
Galeria 1
Assim como em Ori and the Blind Forest, a fórmula metroidvania é seguida à risca dentro de toda essa mística da sequência. Muitos títulos com a receita foram lançados no intervalo de 5 anos entre um e outro, com boas inspirações.
Hollow Knight, por exemplo, visivelmente se inspirou em Ori and the Blind Forest, e Ori and the Will of the Wisps tem elementos inspirados em Hollow Knight, como a ilustre presença do cartógrafo Lupo, que fica escondido em algum cantinho das fases para vender o mapa completo da região. Costumo traçar esse mesmo paralelo entre Uncharted e Tomb Raider: Nathan Drake foi inspirado em Lara Croft, mas, depois, o inverso ocorreu. E tudo bem. O entretenimento funciona a partir de inspirações misturadas com o caráter original.
Exploração, combate, puzzles: ótima distribuição de ritmo
A exploração continua sendo um forte incentivo para desbravar essa jornada de maneira muito bem distribuída entre momentos de combate, trechos acrobáticos e quebra-cabeças. As atividades, que incluem missões secundárias, corridas e arenas com inimigos, certamente vão distrair por 15 a 20 horas ou mais.
Existe um bom contraste de cenários que promovem sensação de relaxamento. A passagem aquática nas Lagoas de Luma, por exemplo, é uma experiência surreal, que certamente vai ficar grudada na memória por um bom tempo. As Clareiras da Nascente, por sua vez, remetem a um forte sentimento de Zelda: conversa com NPCs, resolução de problemas, favores...
Ori and the Will of the Wisps pode ser light tanto quanto pode ser hardcore. Você é saciado conforme seu apetite para explorar
Há momentos intensos de combate, com direito a fugas espetaculares em claquetes cinematográficas, chefões colossais e comandos extremamente responsivos, que reagem em vibrações estrondosas no controle do Xbox. Em contrapartida, Ori and the Will of the Wisps apresenta alguns percalços muito ocasionais de queda na taxa de quadros por segundo, e a Moon Studios até lançou uma atualização que minimizou o problema.
-Fonte: Bruno Micali/Voxel
Mesmo após as mudanças, o jogo chegou a travar mais de uma vez enquanto eu estava jogando. Aquele pavoroso congelamento total de tela, situação que só se resolve ao fechar e reabrir a execução para continuar. Também passei por um ou outro trecho com problema na renderização de texturas, mas torno a frisar: foram poucos.
Veredito
Ori and the Will of the Wisps representa o que há de melhor na fórmula metroidvania, lotado de inspirações e fonte de ideias que farão bem a esse gênero no futuro, especialmente do ponto de vista da arte.
-Fonte: Bruno Micali/Voxel
E digo mais: potencialmente, esse é o melhor título single-player do Xbox One, a medida exata daquilo que a plataforma estava precisando, na minha opinião. Que as atualizações da Moon Studios continuem aprimorando a experiência.
Quando arte e diversão andam de mãos dadas, o impacto é diferente. E, nesse sentido, a mensagem que Ori and the Will of the Wisps carrega é, poeticamente, muito forte.
Ori and the Will of the Wisps foi gentilmente cedido pela Microsoft para a realização desta análise.
Categorias
- Visual exuberante, aquarelado, que permite que arte e diversão andem de mãos dadas
- Lotado de conteúdo que amplia a rota principal
- Gameplay bem distribuído entre combate, exploração e puzzles
- O toque de magia e o minimalismo da história imprimem ao jogo o selo de atemporal
- Ótimo ritmo de progressão
- Bugs minimizados em atualização, mas não completamente corrigidos: queda na taxa de quadros por segundo, congelamento de tela – forçando a reinicialização do jogo – e renderização de texturas em momentos ocasionais
Nota do Voxel