Okami HD veio da geração retrasada e continua lindo na atual geração
Essa é a quarta vez que jogo Okami. Digo, é o quarto console no qual me aventuro pela jornada de Amaterasu, a loba do sol que reflete representações folclóricas do Japão como poucos títulos conseguem.
Na verdade, esse é um daqueles jogos com status único, com claras inspirações em Zelda, lotado de mecânicas exclusivas, brilhante por conta própria. Seria redundante redigir uma análise esmiuçada em detalhes tratando o jogo como inédito – nós já fizemos isso aqui.
Portanto, vou (tentar) me abster às melhorias visuais e performáticas que a experiência traz aos consoles da atual geração, sem divagar muito além disso, apesar de ficar compelido a me estender um pouco (e é uma pena o Switch ter ficado de fora, ao menos por enquanto).
Túnel do tempo: geração retrasada
Okami é um título da geração retrasada. Tanto que o review aqui no Voxel data de 2012. A jornada oriental chegou ao PS2, Wii, ganhou versão em HD ao PS3 e, agora, para regozijo da nação, vem aos donos do PS4 e do Xbox One, com direito a melhorias no PS4 Pro e no Xbox One X.
Conforme mencionado no início desta análise, é a quarta vez que desbravo a saga. Joguei no PS2, no Wii e no PS3. Na verdade, eu tenho todas essas versões até hoje. O que temos, agora, é, basicamente, a mesmíssima aventura de 12 anos atrás, só que traduzida a quem não teve a oportunidade de experimentar antes.
Sim, o tempo passou igual a um trem-bala: Okami é de 2006. Eu tinha 18 anos, uma tenra idade, o amadurecimento da puberdade, a descoberta de que as tradições orientais conseguem ser compiladas em um formato Zelda.
Okami é apresentado a nós como fábula, como uma avó conta histórias a um neto antes de ele dormir
É isso que Okami representa e que esta versão em HD consagra: a exploração aventuresca, regada a mecânicas simples de combate e um pincel muito peculiar, que se transmutam com um enredo lindo, apresentado a nós como fábula, como uma avó que conta histórias a um neto antes de ele dormir. Naquela época, pesou muito para mim. Esse peso está intacto – e, na verdade, muito mais bonito.
O upgrade visual: vale?
Com o patch ao PS4 Pro e ao Xbox One X, Okami HD desfruta do suporte ao 4K, ou seja, a profundidade de campo, ou a distância propriamente dita, se beneficia de mais riqueza em detalhes de fundo, quando você dá um “zoom out” e a imagem, renderizada acima dos 1080p, continua lisinha, sem borradinhos ou texturas quadriculadas.
A verdade é que o visual de Okami sempre foi um deleite à parte. Ao optar pelo estilo cartunesco do cel-shading, a Capcom, lá atrás, ofereceu um deslumbre que “mascara” quaisquer possíveis defeitos nesse sentido. Portanto, não há um impacto tão grande desta vez, mas há um trato feito com carinho – que será ainda mais especial a quem nunca jogou.
Títulos como XIII, Rogue Galaxy e Prince of Persia fizeram uso substancial da técnica. E é um drible ligeiro, pois acoberta eventuais falhas. No 4K, a diferença não é brutal em função dessa natureza colorida e cartunesca, que embeleza a tudo e a todos, independentemente de resolução. Mas é digna o suficiente para convencer novatos de que não há limites técnicos quando o assunto é boost de resolução. Em Okami HD, essa premissa se encaixa como luva.
Poderia ganhar textos em português...
Uma das ressalvas de Okami é a sua quantidade de textos. Não que isso seja um defeito, mas os diálogos, sempre verbosos, são representados apenas em onomatopeias, igual a um Zelda mesmo. Isso, com o tempo, pesa uma tonelada aos olhos – pois há litros e litros de textos durante quaisquer inícios, intermédios e términos de quests. Um dilúvio bíblico.
O ritmo não é problemático, mas pode ser um percalço aos desavisados. E isso tudo, nessa versão de PS4 e Xbox One, poderia ter um plus em português brasileiro por meio de um patch, não é, Capcom? Seria um produto ainda mais convidativo aos novatos daqui. O combate, casado ao uso do pincel, é simples e eficiente – a ponto de ficar muito fácil em certo ponto.
E ficou faltando uma versão de Switch, que pode, segundo as preces, ver a luz do dia posteriormente. O jogo se sustenta fundamentalmente nas premissas estabelecidas por Zelda, mas tem uma exímia capacidade em traduzir essa inspiração no folclore e nas tradições japonesas. Não há nem possivelmente haverá nada parecido com Okami.
Categorias
- Visual cartunesco continua com o charme intacto
- A turbinada ao 4K no PS4 Pro e no Xbox One X é um trato muito digno
- Narrativa baseada no folclore japonês continua exemplar, sem nada parecido no mercado
- Gameplay simples e funcional
- Poderia ter ganho patch com textos em português, pois há um dilúvio bíblico de diálogos, todos escritos
- Mecânica de combate torna as batalhas muito fáceis com o tempo
Nota do Voxel