Ação e pancadaria sem fim em um título que não adicionou nada ao gênero.
“O orb criou a Terra sozinho, porém a prosperidade que ele trouxe não foi nada duradoura. Um antigo demônio da escuridão ressuscitou e então o mundo foi coberto pela escuridão de uma noite eterna. O demônio liderou o seu Clã das Trevas em uma...” Eis aqui um trecho — retirado do manual que acompanha Ninety Nine Nights (N3) — capaz de dar uma idéia da qualidade baixa do enredo. Trata-se de uma trama em que personagens estão à procura do restabelecimento da paz em um planeta onde aquele que possui um poder chamado orbs é capaz de dominar a tudo e a todos através de muita pancadaria. Por isso, vale aqui o aviso: o enredo é péssimo e recheado de clichês; para aqueles que não se importam com isso, continue lendo essa análise. Para os outros, é melhor parar por aqui e esquecer que existe Ninety Nine Nights.
História à parte, tem-se que em N3 a jogabilidade é apenas hack and slash e button mashing. Ou seja, o primeiro termo indica que o jogo é apenas matança ininterrupta enquanto o segundo aponta que a técnica para os ataques é apenas apertar exageradamente um ou dois botões. A mecânica é simples: entrar em um combate controlando-se um personagem e dois grupos de infantaria. Geralmente em campo aberto, as batalhas transcorrem com o protagonista dando combos espetaculares de fácil execução destroçando filas e mais filas de inimigos enquanto o seu pelotão fica somente apreciando tais golpes devastadores. A cena resultante lembra bastante os ataques de Sauron na introdução do filme “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” no momento em que se faz referência àquele período em que esse senhor das trevas ainda dominava a Terra Média e portava o Um Anel.
A exemplo de clássicos como Dinasty Warriors e Kingdom Under Fire (esse último da mesma desenvolvedora de N3, a Phantagram), Ninety Nine Knights consegue com sucesso transmitir a sensação de ser um ceifador de vidas, colocando inúmeros inimigos na tela para o proveito dos jogadores com mania de grandeza. Os gráficos são um tanto grosseiros pelo fato de ter sido lançado pouco tempo depois da entrada do Xbox 360 no mercado. A trilha sonora é estimulante assim, a campanha é curta e os personagens disponíveis se alternam observando diferentes focos da mesma história.
Para não dizer que não falei de orbs
História à parte, tem-se que em N3 a jogabilidade é apenas hack and slash e button mashing. Ou seja, o primeiro termo indica que o jogo é apenas matança ininterrupta enquanto o segundo aponta que a técnica para os ataques é apenas apertar exageradamente um ou dois botões. A mecânica é simples: entrar em um combate controlando-se um personagem e dois grupos de infantaria. Geralmente em campo aberto, as batalhas transcorrem com o protagonista dando combos espetaculares de fácil execução destroçando filas e mais filas de inimigos enquanto o seu pelotão fica somente apreciando tais golpes devastadores. A cena resultante lembra bastante os ataques de Sauron na introdução do filme “O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel” no momento em que se faz referência àquele período em que esse senhor das trevas ainda dominava a Terra Média e portava o Um Anel.
A exemplo de clássicos como Dinasty Warriors e Kingdom Under Fire (esse último da mesma desenvolvedora de N3, a Phantagram), Ninety Nine Knights consegue com sucesso transmitir a sensação de ser um ceifador de vidas, colocando inúmeros inimigos na tela para o proveito dos jogadores com mania de grandeza. Os gráficos são um tanto grosseiros pelo fato de ter sido lançado pouco tempo depois da entrada do Xbox 360 no mercado. A trilha sonora é estimulante assim, a campanha é curta e os personagens disponíveis se alternam observando diferentes focos da mesma história.
Para não dizer que não falei de orbs
N3 exige inicialmente que o jogador escolha Imphy, uma menina de 17 anos que aparenta ter 14 vestindo uma armadura com três vezes o peso dela e portando uma arma maior ainda. A introdução do jogo não é muito explicativa, dando a entender que ali que os humanos estão combatendo uma legião de Goblins.
Com um tutorial à parte da campanha, a ação começa de forma repentina sem dar ao jogador os movimentos e comandos básicos. A visão é em terceira pessoa e a pequena Imphy corre rapidamente e dá saltos enorme, respondendo rapidamente os comandos do controle. Seu exército lhe segue automaticamente e o jogador percebe rapidamente que basta apertar seguidamente X ou Y para que a menina dê golpes ligeiros, fazendo longas arcadas com sua espada enquanto os inimigos voam facilmente.
O cenário é um campo aberto e lembra rapidamente os combates épicos vistos em filmes como Coração Valente. Grupos enormes de soldados se alinham e partem para um embate de aço e carne em pedaços. O jogo não é violento, mas o número na tela aponta: 30 mortes... 40 mortes.... 51 mortes. Enfim, o incentivo para que você não poupe ninguém é grande.
Contudo, algo logo é percebido. Seu exército não lhe responde de maneira adequada. Como descobri posteriormente no tutorial (na verdade quase no fim do jogo), os protagonistas podem dar 2 comandos adicionais além da opção de ativá-los ou não. Explico: os botões RB ou LB fazem o controle de cada grupo de infantaria, parando-os ou fazendo-os lhe seguir. O problema começa justamente aí, pois existe momentos em que você aperta freneticamente o botão para que eles lhe dêem uma força e nada do bando aparecer. Não entendi ao certo quando eles lhe respondem ou não mas o fato é que, uma vez acionados esses botões, não aperte-os novamente.
Coração Descontente
A primeira ordem possível de dar aos pelotões é que eles ataquem o inimigo separando-se de você. O segundo é que eles armem guarda e fiquem parados, atacando somente quem está por perto. Somente esses dois comandos, juntos com a escolha de diferentes homens de armas no começo de cada missão (arqueiros, infantaria pesada, leve e piqueiros), até poderiam permitir alguma estratégia mas, infelizmente, o fato é que seus soldados são verdadeiros poltrões!
Eles não atacam direito, são lentos e desajeitados, se dispersam ou se agrupam de maneira irracional além, é claro, de morrerem aos montes. Para se ter uma idéia disso, basta ficar parado observando o que eles fazem: agrupam-se em torno do inimigo, movimentam-se um pouco e ponto, esperam que o inimigo lhe dê vários golpes enquanto um ou outro soldado mais valente dê um golpe tímido nos goblins.
Ao jogador, não cabe outra escolha senão usar seu protagonista para entrar no meio deles e bater em todo mundo que está pela frente. Por sorte, não existe friendly fire, ou seja, não é possível atacar um desses seus soldados preguiçosos. Concluindo, eles não servem para nada a não ser virar alvos, buchas-de-canhão, para distrair o inimigo enquanto você, sozinho, dá cabo da nação Goblin.
Campanha ligeiramente estimulante
Atentando-se agora para os protagonistas. Cada um deles compartilha a meta de dominar um elemento místico chamado Orbs para alcançar seus objetivos. Já o meio para tanto é através de dois elementos principais: combos e orbs.
O sistema de combos de N3 é bastante intuitivo. Basta, dependendo do personagem, apertar três vezes X e uma Y para dar uma seqüência de golpes que pode ir desde um sacolejar ousado da arma até um conjunto de saltos acrobáticos que fazem inveja a qualquer ginasta olímpico. No começo, as seqüências são simples porém, conforme o jogador vai aumentando de nível, movimentos novos são aprendidos.
Aqui, N3 falha novamente. Não existe muito rigor em qual golpe usar. Todos eles aparentam dar o mesmo dano e terem o mesmo efeito nos adversários e não há nada que dê pistas sobre o que é mais eficiente ou mesmo qual dos combos você está aplicando. Por exemplo, com Aspharr — irmão zeloso e prudente de Imphyr, apertando-se unicamente Y esse garoto é capaz de matar todos ao seu redor, dispensando dessa forma o trabalho de aprender todos os golpes.
Orbs salvadores
Ainda que o jogador consiga chegar perto de ser morto pelos goblins, existe ainda a possibilidade de salvação de última hora. Tratam-se dos ataques através dos Orbs.
A cada inimigo morto, uma esfera minúscula chamada Orb é desprendida do defunto e viaja automaticamente para o personagem, aumentando uma barra chamada “Orb Attack Gauge”. Após o junção de vários desses “orbzinhos”, a barra fica cheia e permite a execução de um super ataque que causa dano capaz de exterminar parcialmente os soldados inimigos ao redor, com exceção dos chefes.
Por outro lado, durante esses ataques com a “Orb Attack Gauge”, outras esferas — dessa vez azuis — se desprendem e se juntam aumentando a “Orb Spark Gauge”. Uma barra mais demorada de se preencher fornece um ataque ainda mais poderoso, capaz de exterminar instantaneamente todos os soldados-rasos da nação Goblin.
Portanto, esses Orbs são uma alternativa à presença de magias e se constituem em verdadeiros pesadelos para os frágeis Goblins.
Cursed Emblem, Cursed Glove, Cursed Hand, Cursed Curse...
Ninety Nine Nights contém diversos elementos de RPG. Além da temática de fantasia medieval, existe o aumento de níveis e a coleta de armas e itens que melhoram o poder do personagem. Após a queda de alguns adversários, é possível que eles deixem alguns itens espalhados pelo campo de batalha.
Tais itens vão desde poções de cura, potencialização das barras de Orbs, armas avançadas, artefatos de proteção e amuletos para o progresso dos atributos. Enquanto determinados itens são consumidos instantaneamente, colaborando para o incremento momentâneo da velocidade, ataque ou defesa do personagem, existem poucos deles que melhoram permanentemente a performance dos ataques.
Se eu disse poucos, não foi por acaso. Não sei se por azar ou por maldade do jogo, cerca de metade dos itens que coletei estavam amaldiçoados. O que, contudo, não é problema pois o menu informa rapidamente que se trata de um item cursed e descreve detalhadamente todos as penalidades que ele lhe dá se você usá-lo (algo pouco inteligente, convenhamos)
Por outro lado, não é possível jogá-los fora, o que torna sua presença um incômodo pois será necessário navegar demoradamente até achar aquele trevo de quatro folhas (que aumenta a chance do surgimento de itens novos) em meio a tantas bugigangas amaldiçoadas.
Momentos épicos
Em N3 existem ao todo 6 personagens, onde cada um deles apresenta sua visão da história pela destruição dos Goblins e conquista do poder do Orb.
A campanha de Imphy é a mais extensa de todas, contendo 6 missões. As batalhas iniciais não demoram muito, o que abrevia sensivelmente o jogo. Os cenários dessas missões são mapas grandes, com ramificações em que é preciso caminhar até determinado ponto para que um portão X, por exemplo, se abra de modo a permitir o avanço de você e suas tropas.
Não existe a possibilidade de se salvar durante a batalha e como as últimas missões são muito mais demoradas — requerem mais de meia hora em média e, se você sucumbir, será necessário começar toda aventura novamente, algo bastante penoso.
Inúmeros chefes aparecem quando se cruza o mapa, o que dá um interesse adicional a cada batalha, pois cada um deles está acompanhado de lacaios peculiares e são, em si, bastante curiosos. Existe um Troll feioso e fedido (alguém já viu um Troll perfumado?) e um sapão-rei gordo e grandão que, além de pular aos céus e matar instantaneamente na queda, é capaz de vomitar e causar atordoamento temporário.
Já a escolha das missões é um tanto confusa, pois dá uma visão geral do mapa onde não é possível saber ao certo onde a história começou ou mesmo para onde se deve ir. Algo pouco relevante mas que deprecia o jogo como um todo. Ao final de cada batalha é dado um relatório do desempenho do jogador e a possibilidade de se salvar o progresso.
N3 causa o afrouxamento do botão X e Y do joystick
Ninety Nine Nights é diversão ligeira e insatisfatória para qualquer um com um mínimo de exigência em termos de história e estratégia. Os combos dão uma sensação de poder razoável e as batalhas tem dimensões épicas mas a experiência de se martelar à exaustão os botões dos combos torna a experiência frustrante. A quantidade de inimigos é grande a ponto de causar a queda do número de quadros por segundo em alguns momentos.
Os gráficos são ruins, com texturas do terreno e do relevo bastante grosseiros. Por outro lado, os personagens são bem modelados, apresentam armaduras bonitas e uma sensação de imponência considerável. Ignorando-se o teor dos diálogos, as cutscenes são bem narradas e se tratam de computação gráfica de primeira. Quanto à trilha sonora, Ninety Nine Nights é extremamente competente. As músicas são temas orquestrados não só fortes e robustos, como são composições musicais de qualidade, o que dá estímulo e emoção de forma a amenizar a monotonia dos combates e a mecânica repetitiva.
Para os jogadores interessados em contribuir para seu Gamescore, má notícia: os achievements (conquistas) de N3 estão descritos em japonês e ainda são poucos, apenas 10 tarefas que dão 1000 pontos no total. Cem pontos por conquista? Sim, seria lucrativo se ao menos fosse possível saber como alcançá-los.
N3 é exclusivo para Xbox 360 e não aparenta ser uma experiência digna de um console de sétima geração. Falhas elementares como o balanceamento e organização dos combos, auxiliados pelo controle de tropas falho exterminam qualquer chance que eu lhe recomende a compra desse título.
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