ProStreet apresenta algumas novidades à franquia Need For Speed, mas não consegue se destacar.
O ápice desta “cultura underground”, encontra-se em Carbon. A décima quinta edição da franquia apresentava corridas noturnas e gangues de pilotos de rua. Na mesma época em que se iniciaram os trabalhos de desenvolvimento de Need for Speed Carbon, a EA reuniu uma equipe para trabalhar única e exclusivamente na concepção de um novo Need For Speed, um título que apresentasse uma mudança radical a série, introduzindo novos elementos e redefinindo o estilo da franquia.
O jogo era o próprio Need For Speed: ProStreet e realmente transpareceu todo o esforço da equipe de programadores em transformá-lo em um jogo singular, que introduzisse novos elementos a jogabilidade e a apresentação final da série.
Entretanto a versão para o PS2 não partilha de todas essas inovações, concebida em um período de tempo menor, acabou se transformando em um MOD (modificação) de seu predecessor — Need For Speed: Carbon — já que se utiliza de uma versão aprimorada da mesma engine.
Mesmo trazendo algumas novidades à série, a versão de ProStreet acaba decepcionando por não contar com o grande diferencial das versões para PC, PS3 e Xbox 360, o modo online.
Marcas no asfalto
Graficamente o jogo é pouco expressivo, não se diferenciado muito de NfS Carbon — título que cronologicamente precede este lançamento — mesmo porque o jogo utiliza uma versão modificada da engine gráfica de NfS Carbon.
O jogo sofre com a falta de um filtro anti-aliasing, que diminuíria significativamente as deformações dos objetos, em especial as linhas serrilhadas e os efeitos de movimento (motion blur).
Além da baixa qualidade gráfica, o estilo e ambientação de ProStreet, acaba inundando a tela com anúncios comerciais e logomarcas. Esse ataque sensorial serve apenas como veículo de propaganda e denigre a apresentação final do jogo, que acaba tornando-se um outdoor virtual.
Perda Total
A engine modificada consegue produzir alguns efeitos de danos ao veículo. Qualquer escorregada na pista pode causar acidentes com conseqüências destrutivas.
Seu veículo irá acumular dano, quebrando vidros, retorcendo a lataria e, em alguns casos, até mesmo perdendo partes do carro, como o capô ou os espelhos laterais. Infelizmente a representação gráfica desses acidentes não é tão realista quanto nas outras versões, mas mostra uma preocupação da equipe de desenvolvimento em tornar a franquia Need For Speed em um simulador, ao invés de um simples jogo de corrida.
Considerando todos os fatores, essa é uma bela adição à franquia, que agora conta com um grau a mais de realidade. O nível de dificuldade cresce à medida que o seu carro sofre danos: além de ter o rendimento prejudicado, seu bolso é diretamente afetado, pois é preciso consertar os estragos ou pagar por um seguro que cubra os consertos.
O grande circo da Formula Hummm
Em ProStreet, os tradicionais pegas noturnos por estradas secundárias e vielas urbanas dão lugar a uma espécie de show itinerante que acompanha um circuito semiprofissional, no qual os melhores pilotos de rua correm pelo posto de rei do circuito.
O jogo ganha muito na jogabilidade, levando-se em conta que apresenta mais modos de corrida e alguns minijogos; em contrapartida, perde algumas características que o fizeram ter sucesso no passado, como a liberdade de trânsito pelas ruas — talvez deixada de fora para que seja melhor aproveitada em outros títulos da empresa, como Burnout Paradise.
Jogando no modo carreira, você vai enfrentar o circuito de corridas de rua profissional. Esse circuito engloba várias modalidades de competição automotiva, ao mesmo tempo em que se encontra cercado por um circo formado por DJs irritante, belas dançarinas virtuais e outras atrações
Como em Carbon, algumas seqüências de animação tentam introduzir um enredo ao jogo. Nessa versão a história acompanha a sua evolução no modo carreira. Competindo sob o nome de Ryan Cooper, um piloto recém-chegado na competição, você deve acelerar para conquistar o seu lugar entre os grandes nomes do campeonato, garantindo um patrocínio (ao fazer parte de um grupo de pilotos) e desafiando pessoalmente o grande rei das pistas, Ryo, para, quem sabe, usurpar o seu trono e conquistar o grande título de "Rei das Pistas".
GRIP
Essa modalidade possui quatro subdivisões: a Grip, Grip Class (corridas tradicionais), Time Attack (marcar a volta mais rápida) e Sector Shootout (fazer o melhor tempo nas parciais).
Em Grip Class, a diferença fica por conta da separação dos oito carros competidores em duas classes, A e B. Embora esteja na mesma pista que pilotos de classe superior à sua (B), você compete apenas com os quatro carros da sua classe (A), portanto o que importa é chegar à frente somente dos carros da sua categoria.
O modo Time Attack é bem conhecido nas competições solo, entretanto, nessa modalidade, você vai para a pista junto de três outros carros, sendo que o objetivo é cravar a volta com o melhor tempo. A largada se dá em movimento e um carro é liberado após o outro. Aqui não importa se você ultrapassar ou for ultrapassado por outros competidores, o que interessa é acelerar e fazer a volta mais rápida.
Sector Shootout é bem interessante: nele você deve fazer o melhor tempo possível nas várias parciais da pista — que é dividida em setores. Cada setor tem seu recorde estabelecido e você deve superar essa marca. Há um contador regressivo mostrando uma pontuação e, caso você quebre o recorde do setor, são somado os pontos marcados no cronômetro.
Arrancadão
No modo Drag, você compete em disputas no melhor estilo arrancadão. As corridas dividem-se em dois estilos — ½ milha e ¼ de milha — e ambos necessitam de grande precisão do motorista.
Troca de marchas sincronizadas e controle das rotações do motor são essenciais para a vitória. Antes do evento principal, você ainda encara um minijogo, no qual deve esquentar o seu pneu (com a finalidade de garantir maior tração na hora da arrancada).
O importante na competição Drag é conseguir um carro com muita potência e trocar as marchas de maneira perfeita, sem deixar que o motor do seu carro esquente demais.
Need for Speed
A terceira modalidade tem como foco a velocidade. Top Speed Run assemelha-se à dinâmica do Sector Shootout, só que, ao invés de fazer o melhor tempo do setor, você deve alcançar a maior velocidade, que será registrada em checkpoints espalhados pela pista.
Sendo assim, pouco importa se você bater, rodar, for ultrapassado ou liderar a corrida de ponta a ponta, o que vale aqui é passar voando baixo pelos checkpoints a fim de registrar a maior velocidade nos radares — sem receber multa no final.
Já em Speed Challenge o que importa é acelerar: são verdadeiros "retões" onde o piloto deve afundar o pé e chegar ao final o mais rápido possível.
Initial D
Inspirados na febre japonesa, que já rendeu até animes e mangás a respeito, uma modalidade de ProStreet é dedicada exclusivamente à prática do drift. Infelizmente, esta é a modalidade na qual a jogabilidade apresenta-se mais fraca.
Mesmo com uma física diferente, fato que também ocorre nas competições de drag, o carro ainda responde de forma estranha e parece destoar do ritmo do jogo, que parece primar mais pelo realismo do que nas versões anteriores.
Tá dominado
Durante a carreira você irá competir em diferentes localidades, cada uma possuindo um dia de eventos, o Race Day. Ao longo destes dias você disputará algumas das modalidades descritas acima.
Para dominar o dia, você deve assumir o primeiro lugar em todas as modalidades disputadas. Uma vez que tenha dominado o dia de eventos, prêmios e outros bônus são oferecidos, incluindo carros, dinheiro, jogos de freio, motor, entre outros.
Conforme você vai dominando vários circuitos diferentes, material extra é desbloqueado — além dos dias de confronto serem liberados, permitindo que você encare pessoalmente os grandes reis das ruas.
Cinco pilotos, cada um especialista em uma modalidade, são considerados os reis do asfalto, sendo referenciais a serem batidos. Para vencer um dos reis, você terá que suar a camisa, segurar firme o volante e pisar fundo no acelerador.
A inteligência artificial do jogo está muito mais refinada do que nas versões anteriores da série, portanto mesmo os competidores mais simplórios prometem oferecer alguma resistência. O jogo proporciona uma experiência mais realista e menos arcade, em que os adversários não se importam em jogar o veículo em cima uns dos outros.
Carro tunado
Como não poderia faltar, as personalizações dos veículos estão de volta, e não apenas por questões visuais: a "tunagem" (regulagem) fina do seu veículo irá garantir aqueles segundos extras que podem lhe colocar na liderança das corridas.
Você poderá modificar inúmeras características do seu carro, escolhendo cor, estilo de pintura, adesivos, aerofólios, saias, escapamentos, motores, entre outros. Além de comprar peças e mudar o visual, você também terá que regular o seu carro para que ele renda o máximo.
Uma vez instalados todas as peças desejadas (motor, freios, etc.), você terá que ajustar a regulagem fina de cada parte do carro, o que mostra um comprometimento maior com a simulação e realismo do jogo.
“Gavião Bueno”
Um aspecto muito ruim do jogo são as dublagens. Enquanto a trilha sonora, apesar de pouco interessante, complementa muito bem o cenário e os efeitos sonoros dos motores (freadas e outros sons característicos estão bem representados), as dublagens deixam muito a desejar.
Um elenco pouco inspirado, com atores que chegam a irritar, entregam textos ridículos repletos de piadas sem graça e insinuações absurdas. O comentarista principal é tão chato que lembra uma figurinha carimbada da televisão brasileira sob o efeito de anfetaminas.
Linha de chegada
Na bandeirada final, Need For Speed: ProStreet apresenta uma experiência muito mais próxima de um simulador de corridas do que ao estilo arcade que tornou a série famosa.
Ao mudar o cenário, retirando os corredores do submundo e trazendo-os para a luz do profissionalismo, a série dá um salto arriscado, que pode fazer com que muitos fãs da franquia percam o interesse pelo jogo.
As melhorias gráficas, grande destaque das outras versões de ProStreet acabam ficando de fora do PS2. Mas as novidades apresentadas à jogabilidade de Need For Speed, estagnada há algum tempo, mostram-se bem interessantes.
Se as perseguições em alta velocidade e rachas noturnos tinham um apelo mais “Underground”, ProStreet consegue trazer as corridas para a legalidade, ao mesmo tempo em que apresenta novos estilos de jogo e conteúdo.
ProStreet promete agradar aos fãs de corridas que procuram por algo um pouco mais sério, mas menos realista do que jogos como Forza Motorsport e Gran Turismo. Em suma, esta versão da franquia pode desagradar aos seguidores da série, já que o seu visual e jogabilidade diferem muito dos predecessores, mas, ao mesmo tempo, o título oferece uma experiência mais completa, com várias modalidades e opções de personalização.
Nota do Voxel