Um jogo não é feito apenas de enredo
Naruto é um dos nomes mais fascinantes da cultura pop desta geração. Desde que surgiu nas páginas da revista japonesa Shonen Jump, em 1999, a popularidade da série cresceu exponencialmente e, mesmo hoje, mais de dez anos após sua criação, o ninja de Konoha consegue conquistar o público com suas aventuras.
Fenômenos assim são raros. Embora muitos lançamentos pareçam ser estrondosos à primeira vista, são poucos os que conseguem vencer o tempo com a mesma vitalidade e fazer com que as pessoas continuem a acompanhar todas as novidades. Além dele, tivemos apenas Dragon Ball e Pokémon como títulos que realmente se solidificaram como ícones nas últimas duas décadas.
O sucesso do shinobi pode ser conferido na infinidade de produtos licenciados em que seu rosto está estampado. Além do anime e do mangá, há um sem número de brinquedos, roupas e outros itens espalhados por todo o mundo. Como não poderia deixar de ser, a presença também é garantida no mundo dos video games.
Com jogos que abrangem os mais variados gêneros e plataformas, o personagem chega a mais um título exclusivo para o portátil da Sony. Em Naruto Shippuden: Kizuna Drive, somos apresentados a um enredo totalmente original, mas com todos os rostos conhecidos que fazem da franquia um sucesso.
Pesadelo na Vila do Sonho
Para os fãs, a trama se inicia da maneira mais confusa e instigante possível: Naruto invade a Vila do Sonho e, por alguma razão não explicada, libera o poder da Raposa de Nove Caudas e simplesmente acaba com a aldeia. Em meio ao caos, o líder do local investe contra a fera e consegue afugentá-la, mas morre no processo.
Por ser um demônio mítico e bastante conhecido, logo os sobreviventes responsabilizam Konoha pelo ataque. Com o poder de outra criatura lendária nas mãos, os ninjas do Sonho iniciam uma caçada ao protagonista. Como se não bastasse, a Vila da Folha ainda sofre com uma onda de sequestros misteriosos na região, o que obriga a equipe Kakashi a procurar respostas e, inevitavelmente, a se deparar com seus novos perseguidores.
Porém, o maior destaque de Kizuna Drive não é somente sua trama, mas o fato de ser o primeiro título da série a fazer com que o jogador trabalhe em equipe com outros shinobis. Embora isso seja algo básico no universo do herói, nenhum outro jogo permitiu que o personagem contasse com a ajuda de amigos em suas missões. Desse modo, a aventura para PSP se destaca exatamente por conta da aproximação com o que é visto no anime nesse quesito.
Fica evidente ao jogar Naruto Shippuden: Kizuna Drive que a Namco Bandai não se preocupou em construir uma jogabilidade convincente para o grande astro da cultura pop nipônica atual. A sensação que temos é que o título tenta se sustentar apenas na popularidade do personagem, sem se importar em oferecer uma experiência que realmente seja digna de tudo o que a série é capaz de proporcionar.
Isso é facilmente percebido na maior adição do jogo. A formação de equipes deveria ser o grande atrativo do game, mas acaba sendo ofuscado pelos problemas com a inteligência artificial e a dificuldade em acertar golpes básicos. Como a jogabilidade se mostra extremamente repetitiva em pouco tempo, é impossível deixar de lado o fato de o quão cansativo o jogo se torna.
Talvez a história seja o único ponto que realmente permanece ileso, embora acabe ficando em segundo plano. Por mais que você preze um bom enredo, é impossível mantê-lo em meio a uma mecânica pobre e repleta de falhas. É como construir um castelo sobre a areia: bastam alguns minutos para que tudo despenque – ou para que o PSP seja desligado.
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Nota do Voxel