Monster Hunter World: Iceborne é uma expansão que beira a perfeição
Sem dúvidas, Monster Hunter World tem cacife para ser o jogo mais vendido da Capcom de todos os tempos: não só evoluiu a série para um novo patamar como também teve êxito em abranger a franquia, até então de nicho, para a atual geração, que é recheada de jogos de serviços (alguns de qualidade duvidosa).
Todo Monster Hunter teve sua versão Ultimate com novos conteúdos e adições aos títulos, mas é a primeira vez que essa ação deixa de ser um jogo novo e se torna uma expansão. Monster Hunter World: Iceborne pode parecer um DLC, mas é muito mais: é recheada de novidades, mecânicas inéditas e alterações que trazem uma nova camada para os caçadores e dão um longo sopro de sobrevida ao game.
Confira a nossa análise completa!
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Áreas e mecânicas inéditas para se aventurar
Os caçadores iniciantes precisam saber que Iceborne não é um simples DLC como vemos em outros games de serviço — algo que a Capcom inclusive diz que Monster Hunter World não é. A desenvolvedora havia prometido que a expansão traria conteúdo equivalente ao jogo base, e é possível dizer que isso foi realizado majestosamente. Com 50 horas de jogatina e depois de ter zerado a história, ainda estou longe de ver tudo o que há para ser explorado.
Apesar de haver apenas dois mapas novos (que consistem na região glacial, com a base de Seliana e a Fronteira Glacial, e as Terras-Guias, que fazem parte do endgame), eles são recheados de atividades, minigames e missões para realizar. Que tal começar com as quests de Ranque Mestre, o equivalente às antigas missões G Rank de títulos anteriores?
(Fonte: Capcom/Divulgação)
Os jogadores haviam requisitado missões mais difíceis, já que o endgame de World trazia uma dose menor de dificuldade do que o esperado (com exceção de Behemoth e dos monstros arquiaguerridos). Iceborne consegue contornar isso e até criaturas mais fracas podem dar trabalho para os jogadores. Inclusive, outro pedido foi atendido: a dificuldade passou a ser mais adaptativa, e missões com dois jogadores têm seu próprio desafio; antes, havia apenas a dificuldade solo ou em grupo (dois ou mais jogadores) e agora há uma categoria para dois caçadores — e a dose de dificuldade pode mudar caso algum participante saia da caçada. Há muitas investigações, missões e histórias para desfrutar na expansão.
Seliana, a nova área, é um hub muito mais bem distribuído e tem fácil acesso para todo tipo de atividade, como o Ferreiro, o Cozinheiro e o quartel-general. A área de encontro também ganhou uma atualização legal e traz a possibilidade de realizar todas as tarefas e interagir com os NPCs de fora, como o Ponto de Coleta.
Já as Fronteiras Glaciais, o novo mapa, trazem dinâmicas interessantes que haviam ficado de fora em World, como a neve e os efeitos negativos que ela pode trazer, como hipotermia e dificuldade de movimento. E, sim, as bebidas quentes voltaram e desempenham um papel importante.
(Fonte: Capcom/Divulgação)
Mecanicamente, Iceborne está em um novo patamar. A Prendedora, antes usada apenas para locomoção entre certas áreas, pode ser utilizada para se agarrar a criaturas e realizar novos tipos de dano. De certa forma, a ferramenta serve muito bem como um acessório extra que traz uma dinâmica maior na hora da batalha.
É correto dizer que o conteúdo adicional exige muito mais estratégia na jogatina. Itens como a Nulafruta e o Antídoto requerem muito mais atenção em cada quest, pois todo novo monstro traz efeitos negativos diferentes. A preparação é mais importante do que nunca, e foi divertido testar os reflexos das reações rápidas com diversos itens, o que envolve até mesmo um novo Pó da Vida especial.
Monster Hunter World: Iceborne estimula a jogatina e requer mais estratégia e preparação aos novos conteúdos
As novidades não param por aí: todas as armas dos Amigatos receberam novos golpes, muitos deles especialmente úteis, como o Miuacano no Miaulotov, a chance de reviver o caçador com a arma de cura e muito mais. Não há dúvidas: Monster Hunter World: Iceborne traz um leque de melhorias de vida ainda maior e se prova o próximo passo evolutivo da série. E isso inclui o combate.
Combate com nova camada de profundidade
Aqui está uma novidade inesperada: cada arma ganhou uma quantidade nova de movimentos que ampliam ainda mais a gama de ataques dos caçadores. O mais bacana é que todas as mecânicas estreantes são refletidas para o jogo base: em outras palavras, até aqueles que não comprarem Iceborne terão as adições por tabela.
As armas que mais uso, como a Long Sword e o Hammer, tiveram movimentos bem interessantes adicionados à lista de combos. Usando o Martelo é possível carregar golpes previamente e combiná-los com a Prendedora; já a Espada Longa tem novos ataques com a Barra Espiritual que oferecem outras formas de aproveitar a arma.
Vem tranquilo, vem tranquilo! Melhor golpe no da Long Sword! Tá animal! @giandelcielo #MonsterHunterIceborne pic.twitter.com/u8Bn92Cjgp
— Vinícius Munhoz (@viniciussmunhoz) June 29, 2019
Os movimentos, no entanto, são apenas a ponta do iceberg de Iceborne. As armaduras ganharam skills (que não vou detalhar para evitar spoilers) e foram rebalanceadas nos slots de joias; por fim, as próprias joias tiveram mudanças, como é o caso das peças de nível 4, que oferecem mais pontos de cada atributo ou têm o fator de dualidade, que traz duas habilidades distintas no mesmo equipamento.
Como não poderia faltar, toda a árvore de armas e equipamentos foi muito expandida, com o acréscimo de raridade até nível 12, o que inclui uma nova etapa de afiação para certas espadas. A parte legal de aumentar um equipamento até o nível máximo é que todas as armas podem ser otimizadas ainda mais quando encontrarem seu limite. É possível adicionar certas características a cada uma delas com um sistema de encaixes, algo que garante mais ataque, dano elemental, recuperação de vida e outros atributos. Em armas "neutras", como as de árvore, ferro ou osso, é possível inserir elementos de outras criaturas, algo que achei particularmente bem denso e que promove ainda mais o endgame.
(Fonte: Capcom/Divulgação)
Até mesmo os mantos trazem uma camada adicional: agora, eles servem não só para funções específicas dentro dos mapas como também podem conter joias e melhorar as habilidades do caçador. Essa reformulação do sistema é uma grande atualização que traz, novamente, ainda mais opções para personalizar o estilo de jogo.
Elenco de peso: novidades sensacionais e retornos triunfais
Monster Hunter World sempre foi um game de ação que prezou muito o fator replay, mas ele não conquistaria essa qualidade marcante sem os personagens principais: os monstros. Pode ter certeza de que Iceborne continua o bom trabalho e vai além, trazendo mais criaturas interessantes para o catálogo já vasto.
Além de apresentar diversas subespécies (como Tobi-Kadachi Vípero, Pukei-Pukei Coralino), monstros queridos da série retornam (tais quais Zinogre, Nargacuga e Barioth) e há muitos inéditos e extremamente interessantes, como Namielle, Banbaro e outros que não posso mencionar para evitar spoilers. E vale lembrar: ainda há DLCs gratuitos planejados, como Rajang, que chegará em outubro.
Seguindo o altíssimo nível de qualidade, cada monstro novo ou retornante tem uma riquíssima interação com o ecossistema de cada bioma, o que inclui ataques especiais e as famosas guerras de território que colocam duas criaturas para brigar para ser o alfa da região.
Ganhando destaques muito bons, Velkhana, o monstro principal da expansão, é de brilhar os olhos com ataques e estratégias muito bem-feitos. Certamente, ela ficará marcada no hall da fama das criaturas da série. Outros inimigos, como o chefão final (que não posso dar detalhes), também se provou muito icônico e marcante. Vez atrás de outra, Iceborne nunca deixou de atender às expectativas e sempre trouxe algo novo à mesa, principalmente no quesito dificuldade.
O selo de Ranque Mestre ajuda a esquentar as coisas e traz uma boa dose de desafios. O comportamento das criaturas antigas parece ter sido alterado e há bastante surpresas até mesmo no que já existia. Parece brincadeira, mas possivelmente Uragaan foi o monstro que mais me deu trabalho.
(Fonte: Capcom/Divulgação)
Ritmo é algo que Iceborne constrói com bastante maestria. Quests de investigações são mais escassas, monstros são apresentados aos montes, há criaturas inéditas que aparecem em missões secundárias e há sempre uma nova mecânica, minigames (como o vaporizador, que garante itens) e sistemas inéditos que o jogador pode aprender entre as caçadas.
A história continua a manter o equilíbrio entre algo bem-feito e excepcionalmente simples, mas há um tempero especial que dá um sabor extra à mistura. O responsável por trazer o enredo mais gostoso de digerir é, novamente, o ritmo bem balanceado de Iceborne.
Endgame bem interessante que recompensa o multiplayer
Infelizmente, não posso dar muitos detalhes de toda a experiência que prossegue a todo vapor depois de os créditos rolarem, mas ela é no mínimo interessante e recheada de conteúdo para que a jogatina continue firme e forte mesmo sem um grande contexto narrativo.
A solução da Capcom para dar sobrevida a Iceborne foram as Terras-Guias, um mapa inédito que combina todos os ecossistemas de Astera em um só lugar. Contudo, em vez de realizar missões e retornar à base, o local inédito sempre tem monstros aparecendo para serem derrotados.
A ideia é que cada área do mapa possa ser evoluída de forma separada e traga novidades quando o caçador desbravar os novos territórios. Entre os monstros que podem aparecer por lá estão Zinogre, Yian Garuga e alguns outros que vou omitir por ora para não estragar a experiência.
Pode parecer uma abordagem estranha, mas ela serve para incentivar o gameplay multiplayer de forma ininterrupta. Dessa forma, os jogadores podem buscar sinais de outros caçadores que estão atrás dos mesmos monstros sem precisar retornar ao hub. O ponto mais positivo de tudo isso é que há uma variedade de conteúdo inédito para ser explorado e que resulta em um endgame mais cooperativo e longo.
Quase perfeito. Quase
Monster Hunter World: Iceborne é uma evolução clara em praticamente todos os aspectos da experiência original. Contudo, senti que algumas coisas ainda deixaram a desejar, mesmo que não seja nada grave e que estrague a experiência.
A primeira "decepção" (que não é bem isso) é que o mapa das Fronteiras Glaciais é, no fim, um pouco subaproveitado. As primeiras horas da campanha exploram bastante o novo local, mas parece que conforme a história progride ele fica um pouco de lado, especialmente no encerramento.
(Fonte: Capcom/Divulgação)
Por fim, mas não menos importante, fiquei empolgado em ver logo no começo da aventura que as armaduras de camadas (ou skins de sets, que sobrepõem o visual do personagem) pareciam ter recebido mais atenção, mas não foi o caso. Conceitualmente, o modelo ideal seria algo similar ao que foi feito em Diablo 3 com as transmogrificações, oferecendo um leque de aparência de tudo que há no game. Com 50 horas, apenas um set completo estava disponível e outros dois visuais para a cabeça do caçador.
Vale a pena?
Há poucos jogos que recebem conteúdos significativos e alterações importantes na estrutura. Monster Hunter World: Iceborne teve a chance de ter tudo isso e ainda mais em uma expansão que não só adiciona importantes alterações no gameplay como também traz 1 tonelada de conteúdo inédito para fãs das antigas e caçadores de primeira aventura.
Sem dúvidas, Iceborne é uma aula de como fazer um conteúdo adicional de peso e com elementos que atendem aos pedidos dos fãs. Agora o quadro é claro: gastar mais horas no Novo Mundo e em seus incontáveis monstros, pois mesmo depois de dezenas de horas a aventura ainda estará apenas começando.
Monster Hunter World: Iceborne foi gentilmente cedido pela Capcom para a realização desta análise.
Categorias
- História mais palatável e agradável
- Dezenas e dezenas de horas de conteúdo inédito com muitos monstros novos e alguns clássicos retornando
- Diversas atualizações mecânicas para exploração e combate, que vão desde as habilidades dos Amigatos à utilidade expandida das ferramentas do caçador
- Todas as armas tiveram mudanças bem interessantes para trazer mais dinamismo ao combate
- As áreas novas são bem criativas e trazem mais facilitadores de vida ao jogador
- Ranque Mestre é uma ótima adição para trazer mais desafios e aprimorar o endgame
- Ritmo praticamente impecável
- Endgame recompensador que traz ainda mais material mesmo após os créditos rolarem
- O sistema de armadura em camadas poderia ser melhor
- O mapa das Fronteiras Glaciais não teve seu potencial utilizado ao máximo
Nota do Voxel