Em um ano relativamente fraco de lançamentos para a atual geração de consoles, as remasterizações têm ganhado destaque nos últimos meses. Aproveitando o poder do hardware do Xbox One e do PlayStation 4, diversas empresas estão retrabalhando títulos antigos e os vendendo pelo preço de produtos totalmente novos — uma tática considera um tanto quanto abusiva por vários jogadores.

Felizmente, Metro Redux consegue se diferenciar nesse sentido ao trazer ao mercado um valor de produção muito grande, ao mesmo tempo em que resgata experiências já um tanto quanto antigas. Usando a versão mais recente da 4A Engine, o pacote permite reviver as experiências de Metro 2033 e Metro Last Light com gráficos revitalizados e com uma jogabilidade mais refinada do que a vista nas versões originais.

Tivemos a oportunidade de conferir a remasterização na íntegra e, nesta análise, trazemos tudo aquilo que você precisa saber sobre ela. Além disso, aproveitamos para retornar aos lançamentos originais para conferir o quanto elas se diferenciam do novo trabalho feito pela 4A Games.

Um novo fôlego para a franquia

A principal novidade de Metro Redux fica por conta do uso da versão mais recente da 4ª Engine, que já se mostra bem adaptada aos requisitos da nova geração de consoles. Na prática, isso se reflete em modelos tridimensionais com uma qualidade melhor, em um novo sistema de iluminação e em texturas com um nível maior de detalhes.

O maior beneficiado pelo novo motor gráfico é Metro 2033, lançado no já distante ano de 2010. Embora o game ainda possa ser considerado belo (especialmente no PC), o trabalho feito pelos desenvolvedores conseguiu trazer a ele um novo nível de qualidade — o que deve ajudar a justificar o retorno daqueles que já conferiram a versão original.

Além de adotar modelos de personagens com uma qualidade maior de detalhes, o game ganha texturas em alta resolução que permitem apreciar melhor a direção de arte da 4A Games. O título também traz monstros com um visual aprimorado e diversas adições às suas animações, o que garante uma maior naturalidade de movimentos tanto para personagens humanos quanto para as criaturas mutantes que você deve enfrentar.

Metro 2033 também ganhou algumas atualizações em suas mecânicas de jogo, adotando um sistema de controles idêntico àquele visto na sequência Last Light. Outro ponto que mostra a dedicação dos desenvolvedores a realmente fazer um trabalho de qualidade são as cenas de corte do jogo, que agora são reproduzidas exclusivamente em primeira pessoa — com direito a diversos momentos interativos.

Já Last Light Redux recebeu melhorias mais discretas, cuja maioria só é notada em uma comparação direta com o lançamento original. Entre as diferenças estão o uso de um sistema de iluminação mais natural e a presença de uma quantidade maior de partículas nos ambientes do jogo — elementos discretos, mas que ajudam a enriquecer um pouco uma experiência, que já era de qualidade.

Vale notar que, em ambos os casos, as mudanças são mais notadas nas versões de consoles do que no PC. Grande parte disso se deve ao fato de que, enquanto nos computadores de mesa as versões originais já rodavam a 1080p com 60 quadros de segundo, somente agora é que é possível desfrutar dessas características nas plataformas de mesa.

Experiência que se sustenta

O ponto que mais se destaca no conteúdo visto em Metro Redux é a maneira como a franquia continua parecendo “fresca”, mesmo que seu primeiro capítulo tenha sido lançado há quase meia década. Muito disso se deve à ambientação explorada pela 4A Games, que se assemelha muito mais a um game do gênero Survival Horror do que a um FPS convencional.

Talvez ciente de que nem todos os jogadores podem se interessar por um título com certas restrições, o estúdio decidiu criar dois estilos de jogabilidade: Survival e Spartan. Enquanto o primeiro reduz a quantidade de munições e armamentos que você encontra (o que torna a experiência mais assustadora), o segundo age como um “jogo de tiro convencional”, permitindo que você seja mais descuidado durante os combates.

Independente da opção que você escolher, a experiência básica de ambos os jogos se mantém impressionantemente sólida. Grande parte disso se deve à presença de adversários com uma boa inteligência artificial (que sofreu aprimoramentos notáveis na versão Redux, especialmente em Metro 2033) e também à maneira como os combates são construídos.

Em um momento no qual a indústria parece cada vez mais obcecada por jogos de tiro militares, o universo pós-apocalíptico da série Metro surge como uma alternativa bastante viável a isso. Também contribui o fato de que ambos os games apresentam histórias sólidas que respeitam a inteligência do jogador e que sabem usar de forma eficiente elementos do mundo real.

Vale a pena?

Devemos ser bem sinceros: caso você já tenha finalizado Metro 2033 e Metro Last Light, a aquisição de Metro Redux não é exatamente necessária — afinal, por maiores que sejam as melhorias apresentadas, em essência os jogos permanecem idênticos. No entanto, quem não pôde conferir as experiências em sua época de lançamento (ou simplesmente quer revivê-las) não poderia pedir muito mais da remasterização.

Nesse sentido, surge como vantagem a possibilidade de poder adquirir as duas versões Redux de forma individual através do meio digital. Dessa maneira, você pode escolher somente o título que mais lhe interessa, deixando de lado aquele com qual já tem mais familiaridade — algo que, devemos admitir, deve prejudicar um pouco as vendas de Last Light em sua versão para PC.

Caso você simplesmente nunca tenha entrado no universo de Metro, essa é a melhor opção para conhecer o universo da franquia. Metro: Redux é a versão definitiva dos dois títulos da série e seu grande nível de qualidade deixa uma boa perspectiva do que podemos esperar para os trabalhos futuros do estúdio 4A Games.