Ação pixelizada e repetitiva nesta fusão de Metal Slug com Monster Hunter
Mercenary Kings era sem dúvida um dos indies mais aguardados para o recém-lançado PlayStation 4. O título esteve presente na PlayStation Store desde o lançamento do novo console da Sony e foi o suficiente para deixar os carentes jogadores da plataforma esperançosos com relação ao início da geração – especialmente pelo visual retrô e pixelizado.
Que o PS4 carece de títulos de peso, todo mundo já sabe, mas Mercenary Kings veio com a responsabilidade de se tornar o melhor jogo indie da plataforma – pelo menos até o momento. Na verdade, o game desenvolvido pela Tribute Games parece mais um jogo mobile do que “o grande jogo indie do PlayStation 4”.
Para um produto independente, o hype (empolgação que gira em torno de um assunto) do jogo foi bem alto se comparado com outros lançamentos do mesmo período, como Steamworld Dig, FEZ e TowerFall: Ascension. Particularmente, eu pensei que iria dividir as minhas horas de jogatina entre Mercenary Kings e inFamous: Second Son. Ledo engano.
Atire, mas atire para matar
Mercenary Kings é um shooter em side-scrolling com elementos de RPG e que mais parece uma fusão entre Metal Slug e Monster Hunter. O jogo oferece muitos itens para coletar e um sistema de upgrades do personagem que vai desde a customização de armas até a combinação de matérias-primas e criação de itens.
Você vai jogar com personagens que fazem parte do batalhão de mercenários conhecido como Kings. O seu objetivo é neutralizar a Claw, um exército megalomaníaco comandado por um general “mais louco que o Batman”.
A dinâmica do jogo é simples: você vai acordar no acampamento dos Kings, solicitar uma missão para o general e pedir carona para o responsável pelo helicóptero do batalhão. No camp, você também pode conversar com cada especialista para fazer um upgrade específico, seja ele na arma, na faca, no seu personagem ou em suas habilidades.
Seguindo a linha de Monster Hunter, todos os monstros que você exterminar pelo caminho vão ficar registrados em uma lista (meio “Pokedéx da vida”). A variedade de criaturas é grande e você vai se deparar com raposas fofinhas, robôs voadores e soldados possuídos, todos em um mesmo ambiente.
Ritmo frenético e missões soníferas
Apesar do bom número de inimigos presentes no jogo, as missões do general são variadas, porém repetitivas demais, já que você será mandado para o mesmo ambiente inúmeras vezes. Cada missão possui um tempo pré-determinado para ser concluída e um valor fixado como prêmio. Se você morrer durante o tiroteio frenético, uma parte do seu “salário” será descontado – não está fácil para ninguém, né?
No início, o resgate de reféns e a coleta de certos objetos podem ser tarefas agradáveis, mas, depois de um tempo de jogatina, algumas metas vão ser um verdadeiro pé no saco. Mesmo com mapas relativamente grandes, é possível memorizar todos os locais sem esforço.
Algumas missões chegam a ser tão chatas que vão servir como um sonífero para você ir para a cama mais cedo. A dificuldade do game também não é para qualquer um e será bem comum morrer por motivos bizarros e inimigos aparentemente inofensivos.
Visual retrô e balas para todo lado
O visual retrô e pixelizado de Mercenary Kings traz um sentimento nostálgico e que deve matar a saudade dos fãs de Metal Slug. Os caricatos personagens 8 bits criados pelo mesmo artista de Scott Pilgrim The Movie: The Game são bem desenhados, assim como todas as criaturas e os cenários.
No aspecto visual, as versões de PC e PlayStation 4 possuem exatamente a mesma qualidade, mas, no PC, os travamentos são menos frequentes e a quantidade de bugs é menor. É surpreendente ver um personagem travar em alguns momentos, sendo que o game é leve e exige muito pouco da potência gráfica do console.
A trilha sonora 8 bits também merece destaque, já que oferece músicas aceleradas e que complementam todo o clima delirante dos confrontos entre os Kings e Claws. Os efeitos sonoros são tão simples que com certeza vão passar despercebidos ao longo da sua jornada de mercenário.
Um dos pontos mais interessantes de Mercenary Kings é a sua jogabilidade. Mesmo com missões repetitivas e um complexo sistema de upgrades que muitas vezes você não vai nem compreender completamente, esquartejar soldados e sentar a bala em criaturas estranhas são ações viciantes.
No controle, é possível utilizar o analógico esquerdo ou as setas direcionais para controlar o seu personagem – os gatilhos vão servir somente para a troca de itens. Aparentemente, as setas direcionais proporcionam uma precisão maior para executar os comandos e dão um ar retrô para o gameplay.
A menos que você tenha um joystick para o PC, a jogatina no teclado pode tornar o jogo ainda mais difícil do que ele realmente é. As teclas de andar não são tão precisas como os direcionais do controle e atirar, pular e andar no teclado são ações bem mais desafiadoras, sem dúvida.
“Uma rodada de tiros pra galera”
Se as missões repetitivas do general já não estão agradando tanto, ao menos fazê-las com os amigos pode ser uma experiência muito mais divertida. Os modos multiplayer local e online suportam até três jogadores ao seu lado e transformam as bases militares, florestas e cavernas em arenas com balas para todo o lado. Definitivamente o modo multiplayer justifica o tempo investido no jogo, pois ao lado dos amigos, descer a bala nos exércitos inimigos deixa o combate ainda mais frenético.
Vale ressaltar que o multiplayer pode ser acessado no acampamento dos mercenários, e é preciso falar com um dos comandantes para que você possa acessar uma partida aleatória ou com os seus amigos presentes.
Vale a pena?
Não há nada mais prazeroso em Mercenary Kings do que explodir a cabeça de um soldado possuído com uma escopeta customizada no modo multiplayer. O título vai proporcionar momentos épicos e surpreendentes que são dignos de mostrar para os amigos depois.
O game poderia ser um título imperdível se não fosse pelas missões repetitivas e ambientes semelhantes – a história também passa completamente despercebida. Mercenary Kings consegue proporcionar uma grande variedade de upgrades, mas, no meio de tantos itens para customizar, a complexidade vai fazer com que alguns jogadores deixem de lado os sistemas de personalização – transformando a experiência do game em algo comum.
Vale lembrar que o jogo está sendo oferecido gratuitamente aos assinantes da Plus (exclusivamente durante o mês de abril) e também está disponível no Steam – o título também deve chegar para o PS Vita muito em breve. Se você não se importa com missões repetitivas e quer mesmo é aniquilar alguns inimigos, então Mercenary Kings deve fazer parte da sua biblioteca.
Categorias
- Combate frenético (cabeças pixelizadas explodindo)
- Visual retrô e nostálgico
- Multiplayer que faz valer a experiência
- Diversas opções de customização
- Missões repetitivas
- Cenários semelhantes
- História fraquíssima e desinteressante
- Travamentos injustificáveis
Nota do Voxel