Um arsenal de peso, uma vingança implacável e um homem sem nada a perder são os ingredientes principais de Max Payne.
A influência do cinema no mundo dos games está cada dia mais clara e evidente. De fato, uma quantidade considerável de títulos que se inspiram em diferentes estilos cinematográficos e até nos filmes propriamente ditos vêm aparecendo no mercado.
Max Payne, entretanto, vai muito além disso. Embora o título traga clara inspiração em grandes nomes do cinema como o diretor John Woo (famoso por seus filmes recheados de ação e tiroteios fantásticos) e em características de estilos como o film noir no enredo e nos personagens, a história é narrada através de quadrinhos ao invés de animações cinematográficas.
Some a todos estes elementos estéticos uma jogabilidade rápida, dinâmica e altamente responsiva; o resultado é um título com um estilo único e incomparável capaz de atrair até mesmo os jogadores menos familiarizados com o gênero.
Nada a perder
Max Payne é um detetive do Departamento de Polícia de Nova Iorque prestes a se retirar do seu cargo para dedicar-se à sua filha recém nascida e sua mulher. No entanto, quando chega em casa do seu último dia de trabalho, Payne encontra sua família morta por viciados violentos que invadiram sua casa, aparentemente entorpecidos por uma substância nova chamada Valkyr, traficada apenas pelos mafiosos da família Punchinello.
Três anos depois, Max Payne é um agente disfarçado trabalhando em uma investigação relacionada com o tráfico da droga. No entanto, algo dá errado e Max agora é acusado pela polícia de assassinato e perseguido pelos bandidos. Payne mergulha, assim, em uma busca incessante por respostas na noite que promete ser a mais fria de sua vida.
A história do jogo é dividida basicamente em três atos com diversos capítulos cada e é contada através de seqüências de quadrinhos entre as cenas de ação propriamente ditas. Tudo é narrado pela voz obscura de Max Payne (interpretado pelo ator James McCaffrey), que, com comentários irônicos e sombrios, dá um tom de film noir ao game.
Uma chuva de chumbo
Max Payne é essencialmente um jogo de tiro em terceira pessoa com grande foco nos combates intensos com armas realistas; ao longo do game você tem acesso a armas que vão de pistolas até submetralhadoras e rifles automáticos. Mas as armas não são o fator que mais contribui para tornar o game tão intenso e voltado à ação.
Para tornar Max Payne um policial apto a acabar com exércitos de inimigos armados que vão de viciados a mercenários, os desenvolvedores se obrigaram a trabalhar em um sistema de jogo bastante peculiar. Como resultado, a jogabilidade gira em torno de um recurso chamado bullet-time, no qual é possível desacelerar o tempo enquanto se esquiva, mira e atira nos inimigos em tempo real.
É imprescindível saber utilizar o bullet-time adequadamente, afinal, os seus oponentes são numerosos e, nas dificuldades mais elevadas, mais resistentes a danos que o próprio protagonista. Não é raro, por exemplo, ser pego desprevenido por um tiro de um escopeta calibre 12 pelas costas e morrer instantaneamente.
Felizmente, Max Payne tem uma pequena vantagem sobre os adversários além do bullet-time: os painkillers (analgésicos). Você pode carregar até 7 frascos de painkillers e utilizá-los a qualquer momento. Mesmo durante as batalhas mais intensas, basta acionar o atalho para o uso dos analgésicos para começar a recuperar a energia instantaneamente.
Encontrar painkillers e munição ao longo do jogo não é uma tarefa complicada, visto que os cenários são bastante lineares e até um pouco previsíveis. Os inimigos também se comportam desta maneira; comandados por scripts, eles geralmente agem sempre da mesma forma e tomam os mesmos caminhos.
Frio como uma arma
Sendo um dos primeiros de sua geração, Max Payne oferece uma qualidade gráfica impressionante frente aos outros lançamentos contemporâneos. Os modelos dos personagens são muito bem feitos e o efeito das balas é muito interessante. Vale destacar o efeito visual do bullet-time, que oferece um show à parte, além da fisionomia do protagonista, que transmite um ar de sarcasmo e desconforto, ao mesmo tempo.
Os cenários são bastante variados e trazem um tom sombrio característico de filmes de suspense e policial. Ao longo do game você passa por estações de metrô, prédios abandonados, mansões de mafiosos e até quartéis generais dos maiores criminosos da cidade de Nova Iorque.
Os efeitos sonoros em Max Payne também são dignos de destaque. O ruído dos disparos das armas ecoa por todos os lados e o silêncio e o suspense alternam-se com o caos e o barulho das explosões, tornando o clima do jogo bastante sombrio e intenso, ao mesmo tempo. Mas um dos aspectos que mais marca a série é a trilha sonora. O tema de abertura é bastante marcante e, mesmo embora acompanhe o jogador ao longo de toda a trama, dificilmente se torna cansativo.
Embora bastante peculiar, o estilo estético alcançado pelos desenvolvedores pode render muitas comparações. Uma delas é com o sucesso cinematográfico Matrix, graças ao uso do bullet-time, que aparece de forma muito semelhante no filme. Já o personagem principal, Payne, já foi comparado com o herói Frank Castle, o Justiceiro, que também perdeu a família e passou a dedicar sua vida para combater o crime. Max, entretanto, é menos idealista, mas também menos cruel e destemido, ou seja, mais humano. A junção de todos estes elementos, enfim, dá origem a uma fórmula única.
Um exército de um homem só
Max Payne sem dúvida alguma é um daqueles títulos que representam efetivamente um passo a frente em um gênero. Com mecânicas inovadoras e muito divertidas, o título trouxe toda a emoção dos filmes de ação de diretores com John Woo ao mundo dos jogos, adicionando um pouco do seu próprio tempero à fórmula. Através de um enredo simples, porém provocante e sombrio, o game incentiva o jogador a sempre buscar descobrir mais; esta é a característica mais marcante e valiosa do game.
Nota do Voxel