Manifold Garden chega aos consoles com puzzles brilhantes
Os jogos indie volta e meia são lar de ideias criativas e instigantes que dificilmente encontrariam espaço nos grandes jogos triple A. Manifold Garden é um ótimo exemplo disso, pois aposta em uma jogabilidade e estilo artístico diferentes de tudo que se vê por aí, oferecendo enigmas instigantes e ótimo uso da física para quem ousar encarar os seus desafios!
Sob medida para fãs de puzzles
O jogo já tinha sido lançado para Windows, macOS e iOS, mas tivemos a oportunidade de testar a sua nova versão para PlayStation 4 a convite da produtora (também foi anunciada hoje, durante a Indie World Showcase, uma versão para Nintendo Switch). Felizmente, muito pouco se perdeu na transição entre plataformas, por mais que o joystick não seja tão preciso e veloz quanto mouse, teclado ou uma tela de toque.
Afinal, os enigmas em primeira pessoa de Manifold Garden são menos sobre reflexos afiados e reações relâmpago, e mais sobre estudar cuidadosamente o mundo ao seu redor, exercer o seu pensamento tridimensional, e trabalhar na solução de problemas ambientais, o que torna o DualShock uma opção tão decente quanto qualquer outra para curtir a jornada.
A princípio, não há qualquer trama ou fio narrativo maior para conduzi-lo: a gravidade é a maior protagonista do jogo, e o constante centro das atenções, já que todos os desafios giram ao seu redor. No controle de um personagem sem nome ou rosto, você navega por uma série de salas e estruturas abstratas munido apenas de duas opções de ação:
Primeiro, você pode interagir minimamente com alguns objetos coloridos, acionando interruptores ou apanhando caixas para então depositá-las em outro ponto do cenário, mais ou menos como você fazia para abrir novos caminhos no clássico Portal. Segundo, a principal sacada de Manifold Garden é permitir que você altere a gravidade para qualquer parede com que seu avatar esteja em contato no momento.
De pernas para o ar
Lembra do filme A Origem, quando os personagens interpretador por Leonardo DiCaprio e Ellen Page começam a andar do chão para a parede mais próxima naturalmente? Em Manifold Garden você faz isso o tempo todo! Com um clique de botão, o eixo do mundo é alterado e você passa a caminhar por um novo caminho, até então inacessível.
As regras do jogo são ensinadas com calma, um enigma por vez, e logo você começa a entender e apreciar alguns nuances, como o fato de que certos objetos permanecem presos ao seu eixo gravitacional original. Ou seja, quando você está andando em uma parede, teto ou chão vermelho, as caixas vermelhas que você apanhar por lá só obedecerão à gravidade da área vermelha.
Assim que você mudar a gravidade para outro canto da sala, os objetos podem ficar congelados na posição em que você os deixou, servindo de escada, plataforma ou um novo caminho para apoiar os outros objetos que você pode precisar mover no novo eixo. Ao voltar para onde estava, a gravidade entrará novamente em ação, e qualquer caixa sem apoio irá cair, como era de se esperar.
Parece complicado ao explicar com palavras, mas um dos principais trunfos de Manifold Garden é justamente o quão organicamente o jogo consegue explicar seus conceitos, em uma curva de dificuldade bem decente. Como você tem uma série muito pequena de regras para entender, o jogo se dá ao luxo de torná-las um pouco mais complexas a cada nova sala, sempre cobrando um novo salto de lógica para progredir.
Um excelente e inteligente passatempo
É claro que, aqui e ali, você vai empacar ao longo da campanha por não ter conseguido vislumbrar a solução logo de cara, mas ela nunca é absurda ou forçada demais, então é muito gratificante progredir sem usar detonados ou guias em vídeo, especialmente jogando em pequenas doses e parando para refrescar um pouco a cabeça nos inevitáveis travamentos.
As partes mais frustrantes acontecem quando você precisa navegar entre uma sala e outra, procurando pelo próximo desafio enquanto tenta acertar uma queda livre pelo loop de repetições infinitas do mapa. Como não há marcadores visuais claros indicando para onde ir a seguir, esses segmentos ficam mais próximos de tentativa e erro do que dos inteligentes puzzles gravitacionais presentes no resto do jogo. Isso pode irritar um pouco, mas o jogo logo se redime assim que uma nova série de enigmas começa.
Se você não se incomodou de ficar um pouco perdido em jogos como The Witness, não precisa nem se preocupar com essa ressalva, é só um aviso para quem procura aventuras mais concisas, lineares e fechadinhas em si mesmas, como o primeiro Portal, que oferece uma série constante de puzzles, um depois do outro.
Veredito
Manifold Garden já era um dos títulos de puzzle mais únicos e criativos da geração em sua versão para computadores e iOS, e agora os jogadores de console poderão ter um bom gostinho do que o torna tão especial nas versões de Nintendo Switch e PlayStation 4. Quase nada se perdeu na transição entre plataformas, e suas mecânicas de manipulação de gravidade são extremamente criativas e desafiadoras. Para quem procura bons enigmas em três dimensões para passar horas quebrando a cabeça, o jogo é uma recomendação certeira!
Manifold Garden foi gentilmente cedido pelo William Chyr Studio para a realização desta análise.
- Enigmas muito inteligentes
- Manipular a gravidade é instigante
- Ótimas escolhas artísticas e belo design do mundo
- Às vezes não é claro para onde ir a seguir
Nota do Voxel