Uma pequena jornada com novos amigos e muitos bugs
Ao perceber que uma determinada franquia tem chance de continuar vendendo muito, as desenvolvedoras se aproveitam das ideias que foram aprovadas pelo público e resolvem agregar uma ou outra novidade para conquistar novos jogadores.
É claro que com LitteBigPlanet não seria diferente. Os games protagonizados pelo Sackboy emplacaram no PS3 — tanto que teve até uma variante de corrida —, o que motivou a Sony a investir em um jogo com gráficos soberbos para o PlayStation 4.
A ideia vendeu bem, já que o jogo não era apenas “mais do mesmo”. Com a promessa de novos personagens, mais recursos, novas fases, ideias diferentes para diversificar a jogatina e uma infinidade de roupas para personalização, o game chamou a atenção em seu anúncio.
Lançado na terça-feira passada (18/11), apesar das promessas e boas ideias, o jogo vem decepcionando fãs e a mídia em geral. Não tanto pelas novidades, que obviamente são bem-vindas, mas pelos bugs que atrapalham a experiência do jogo. Será que a mudança de desenvolvedora foi uma péssima ideia? Vamos conferir o que o jogo tem de bom e de ruim.
História simples, mas bacana
A história de LittleBigPlanet sempre fugiu do comum. Misturando uma série de culturas, pitadas de drama, boa dosagem de comédia e até mesmo algumas reviravoltas mais inusitadas, o enredo dos jogos com os sackboys sempre teve boas ideias.
Isso, contudo, não quer dizer que tenhamos uma trama extremamente elaborada e digna de prêmios. Em LittleBigPlanet 3, a coisa não muda muito. Temos um enredo modesto, que fala sobre as aventuras de nosso amigo Sackboy pelo planeta Bunkum (que em tradução direta significa Bobagem).
Este é um planeta muito bonito, rico em criatividade e coisas divertidas. Acontece que, acidentalmente, o garoto de saco libertou os terríveis titãs de Bunkum, o que resultou em caos e na transformação de Newton, o criador de Bunkum, em um terrível monstro.
Para deter Newton e acabar com os planos malignos, o Sackboy deverá explorar o planeta e libertar os antigos heróis de Bunkum: OddSock (uma espécie de cachorrinho de pano), Toggle (um personagem que parece uma batata) e Swoop (um passarinho bonitinho).
Como dá pra perceber, a história não tem nada de extraordinário, mas os detalhes no percurso dessa jornada são muito interessantes. Há uma grande variedade de cenários, desafios e recursos que garantem um bom desenvolvimento da história.
É válido colocar aqui, entretanto, que a história não dura mais do que 6 ou 7 horas. Esse é um velho problema de LittleBigPlanet, mas, para ser sincero, eu esperava muito mais de um jogo que tem quatro personagens principais.
Claro, parte da experiência proveitosa do game é jogar tudo novamente (e com até quatro jogadores), mas eu esperava mais fases e um prolongamento do roteiro. São apenas três mapas principais e quando você desbloqueia o último personagem — pois é, eles não são liberados desde o início — o jogo já acaba. Fica aquela sensação de incompleto.
Muitos sack coisos legais!
Os novos personagens foram a grande sacada de LittleBigPlanet 3. Cada um tem habilidades especiais e há fases especialmente desenvolvidas para cada um, ou seja, você não tem como jogar todas com um único boneco. Em alguma situações há como alternar os entre o Sackboy e o OddSock ou entre o Swoop e o Toggle, dando dinamismo ao game.
O OddSock é um cachorrinho muito maneiro, pois tem a capacidade de escalar paredes e dar saltos longos. Nas fases em que este personagem é o protagonista, o jogador precisa ser muito rápido nos controles. Há um nível, por exemplo, que você deve saltar rapidamente entre paredes e evitar que o veneno atinja nosso amiguinho.
O Toggle é um figurão muito bacana, pois não se trata apenas de um personagem pesadão. O diferencial deste personagem é poder se transformar entre uma batatona e uma batatinha. Com esse esquema, você pode, por exemplo, passar em pequenas frestas (ou arrastar objetos maiores), correr sobre a água (ou afundar quando necessários), etc.
O Swoop é o personagem da liberdade total. Com este passarinho não tem local tão alto que não possa ser alcançado. O voo é simplificado e os mergulhos no ar são irados. As fases com o passarinho também exigem concentração e agilidade, pois é preciso fugir, por exemplo, de uma fumaça ou do fogo que está consumindo o cenário.
Bom, em quesito criatividade não temos do que reclamar. O LittleBigPlanet sempre foi caprichado nesse sentido e no terceiro jogo da série não é diferente. Os cenários continuam recheados de boas ideias, com elementos que misturam desde poliedros simples, até objetos mais complexos e existentes no mundo real.
O jogo aposta na mescla de elementos do mundo real, criando ambientes convincentes, muitos dos quais são bem prazerosos de serem explorados. Há níveis recheados de guloseimas, outros com brinquedos, alguns tantos com elementos da natureza (neve, água, árvores) e assim por diante.
Ah, claro, não podemos nos esquecer dos cenários especiais que garantem novas e excepcionais fases com diferentes estilos de jogabilidade. Tem fase de carrinho, fase para assumir o papel do Homem das Neves, fase para ajudar personagens em apuros e muito mais. A loja de roupas é algo que também agrega muito, já que possibilita adquirir trajes completos e personalizar os personagens com facilidade.
As novas ideias de armas e acessórios vêm a calhar, já que propiciam diferentes formas de interação, possibilitando novas formas de jogabilidade e melhores recursos para explorar o cenário. Você pode aproveitar um jetpack, um capacete maneiro pra deslizar em cabos, um objeto de teletransporte, uma lanterna e muito mais.
Com tantos acessórios distintos, você poderá explorar cantos inimagináveis do planeta Bunkum, pegar muitos itens secretos e se divertir um bocado. Aliás, falando em itens, a personalização dos personagens e os adesivos ainda continuam excelentes em LBP3.
Além de poder importar as roupas dos jogos antigos (apesar de que não tivemos sucesso em conseguir os trajes dos DLCs), o novo game tem um guarda-roupa repleto de vestimentas. Os adesivos ainda oferecem a mesma funcionalidade, ou seja, servem pra desbloquear objetos e pintar os bonecos dos seus amigos.
Desenvolvendo suas ideias e curtindo a criatividade alheia
Um recurso especialmente importante, que inclusive garantiu todo o sucesso da franquia, é o modo de criação de níveis. Eu, particularmente, detestava (e ainda não me empolgo) com essa funcionalidade, mas isso é uma questão de gosto pessoal. A comunidade, por outro lado, adora criar fases, o que possibilitou que LBP atingisse a incrível marca de 4 milhões de fases!
É coisa pra caramba, né? Então, agora pense como esse número vai aumentar considerando que a Sumo Digital (desenvolvedora do jogo) investiu em simplificações nesse sentido. O modo tutorial para aprender a trabalhar com as ferramentas ajuda muito e há algumas ideias que devem levar mais jogadores a brincarem com a confecção dos níveis.
Obviamente, se você não gosta mesmo de fazer fases ou se pretende conferir os níveis de outros jogadores, opções não vão faltar. Atualmente, por se tratar de um jogo bem recente, os cenários criados por outros jogadores em LBP3 ainda são escassos, mas já tem alguns níveis bem interessantes.
Duas fases especialmente me deixaram grilado. Uma delas coloca o jogador no papel de um ninja e dá habilidades especiais (que nem mesmo usamos durante o modo história). Outra é ambientada no velho oeste, onde conferimos algumas ferramentas especiais que existem no modo de criação — eu nem cheguei a mexer com tantas funcionalidades, mas parece que o game permite criar alguns joguinhos completamente diferentes.
Trilha caprichada, jogabilidade nem tanto
É claro que eu não poderia finalizar esta análise sem falar de um dos pontos máximos de LittleBigPlanet 3. Assim como os títulos antecessores, aqui temos um game repleto de boas canções — aliás, você vai ter um novo repertório depois de explorar o game todo.
Temos desde músicas antigas e pops até clássicas e outras com pegada mais cinematográfica. Não tem como jogar e não se animar com os sons, porque eles são marcantes. A sonoridade geral do jogo está muito boa também, isso sem falar na dublagem para o português, que ficou caprichada (dica: na versão em inglês tem algumas vozes famosas, como a de Hugh Laurie)!
Outro ponto a ser comentado é a jogabilidade. O game continua bem parecido com os antigos, o que significa que você vai sofrer em algumas partes por simples falhas dos controles. Não é difícil jogar, mas os comandos sofrem em alguns momentos, principalmente quando há interação entre personagem e objeto ou na hora de realizar movimentos rápidos.
Huge Bug Planet
Antes de encerrar, quero fazer um relato sobre minha experiência com os tantos bugs do jogo.
Eu sou um fã de LittleBigPlanet desde o anúncio do primeiro jogo e o lançamento da mais recente versão me empolgou de verdade. Tanto é verdade que eu adquiri a versão digital para o PlayStation 4 no período de pré-venda, afinal eu queria experimentá-lo antes de todo mundo e me divertir com os novos personagens apresentados nos trailers.
Infelizmente, acabei passando muita raiva. O jogo instalou corretamente, as atualizações foram baixadas, mas o que visualizei na tela foi triste, considerando que este é um jogo exclusivo, é inconcebível entender como o game pode apresentar tantas falhas e não propiciar um mínimo de diversão.
Ao executar o tutorial, por exemplo, o jogo travou assim que tentei explodir o Sackboy pela primeira vez. Uma reinicialização forçada do game foi necessária. Ao iniciar novamente, decidi importar os conteúdos de LittleBigPlanet e LittleBigPlanet 2. Sabe o que aconteceu? É claro que novamente o jogo congelou e tive que encerrá-lo através do menu do PS4.
Pois bem, desisti do tutorial e da importação de conteúdo, presumindo que isto seria corrigido com o lançamento de um futuro patch. Era hora de carregar as fases e me divertir de montão. Não foi possível. O mapa carregou, mas o jogo congelou no loading do primeiro nível e não saiu disso. Deixei o console pensando por cerca de 10 minutos e fui obrigado a encerrar o jogo.
Nem mesmo a reinstalação resolveu o problema. Felizmente, a versão em disco, que peguei para a análise do TecMundo Games, funcionou perfeitamente, ao menos nos dois primeiros mundos. Depois de 5 ou 6 horas de jogo, os bugs começaram a aparecer e não pararam mais.
Tive problemas de glitches no menu inicial, loadings infinitos de níveis, personagens atravessando paredes e assim por diante. A minha surpresa foi quando iniciei o jogo mais uma vez e presenciei a triste tela mostrando que o jogo havia corrompido meus dados (fiquei até em desespero pensando que teria de jogar tudo novamente).
Felizmente, o PlayStation 4 fez upload automático dos dados para nuvem e restaurou o savegame. Bom, joguei mais algumas fases (com alguns bugs) e quando cheguei ao último nível, tive que enfrentar os últimos desafios com um dos personagens em modo invisível.
O Toggle simplesmente desaparecia da tela quando ele diminuía de tamanho — é o modo mais ULTRA HARD que tem de jogar. Depois de repetir a fase umas três vezes, consegui terminar os desafios mesmo com o personagem invisível.
Depois de finalizar o jogo (e ver que a campanha ainda foi curta), fiquei extremamente chateado, principalmente ao me lembrar de que não poderia curtir outras fases online com minha cópia do jogo, já que a versão digital não rodou no meu console.
Conclusão da história: na segunda-feira entrei em contato com a Sony e solicitei um reembolso, contando toda a história acima. Felizmente, eles me devolveram o dinheiro, que vou usar para pegar algum jogo menos bugado. É como dizem: dos males, o menor!
Vale a pena?
É verdade que minha experiência com LittleBigPlanet 3 não foi das melhores, mas nem por isso vou descontar minha raiva aqui e dizer que o jogo é uma porcaria. A verdade é que a troca de desenvolvedora parece não ter sido uma boa ideia, o que acabou resultando em alguns probleminhas, porém devo reconhecer que as inovações vieram a calhar.
O jogo vale muito a pena (se você pegar a versão em disco, que é a que geralmente funciona), tanto pelos novos personagens quanto pelas outras tantas boas ideias. A diversão é garantida para crianças e adultos, bem como para curtir em galera. As fases são muito criativas e a possibilidade de curtir alguns níveis inusitados no modo online também é um ponto a ser destacado.
Certamente, LittleBigPlanet 3 não é o melhor jogo do ano, tampouco é um título indispensável, mas pode ser um game bacana para descontrair. Vale a pena comprar se você é fã da série ou curte games semelhantes. Do contrário, é válido aguardar uma promoção (e quem sabe novos patches) para adquirir sua cópia e não ter dores de cabeça.
Categorias
- Novos personagens com habilidades que diversificam a jogatina
- Novas armas e recursos para deixar o Sackboy mais heróico
- Muitas roupas e itens para bagunçar o coreto
- Fases muito criativas
- Trilha sonora excepcional
- Criar níveis está ainda mais fácil
- Gráficos legais no PS4
- Modo história é muito curto
- Probleminhas de jogabilidade
- Bugs que não acabam mais
Nota do Voxel